Pr Walter Brunelli lançará Teologia Sistemática Pentecostal

SHALOM! É com grande alegria que comunico os nobres leitores deste blog, que meu amigo Pr. Walter Brunelli,  lançará uma Teologia para Pentecostais, (Uma Teologia Sistemática e Expandida).  Uma obra que vem Leia Mais »

Pérolas da carta de Paulo à Filemon

A carta de Paulo a Filemon é a mais breve entre as cartas que formam a coletânea paulina e consiste apenas em 335 palavras no grego original. É pequeno no tamanho e Leia Mais »

Onesíforo, um bálsamo na vida de Paulo

Paulo havia exortado Timóteo a guardar o evangelho, pois diante da perseguição, muitos cristãos abandonariam o evangelho. Ao longo de 2º Timóteo, Paulo encoraja Timóteo a não se envergonhar do evangelho nesse Leia Mais »

Uma curiosidade inédita sobre Jonas

Para compreendermos o significado dos acontecimentos do livro de Jonas capítulo 3 é necessário saber que os ninivitas adoravam o deus-peixe, Dagom, parte humano e parte peixe. Eles acreditavam que ele tinha Leia Mais »

Afinal, quem é o cavaleiro branco de Apocalipse 6?

A adoração descrita em Apocalipse 4 e 5 é um preparativo para a ira descrita em Apocalipse 6 a 19. Pode parecer estranho adoração e julgamento andarem juntos, mas isso se deve Leia Mais »

Respondendo ao Calvinismo

 

Por Roger E. Olson, Ph.D

É difícil resistir à impressão que calvinistas que acreditam na expiação limitada o fazem não por motivos bíblicos claros, mas porque pensam que a Escritura permite e que a razão leva a tal. Não há nada necessariamente errado com isso, mas, ao menos alguns calvinistas, tal como Piper, tem criticado outros por fazerem o mesmo. 3 Piper critica outros por supostamente abraçarem doutrinas apenas porque a Escritura permite e que a lógica exige tal entendimento. Para muitos não-calvinistas, entretanto, parece que é exatamente isso que os que acreditam na expiação limitada fazem.  Não tendo nenhuma passagem bíblica clara e inequívoca de suporte para esta doutrina, eles a adotam por pensarem que a Bíblia permite tal entendimento e que o sistema calvinista da TULIP, por questões lógicas, exige-a. Afinal de contas, se a eleição é incondicional e a graça é irresistível, então parece que a expiação só poderia ser para os eleitos.  

A Escritura contradiz a expiação limitada em João 3.16,17; Romanos 14.15; 2 Coríntios 5.18,19; Colossenses 1.19,20; 1 Timóteo 2.5,6; 1 João 2.2. Todos conhecem João 3.16,17: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”. Geralmente os calvinistas dizem que nestes versículos “mundo” refere-se a todos os tipos de pessoas e não todas as pessoas. Entretanto, tal interpretação tornaria possível interpretar todos os lugares onde o Novo Testamento relata que o “mundo” é pecaminoso e caído como significando apenas algumas pessoas – todos os tipos – são pecadores e caídos. A interpretação calvinista de João 3.16,17 parece se encaixar na descrição de Vernon Grounds da exegese falha utilizada para defender a expiação limitada.

1 João 2.2 é outra passagem que não podemos reconciliar com a expiação limitada: “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”. Esta passagem solapa completamente a interpretação calvinista de “mundo” em João 3.16,17, pois ela explicitamente afirma que Cristo morreu uma morte propiciatória não apenas para os crentes, mas também para todos. Aqui “mundo” deve incluir não crentes, pois “nossos” refere-se aos cristãos. Este versículo torna impossível dizer que a morte de Cristo beneficia a todos, só que não da mesma maneira. (Piper diz que a morte de Cristo beneficia os não eleitos ao dar a eles apenas bênçãos temporais). João diz clara e inequivocamente que o sacrifício propiciatório de Cristo foi pelos pecados de todos – incluindo aqueles que não são crentes.

