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Uma curiosidade inédita sobre Jonas

JONASPara compreendermos o significado dos acontecimentos do livro de Jonas capítulo 3 é necessário saber que os ninivitas adoravam o deus-peixe, Dagom, parte humano e parte peixe. Eles acreditavam que ele tinha saído do mar, fundado sua nação e que lhes enviava mensageiros do mar de tempos em tempos.

Se Deus, pois, houvesse de enviar-lhes um pregador, nada mais razoável que trouxesse seu plano para o nível de conhecimento dos assírios, mandando-lhes um profeta que saiu do mar! Sem dúvida muitos viram Jonas ser tirado do mar e acompanharam-no a Nínive, servindo de testemunha do fato inédito.

Há dois argumentos suplementares que confirmam a veracidade desse acontecimento. Em primeiro lugar, ‘Oannes’ é o nome de uma das encarnações do deus-peixe. Esse nome, com J inicial, é a forma de escrever ‘Jonas’ no NT. Em segundo lugar, houve, por muitos séculos, uma colina assíria chamada ‘Yunnas’, nome assírio, que significa Jonas, e foi o nome dessa colina que deu aos arqueólogos a primeira pista de que possivelmente a antiga cidade de Nínive estivesse soterrada sob essa colina.

O arqueólogo Botta associou ‘Yunnas’ com Jonas e, assim, começou o trabalho de escavação, e encontrou os muros da cidade.

Nele, Pr Marcello

Fonte: Christian Worker’s Comentary, by Dr. Gray

Artigo publicado no Mensageiro da Paz!

Meus sinceros agradecimentos ao meu amigo, Pr Silas Daniel, editor-chefe do setor de jornalismo da CPAD. Para mim é uma honra, bem como um privilégio escrever no conceituado jornal Mensageiro da Paz, orgão oficial da CGADB. O artigo foi publicado na edição de Agosto na pág. 16.  Abaixo uma parte do artigo. Não deixe de ler, compre o jornal e seja abençoado [a] !

                               

