Category Archives: Exposição Bíblica

O significado dos nomes de Deus

Nunca na história da igreja evangélica brasileira falou-se tanto sobre os nomes de Deus. Já existem até diversos hinetos que desfilam uma grande variedade de nomes divinos, muitas vezes cantados no idioma hebraico (nem sempre correto). Além dessa tendência, deve-se acrescentar o fato de que diversos nomes de Deus têm sido usados com freqüência de maneira quase que mágica no contexto evangélico atual. É só pronunciar este ou aquele nome divino para se conseguir a realização de qualquer desejo, conforme alguns.

A questão dos nomes e seus significados na Bíblia, particularmente os nomes de Deus, certamente merece atenção diante da grande desorientação hodierna. Inicialmente é preciso destacar que o propósito fundamental das Escrituras é revelar Deus ao ser humano. Portanto, os nomes de Deus na Bíblia têm a finalidade de revelar-nos o caráter e os atributos do próprio Deus. Cada nome divino revela-nos como Deus deseja ser conhecido por nós. Falam-nos sobre quem Deus é e como ele age em relação ao homem. É por este motivo que Deus aparece com vários nomes nas páginas sagradas.

Cada um desses nomes revela uma característica específica de Deus. Portanto, os nomes divinos não são “fórmulas mágicas” que funcionam de maneira pragmática. Não podemos tratá-los como “varas de condão” que fazem as coisas acontecer. Esse tipo de raciocínio equivocado têm levado muitas pessoas a acreditar que o simples “pronunciar” de um nome divino “libera” alguma energia espiritual poderosa. Nada pode estar mais longe da verdade. O nome divino tem real valor por causa do próprio Deus. O uso mágico do nome de Deus ou de Jesus não funciona, como não funcionou no caso dos filhos de Ceva (At 19.14-16).

Nem todos sabem que diferentemente da visão bíblica, o pensamento mágico pagão acreditava no poder autônomo da palavra mágica. A idéia pagã é que o mundo é regido por forças e poderem ocultos que podem ser domesticados por quem descobre certas fórmulas ocultas. Esta é a idéia do “abracadabra” e do “abre-te-sésamo”. No pensamento bíblico é Deus quem age, e não o homem que o controla por meio de fórmulas.

Talvez a maior confusão na prática esteja no mal uso da frase “o que vocês pedirem em meu nome, eu farei” (Jo 14.14 – NVI). A palavra de Jesus não significa que basta mencionarmos o seu nome, e tudo acontecerá automaticamente. Pedir alguma coisa “em nome de Jesus” significa pedir alguma coisa segundo a vontade de Deus (1Jo 5.14). Pedir em nome de Jesus é pedir o que Jesus pediria. Pedir em seu nome é como “agir por procuração”: não é a minha vontade que será feita por meio de Jesus, mas sim a vontade dele que se realizará por meio da minha oração.

Deus é descrito de maneira específica por diversos nomes hebraicos no Antigo Testamento. Entre eles merecem especial destaque os termos Elohim, Javé e Adonai. Elohim (e El) é o nome hebraico genérico para Deus. Seu significado etimológico é “força, poder”, e refere-se a Deus como criador, como ser transcendente e como Deus acima de todos os outros. Uma curiosidade interessante sobre o nome Elohim é que se trata de um substantivo em forma plural no hebraico; todavia o verbo que o acompanha na frase aparece no singular. Já o nome El é usado para compor outros nomes divinos (como El Shadai) e também para formar nomes hebraicos comuns como Daniel e Samuel.

Já o nome Adonai refere-se ao senhorio de Deus. O significado literal é senhor, mas nunca é usado para se referir ao homem. Adonai destaca a soberania também a plena soberania de Deus. Não há dúvida de que o nome que mais define o próprio Deus é Javé. O termo hebraico seria YHWH. Os judeus deixaram de pronunciar o nome divino por respeito, e a pronúncia perfeita se perdeu. Por esta razão as consoantes do nome YHWH receberam as vogais de Adonai, o que veio a gerar o nome Yehowah, conhecido em português como Jeová. Todavia, os estudiosos hoje concordam, principalmente com base nas antigas transliterações gregas, que o nome divino seria Yaweh, ou seja, Javé em português. Infelizmente nossa tradição consagrou o SENHOR como tradução de um nome tão específico e particular de Deus.

