A carta de Paulo a Filemon é a mais breve entre as cartas que formam a coletânea paulina e consiste apenas em 335 palavras no grego original. É pequeno no tamanho e profundo em seu conteúdo. O ilustre comentarista bíblico Albert Barnes a chama de uma brilhante e bela gema no tesouro dos livros inspirados.
Ao olharmos para esta carta vemos algumas pérolas que, se não olhadas com profundidade, fogem dos nossos olhos. Senão vejamos:
1) Vemos o poder do Evangelho em ação. O evangelho de Cristo é o poder de Deus para salvação de todo o que crê. Ele transforma o rico e o pobre; o escravo e o livre; o patrão e o empregado. Onde o evangelho chega todas as barreiras, preconceitos são rompidos. Ele é capaz de alcançar todos, não fazendo nenhuma distinção de classes sociais.
O mundo ergue muralhas entre as pessoas, mas Jesus destrói esses muros. Ele abraçou aqueles que eram escorraçados. Ele acolheu os que eram repudiados. Ele estendeu sua graça aos leprosos, às prostitutas, aos samaritanos e trouxe esperança para os gentios.
2) Vemos a igualdade que o Evangelho traz. Na família de Deus o senhor de escravos não é melhor que os escravos. No reino de Deus são todos iguais. Eles são membros da mesma família, são irmãos. Filemon deveria receber Onésimo não mais como um escravo, mas como um irmão amado.
Paulo agiu como advogado de Onésimo. Ele confiou que Onésimo voltaria ao seu senhor e se submeteria a ele, sujeitando-se às conseqüências de seus atos. Paulo confiava em Onésimo como um verdadeiro irmão na fé. O evangelho de Cristo não apenas torna as pessoas iguais, mas também as aproxima! Num tribunal secular Filemon seria colocado de um lado e Onésimo do outro. Porém, o evangelho transforma os corações, as circunstâncias e aproxima aqueles que as leis humanas poderiam separar.
3) Vemos a graça que há no Evangelho. O evangelho de Cristo é gracioso. Não há casos irrecuperáveis para Deus. Não há poço tão profundo que o Evangelho não seja mais profundo. A graça é maior que nosso pecado. Onésimo roubou, fugiu, escondeu-se, foi capturado e encarcerado, mas quando pensou que havia chegado o fim da linha, Deus lhe abriu a porta da esperança. Deus ainda continua transformando escravos em livres. Deus ainda continua encontrando os fugitivos para lhes trazer de volta ao lar.
Lutero disse acertadamente que todos nós somos “Onésimos”. Todos nós éramos escravos do pecado. Todos nós estávamos perdidos e fomos achados. Estávamos condenados e fomos libertados. Estávamos mortos e recebemos vida. Nossa salvação não é resultado do nosso mérito, mas pura expressão da graça de Deus. Nada somos, nada temos, nada merecemos. Porém, Deus nos alcançou, nos libertou e nos adotou como seus filhos amados, membros de sua família bendita.
Nele, que nos amou com amor eterno
Pr Marcelo de Oliveira
Bibliografia: BARCLAY, William. I y II Timoteo, Tito y Filemon
LOPES, Hernandes Dias. Tito e Filemon. Editora Hagnos
WIERSBE, Warren. Comentário Expositivo. Geográfica Editora