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Em Mateus 16.28, Jesus prometeu que voltaria durante o tempo de vida dos seus discípulos?

 

Depois de referir-se à sua volta, com grande poder e glória, a fim de julgar o mundo em justiça (Mt 16.27), o Senhor Jesus disse:

“Em verdade vos digo que alguns há dos que aqui se encontram, que de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino” (Mt 16.28)

Com essas palavras, aparentemente o Senhor se referia a alguma fase preliminar de sua volta, em vez do período final, o clímax do seu retorno, que será sua vinda com os gloriosos anjos do Senhor. Essa manifestação preliminar aconteceria antes da morte de alguns daqueles que ali estavam ouvindo sua voz. Há três prováveis cumprimentos do texto em tela:

O primeiro cumprimento possível teria sido a gloriosa transfiguração no cume do monte, descrita em Mateus 17.1-8, quando Moisés e Elias apareceram a Jesus e com ele falaram sobre sua morte e ressurreição (cf. Lc 9.31). Em certo sentido, Jesus apareceu a Pedro, Tiago e João em sua glória celestial, como Fundador do reino de Deus. Mas à vista da principal ênfase estar na sua partida (êxodo) em vez de seu retorno, esse acontecimento dificilmente poderia ser o cumprimento que o Senhor tinha em mente.

O segundo cumprimento possível teria ocorrido por ocasião da poderosa descida do Espírito Santo, sobre a Igreja, por ocasião do Pentecoste (At 2.2-4). Jesus havia prometido a seus discípulos, durante seu discurso no cenáculo, que não os deixaria órfãos (cf. Jo 14.18). O Senhor disse isto logo após lhes haver falado da iminente concessão do Espírito Santo. É evidente, então, que Jesus desejava dizer que haveria de voltar para eles como a terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo. No versículo 23 ele acrescentou esta confirmação adicional:

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (grifo nosso). Visto que foi por ocasião do Pentecoste que o Espírito Santo veio com poder sobrenatural, sobre os quase 120 discípulos que estavam orando juntos, e manifestou-lhes o dom de línguas como que de fogo sobre suas cabeças e a capacidade de proclamar o Evangelho, é evidente que Cristo voltou para seus seguidores no Pentecoste mediante o Espírito Santo. Assim é que o Senhor não deixou seus discípulos órfãos, mas verdadeiramente voltou para eles.

Uma terceira possibilidade de cumprimento pode ser o acontecimento de 70 d.C., quando o templo em Jerusalém, que deixaria de ser necessário, foi destruído pelos romanos, sob o comando do general Tito. A própria cidade, que deixaria de ser santa, e rejeitara a Cristo em  30 d.C., clamando pela morte dele na cruz – foi totalmente demolida. No sentido de que a profecia de Jesus sobre a destruição de Jerusalém foi cumprida (Mt 24.2; Mc 13.2; Lc 19.43,44), poder-se-ia dizer que Ele voltou para aplicar o julgamento sobre a cidade que havia presenciado seu assassinato judicial. Mas neste caso dificilmente se poderia afirmar que o esplendor da glória de Cristo foi revelado, ou o poder iminente de seus santos anjos; sua glória e poder manifestaram-se indiretamente quando o Espírito Santo foi derramado, no Pentecoste. Portanto, destruição de Jerusalém é menos provável como cumprimento, do que o dia da descida do Espírito Santo. 

A Bíblia considera o aborto como assassinato?

 

O aborto cirúrgico dificilmente era possível antes do desenvolvimento das técnicas modernas da Medicina. Nos tempos antigos os fetos só eram mortos no útero quando suas mães faleciam. Exemplo disso é Amós 1.13:

“Assim diz o SENHOR: Por três transgressões dos filhos de Amom, e por quatro, não retirarei o castigo, porque fenderam o ventre às grávidas de Gileade, para dilatarem os seus termos”. 

O que as Escrituras nos ensinam sobre esta temática tão complicada? Em qualquer etapa do feto, Deus o considera um ser humano, de tal maneira que lhe tirar a vida pode ou não ser considerado assassinato?

O Salmo 139.13 indica de modo definitivo que a consideração especial de Deus pelo feto começa a partir do instante da concepção. Assim diz o salmista:

“Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe”. 

O verso 16 prossegue: Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir. 

É reconfortante saber que, embora muitos embriões ou fetos sejam abortados deliberadamente, todos os anos, por todo o mundo, Deus tem cuidado do ser ainda informe, tanto quanto vela pelos que já nasceram. O Eterno conhece por ter Ele próprio determinado os códigos genéticos de cada um, e traçou um plano definido para cada vida conforme o verso 16.