O significado de Javé é “Eu Sou” ou “Sempre estarei sendo”, ou como gostam os judeus “o Eterno”. A forma é uma abreviação do “Eu sou o que sou” dito por Deus a Moisés em Êxodo 3.13,14. Javé é o nome pessoal do Deus vivo que age na história de seu povo. É o Deus da aliança com o povo que sai do Egito, destacando a imanência divina. Por isso destaca-se em Javé o seu amor e a sua fidelidade para com o seu povo. Até hoje os judeus evitam pronunciar o nome mais sagrado de Deus para não usá-lo em vão. Podemos imaginar a dificuldade dos mesmos diante da declação de Jesus em João 8.58 que afirmou “Eu sou”. A identificação de Jesus com Javé ficou mais do que clara.

Além disso, Deus é descrito na Bíblia por alguns outros nomes, muitos nomes compostos e diversas metáforas e figuras. Todavia, segue uma boa lista dos principais nomes divinos que aparecem na Bíblia e com o seu significado:

El Kanah – Deus Zeloso

El Guemulot – Deus das recompensas

El Guibbor – Deus Valente, poderoso

El Elyon – Deus Altíssimo

Autor: Prof. Luis Sayão

Adaptado por: Marcello de Oliveira

Fonte: PrazerdaPalavra

Glória Revelada

Assim o nome de nosso Senhor Jesus será glorificado em vocês, e vocês nele. (1 Ts 1.12)

As duas cartas de Paulo aos tessalonicenses contêm muitas referências à Parousia, ou seja, à volta pessoal, visível e gloriosa de Cristo. De fato, em cada um de seus oito capítulos há uma menção a esse evento. É particularmente impressionante as repetidas referências à glória de Cristo no primeiro capítulo da 2º Carta aos Tessalonicenses.

Primeiro, o Senhor Jesus será revelado em sua glória (vv. 7). Na verdade, a palavra glória não aparece nesse versículo, mas está implícita. A Parousia não será um acontecimento insignificante, ao contrário, será um evento de esplendor cósmico, que inspirará temor.

Segundo, o Senhor Jesus será glorificado em seu povo (vv.10). Ou seja, a revelação de Sua glória não será somente visível (para que possamos vê-la), mas será também entre o seu povo (para que possamos compartilhá-la). As duas glorificações (de Cristo e a nossa) acontecerão simultaneamente, embora a ênfase do apóstolo não esteja tanto na glorificação dos salvos, mas na glorificação do Salvador nos salvos.

Terceiro, aqueles que deliberadamente rejeitarem a Cristo serão excluídos de sua glória (v. 8-9). Este destino terrível é descrito como destruição e exclusão. A tragédia implícita é que os seres humanos, criados por Deus, à imagem de Deus e para Deus, passarão a eternidade sem Deus, irrevogavelmente banidos de sua presença. Em vez de brilharem com a luz de Cristo, sua luz se extinguirá nas trevas exteriores. O apóstolo coloca uma solene alternativa diante de nós: a participação ou a exclusão da glória de Jesus Cristo.

Quarto, enquanto isso, Jesus Cristo deve começar a ser glorificado em nós (vv. 12). A glorificação de Jesus no meio do seu povo e a consequente glorificação do povo de Deus não acontecerá repentinamente, no dia final. O processo começa agora. Na verdade, ele precisa começar agora para chegar de maneira apropriada ao fim quando Cristo voltar. Naquele dia, o processo que está em andamento agora não será repentinamente revertido; ao contrário, ele será confirmado e completado.

Nele, que em breve virá

Pr Marcelo Oliveira

Bibliografia: Stott, John. A Bíblia Toda, Ano Todo. Ed. Ultimato

                         Lopes, Hernandes Dias. 1 e 2 Tessalonicenses. Ed. Hagnos

Pr Marcelo no Aspecto Cristão TV

Shalom!

Amados leitores e amigos [as], por bondade do Eterno, participei do excelente programa de TV – ASPECTO CRISTÃO – do meu amigo e companheiro, Pr Carlos Roberto.  Quero expressar minha gratidão à este amigo, pela honra concedida em participar do programa  expondo a Palavra do Eterno.

Assista com atenção e seja abençoado !

Os 5 degraus da restauração de Pedro

No post anterior analisamos os degraus da queda de Pedro, agora estudaremos sobre os 5 degraus da sua restauração. Pedro caiu por agir por si mesmo; Pedro foi restaurado quando se voltou para o Senhor. Só de nós vem a nossa ruína; só do Senhor, a nossa restauração. Caminhe comigo e vejamos os passos que Pedro deu rumo à restauração.