O que dizer de 2 Coríntios 5.18,19? E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação”. Calvinistas, às vezes, argumentam que esta passagem suporta a expiação limitada.  Afinal de contas, se Deus estava em Cristo não imputando os pecados de todos contra eles, então todos estão salvos. Portanto, eles dizem, a palavra “todos” deve significar apenas os eleitos. Mas isso não é verdade. Quando Paulo diz que Deus estava reconciliando o mundo consigo mesmo, não lhes imputando os seus pecados, o que Ele quis dizer é: caso se arrependerem e creiam. Em outras palavras, a Expiação realmente reconciliou Deus com o mundo de maneira que Ele poderia perdoar; a morte satisfez as exigências de justiça de sorte que a reconciliação é possível da parte de Deus. Mas a morte permanece tendo de ser aceita pelos pecadores pela fé. Então se dá a plena reconciliação.

Colossenses 1.19,20 diz: “Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse,
E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus”. É impossível interpretar “todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão no céu, como que se referindo apenas aos eleitos. Esta passagem refuta a expiação limitada. 1 Timóteo 2.5,6 também refuta: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo”.  A única forma que uma pessoa que acredita na  expiação limitada pode escapar da força desta passagem é interpretar a palavra grega traduzida por “todos” como alguma coisa significando “todos os tipos de pessoa”, mas essa não é uma interpretação permitida pelo uso comum da palavra na literatura grega fora do Novo Testamento (ou em qualquer outro lugar no NT).

Muitas passagens claramente indicam que o sacrifício expiatório de Jesus foi para todos; que sua punição substitutiva foi para todas as pessoas. Mas há duas passagens neotestamentárias raramente discutidas que absolutamente cortam pela raiz a expiação limitada: Romanos 14.15 e 1 Coríntios 8.11. Nestes versículos Paulo inflexivelmente adverte aos cristãos para que não destruam as pessoas por quem Cristo morreu. A tradução das palavras gregas “destruir” e “destruído” nestes versículos não podem meramente significar prejudicar ou estragar. Paulo claramente está advertindo as pessoas que é possível fazer com que as pessoas por quem Cristo morreu vão para o inferno (fazendo com que tropecem e caiam ao exibir a liberdade de alguém de comer carne sacrificada aos ídolos).  Se a TULIP do calvinismo estiver correta, esta advertência é inútil, pois tal coisa não pode acontecer. De acordo com o calvinismo, os eleitos, as pessoas por quem Cristo morreu, não podem se perder.

O peso da Escritura claramente pesa contra a expiação limitada. As interpretações calvinistas destas e outras passagens semelhantes lembram uma das placas do lado de fora de uma ferraria referindo-se a suas obras artísticas com metais: “Fazemos todos os tipos de torcedura e torneamento”. Entretanto, o problema com a expiação limitada vai além de poucos versículos que os calvinistas não podem explicar sem distorcer os seus nítidos significados.   O maior problema atinge o cerne da doutrina da Deus. Quem é Deus e como Ele é?

expiação limitada e a natureza de deus

Se Deus é amor (1 João 4.7), mas intencionou a morte expiatória de Cristo para ser uma propiciação para apenas certas pessoas de sorte que apenas elas têm chance de serem salvas, então “amor” não possui nenhum significado inteligível quando se refere a Deus. Todos os cristãos concordam que Deus é amor. Mas os que acreditam na expiação limitada devem interpretar o amor de Deus como algo compatível com Deus incondicionalmente selecionando algumas pessoas para o tormento eterno no inferno quando Ele poderia salvá-las (pois a eleição para a salvação e, por conseguinte, a própria salvação é incondicional). Não há nenhuma analogia na existência humana para este tipo de comportamento que é considerado como amoroso.  Nós jamais consideraríamos alguém que poderia salvar pessoas que estavam prestes a se afogar, por exemplo, mas que se recusa a fazê-lo, mas que salva apenas algumas como amorosa. Consideraríamos tal pessoa maldosa, mesmo se as pessoas salvas apreciassem o que a pessoa fez para com elas.   