 O dilúvio e o épico de Gilgamesh

A Mesopotâmia (que é a combinação das tradições suméria e acádica) nos legou três importantes relatos de dilúvio (Gênesis Eridu, Gilgamesh e Atrahasis).  Em outras palavras, parece que o dilúvio foi uma tradição bem atestada na Mesopotâmia antiga. Apesar do fato de que o herói do dilúvio (o equivalente a Noé no texto bíblico) tinha um nome diferente nessas composições (Ziusudra, Utnapishtim e Atrahasis), a história basicamente continua a mesma, ainda que o relato mais completo esteja no épico de Gilgamesh. O épico de Gilgamesh é com certeza a mais conhecida das antigas composições mesopotâmicas, embora não cite nenhum relato da criação, sua história do dilúvio é aquela com as mais relevantes semelhanças com o relato bíblico do dilúvio. Mas Gilgamesh apenas narra o dilúvio no contexto de um enredo maior que tentaremos resumir neste ensaio. Gilgamesh é o rei de Uruk e no início do conto ele é bem impopular entre os seus súditos. Como conseqüência, eles vão se queixar ao deus Anu, o qual responde, criando Enkidu. Este iria, presumivelmente, ser rival de Gilgamesh e distraí-lo para que deixasse de lado seu comportamento opressivo com os cidadãos de Uruk. Ele é um homem primevo que aprecia a companhia dos animais do campo. Todavia, isto não atende aos interesses do povo, de modo que enviam uma prostituta para fora da cidade com o objetivo de “civilizar” Enkidu. A prostituta tem sucesso tem sucessoem seduzir Enkidu, e com relutância consegue leva-lo até Uruk. Uma vez ali, Enkidu se encontra com Gilgamesh, e eles lutam. Em meio à luta ambos se tornam amigos e embarcam juntos numa série de feitos. Entre outras aventuras, derrotam Huwawa, o protetor da floresta de cedros do Líbano. Durante este período a capacidade e a beleza de Gilgamesh atraem a deusa Ishtar, que propõe casar com ele. Gilgamesh a rejeita, o que faz com que ela procure o pai, o deus Anu, em busca de vingança. Anu não deseja matar Gilgamesh, mas, em vez disso, o castiga matando Enkidu. Gilgamesh é bastante tocado pela morte de Enkidu, não apenas porque é seu amigo, mas também, ao que parece, porque a morte de Enkidu o confronta com sua própria mortalidade. È justamente esta indagação que o leva até Utnapishtim, visto que  Utnapishtim é o único ser humano a não experimentar a morte. A pergunta de Gilgamesh a Utnapishtim sobre por que ele não morreu é o que leva este último a relatar sua experiência com o dilúvio (tábua 11 do épico). Respondendo a Gilgamesh, Utnapishtim narra o tempo em que os deuses decidiram trazer um dilúvio contra a humanidade. O deus Ea, se comunicou com seus devotos e lhe disse para construir uma embarcação que transportaria os moradores da terra em meio à devastação causada pelo dilúvio. As dimensões dessa arca foram as de um grande cubo. Tendo terminado de construir a arca em apenas sete dias, Utnapishtim carregou a arca com provisões, mas, o mais importante ainda, também levou sua família e animais dentro. Quando todos estavam seguros dentro da embarcação, chuvas terríveis começaram. Até os deuses “ficaram assustados com o dilúvio”. A tempestade durou sete dias, e a embarcação veio a parar sobre o monte Nimush. A essa altura Utnapishtim soltou algumas aves em seqüência – duas pombas e, em seguida, uma andorinha – para ver se a terra firme já tinha aparecido. O “truque” deu certo com a última ave, e desembarcaram. Sua primeira providência foi oferecer um sacrifício, o que foi um grande prazer aos deuses, que estavam esfomeados devido à falta de atenção dispensada pelos seres humanos. Nesta altura, você deve estar se perguntado: Qual é a relação e as diferenças entre o dilúvio e o épico de Gilgamesh?  Não podemos negar as semelhanças entre o épico de Gilgamesh e o relato bíblico do dilúvio. De outro lado, claras diferenças vêm à tona, quando comparamos os relatos. Tal qual Enlil, Yaweh decide usar uma inundação catastrófica para trazer juízo sobre suas criaturas. No entanto, o que os motiva é uma diferença muito importante. Enlil estava cansado do “barulho” da humanidade, provavelmente como resultado da superpopulação. A motivação bíblica para o dilúvio foi moral (Gn 6.5) e não uma questão de inconveniência causada à divindade.  A dimensão moral está ausente na versão mesopotâmica.  Em vários pontos da história existem diferenças em meio às semelhanças. As duas histórias registram a construção do barco, a duração do dilúvio, a entrada de animais e outros seres humanos, mas os detalhes são diferentes. Para ilustrar um episódio que é parecido mas ao mesmo tempo extremamente diferente, podemos comparar os dois relatos da oferta de sacrifícios. A semelhança é que nos dois casos o “herói” do dilúvio oferece sacrifícios ao seu Deus ou deuses como o primeiro ato depois de desembarcar. No entanto, a descrição da reação dos deuses no relato mesopotâmico é radicalmente diferente do relato bíblico. Afinal, os deuses mesopotâmicos dependiam de sacrifício oferecido pelos humanos para se alimentarem. Talvez a semelhança mais notável entre os dois relatos seja o emprego de aves para determinar se as águas do dilúvio haviam ou não baixado. De acordo com o texto bíblico de Gn 8.6-12, Noé enviou um corvo e depois uma pomba. No épico de Gilgamesh a arca veio a pousar sobre o monte Nimush, e, depois que passaram seis dias, lemos o seguinte relatório: Quando chegou o sétimo dia, Soltei uma pomba para que se fosse, A pomba foi e voltou, Não apareceu nenhum lugar para pousar, então retornou. Soltei uma andorinha para que se fosse, Não apareceu nenhum lugar para pousar, então retornou. Soltei um corvo para que se fosse, O corvo partiu, viu o baixar das águas, Comeu, voou em círculos, não retornou. Pr Marcelo Oliveira P.s>> Leia a conclusão deste artigo na Pág 16 da Edição de Agosto.