1. O olhar penetrante de Jesus (Lc 22.61)

Jesus olhou para Pedro exatamente no momento em que ele estava negando, jurando e praguejando, insistindo em dizer que não conhecia Jesus. Os olhos de Jesus penetraram na alma de Pedro e radiografaram as mazelas do seu coração. Aquele foi um olhar de tristeza, mas também de compaixão. Quando Jesus olhou para Pedro, este se lembrou da palavra do Senhor e, ao lembrar-se dela, encontrou uma âncora de esperança e o caminho de volta para  a restauração.

O olhar de Jesus é cheio de ternura e misericórdia. Basta um olhar dele, e toda a dureza de nosso coração se derrete. Seu olhar penetra as câmaras mais interiores da nossa vida. Seu olhar produz em nós arrependimento para a vida. Seu amor nos traz de volta para o verdadeiro sentido da vida.

2.  O choro amargo pelo pecado (Mt 26.75; Lc 22.62)

Os evangelistas nos informam que Pedro, saindo dali, chorou amargamente (Mt 26.75; Lc 22.62) e, caindo em si, começou a chorar (Mc 14.72). Logo que as lágrimas do arrependimento rolaram pelo rosto de Pedro, seus pés se apressaram a sair daquele ambiente. Pedro deu quatro passos rumo à restauração: 1) caiu em si; 2) saiu dali; 3)começou a chorar; 4) chorou amargamente. O choro do arrependimento desemboca na alegria do perdão.

Pedro não chorou o choro do remorso, nem verteu as lágrimas da dissimulação. Ele jogou fora o veneno das suas mazelas. Assim, demonstrou verdadeiro arrependimento.

3.  O recado especial de Cristo (Mc 16.7)

Segundo o texto de Mc 16.7, o anjo de Deus que estava assentado sobre a pedra que fechava o túmulo de Cristo e testemunhou às mulheres que Ele havia ressuscitado, entregou também a elas um recado: “…ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que Ele vai adiante de vós para a Galiléia. Ali o vereis, como Ele vos disse”. Por que Jesus mandou este recado especial para Pedro? Porque Jesus sabia que a essa altura Pedro não se sentia mais digno de ser um discípulo. Pedro havia negado seu nome, sua fé, suas convicções, seu apostolado e seu Senhor.

É maravilhoso saber que Jesus não abre mão do direito que tem de ter-nos para Ele. Ele não abdica do seu direito de ter-nos totalmente. Podemos até cair e pensar em desistir de tudo, mas Jesus jamais desiste de nos amar. Mesmo quando somos infiéis, Ele permanece fiel.

4.  O impacto do túmulo vazio (Lc 24.11,12)

Quando Pedro foi informado de que o túmulo de Jesus estava vazio, ele correu e entrou no sepulcro e, ao ver os lençóis de linho, retirou-se para casa, maravilhado do que havia acontecido. O poder da ressurreição foi mais um instrumento que Deus usou para levantar Pedro da sua queda. O triunfo de Cristo sobre a morte, o diabo e o inferno deixou Pedro maravilhado. A mesma mão que abriu o túmulo de Cristo abriu também os olhos de Pedro.

Pedro tornou-se um pregador ousado depois da sua restauração. Sua mensagem central era mostrar que o Cristo que foi crucificado triunfou sobre a morte. A ressurreição de Cristo tornou-se a grande bandeira da mensagem de Pedro.

5.  A pergunta especial de Cristo (Jo 21.15-17)

Pedro saiu de Jerusalém e foi para a Galiléia como Cristo ordenara. Naquela longa jornada, a consciência de Pedro o acusava. Ele pensou que Cristo iria lançar-lhe em rosto o seu fracasso. Mas a única pergunta de Cristo a Pedro foi: “Simão, filho de João, tu me amas?” Essa pergunta foi repetida três vezes, porque três vezes Pedro negou a Cristo. O Senhor não humilhou Pedro. Ele não esmaga a cana quebrada nem apaga o pavio que fumega. Jesus não lançou no rosto de Pedro seus fracassos. Antes, deu-lhe a oportunidade de reafirmar seu amor e reiniciar o seu ministério.

È interessante perceber a riqueza do original grego, pois Jesus usou a palavra ágape nas duas primeiras perguntas: Agapas me. Pedro respondeu a ambas: Philos se. Phileo descreve um amor de amigo, inferior ao amor ágape. Pedro tinha sido autoconfiante antes de sua queda. Agora, havia aprendido a lição. Não ousava fazer promessas para depois quebra-las. Na terceira pergunta, Jesus mudou a palavra. Perguntou-lhe: Phileis me?  Ou seja, Pedro você gosta de mim? Pedro entristeceu-se e deu a mesma resposta: Philo se.