Os calvinistas geralmente lidam com isso de duas maneiras. Alguns dizem que o amor de Deus é diferente de nosso amor. Mas se a diferença for essa, esse amor é insignificante. Se o “amor” de Deus não tem nenhuma semelhança com nada que nós podemos chamar de amor, se ele assemelha-se mais com ódio do que amor, então ele perde todo o senso de significado. Então, quando uma pessoa diz que Deus é amor ele pode também fazer uso de uma palavra sem sentido, tipo “creech” – Deus é creech. E mais, onde Deus melhor demonstra seu amor do que em Jesus Cristo?  Mas o amor de Jesus Cristo para com as pessoas é arbitrário e odioso para alguns? Ou Jesus Cristo em Seu amor por todas as pessoas revela o coração de Deus? O calvinismo termina tendo que postular um Deus oculto muitíssimo diferente de Jesus Cristo.

Outra forma que os calvinistas lidam com o amor de Deus e tentam reconciliá-lo com a expiação limitada e a dupla predestinação (as duas são, de fato, inseparáveis) é dizer que Deus ama a todas as pessoas de certa maneira, mas apenas algumas pessoas (os eleitos) de todas as maneiras. Piper, por exemplo, exalta o amor de Deus para todos – até mesmo para os não eleitos. 4 Ele diz que Deus outorga bênçãos temporais sobre os não eleitos – significando que eles caminham em direção ao tormento eterno no inferno que lhes foi predestinado.  João Wesley, respondendo a alegações semelhantes pelos calvinistas de sua época, reprovou dizendo que tal amor é a mesma coisa que assustar alguém.  Outra resposta é que isto simplesmente significa que Deus dá aos não eleitos um pouquinho do céu para levar com eles em sua jornada para o inferno. Que tipo de amor é esse – que dá bênçãos temporais e felicidade para as pessoas escolhidas por Deus para o eterno sofrimento no inferno? Afinal de contas, se o calvinismo estiver correto, não existe nada que impeça Deus de escolher todas as pessoas para o céu, exceto, alguns dizem, Sua própria glória. Alguns calvinistas dizem que Deus deve manifestar seus atributos e um atributo é a justiça, que torna o inferno necessário. Outra vez, entretanto, isso não funciona, pois a Cruz foi a manifestação suficiente da justiça de Deus.

A expiação limitada torna o evangelismo indiscriminado impossível.  Uma pessoa que acredita na expiação limitada jamais pode dizer aleatoriamente a uma pessoa ou grupo: “Deus te ama e Cristo morreu pelos seus pecados e os meus; você pode ser salvo”. E, entretanto, esta é a força vital do evangelismo – compartilhar as boas novas com todos e convidando a todos para que venham a Jesus Cristo em arrependimento e fé. Muitos calvinistas não podem dizer a todos ao alcance de sua voz que Deus os ama, que Cristo morreu por eles e que Ele quer que eles sejam salvos. Eles podem proclamar o evangelho (conforme eles o interpretam), mas não podem solicitar fé prometendo salvação por meio de Cristo a todos que encontram ou para quem pregam.

A expiação limitada é o calcanhar de Aquiles do acróstico TULIP; sem a qual todos os outros pontos sucumbem. Se Deus é verdadeiramente amor, então Cristo morreu por todos para que todos possam ser salvos.