Em Jeremias 1.5, diz o Eterno ao profeta, no limiar de sua carreira:

Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta.

É certo que essa passagem implica que Deus conhecia esse menino antes dele ter sido concebido no ventre da sua mãe. O Eterno conhece todos os seres humanos, muito antes de sua concepção.  Outra lição que tiramos deste texto é que o próprio Deus é quem forma o embrião e governa e controla todos os processos “naturais” que redundam no milagre da vida humana.  Em último lugar, Deus tem um plano definido para nós, um propósito para nossa vida, de modo que cada pessoa realmente é importante para Deus.

Portanto, todo aquele que tirar a vida de qualquer ser humano, em qualquer estágio de sua vida, deverá prestar contas a Deus (cf. Gn 9.6).  Quando é que um embrião começa a ser uma criatura feita à imagem de Deus? A partir do momento da concepção, no útero, dizem as Escrituras. Portanto, Deus vai requerer o sangue de um feto das mãos do seu assassino, seja o que pratica o aborto seja um profissional, ou um inexperiente, sem preparo profissional.

Concluo com a célebre frase de Henry Miller:

“Não conheço crime maior que este: matar aquele que luta para nascer”.



 

 

Quem matou Golias: Davi ou Elanã?!

1 Samuel 17.50 declara que Davi cortou a cabeça de Golias com a própria espada do gigante, depois de tê-lo derrubado com uma pedra disparada por sua funda. Por causa dessa espantosa vitória sobre o filisteu, Davi tornou-se o grande herói das tropas israelitas, embora fosse apenas um adolescente. 

Mas em 2 Samuel 21.19 no Texto massorético declara que: 

 

"Elanã, filho de Jaaré-Oregim, o belemita, feriu Golias, o geteu, cuja lança tinha a haste como eixo do tecelão".  

 

Esse versículo certamente contradiz 1 Samuel 17. 

E agora prezado leitor [a], como resolver esta "contradição" bíblica? 

Quem de fato matou Golias? Davi ou Elanã?


Graças ao ETERNO, e a inspiração divina das Escrituras, temos uma passagem paralela em 1 Crônicas 20.5, que também registra este episódio da seguinte maneira:

"… Elanã, filho de Jair, feriu a Lami, irmão de Golias, o geteu, cuja lança tinha a haste como eixo de tecelão".  Parece, sem sombra de dúvidas, que essa é a redação correta, não só no que diz respeito ao texto de Crônicas, mas também ao de 2 Samuel 21.19

O manuscrito anterior, do qual o escriba estaria copiando, deveria estar um tanto apagado, ou quase inelegível, nesse versículo em particular, o que levou a cometer dois ou três erros.  Vejamos o que pode ter acontecido: 


1. O objeto direto, que em Crônicas vem logo antes de "Lahmi", era אֶת; o copista tomou-o erroneamente como sendo בֵּֽית (beith) e, desse modo, removeu Beit Ha- Lahmi ("o belemita") do texto.

 

2. O escriba leu mal a palavra que significa "irmão"  אֲחִי֙ (Achi), como sendo objeto direto אֶת (Ét) imediatamente antes de Golias. Assim, o copista fez "Golias" ser o objeto direto de "matou" (wayyak), em vez de "irmão" de Golias (como corretamente faz a passagem de Crônicas). 

 

3. O copista colocou em lugar errado a palavra equivalente a tecelão  אֹרְגִֽים׃ ('oregym), a qual ficou logo depois de "Elanã" como seu patronímico (ben Yaarey oregim – "o filho das florestas ou tecelões" – eis um nome muito improvável para o pai de alguém!). 

 

Em Crônicas a palavra hebraica oregim ("tecelões) vem logo depois de  מְנ֖וֹר ("menor" – um eixo de), o que perfeitamente faz sentido. Em outras palavras, a passagem de 2 Samuel 21 traz uma corrupção textual. O texto correto felizmente foi preservado em 1 Crônicas 20.5

 

Texto extraído do erudito Gleason Archer e adaptado por Marcelo de Oliveira 

A Páscoa e os 4 cálices

Numa primeira leitura sobre as dez pragas enviadas contra o Egito, nós deduzimos que a aparente razão para tais calamidades foi a obstinada recusa do Faraó em obedecer à ordem do Eterno de libertar Israel. No entanto, se esse fosse o único propósito, um único golpe devastador teria sido suficiente.