Jesus é tão cuidadoso em seu amor que armou o mesmo cenário da queda de Pedro para restaurá-lo. O evangelho de João só descreve duas fogueiras. A primeira foi o palco da queda de Pedro; a segunda, o cenário da sua restauração. Cristo queria curar as memórias amargas de Pedro. Ali onde tudo havia começado, deveria ser o lugar mais apropriado do seu recomeço.

Nele, em que a restauração sempre será maior e melhor do que a queda,

Autor: Hernandes Dias Lopes

Adaptado por:  Marcelo Oliveira

 

 

Os 4 degraus da queda de Pedro

Antes de Pedro tornar-se um apóstolo cheio do Espírito Santo, um pregador ungido e um líder eficaz, revelou sua fraqueza e chegou ao ponto de negar a Jesus. Pedro caiu, suas lágrimas foram amargas, mas sua restauração foi completa. A queda de Pedro passou por alguns estágios. A seguir, mostraremos os 4 degraus de sua queda.

1.  Autoconfiança (Lc 22.33)

Quando Jesus alertou Pedro acerca do plano de Satanás de peneirá-lo como trigo, Pedro respondeu que estava pronto a ir com Ele tanto para a prisão como para a morte. Pedro subestimou a ação do inimigo e superestimou a si mesmo. Ele pôs exagerada confiança no seu próprio “eu”, e aí começou sua derrocada espiritual. Este foi o primeiro degrau de sua queda.

Estamos vivendo o apogeu da psicologia de autoajuda. As livrarias estão abarrotadas de obras que nos ensinam a confiar em nós mesmos. O cristianismo diz exatamente o contrário. Somos fracos e limitados. Não podemos andar escorados no bordão da autoconfiança. Precisamos mais da ajuda do alto do que a autoajuda.

2.  Indolência (Lc 22.45)

O mesmo Pedro que prometeu fidelidade a Cristo e a disposição de ir com ele para a prisão e a morte, agora está cativo do sono no jardim do Getsemani no auge da batalha. Faltou-lhe a percepção da gravidade do momento. Faltou-lhe vigilância espiritual. Estava entregue ao sono em vez de guerrear com Cristo contra as hostes do mal. A fraqueza espiritual de Pedro fê-lo dormir e, ao dormir, fracassou no teste da vigilância espiritual.

As palavras de Pedro eram de confiança, mas suas atitudes, trôpegas. Promessas desprovidas de poder evaporam na hora da crise. O sono substituiu a autoconfiança. O fracasso se estabeleceu no palco da arrogância.

 3.  Precipitação (Lc 22.50)

Quando os soldados romanos, liderados por Judas Iscariotes e pelos principais sacerdotes, prenderam a Jesus, Pedro sacou sua espada e cortou a orelha do servo do sumo sacerdote. Sua valentia era carnal. Porque dormiu e não orou, entrou na batalha errada, com as armas erradas e a motivação errada. Pedro deu mais um passo na direção da queda. Ele deslizou mais um degrau rumo ao chão. Nossa luta não é contra carne e sangue. Precisamos lutar não com armas carnais, mas sim com armas espirituais.

Precisamos entrar nessa guerra com os olhos no céu e os joelhos no chão. Precisamos despojar-nos da autoconfiança para recebermos o socorro que vem do alto.

4.  Seguia a Jesus de longe (Lc 22.54)

Depois que Cristo foi levado para a casa do sumo sacerdote, Pedro mergulhou nas sombras da noite e seguia a Jesus de longe. Sua coragem desvaneceu. Sua valentia tornou-se covardia. Seu compromisso de ir com Jesus para a prisão e a morte foi quebrado. Sua fidelidade incondicional ao Filho de Deus começou a enfraquecer. Não queria perder Jesus de vista, mas também não estava disposto a assumir os riscos de sua ligação com Ele.

Ainda hoje há muitos crentes seguindo Jesus de longe. Ainda guardam certo temor de Deus, mas ao mesmo tempo anestesiam a consciência vivendo em práticas erradas. Dizem-se seguidores de Cristo, mas seus pés estão fincados nas sendas sinuosas que desviam do caminho da verdade. Dizem amar a Deus, mas suas atitudes e obras provam o contrário. Estão na igreja, mas ao mesmo tempo, estão no mundo. Freqüentam os cultos, mas o coração está longe do Senhor.