Roger E. Olson, Ph.D., professor de teologia, George W. Truett Theological Seminary of Baylor University, Waco, Texas. Autor do livro: Against Calvinism: Rescuing God’s Reputation From Radical Reformed Theology (Contra o Calvinismo: Resgatando a Reputação de Deus da Teologia Reformada Radical – ainda sem tradução para o português)

Notas

1. http://www.monergism.com/thethreshold/articles/piper/piper_atonement.html

2. Vernon C. Grounds, “God’s Universal Salvific Grace” in Grace Unlimited, ed., Clark H. Pinnock (Minneapolis: Bethany House, 1975), 27.

3. John Piper, The Pleasures of God: Meditations on God’s Delight in Being God (Portland: Multnomah, 2000). See the lengthy footnote about Pinnock’s allegedly faulty hermeneutics, 70–74.

4. Ibid., 48ff.

Fonte: http://enrichmentjournal.ag.org/201203/201203_044_limited_atonement.cfm

O Amor de Deus Está Limitado aos Eleitos?

 

Refutando o Desafio Calvinista ao Evangelho

A doutrina da expiação limitada é provavelmente o ponto mais calorosamente debatido dos cinco pontos do Calvinismo entre os evangélicos. Também é o calcanhar de Aquiles do Calvinismo, sem a qual os outros pontos sucumbem.

Por Roger E. Olson


Tradução: Wellington Mariano

O recente renascimento do Calvinismo entre os evangélicos trouxe à tona o assunto do escopo da morte expiatória de Cristo na Cruz. Muitos cristãos evangélicos simplesmente supõem que Cristo morreu por todos – que Ele padeceu os pecados e sofreu a punição por cada pecador.

Durante os últimos quatros séculos, entretanto, há um relatório minoritário entre os Protestantes.  A maioria dos calvinistas, seguidores do reformador francês da Suíça João Calvino (1509-64), ensina que Cristo sofreu a punição pelos pecados dos eleitos – aqueles incondicionalmente predestinados por Deus a salvação. Calvinistas contemporâneos (eles freqüentemente tem predileção pelo termo Cristão Reformado) chamam esta doutrina de “redenção particular” ou “expiação definitiva”.

Entre os atuais evangélicos defensores da expiação limitada estão, mais notavelmente, R.C. Sproul e John Piper. Sproul (1939-) tem sido um apologista evangélico influente e teólogo reformado por grande parte da última metade do século XX.   De sua base, Ligonier Ministries, ele participa de programas de rádio, viajou para palestrar em inúmeras conferencias apologéticas e teológicas, e escreveu muitos livros – a maioria dos quais lida com a soberania de Deus a partir de uma perspectiva fortemente reformada.

Piper (1946-), pastor da Minneapolis’ Bethlehem Baptist Church (Igreja Batista Belém em Mineápolis) e fundador do Desiring God Ministries, também viaja extensivamente e fala em grandes encontros de cristãos evangélicos – incluindo as conferências Passion (Paixão) freqüentadas por milhares de principalmente adolescentes da Batista do Sul e jovens na casa dos vinte anos. É um autor prolífico cujos livros, incluindo Desiring God: Confessions of a Christian Hedonist (Desejando Deus: Confissões de um Cristão Hedonista), 1986, vendeu milhões de cópias. Tal como Sproul, Piper é um promotor apaixonado dos cinco pontos do Calvinismo.

calvinismo de 5 pontos

O Calvinismo de 5 pontos é a crença nas doutrinas simbolizadas pelo acróstico da TULIP: depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e perseverança dos santos. Os calvinistas criaram o acróstico por volta de 1913, mas as “doutrinas da graça” que ele representa datam do sucessor de Calvino – Theodore Beza (1519–1605) — reitor da Academia de Genebra (um seminário reformado em Genebra, Suíça, fundado por Calvino). Expiação limitada funciona como o centro deste sistema teológico. Sproul, Piper e muitos outros contemporâneos teólogos evangélicos influentes mantêm e defendem tenazmente esta posição.  

expiação limitada

O que expiação limitada ou redenção particular significa? De acordo com Sproul, que prefere chamar esta doutrina de “expiação intencional”, ela significa que Deus intencionou a morte de Cristo na cruz para assegurar a salvação de um número definido de seres humanos caídos – aqueles incondicionalmente escolhidos por Deus. Como outros calvinistas, Sproul argumenta que a morte substitutiva (ex. Deus infligiu em Cristo a punição pelos pecados merecidos por pecadores) foi de valor suficiente para salvar a todos, mas que Deus apenas intencionou a morte de Cristo para salvar os eleitos. No sentido mais importante, Cristo morreu apenas pelos eleitos e não por todos.