 

Agora surge a pergunta: Por que o Eterno optou por dez pragas? Porque, por intermédio das dez pragas, o Eterno demonstrou não apenas ser o Criador do universo, mas Senhor único e absoluto dos céus e da terra, o Juiz supremo e o Regente da natureza. Segundo a cultura judaica, cada praga que Deus manifestou no Egito serviu como castigo pela escravidão, tortura e a campanha de genocídio perpetrada pelos egípcios contra o povo judeu.

 

O texto de Êxodo 5.1 diz: “[…} para que celebre uma festa no deserto”. Implicitamente esta era a festa da Páscoa. Somente depois que o faraó ter “endurecido o coração” e repetidamente se recusado a liberar o povo judeu, as portas do arrependimento se fecharam. Maimônides, um dos maiores rabinos da história de Israel, explica que a expressão “endurecerei o coração”, é o castigo que Deus impõe a quem cometeu um grave pecado é privá-lo da possibilidade de se arrepender. Este é o significado desta expressão. Percebemos esta ideia no caso de Esaú, que buscou o arrependimento e não encontrou (Hb 12.16,17).

 

As razões naturais que levaram os judeus a incorporar em suas vidas a celebração da Páscoa, no hebraico Pesach (passagem, passar por cima) são relevantes e todas de grande significado. Buscando descortinar os motivos que deram alegria aos judeus em comemorar a Páscoa, devemos observar o capítulo 12 de Êxodo, onde vemos o Eterno não só instituindo tal festa, como também apontando os benefícios dela advindos. Assim, ao celebrar a Páscoa, quer a primeira, quer as que seguiram, o judeu tinha por base quatro grandes bênçãos de Deus, como veremos agora:

 

1) Ela representou o começo de uma nova contagem do tempo.  A partir dessa data o povo deveria, e num certo sentido estava, reiniciando a vida. Isso é magnífico, pois para os judeus a vida era somente opressão, humilhação e opróbrio. Deus queria lhes ensinar algo lindo: a partir deste acontecimento, eles estavam voltando ao zero, e tendo a oportunidade de recomeçar suas vidas.

 

O versículo 2 diz: “este mês será o principio dos meses”. Isto queria dizer que o novo calendário vinha diretamente de Deus e que eles teriam um novo começo. Definitivamente eles abandonariam o calendário da escravidão vivida sob o império egípcio e começariam a contar seus dias a partir do mês da libertação! Nenhuma lembrança deveria acompanhá-los. Houve uma ruptura entre o calendário egípcio e o divino. Hoje pode ser um novo tempo em sua vida. Não haverá lembrança dos tempos antigos. Deus estava dizendo ao povo judeu: chega de escravidão, hoje faço uma ruptura no calendário antigo.

 

O profeta Isaías alça sua voz e diz: “Eis que faço uma coisa nova, agora sairá a luz” (Is 43.19).

 

2) De escravos, foram feitos em homens e mulheres livres.  A segunda razão da alegria de celebrar a Páscoa estava no fato de que o povo seria livre. Tente imaginar: os judeus estavam confinados aos estreitos limites da terra da escravidão, e sem nenhuma condição de se moverem daquele território. Agora, por causa da Páscoa, seriam livres para andar sob a direção de Deus. A chance de ver-se livre das amarras do escravizador era iminente.

 

Os judeus celebravam a Páscoa sob a ótica da liberdade. Como uma autêntica carta de alforria, a Páscoa proclamava liberdade aos cativos. Assim éramos nós, escravos do pecado, confinados nele, mas por meio do sangue de Jesus, somos livres!

 

Jesus disse: “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36). O apóstolo Paulo, em Romanos 6.18 diz: “E libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça”.

 

3) Foram guardados diante do juízo de Deus.  Sob o efeito protetor do sangue do Cordeiro pascal, o povo judeu foi preservado da morte que atingiu todas as famílias egípcias. A morte que fez definhar o poderio egípcio, pois desde o rei ao mais simples cidadão, bem como os animais, todos tiveram de chorar aquela noite a perda do seu primogênito, mas a família dos judeus não foi atingida.

 

Ao ver toda a família presente no banquete pascal, é possível imaginar a enorme alegria que tomou conta do coração do judeu. Assim, a Páscoa não comunica somente o começo de um tempo novo e a liberdade, mas também a vida guardada diante da morte.