Pequeno sino encontrado remete ao período do 2º templo

Um pequeno sino dourado encontrado depois de 2.000 anos num antigo esgoto abaixo da Cidade Antiga de Jerusalém foi apresentado domingo (24) por arqueólogos israelenses, que o classificaram como um achado raro. A esfera de meia polegada (um centímetro) de diâmetro tem uma pequena alça que parece ter sido usada ??para costurá-la como um ornamento para a roupa de um residente rico da cidade há dois milênios, disseram os arqueólogos. Quando Eli Shukron da Autoridade de Antiguidades de Israel agitou o sino, o som metálico fraco era algo entre um tilintar e um chocalho. [clique aqui para escutar] O Antigo Proprietário do sino provavelmente "andou na rua, e de alguma forma o sino de ouro caiu de sua roupa para o canal de drenagem", disse Shukron. A relíquia foi encontrada na semana passada. Shukron disse que este sino foi o único encontrado em Jerusalém da época do Segundo Período do Templo, sendo por isso um achado "muito raro". O Segundo Templo durou de cerca de 515 aC até 70 dC. O livro bíblico do Êxodo menciona pequenos sinos dourados costurados na orla das vestes dos sacerdotes do Templo, junto com romãs decorativas. Os artesãos encarregados de fazer as roupas sacerdotais e implementos, de acordo com a Bíblia, "faziam os sinos de ouro puro e prendiam os sinos ao redor de toda orla do manto, entre as imagens das romãs." (Êxodo 28:33-34 e 39:24-26) Não se sabe se este sino foi anexado a uma peça de roupa sacerdotal. Nele há apenas a gravação de um padrão de canais circulares, começando no topo.

 
Sino encontrado nos esgotos da Cidade Antiga de Jerusalem (FONTE: Israel Antiquities Authority)

O sino foi encontrado no interior das muralhas da Cidade Velha, a poucos passos do local dos Templos judeus – o complexo sagrado conhecido pelos judeus como Monte do Templo e pelos muçulmanos como o Nobre Santuário. O local é o lar da Mesquita Al-Aqsa e o santuário islâmico conhecido como o Domo da Rocha. A escavação do esgoto é parte das Escavações da Cidade de David na parte mais antiga de Jerusalém, que fica do lado de fora dos muros da cidade atual e debaixo do bairro palestino de Silwan. No passado, os Palestinos opuseram-se a escavações israelenses nessa área. O esgoto, que se imagina ter sido usado pelos rebeldes judeus para fugir dos legionários romanos que arrasaram Jerusalém e seu Templo em 70 dC, será preparado para ser aberto ao público no final deste verão.

 
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Jim Davila, em Paleojudaica, comenta sabiamente sobre a interpretação de que este sino poderia ter pertencido a um sacerdote ou um homem de grande autoridade:
"Bem, talvez. Por um lado é verdade que as únicas referências para sinos de ouro na Bíblia hebraica são sinos nas vestes do sumo sacerdote (Êxodo 28:33-34; 39:25-26). Por outro lado, em primeiro lugar, a única outra menção de sinos (com uma palavra hebraica diferente) refere-se a ornamentos de cavalos (Zacarias 14:20). Presumivelmente, os sinos eram usados ??em muitos outros contextos, por isso nossa amostra de alusões culturais é limitada. Mas, você pode perguntar, onde foram parar os sinos de ouro? Bem, em segundo lugar, Isaías 3:16-18 refere-se a pulseiras que as mulheres ricas de Jerusalém usavam em seus tornozelos e que "soavam" ou faziam algum tipo de ruído de bracelete. Estas senhoras claramente usavam muitas jóias e adornos (ver também vv. 19-23), então parece inteiramente provável que elas às vezes usavam sinos como jóias e que alguns daqueles sinos poderiam muito bem ter sido feitos de ouro. E sabemos que as damas da época do Segundo Templo em Jerusalém gostavam de usar brincos de ouro. Portanto, este sino não precisa necessariamente ter vindo de "um homem de grande autoridade"."
 