Para Sproul (e outros como ele), esta doutrina não é dispensável, ela é parte e parcela do sistema TULIP que eles crêem que seja o único que faça justiça à soberania de Deus e à natureza do dom da salvação. Um argumento que Sproul utiliza, seguindo o teólogo puritano John Owen (1613-83), é que, se Cristo morreu por todos os homens de maneira igual, então todos os homens estão salvos. Afinal de contas, assim o argumento avança, seria injusto de Deus punir os mesmos pecados duas vezes – uma vez que inflige a punição em Cristo e uma segunda vez ao enviar o pecador para o inferno.

Piper é igualmente apaixonado pela expiação limitada. Como Sproul, ele não considera a expiação limitada um ponto menor na teologia. Em um artigo intitulado: “Por quem Cristo morreu? O Que Cristo De Fato Realizou na Cruz Para Aqueles Por Quem Ele Morreu?” 1 Piper argumenta que não é o calvinista que limita a Expiação, mas o não-calvinista que acredita na expiação universal. A razão: aqueles que crêem na expiação universal devem dizer que a morte de Cristo, na verdade, não salvou a ninguém, mas apenas conferiu às pessoas a oportunidade de salvarem a si mesmas. Ou devem abraçar o universalismo.

Piper continua argumentando que Cristo, de fato, morreu por todas as pessoas, mas não da mesma forma. Todas as pessoas se beneficiam da morte de Cristo, por exemplo, recebendo certas bênçãos nesta vida que, caso Cristo não tivesse morrido, eles não receberiam – mas apenas os eleitos recebem o benefício da salvação advindo da morte de Cristo.

A doutrina da expiação limitada é provavelmente o ponto mais calorosamente debatido dos cinco pontos do Calvinismo entre os evangélicos. O teólogo evangélico Vernon Grounds, ex-presidente do Seminário de Denver, atacou fortemente esta doutrina. Fazendo uso de João 1.29; Romanos 5.17-21; 11.32; 1 Timóteo 2.6; Hebreus 2.9 e 1 João 2.2, ele escreveu: “É necessário uma ingenuidade exegética, que é algo senão uma virtuosidade aprendida, para esvaziar estes textos de seu significado óbvio: é necessária uma ingenuidade exegética beirando o sofisma para negar a sua explícita universalidade” 2 Não é necessário dizer que, muitos evangélicos, incluindo alguns calvinistas, consideram tal doutrina repugnante.             

BASe para a expiação limitada

Antes de explicar o porquê de esta doutrina ser repulsiva, será benéfico analisar as razões pelas quais muitos calvinistas pensam tão bem acerca dela e a promovem apaixonadamente. Mais uma vez, o que é esta doutrina? É a doutrina que Deus intencionou a morte de Jesus na Cruz para ser uma propiciação (sacrifício substitutivo, expiatório) apenas pelos pecados dos eleitos – aqueles que Deus selecionou para salvar independente de quaisquer coisas que Ele veja neles ou acerca deles (exceto Sua escolha deles para Sua glória e bom prazer).

Por que alguém acreditaria nisso?

Proponentes da expiação limitada fazem uso de várias passagens bíblicas: João 10.15; 17.6 e passagens semelhantes em João 10-17; Romanos 8.32; Efésios 5.25-27; Tito 2.14.