Ao  olharmos para a vida de Pedro, estamos diante do espelho. Muitas vezes somos como Pedro. Mostramos autoconfiança, não oramos, somos precipitados e, seguimos Jesus de longe. Todavia, não podemos perder o foco. O Eterno não desiste de nós, assim como não desistiu de Pedro. Como diz o lindo cântico: “Eu quero voltar ao primeiro amor”! Que seja assim, para a glória Dele.  Amém!

Rev. Hernandes D. Lopes

Adaptado por: Pr Marcello Oliveira

2011 – Ano da Cruz de Cristo !

“Jesus bradou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” Lc 23.46

Prezados leitores [as], a cada dia vemos o evangelho se transformando num produto, a igreja em um mercado, o púlpito em um balcão e os crentes em consumidores das bênçãos de Deus. Vemos com muita tristeza o empobrecimento dos púlpitos. Pregadores discursam seus sermões centrados no antropocentrismo e na autoajuda.

A cada entrada de ano, algumas igrejas estabelecem qual ano será: o ano de José, o ano de Abraão, ano de Samuel, ano de Gideão etc. Eu me pergunto: Quando teremos o ano da cruz de Cristo? Quando teremos o ano da pregação pura, bíblica e cristocêntrica? Quando teremos o ano do verdadeiro evangelho? Quando teremos o ano da volta às Escrituras?  São perguntas que parecem simples, mas que deveria causar em nós verdadeiro arrependimento e quebrantamento.

Voltando ao texto de Lucas 23.46, percebemos algo profundo. Nenhum dos 4 evangelistas disse que Jesus “morreu”. Eles parecem ter deliberadamente evitada a palavra. Não querem dar a impressão de que no fim a morte o reclamou e Ele teve de se render à sua autoridade. A morte não o reclamou como sua vítima; Ele a capturou como vencedor sobre ela.

Os evangelistas usam entre si quatro expressões diferentes, cada uma delas colocando a iniciativa no processo da morte de Jesus em suas próprias mãos. Marcos diz que ele “com um alto brado, expirou” (Mc 15.37) e Mateus afirma que ele “entregou o espírito” (Mt 27.50), enquanto Lucas registra suas palavras: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46). Todavia, a expressão de João, no entanto, é o mais contundente, a saber, que Ele “curvou a cabeça e entregou o espírito” (Jo 19.30). O verbo usado aqui no original é  paradidomi, que foi usado por Barrabás, pelos sacerdotes, por Pilatos e pelos soldados que “entregaram” Jesus.

Agora João o coloca nos lábios do próprio Jesus, que entrega o espírito ao Pai e o corpo à morte. Notemos que antes de fazer isso ele “curvou a cabeça”. Não que Ele tenha primeiro morrido e então sua cabeça tenha caído sobre o seu peito. Foi o contrário. O curvar a cabeça foi seu último ato de entrega à vontade do Pai. Assim, em palavra e em obra (ao curvar a cabeça e ao declarar que estava entregando o espírito), Jesus afirmou que a sua morte foi um ato voluntário seu.

Jesus poderia ter escapado da morte no último minuto. Como disse no jardim, Ele poderia ter convocado mais de doze legiões de anjos para resgatá-lo. Poderia ter descido da cruz, como os que dele zombavam o desafiaram a fazer. Mas Ele não fez isso. Por sua livre e espontânea vontade Ele se entregou à morte. Foi Ele quem determinou a hora, o lugar e o modo de sua partida.

As duas últimas palavras da cruz (“está consumado” e “entrego o meu espírito”) proclamam Jesus como vencedor sobre o pecado e a morte. Devemos vir humildemente à cruz, merecendo nada a não ser o juízo, implorando por nada a não ser a misericórdia, e Cristo nos libertará do pecado e do pavor da morte.

Nele, o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo

Pr Marcelo Oliveira 

P.s>>> Lançei a campanha no twitter:  #AnodaCruzdeCristo. Divulgue em sua timeline. O meu endereço é @Davarelohim. Juntos pelo evangelho bíblico!

Bibliografia: Stott, John. A Bíblia Toda, Ano Todo. Ed. Ultimato 2007

                  Boyce, James e Philip, Ryken. O coração da cruz. Ed. Cultura Cristã

Igreja: Culto ou Missões ?