 

A cultura judaica é uma das mais fascinantes do mundo. Os judeus até hoje celebram a Páscoa com quatro cálices. Neste momento você deve estar se perguntando: De onde veio a ideia dos quatro cálices? Os exegetas judeus observaram um detalhe interessante no livro do Êxodo 6.6,7 onde há quatro verbos que se destacam.

 

“Portanto, dize aos filhos de Israel: Eu o Senhor, vos tirarei [1] de debaixo das cargas dos egípcios, e vos livrarei [2] da servidão, e vos resgatarei com braço estendido [3] e com grandes juízos.  Versículo 7: Eu vos tomarei [4] por meu povo […]” (Ex 6.6,7).  Eles também relacionam estes quatro verbos as quatro letras do nome inefável do Eterno, o tetragrama sagrado: Yod, Hei, Wav, Hei. 


A Palavra de Deus é um livro incomparável e magnífico. No evangelho de Lucas 22, temos quatro cálices também!

 

Vejamos:

 

Lucas 22.17: E, tomando um cálice [1]

Lucas 22.20: Semelhantemente, tomou o cálice [2]

Lucas 22.42: “[…} passa de mim este cálice [3]

Lucas 22.18: “[…] não beberei do fruto da vide [4]

 

Perceba que os cálices no texto de Lucas não estão em uma ordem cronológica. O versículo 18 aponta para o cálice que “beberemos” por ocasião  das bodas do Cordeiro.

 

Agora, o que desejo destacar, é o 3º cálice, em que encontramos o verbo: “resgatarei com braço estendido”. Esse foi o cálice que Jesus, o Filho de Deus, pediu ao Pai para que ele não tomasse, quando orava no Getsemani. Todavia, sabemos que o Pai não ouviu sua oração. Jesus teria que sorver toda a ira de Deus e levar sobre si os pecados do mundo. Surge a pergunta: “Onde Jesus tomou este cálice”? Na cruz, com o braço estendido! Ele nos resgatou com braço estendido! Oh profundidade das riquezas! É por este motivo que devemos amar e estudar a Bíblia. Ela é perfeita, bela, incomparável.

 

4) Eles tinham como destino uma terra abençoada. Para um povo que viveu tanto tempo sem uma pátria, a Páscoa prometia uma terra rica, abençoada sob o governo redentor de Deus. O texto de Êxodo 12.25 diz: “E acontecerá que, quando entrardes na terra que o Senhor vos dará…”. Mais tarde, Josué disse: “E eu vos dei a terra em que não trabalhaste, e cidade que não edificaste, e habitais nela e comeis das vinhas dos olivais que não plantaste” (Js 24.13).

 

Assim, tendo reiniciado a contagem dos dias, experimentando a liberdade, guardados do poder destruidor da morte e indo em direção a uma terra rica, não é de admirar que a Páscoa tinha um clima de festividade indizível. Contudo, há de se observar que a celebração da Páscoa não tinha como objetivo centralizar a atenção do povo nas bênçãos que lhe foram outorgadas, mas no Deus Eterno, que era a fonte de tudo e os abençoara. 

 

Assim como o povo de Israel entrou na terra da promessa, nós, que conhecemos a Jesus, o Cordeiro de Deus, e reconhecemos seu senhorio, entraremos na Jerusalém celestial, a cidade cujo arquiteto é o próprio Deus. Amém!

A oração no meio da mais profunda dor

 

INTRODUÇÃO

O livro mais chocante e doloroso da Bíblia. A Septuaginta diz que Jeremias viu as ruínas de Jerusalém, sentou-se e compôs esta lamentação. É um choro pela cidade amada. O livro é chamado de “O muro de Lamentações da Bíblia”. É lido todos os anos pelos judeus, na comemoração da destruição de Jerusalém. A primeira oração do livro é só uma frase, no fim do versículo 11. Esta é a segunda, um pouco maior. É uma oração no meio da mais profunda dor.

 

1. VÊ A MINHA AFLIÇÃO – V. 20

Grande aflição. Além da dor pelo que aconteceu, os sobreviventes se matavam por comida (final do v. 20). É dor pelo passado, pelo presente, e pela ausência de perspectiva no futuro. Não há o que fazer. Não sabe o que fazer.Apenas pergunta: 1.12. Autopiedade não ajuda. No momento de aflição, esta é a oração certa: “Vê, ó Senhor, a minha aflição”. A atitude certa em 1.9. Apele para a misericórdia, o ponto fraco de Deus.