Calvinistas utilizam João 10.15 para suportar seu ensinamento: Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai – e dou a minha vida pelas ovelhas”. Muitos outros versículos em João dizem basicamente a mesma coisa – que Cristo deu a Sua vida por Suas Ovelhas (ex. Seus discípulos e todos aqueles que viriam após eles).

Calvinistas também fazem uso de Romanos 8.32: “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós – como nos não dará também com ele todas as coisas?” Eles presumem que “todos nós” se refere aos eleitos.

Efésios 5.25-27 diz: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”. Calvinistas acreditam que esta passagem, como muitas outras, refere-se apenas à igreja como objeto do sacrifício purificador de Cristo.

Em Tito 2.14 está escrito: “O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras”. Calvinistas acreditam que Paulo, o autor da carta a Tito, parece restringir os benefícios salvíficos da morte de Cristo ao “povo seu”, que eles equiparam aos eleitos.

Calvinistas presumem que tais versículos e outros como este ensinam que Cristo morreu apenas por aqueles escolhidos por Deus para a salvação. Mas tais versículos não ensinam as crenças calvinistas. Em nenhum lugar a Bíblia explicitamente ensina esta doutrina calvinista.

Calvinistas enxergam em tais passagens sua crença de que Cristo morreu apenas pela igreja, por Seu povo, por Suas ovelhas. Estes versículos não dizem que Cristo também não morreu pelos outros. E, como veremos, há muitas outras passagens que claramente ensinam que Cristo, de fato, morreu por todos.

Há outra razão pela qual os calvinistas acreditam na expiação limitada. Se Cristo morreu igualmente por todos, afirmam, então todos estão salvos. Argumentam que aqueles que acreditam na expiação universal enfrentam duas opções inevitáveis, mas biblicamente insustentáveis: ou a morte de Cristo salvou a todos ou não salvou a ninguém. Este argumento é, entretanto, falacioso. A expiação universal não exige salvação universal; ela apenas postula a possibilidade de salvação universal.    

É possível que os mesmos pecados sejam punidos duas vezes e é isso que torna o inferno tão absolutamente trágico – ele é totalmente desnecessário. Deus pune com o inferno aqueles que rejeitam a substituição de Seu Filho. Uma analogia ajudará a aclarar o que digo.  Após a guerra do Vietnã o presidente Jimmy Carter concedeu total anistia a todos os desertores do serviço militar que fugiram para o Canadá e outros lugares. Por decreto presidencial eles estavam livres para retornar ao lar. Alguns retornaram, outros não. O crime que haviam cometido já não era mais punível; mas alguns se recusaram a tirar vantagem da anistia e puniram a si mesmos ficando longe de casa e dos familiares. Os que crêem na expiação universal crêem que Deus permite aos pecadores recusar o benefício da cruz de Cristo para que sofram a punição do inferno apesar do fato de a punição ser totalmente desnecessária.     

Talvez o motivo retoricamente mais poderoso a favor da expiação limitada seja o oferecido por John Piper (e outros calvinistas que o precederam) que diz em Por Quem Jesus Cristo Morreu? que  aqueles que acreditam na expiação universal “devem dizer” que a morte de Cristo, de fato, não salvou a ninguém, mas apenas deu as pessoas a oportunidade de salvarem a si mesmas. Esta é uma argumentação falaciosa.

Arminianos (aqueles que seguem Jacob Arminius na rejeição da eleição incondicional, expiação limitada e graça irresistível) acreditam que a morte de Cristo na cruz salva a todos que, pela fé, a aceitam. A morte de Cristo assegura a salvação de tais – da mesma forma que ela assegura a salvação dos eleitos no calvinismo. Ela garante que qualquer um que vier a Cristo em fé será salvo por Sua morte. Isto não implica que eles salvam a si mesmos. Isso simplesmente significa que eles aceitam a obra de Cristo em benefício deles.