Uma igreja só pode ser verdadeiramente missionária se for verdadeiramente adoradora e vice-versa.[1] Orlando Costas acerta quando diz que “o culto está intrinsecamente relacionado com a ação de Deus na história e a conversão das nações ao Deus trino e uno”.[2]

E ainda:

O culto, em sua dimensão humana, surge da missão. É o resultado espontâneo da experiência da redenção. Do mesmo modo, a missão deve ser vista como um acontecimento cultual, porquanto celebra o que Deus tem feito por homens e mulheres em Jesus Cristo e os chama a receber e compartilhar o dom da graça de Deus.[3]

Um dos maiores males que têm assolado, dividido e enfraquecido a igreja evangélica brasileira em nossos dias são os constantes debates em torno da tarefa prioritária da igreja. E não estamos nos referindo à questão da evangelização e responsabilidade social, outro assunto desnecessariamente polarizado.[4] Ao contrário, estamos falando da dicotomia existente entre culto e missões. E a discussão não é se a igreja deve adorar ou evangelizar (embora às vezes é o que de fato acontece), mas sim, o que deve ser considerado em primeiro lugar.

As opiniões são as mais variadas e extremistas até. De um lado temos os que insistem que “missões são a segunda mais importante atividade no mundo”, ou que “missões existem porque o culto não existe”. Do outro lado, tem quem afirme ser “um absurdo dizer que muitas são as responsabilidades da igreja. Igreja é missões”. Para os defensores da primeira posição, só o fato do culto ser dirigido a Deus e as missões aos homens já definiria, por si só, a questão da prioridade da igreja. Os defensores da segunda posição argumentam, por sua vez, que é preciso mais que adoração. “É preciso ter paixão pelos perdidos e obedecer ao Ide de Jesus”. Será que precisamos mesmo priorizar uma tarefa em detrimento da outra, como temos visto na prática? Será que podemos afirmar que culto é mais importante que missões ou vice-versa? Mais uma vez contamos com o argumento equilibrado de Orlando Costas:

Não existe dicotomia alguma entre culto e missão. O culto é a reunião do povo enviado ao mundo para celebrar o que Deus fez em Cristo e está fazendo mediante a participação deles na ação testemunhal do Espírito. A missão é a culminação e antecipação do culto. No culto e na missão a comunidade redimida dá evidência concreta do fato de que é, ao mesmo tempo, um povo de oração e testemunho”.[5]

Vemos, então, que o culto deve levar a igreja a fazer missões (cf. At 2.42-47), e missões, por sua vez, devem levar os perdidos a prestarem culto a Deus (cf. At 13.44-49); pois uma adoração que não leva a igreja a evangelizar não passa de mera contemplação, e uma evangelização que não leva os pecadores a adorarem a Deus está fora dos propósitos do próprio Deus. “A liturgia sem missão é como um rio sem manancial, a missão sem culto é como um rio sem mar. Ambos são necessários. Sem um o outro perde sua vitalidade e significado”.[6] Culto e missões são tarefas primordiais da igreja. Devem caminhar lado a lado se queremos fazer justiça ao nome de Deus. São tarefas distintas que se completam. Os dois lados, por assim dizer, de uma mesma moeda. Não são fins em si mesmos; são, porém, meios para se chegar ao fim que é o de “glorificarmos a Deus e nos alegrarmos nele para sempre”.

É claro que, quanto à duração, missões são temporárias e a adoração é eterna, continuará no céu; mas enquanto estamos neste mundo não temos o direito de priorizar uma tarefa em detrimento da outra. O Deus que exige ser adorado é o mesmo que ordena seu povo a pregar o evangelho a todas as etnias do mundo. E mesmo que a evangelização seja dirigida ao homem, não significa que seja uma invenção humana. Deus é o autor do culto e de missões e requer uma e outra coisa de nós. Por isso, como igreja de Jesus Cristo, não podemos deixar de trabalhar e adorar.

“Alguns trabalham sem se preocupar em adorar a Deus, outros o adoram sem trabalhar, porém, o cristão autêntico tanto adora como trabalha” (Allan H. Ferry).

Pr Josivaldo de França Pereira


[1] Segundo Orlando Costas, “a prova de uma vigorosa experiência cultual será a participação dinâmica na missão: a prova de um fiel compromisso missionário será uma profunda experiência de culto” (Orlando E. COSTAS, Compromiso y misión. San José-Costa Rica: Editorial Caribe, 1979, p. 151).

[2] Idem, p. 150.

[3] Ibidem.

[4] Cf. Evangelização e responsabilidade social. 2a ed. São Paulo-Belo Horizonte: ABU Editora/Mundo Cristão, 1985, p. 17-25.

[5] COSTAS, op. cit., p. 150.

[6] Idem, p. 150,151.