 
P.s>> Meus sinceros agradecimentos ao amado irmão Wellington Mafra pela tradução e disposição de traduzir este texto.

A Bíblia e as grandes descobertas arqueológicas

 O resultado prático de toda a pesquisa arqueológica realizada nas terras bíblicas pode ser medido por um grande número de descobertas e pela relevância de tais achados para quem estuda a história antiga da região e sua relação com a Bíblia. Na verdade existem centenas de referências arqueológicas importantes que poderiam ser relacionadas aqui. Dezenas de cidades e centenas de objetos arqueológicos foram descobertos e estudados na história moderna. Aqui apresentaremos as principais descobertas dos últimos duzentos anos bem como sua importância para o estudo das Sagradas Escrituras.

1.  Os manuscritos do Mar Morto.  São as cópias mais antigas do AT, mil anos mais antigas do que os disponíveis até então. São centenas de folhas de manuscritos, mas todos eles estão bem preservados em relação ao texto massorético. São datados entre 200 a.C a 100 d.C e foram encontrados em 1947/1948 em 11 cavernas da região de Qumran, no deserto da Judéia. Os manuscritos continham: 1) Cópias integrais ou parciais de todos os livros canônicos do AT (exceto Ester); 2) Comentários das Escrituras; 3) Material dos livros apócrifos e pseudepígrafes do período interbíblico; 4) Manuscritos das regras e doutrina da seita (a espera do Messias, um secular e religioso e a esperança do juízo divino iminente sobre os ímpios; 5) Textos sobre outros assuntos, como o Rolo do Templo e o tesouro oculto descrito no Rolo de Cobre. São guardados e conservados no museu do Livro em Jerusalém, Israel.

2.  O código de Hamurabi.  Trata-se de um código de antigas leis babilônicas que apresenta paralelos com a lei mosaica. È do séc. XVIII a.C.

3.  A Pedra Roseta. Foi encontrada pelo francês Champolion no Egito, foi a chave para decifrar o egípcio antigo com seus hieróglifos.

4.  O calendário de Gezer. Calendário agrícola que traz um dos mais antigos registros do hebraico bíblico; as poucas linhas aparecem na escrita paleo-hebraica.

5.  A epopéia de Gilgamés. Texto acadiano que descreve um paralelo muito próximo do dilúvio bíblico.

6.  O prisma de Senaqueribe. Descreve o cerco assírio de Senaqueribe a Jerusalém em 701 a.C. É datado de 686 a.C e confirma a história da resistência do rei Ezequias narrada na Bíblia.

7.  A inscrição de Mesa. Encontrada por Klein em 1868 (e recuperada por Clermont-Ganneau), fala das principais conquistas de Mesa, rei de Moabe. Conhecida como Pedra Moabita, menciona Onri, rei de Israel, pai de Acabe e, contemporâneo do rei moabita, além de mencionar YHWH, o Deus de Israel.

8.  A inscrição de Siloé (Siloam). Descreve a conclusão do túnel de Ezequias construído na resistência a invasão assíria; é um exemplo importante do hebraico da época. Encontra-se no museu de Istambul.

9.   Estela de Merneptá.  Encontrada no Egito, em Tebas, é a mais antiga menção a Israel da história feita que aparece fora da Bíblia. Data do século XIII a.C (1220 a.C).