 

2. OUVE OS MEUS GEMIDOS – V. 21

Deus tem olhos para ver e ouvidos para ouvir. “Gemidos”. Oração não é blábláblá. Muitas vezes é para gemer mesmo. Quem não chorou em oração não sabe o que é orar. É abrir o coração com Deus, derramar a alma diante dele. Muita oração é tagarelice. É o abrir das comportas das emoções. “Não há ninguém que me console”. Deus consola: 2Coríntios 1.3-4. O Espírito é “outro Consolador” (Jo 14.16) pois Jesus é o Consolador. Os homens não podem; Deus pode.

 

3. VENHA O DIA QUE PROMETESTE – V. 21

Pediam restauração e juízo sobre inimigos. Teste pragmático do AT. Nós, cristãos, não pedimos vingança. Ela pertence ao Senhor: Rm 12.19. Mas devemos pedir o livramento. A crise é boa para aprender. Foram curados da idolatria, para sempre.  É bom para aprender a depender de Deus: 3.22-27. Hora de crescer, de experimentar a cura das feridas emocionais. “Deus pode consertar um coração partido se lhe dermos todos os pedaços”. Peça pelo seu livramento!

 

CONCLUSÃO

Sofrer nunca é bom. Decepcionar-se, chorar, frustrar-se, nada disto é bom. Mas é nestas horas que devemos nos apegar com Deus. No momento de sua maior crise, quando os amigos o abandonaram, dormindo, Jesus se apegou ao Pai (Jo 17). É um exemplo para nós. Amigos são bons, mas suplicar pela graça e pela misericórdia de Deus é muito melhor.

Isaltino Gomes 

Agostinho e a cura de Paulus e Palladia

 

Santo Agostinho (354-430) é considerado o mais importante dos pais da Igreja. Seus escritos estabeleceram os fundamentos do pensamento e da teologia dos cristãos. Ele falava apaixonadamente a respeito da validade da fé e trabalhava arduamente para expor e destruir as primeiras heresias que estavam sorrateiramente na igreja. Agostinho deixou vários livros, 500 sermões e uma centena de cartas. Nascido em 354 d.C. na cidade de Tagaste, no norte da África, Agostinho viveu dissolutamente em prostituição e à procura de respostas para os problemas da vida por meio da filosofia secular.

Certo dia, enquanto meditava em um jardim, ouviu uma voz que lhe falava: “Pegue e leia”. Ele pegou o manuscrito e abriu em Romanos 13.13,14. O que leu penetrou sua alma e teve início sua jornada em direção a Deus. Foi ordenado sacerdote em 391 e em 396 se tornou bispo de Hipona.

Embora Santo Agostinho tenha sido o primeiro teólogo a firmar uma teoria de descontinuidade em relação aos milagres, ele logo teve que mudar de ideia. Num domingo de Páscoa, um milagre notável aconteceu em sua igreja, em Hipona. Um jovem chamado Paulus foi curado de convulsões milagrosamente diante dos olhos da congregação. No dia seguinte, a irmã deste, Palladia, também foi curada. A seguinte descrição dos momentos que seguiram as curas é uma das cenas mais fulgurantes em toda a literatura dos pais da Igreja:

“Então, todos irromperam em uma oração de gratidão a Deus. Toda a igreja ressoou com a manifestação de alegria”.

Agostinho tomou o jovem nos braços e beijou-o ternamente. A congregação teve reação similar no dia seguinte quando a irmã de Paulus foi curada de modo semelhante. Agostinho continua sua descrição como testemunha ocular:

“Tamanho milagre surigu de homens e muheres reunidos que as exclamações e as lágrimas pareciam que nunca chegariam ao fim […]. As pessoas erguiam louvores a Deus sem palavras, mas com tal barulho que nossos ouvidos mal podiam suportar. O que havia no coração desta multidão barulhenta senão a fé do Cristo, pela qual Santo Estevão verteu seu próprio sangue?”

 

Lições de uma tempestade

 

Jesus dormia enquanto os discípulos velejavam no barco de pesca para o outro lado do mar da Galiléia. Uma tempestade terrível começou repentinamente. Os discípulos, apavorados, certos de que o barco estava prestes afundar, acordaram Jesus. Esta imagem me fascina: Jesus dormindo numa tempestade! Isto é um retrato vívido da sua confiança tranquila em Deus.

Ele acalmou a tempestade e repreendeu os discípulos por sua falta de fé. Maravilhados, fizeram a pergunta que Marcos queria que seus leitores considerassem: “Quem é este…?”