Pregando o Cristo crucificado

O apóstolo Paulo descreve seu ministério de pregação nas cidades da Galácia como um cartaz público do Cristo crucificado. É claro que os gálatas não haviam presenciado a morte de Jesus. Nem Paulo. Mas através da pregação da cruz, Paulo trouxe o passado ao presente, tornando o evento histórico da cruz uma realidade contemporânea. Consequentemente, os gálatas podiam visualizar a cruz e entender que Cristo havia morrido por seus pecados, e então ajoelhar-se diante da cruz, humildemente, para receber de suas mãos o dom da vida eterna, totalmente gratuita e imerecida.

Porém, a mensagem da cruz, como Paulo explicou mais tarde em 1 Coríntios, é uma pedra de tropeço para o orgulho humano, pois afirma que não podemos alcançar a salvação pelas nossas obras. Não verdade, não podemos sequer contribuir para a nossa salvação. A salvação é um dom de Deus, sem absolutamente nenhuma contribuição de nossa parte.  William Temple disse:

“Minha única contribuição para a redenção é o meu pecado que precisa ser redimido”.

È nesse sentido que Paulo contrasta a si mesmo com os falsos mestres, os judaizantes. Eles pregavam a circuncisão (expressão usada pelos apóstolos para designar a salvação pela obediência à lei) e assim escapavam da perseguição por causa da cruz (Gl 6.12). Ele, por outro lado, pregava Cristo crucificado (a salvação através de Cristo somente) e assim estava sempre sujeito a perseguição (Gl 5.11).

Os evangelistas da atualidade têm diante de si esta mesma escolha. Ou agradamos as pessoas dizendo o que elas querem ouvir (sobre a capacidade de salvar a si mesmas) ou dizemos a verdade que elas não querem ouvir  (sobre pecado, culpa, juízo e cruz). Podemos escolher entre deixá-las satisfeitas ou despertar a sua hostilidade. Em outras palavras, ou somos infiéis e conquistamos popularidade, ou corremos o risco de nos tornarmos impopulares por causa da nossa fidelidade. Não creio que é possível ser fiel e popular ao mesmo tempo. Paulo sabia que precisava tomar uma decisão. Nós também precisamos.

Nele, que triunfou na cruz

Pr Marcelo Oliveira

Bibliografia: Stott, John. A Bíblia Toda, Ano Todo. Ed. Ultimato

                          Hendriksen, William. Gálatas. Ed. Cultura Cristã

                          Wiersbe, Warren. Comentário Expositivo. Geográfica Editora

Evangelização, uma tarefa de conseqüências eternas

“Não dizeis vós faltarem quatro meses para a colheita? Mas eu vos digo: Levantai os olhos e vede os campos já prontos para a colheita” (Jo 4.35)

O propósito de Deus é o evangelho todo, pregado por toda a igreja, em todo o mundo, a cada criatura. A visão de Deus é o mundo todo, o método de Deus é a igreja toda, e o tempo de Deus é agora. A evangelização é uma tarefa imperativa, intransferível e impostergável.   A evangelização é uma tarefa inacabada e de conseqüências eternas. Em Jo 4.31-35, Jesus nos dá três princípios sobre a evangelização como uma tarefa de conseqüências eternas.

1.  Precisamos ter visão (Jo 4.35)

“… Levantai os olhos e vede os campos já prontos para a colheita”.

Precisamos ter visão de que o homem sem Cristo está perdido. Desde o ateu ao religioso, do doutor ao analfabeto, dos homens das grandes metrópoles ao homem do campo. Precisamos ter visão de que as falsas religiões proliferam celeremente como um rastilho de pólvora. Nos últimos 50 anos, o islamismo cresceu 500%; o hinduísmo, 161%; o budismo, 147%; e o cristianismo, só 47%.

Precisamos ter a visão de que oportunidades não aproveitadas hoje podem se tornar portas fechadas amanhã. Precisamos ter visão de que na mesma medida de que a igreja evangélica patina no cumprimento da sua  missão, cresce de forma assustadora um evangelho híbrido, heterodoxo e sincrético, que distorce a verdade e sonega ao povo o Pão da Vida. Precisamos ter a visão de que a ignorância não é um caminho alternativo para o céu, uma vez que aqueles que sem lei pecam, sem lei perecerão (Rm 2.12). 