10.  Os Papiros do Novo Testamento. Os papiros são dos testemunhos mais antigos do NT e datam dos séculos II e III d.C. Os mais importantes, que levam o nome de seus descobridores ou do local onde foram achados, são: 1) o fragmento John Rylands, encontrado em 1930, chamado p52 (trechos de João 18), de cerca de 130 d.C. 2) Os papiros de Oxirrinco, diversos manuscritos encontrados no Egito em 1898. Datam principalmente do século III d.C. Os papiros Chester Beaty, p45, p46 e p47, contendo a maioria do NT, de cerca de 250 d.C.  4 Os papiros Bodmer, p66, p72 e p75, contendo grande parte do NT, de cerca de 175-225 d.C.

11.  Os pergaminhos do Novo Testamento.  Escritos em couro de ovelha (ou cabra), são os manuscritos Unciais, assim chamados porque foram  escritos com letras maiúsculas. Os códices (cópias completas do NT) mais antigos são o Sinaítico, o Vaticano e o Alexandrino. O Sinaítico foi descoberto em 1844 pelo conde Tischendorf e data da primeira metade do século IV d.C. Já o Vaticano, ainda que conhecido desde 1475, arquivado na Biblioteca do Vaticano, só foi publicado em 1889-1890.

12.   Cafarnaum e sua Sinagoga.  Esse sítio arqueológico à margem noroeste do lago da Galiléia, é destacado no NT (Mt 4.13; 8.5; 11.23; 17.24) em Josefo e no Talmude. As escavações começaram em 1856 e continuaram a partir de 1968. Há uma sinagoga do 2º século d.C, de pedra calcária branca, que tinha um salão com colunas com três portas do lado sul na direção de Jerusalém, galerias superiores e um salão comunitário (ou escola) com colunas no leste. Amostras de cerâmica encontradas no piso de basalto e debaixo dele mostram que essa sinagoga era do 1º século d.C ou antes. A sinagoga mais antiga é seguramente aquela em que Jesus pregou (Mc 1.21), a sinagoga construída para os judeus pelo centurião romano (Lc 7.1-5).

13.  A inscrição de Tel Dan.  Encontrada em 1993 no norte de Israel, a inscrição tem origem na Síria e deve ter sido feita por ordem de Hazael ou de seu filho. Nela aparece a expressão Casa de Davi, referência à dinastia davídiva. É do século 9 a.C

14.  A inscrição de Pilatos. Encontrada nas escavações de Cesaréia arítima em 1961, uma estela com a frase Tibério, Pôncio Pilatos, governador da Judéia, é a prova material do conhecido representante  de Roma que julgou a Jesus.  