O texto diz que Ele repreendeu o vento (cf. Mc  4.39). Esta palavra, “repreendeu”, foi usada por Jesus ao expulsar um demônio (cf. Mc 1.25) e ao curar uma doença (cf. Lc 4.35). A palavra grega  “epetimesen” , indica a subjugação de um poder maligno. Alguns interpretam seu uso neste texto, indicando de que Satanás estava por trás da grande tempestade que caiu enquanto Jesus dormia. Por esta perspectiva, Jesus “repreendeu” os seres demoníacos que causavam a tempestade.

Todavia, essa sugestão é improvável. Desde a queda, a própria natureza se voltou contra a humanidade (cf. Gn 3.17,18) e esta ficou vulnerável a todos os tipos de desastres naturais. O milagre tinha o objetivo de demonstrar o poder de Jesus sobre a própria natureza e, assim, sugerir sua divindade. Somente o Criador pode controlar a criação material. A ação de Jesus naquele dia lembrou as palavras do Salmo 89.8,9:

O SENHOR Deus dos Exércitos, quem é poderoso como tu, SENHOR, com a tua fidelidade ao redor de ti?
Tu dominas o ímpeto do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as fazes aquietar. 

Aplicação pessoal deste milagre:

·         A grande tempestade de vento representa as tempestades que enfrentamos em nossas vidas

·         O barco representa nossa segurança, que é ameaçada pelas ondas que batem contra ele.

·         Jesus dormindo no barco representa o aparente silêncio de Deus quando somos afligidos pelo medo e pelas tempestades da vida.

·         A súplica: “Não te importa que pereçamos?” (Mc 4.38), expressa nossos próprios sentimentos profundos de abandono por parte de Deus quando a vida nos oprime.

·         A repreensão de Jesus ao vento e ao mar nos lembra o controle soberano de Cristo sobre todas as circunstâncias das nossas vidas.

·         A bonança que seguiu à tempestade simboliza a serenidade interior que podemos experimentar quando dependemos do amor de Jesus e da sua Palavra.

·         A repreensão de Jesus, “Por que sois tão tímidos?!”, nos lembra que, quando Jesus está em nossas vidas, devemos confiar Nele, mesmo quando as tempestades da vida se intensificam.

·         A pergunta de Jesus, “Como é que não tendes fé?”, nos convida a lembrar o que Cristo fez por nós no passado. Lembrar da bondade de ontem fortalece a fé de que precisamos enfrentar o hoje e o amanhã.

·         O temor dos discípulos nos lembra que nossa atitude para com Jesus deve sempre ser de admiração e respeito porque Ele é verdadeiramente Deus.

·         A pergunta: “Quem é este…?” É respondida pelo milagre e pelas Escrituras. Devemos nos concentrar Nele e não deixar que as circunstâncias da vida nos distraiam.

Nele, que domina ventos e tempestades

Pr Marcelo Oliveira 

Palavras hebraicas e gregas para MILAGRES

 

Há um vocabulário especifíco para identificar milagres no AT e NT. É importante saber o que cada uma dessas palavras nos diz sobre os milagres que descrevem.

Pala’ – Esta palavra é usada cerca de 70 vezes no Antigo Testamento. Significa “ser maravilhoso”. É a raiz de um dos nomes do Eterno de Isaías 9.6 (Pêle Yoets). A raiz geralmente refere-se aos atos de Deus, quer formando o universo ou agindo na História em favor do seu povo. A palavra chama nossa atenção para a reação das pessoas quando são confrontadas por um milagre. O cristão vê o poder tremendo de Deus que invadiu o tempo e o espaço para fazer algo maravilhoso demais para os seres humanos reproduzirem.

O erudito Eichrodt diz: O verbo e o substantivo referem-se aos atos de Deus, designando prodígios cósmicos ou feitos históricos em favor de Israel. Isto é, na Bíblia a raiz pl’ – refere-se a coisas anormais, além da capacidade humana. Consequentemente, desperta admiração (pl’) no homem. Pode-se acrescentar ainda, que é essencial que o milagre seja tão anormal a ponto de ser inexplicável, exceto pela demonstração do cuidado ou da retribuição de Deus.

Várias palavras em português são usadas para traduzir pala’, entre elas: “prodigio”, “milagre”, “maravilhas”, “grandezas” e “grandes obras”.

Mophet – Esta palavra hebraica ocorre aproximadamente 36 vezes no AT. Também significa “prodigio” ou “milagre”. É usada principalmente para relembrar os poderosos feitos de Deus no Egito com o propósito de livrar seu povo da escravidão. Mophet também é usada para castigos e a provisão que demonstra o cuidado contínuo de Deus por Israel no decorrer da História.