A mulher samaritana abandonou seu cântaro e correu à cidade para proclamar que havia encontrado o Messias. A cidade foi impactada com sua palavra. Quando a multidão veio ao encontro de Jesus, Ele disse para seus discípulos: “Levantai os olhos e vede os campos já prontos para a colheita” (Jo 4.35)

 2.  Precisamos ter urgência (Jo 4.34)

“Disse-lhes Jesus: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e completar a sua obra”. Jesus estava com fome, mas tinha algo mais urgente para fazer do que se alimentar. Seu propósito era dar a água da vida à mulher samaritana. Precisamos ter a mesma urgência de Jesus.

O que nos impede de evangelizar não é tanto falta de método, mas falta de paixão. Precisamos clamar como Raquel: “Dá-nos filhos, senão morrerei” (Gn 30.1). Precisamos chorar como John Knox: “Dá-me a Escócia para Jesus, senão eu morro”. Precisamos clamar como Paulo: “… E ai de mim, se não anunciar o evangelho!”  (1Co 9.16).

Muitas vezes, ouvimos a Palavra de Deus, freqüentamos a EBD anos e mais anos, fazemos treinamento e até participamos de congressos, todavia, não atravessamos a rua para falar de Jesus ao nosso vizinho. É tempo de falarmos de Cristo, e isso com um profundo senso de urgência.

 3.  Precisamos ter compromisso (Jo 4.35)

“… os campos já estão prontos para a colheita”. Um campo maduro para a ceifa exige do agricultor o compromisso de uma ação imediata. A evangelização é uma ordem, e não uma opção. È um mandamento, e não uma recomendação.

A evangelização só pode ser feita pela igreja. Nenhuma outra instituição na terra pode cumprir essa tarefa. A igreja é o método de Deus. Se a igreja falhar, Deus não tem outro método. Se o ímpio morrer na sua impiedade, Deus cobrará de nós o seu sangue.

A evangelização não pode esperar. Ela é impostergável. Se não ganharmos para Cristo esta geração, nesta geração, teremos fracassado vertiginosamente.

Pense Nisso: “Uma igreja que não evangeliza, precisa ser evangelizada”  Pr Marcelo Oliveira

Bibliografia: Lopes, Hernandes Dias. Mensagens Selecionadas. Ed. Hagnos

                          Carson, D.A. O comentário de João. Shedd publicações

                          Hendriksen, William. João. Ed. Cultura Cristã

Quem é que detém o anticristo – 2 Ts 2.6,7

O anticristo escatológico ainda não se manifestou porque sua aparição está sendo impedida por ALGO (2 Ts 2.6) e por ALGUÉM (2 Ts 2.7). O apóstolo Paulo diz: “E, agora, sabeis o que detém, para que seja revelado somente em ocasião própria. Com efeito, o mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém” (2 Ts 2.6,7 – grifos do autor)

Convém observar que, em 2 Tessalonicenses 2.6, Paulo refere-se ao repressor de modo neutro (“o que o detém”), enquanto em 2 Tessalonicenses 2.7, usa o gênero masculino (“aquele que agora o detém”).

A palavra grega kairós, traduzida por “ocasião oportuna”, revela-nos que o anticristo só aparecerá no momento certo, ou seja, no momento determinado por Deus. Warren Wiersbe diz que assim como houve uma “plenitude do tempo” para a vinda de Cristo (Gl 4.4), também haverá uma “plenitude do tempo” para o surgimento do anticristo e nada acontecerá fora do cronograma divino.

O que é esse ALGO? Quem é esse ALGUÉM? Agostinho era da opinião que é impossível definir esses elementos restringidores. Outros escritores pensam que Paulo está se referindo aqui ao Espírito Santo, uma vez que Ele pode ser descrito tanto no gênero masculino quanto no neutro (Jo 14.16,17; 16.13) e também Ele é apontado como Aquele que restringia as forças do mal no AT.  O estudioso Howard Marshall, por sua vez, é da opinião que Deus é quem está por trás da ação adiadora da manifestação do homem da iniqüidade.

A maioria dos estudiosos, entende que o ALGO  é a lei  e que o ALGUÉM é aquele que faz a lei se cumprir. É por isso que o anticristo vai surgir no período de grande apostasia, ou seja, da grande rebelião, quando os homens não suportarão leis, normas nem absolutos. Então, eles facilmente se entregarão ao homem da ilegalidade, o filho da perdição.

Nele, Pr Marcelo

Bibliografia: Lopes, Hernandes Dias. 1 e 2 Tessalonicenses. Ed. Hagnos

Wiersbe, Warren. Comentário Expositivo. Geográfica Editora

Marshall, Howard. 1 e 2 Tessalonicenses: Introdução e comentário. Ed. Vida Nova.