Nele, que disse que as pedras iam clamar

Pr Marcello Oliveira

João, o batizador, e os essênios

“Os essênios (…) atribuem e entregam todas as coisas, sem exceção, à providência de Deus. Crêem que as almas são imortais, acham que se deve fazer todo o possível para praticar a justiça e se contentam em enviar suas ofertas ao templo, sem ir lá fazer os sacrifícios, porque eles o fazem em particular, com cerimônias ainda maiores. Seus costumes são irrepreensíveis e sua única ocupação é cultivar a terra. Sua virtude é tão admirável que supera de muito a de todos os gregos e os de outras nações, porque eles fazem disso tudo o seu empenho e preocupação, e a ela se aplicam continuamente. (…) Possuem todos os bens em comum, sem que os ricos tenham maior parte do que os pobres: seu número é de mais de quatro mil. Não têm mulheres, nem criados, porque estão convencidos de que as mulheres não contribuem para o descanso da vida. Quanto aos criados, é ofender à natureza, que fez todos os homens iguais, querer sujeitá-los. Assim, eles se servem uns aos outros e escolhem homens de bem da ordem dos sacrificadores [de linha sacerdotal], que recebem tudo o que eles recolhem do seu trabalho e têm o cuidado de dar alimento a todos”. (1) João, o batizador “Naqueles dias apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia, e dizia: ‘Arrependam-se dos seus pecados, porque é chegado o reino dos céus’. A respeito de João escreveu o profeta Isaías: ‘Alguém está gritando no deserto: Preparem o caminho para o Senhor passar! Abram estradas retas para ele’.” Mt 3. 1-3. “Eu batizei vocês com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo”(Mc 1.8). É interessante comparar a pregação de João, o batizador, com uma das regras da comunidade de Qumran, que diz: “E quando essas coisas sucederem aos membros da comunidade de Israel, no tempo designado, separar-se-ão da habitação dos homens perversos e irão para o deserto preparar o caminho do Senhor, como está escrito: No deserto preparai o caminho do Senhor, endireitai no deserto a estrada para nosso Deus” (1QS 8.12-14). O deserto (harabah, em hebraico) de que falava o profeta Isaías, segundo a maioria dos especialistas, ficava na região onde se localizava a comunidade de Qumran e onde João, o batizador, iniciou seu ministério. Segundo Burrows (2), este local onde João batizava, fica na região que cerca o Jordão, um pouco antes da embocadura do mar Morto, a 16 quilômetros do povoado de Qumran, ou a quatro horas de caminhada até lá. Tanto o texto de Qumran, como João citam Isaías a respeito do deserto como lugar de preparação para o caminho do Senhor, isto porque o deserto passou a ser visto como lugar de renovação, símbolo da separação da multidão perdida e prova da conversão realizada. A expressão conversão é uma das mais usadas em 1QS (Regra da Comunidade, caverna 1), CD (Escrito de Damasco), 1QH (Rolo de Hinos, caverna 1) e 1QM (Rolo de Guerra, caverna 1). Outra afirmação da Regra da Comunidade é: “Ele purificará a carne de todas as obras ímpias pelo Espírito Santo e aspergirá sobre ela o Espírito de Verdade como água de purificação”. (IQS 4.21). É interessante notar, conforme Lc 1.5, que os pais de João eram de linhagem sacerdotal. Zacarias era sacerdote, e Isabel era uma das filhas de Arão. Dessa maneira, João era de linhagem sacerdotal, como os essênios. Era solteiro, também como os essênios monásticos. No cântico de Zacarias diz-se que “o menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até o dia em que havia de manifestar-se a Israel” (Lc 1.80). E em Lc 3.2 está escrito que “sendo sumo-sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra a João, filho de Zacarias, no deserto”. Para muitos pesquisadores há duas hipóteses: (1) Zacarias entregou o filho para ser educado pelos essênios (3), que eram conhecidos por sua dedicação e honestidade religiosa. Além disso, esperavam a chegada do Messias e do reino de Deus. (2) Por serem idosos e de linhagem sacerdotal, o menino foi adotado após a morte dos pais. O historiador judeu Flávio Josefo conta que os essênios “não fazem caso do matrimônio, mas adotam crianças, quando estas são flexíveis e aptas à aprendizagem. Consideram-nas como parte de sua família e as criam segundo suas próprias maneiras” (4). Apesar de semelhanças no modo de vida — João “se alimentava de gafanhotos e de mel silvestre” (Mc 1.6) e o Documento de Damasco prescrevia até mesmo como se devia prepará-los [“Os gafanhotos, em suas várias espécies, precisam ser colocados no fogo ou em água enquanto vivos” (DD 12.14] – devemos ser cautelosos em afirmar que João, o batizador, era membro da comunidade de Qumran. Fontes (1) Flávio Josefo, História dos Hebreus, livro 12, capítulo 2, RJ, CPAD, 1992, p. 415. (2) Burrows, M., More Ligth on the Dead Sea Scrolls, Londres, Secker & Warburg, 1958, p.60. (3) Burrows, op. cit., pp. 61 e 62. (4) Burrows, op. cit., pp. 62 e seguintes. Dr Jorge Pinheiro