A palavra mophet é frequentemente usada com uma terceira palavra hebraica para milagre, ‘ot. As duas geralmente são traduzidas como “sinais e prodigios”. Em Deuterônomio 13, mophet refere-se a uma previsão exigida de alguém que afirma ser profeta. Se o ‘ot (sinal) ou mophet (prodígio) realmente acontece, o candidato a profeta é autenticado. Se não acontece, ele é um falso profeta.

Mophet sozinho geralmente é traduzido por “prodígio” ou prodígios, nas versões portuguesas da Bíblia.

 

‘Ot – Esta palavra hebraica significa “sinal milagroso”. Tem uma grande variedade de significados. A palavra é usada para designar os corpos celestiais como “sinais” que distinguem as estações (Gn 1.14) e para designar uma insígnia ou um estandarte (Nm 2.2). No entanto, quase todas as suas 80 ocorrências no AT incorporam o significado de sinais milagrosos, indicando um ato claro e inconfundível de Deus. Como visto acima, é frequentemente usado com mophet.

Outras palavras hebraicas são usadas para descrever milagres. Por exemplo, milagres são “poderosos feitos” (yalla) ou “poderes miraculosos” (giborah) que são obras inconfundíveis (maasheh) de Deus.

 

No Novo Testamento destacam-se 3 palavras: dunamis, semeion, teras.

 

Dunamis – Descreve um milagre como uma expressão espontânea do poder de Deus. Como os dois outros termos para milagres no Novo Testamento, esta palavra descreve um milagre como violação clara do que as pessoas do primeiro século consideravam ser a lei natural. Os atos poderosos de Deus eram tão inconfundívelmente extraordinarios que ninguém que presenciava um milagre deixaria de reconhecê-lo.

Semeion – Esta palavra grega significa “sinal, prodígio ou milagre”. O significado básico da palavra indica um sinal pelo qual se reconhece uma pessoa ou coisa específica. Quando a palavra semeion tem uma dimensão maravilhosa ou extraordinária geralmente é traduzida por “sinal milagroso”. Esta palavra enfatiza o aspecto de autenticação do milagre como indicação de que poder sobrenatural está envolvido.

Teras – Esta palavra, traduzida por “prodígio [s]”, é encontrada apenas 16 vezes no NT, em cada caso ligada a semeion como “sinais e prodígios”. Na literatura grega, teras denota alguma aparição terrível que evocam temor e terror e que contradizia a ordem do universo. A Septuaginta usa teras para traduzir mophet, indicando assim um símbolo, sinal ou milagre. O termo veterotestamentário e seu equivalente do Novo Testamento estão ligados à revelação de Deus de si mesmo aos seres humanos.

 

Um milagre é um evento extraordinário (pala’, teras). Esse evento pode envolver a violação do que consideramos leis naturais, como a divisão do mar Vermelho e a ressurreição de Lázaro.

Um milagre é um evento causado por Deus (pala’, dunamis, ergon). A natureza e hora do evento, junto com sua significância religiosa ou revelação associada, deixam inconfundivelmente claro que Deus agiu no nosso mundo de tempo e espaço.

Um milagre é um evento de significância religiosa (‘ot, semeion). Não é um ato aleatório, mas um ato intencional de Deus. 

A entrega total – Romanos 12.1

 

Depois de ter mostrado a maneira pela qual o homem pode restabelecer sua relação com Deus, por meio da fé em Jesus Cristo (cf. Rm 5.1) e depois de ter mostrado o caminho da nova vida santificada, por meio do Espírito Santo (cf Rm 8), Paulo se ocupou, no final do livro de Romanos, com a vida cristã.

Paulo apresentou a maneira pela qual o novo homem deve viver – para a glória de Deus (1 Co 10.31), pois vivendo assim viverá uma vida de serviço. Essa vida é descrita como a vida a ser desenvolvida diariamente e o caminho para ela é o caminho da consagração, da dedicação, da entrega da vida a Deus.

O sacrifício era considerado uma oferta solene entregue ou dedicada à divindade, na forma de vítimas (animais) ou donativos, com a finalidade de agradar ou apaziguar a divindade ou ainda obter dela o seu favor. O sistema sacrificial judaico registrado no livro de Levítico foi elaborado pelo próprio Deus para que o povo redimido da escravidão egípcia pudesse aproximar-se e permanecer na presença divina para adorá-lo e servi-lo. Para que o pecador se aproximasse de Deus o sangue de alguma vítima deveria ser derramado, deveria ser entregue. O animal que deveria morrer como substituto deveria cumprir certos requisitos como ser consagrado, puro, sem manchas e perfeito, simbolizando e sinalizando “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (cf. Jo 1.29).

O sacrifício a ser apresentado a Deus era o “trabalho” do sacerdote. O adorador que desejava ter comunhão com Deus, oferecia a Deus um animal que já estava morto. Mas, é necessário destacar que aqui, Paulo muda completamente a exigência. O sacrifício deve ser vivo. Vivo, porque já recebemos nova vida por meio de Jesus Cristo. Temos agora que submeter nossa vontade, toda nossa vida em sacrifício, pois só assim experimentaremos a “boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

 

Nesses versículos encontramos pelo menos 3 aspectos dessa entrega total:

 

O primeiro aspecto verifica-se na motivação da entrega – porque entregar?

1.      A motivação tem como base as bençãos passadas

a.    O argumento é conclusivo – portanto, pois

b.    O pedido, o rogo

2.     A motivação tem como base as ações divinas em nosso favor

a.    A misericórdia divina deve ser definida e entendida

b.    A “                       “       é distinta da graça divina

 

O segundo aspecto verifica-seno conteúdo da entrega – o que entregar?

 

1.    Entregar o corpo (cf. Romanos 6.13,16,19)

a.    Entregar é oferecer, é apresentar-se a Deus

b.    Como sacrifício vivo, santo e agradável

2.    Entregar a vida (cf. Atos 20.24)

a.    Para completar a carreira

b.    Para cumprir o ministério

O terceiro aspecto verifica-se no simbolismo da entrega – qual o significado?

 

1.    A entrega significa um ato de culto

a.    O culto sempre será a Deus

b.    O culto é um serviço a Deus

2.    A entrega é definitiva

a.    É entregar como Jesus se entregou por nós, voluntaria e definitivamente

b.    É apresentar-se a Deus de uma vez por todas, definitivamente (significado do verbo no original grego). 

Quando a cruz é loucura?

 

John Stott, disse: “A cruz é a pedra de tropeço para todo o orgulho humano”. A cruz de Cristo é loucura quando não podemos ver sua sabedoria porque estamos dominados pela razão. Quando a razão se torna a via única de compreensão do mundo, não vemos a cruz de Cristo. A razão não admite a cruz. A razão tem horror a sofrimento e sangue. A razão recusa o que não pode explicar, e a cruz não pode ser explicada, como não o podem a nossa salvação, nem a ressurreição de Cristo no passado e nossa no futuro.

 

A cruz de Cristo é loucura quando não podemos ver a graça da cruz porque somos condicionados à noção de justiça; A ideia de justiça não admite castigo ao inocente, como aconteceu com Jesus por nós. Saulo de Tarso estava cego pela ideia da justiça, mas foi alcançado pela luz de Cristo e passou a ver. Depois, o intelectual Paulo pôde dizer que a graça lhe bastava.

 

A cruz de Cristo é loucura quando não vemos Cristo nela, senão a nós mesmos. Quando olhamos para a cruz e vemos a nós mesmos, não vemos a cruz, que se torna loucura. De fato, era para estarmos lá, mas Cristo tomou o nosso lugar.

 

A cruz de Cristo é loucura quando não tomamos a decisão de viver por e para Ele. Quando, apesar de todas as verdades históricas e bíblicas acerca de Jesus, não nos decidimos por Ele, seu sacrifício é tornado inútil por nós. Se não nos decidirmos a viver por Ele e para Ele, seu sacrifício foi em “vão”.

Tornamos eficaz a cruz para nós quando reconhecemos que Deus tomou a iniciativa de vir ao nosso encontro para nos salvar. A cruz é a manifestação mais completa da graça de Deus para nós.

Tornamos eficaz a cruz para nós quando reconhecemos que ela é o poder e a sabedoria de Deus para nossa salvação. Isso começa a acontecer quando colocamos a razão em seu devido lugar, tornando-a cativa de Cristo. A razão não pode ser a única via de compreensão do mundo. Ela é indispensável, mas não pode excluir a via da fé. Antes, deve estar ao seu serviço, porqe a felicidade está na fé;

Finalmente, tornamos eficaz a cruz de Cristo quando tomamos a decisão de corresponder ao gesto da graça, aceitando a libertação de nossa culpa.