 

No outro artigo, teremos a segunda parte deste estudo: RESPONDENDO AO CALVINISMO 

Billy Graham, uma mensagem em línguas e a interpretação

 

Em 9 de dezembro de 1982, Billy Graham discursou no Evangel College em Springfield, para cerca de 3 mil alunos. Foi uma convocação simultânea dos alunos da Assemblies of God Graduate School, Central Bible College e Evangel College. Ele havia ido a Springfiel, a cidade base da Assembleia de Deus, a convite do superintendente-geral, Dr. Thomas Zimmerman.

 

Por causa de restrições na agenda, Graham somente pregou o primeiro ponto de sua mensagem nos trinta minutos designados. Antes que ele pudesse se sentar, um aluno proferiu uma clara mensagem em línguas seguida da interpretação dada pelo pastor D.W. Wartenbee, pastor da AD Bethel em Springfield. A benção dada pelo presidente da Evangel, R. Spence, encerrou o culto. Ao encerrar, a mensagem em línguas seguida da interpretação e a bênção final completaram o segundo e o terceiro pontos da mensagem que Graham planejara.

 

Mais tarde, em rede nacional de televisão, Graham falou desse evento como um dos “três maiores milagres” que ele havia testemunhado em todo o seu ministério.

 

Segue o resumo do relato testemunhal do evento contado por Sam Kaunley, soldado designado pelo estado de Missouri para proteger Graham durante sua viagem a Springfield.

 

O Dr. Graham chegou a Springfield no aeroporto regional de Springfield, e eu o peguei ali. Ele estava viajando com o Dr. Wilson. Peguei os dois e fiquei com eles enquanto permaneceram em Springfield.

 

A capela da Evangel University acomodava cerca de 3 mil pessoas, e todos os lugares estavam ocupados. Devido a exiquidade do tempo, Graham pregou cerca de 30 minutos. Dr Graham pregou aquele dia com uma unção especial. Bem no final de sua mensagem, antes que ele se retirasse do púlpito, eu estava em pé no palco ao lado dele, e à esquerda, no fundo da capela, havia um homem em pé que proferiu uma mensagem em línguas e, mais à direita, na galeria, outro homem ficou em pé e deu a interpretação da mensagem em línguas que fora proferida […].

 

Depois disso, o Dr. Thomas Zimmerman, o Dr. Wilson, o motorista e eu entramos no carro e fomos para o local seguinte. Tão logo o motorista começou a sair do estacionamento, Dr. Graham foi o primeiro a falar, e era claro que ele estava emocionado. Então, falou a seu amigo: “Wilson, quero que você considere algo”.

O Dr. Wilson virou de lado em seu assento, olhou para trás e disse: “O que é”?

 

“Você sabe, Wilson, que durante anos tivemos debates e discussões acerca do batismo no Espírito Santo com a evidência de falar em línguas”.

O Dr. Wilson disse: “Sim”.

 

“Wilson, quero que você considere isto hoje. Eu tinha trinta minutos para pregar essa mensagem que tinha três pontos, e eu iria pregar os três pontos em trinta minutos; mas fui movido pelo poder e pela unção de Deus a pregar somente o primeiro ponto.

 

“Somente o primeiro ponto foi pregado. E, quando eu concluía a minha mensagem, por causa da limitação do tempo em trinta minutos para ir à coletiva de imprensa, houve um homem que ficou em pé e proferiu uma mensagem em línguas, e você ouviu aquilo?”

“Sim, ouvi”.

 

“Havia um homem lá do outro lado que ficou em pé e deu a interpretação – ele interpretou essa mensagem em línguas; você ouviu aquilo?”

“Sim, ouvi”.

 

“Depois disso, o Dr Spencer veio até o palco e deu a bênção”.

Billy Graham, então, olhou para o Dr. Wilson e disse: “Eis o que eu quero que você considere: primeiro, eu preguei; segundo, a interpretação literal da mensagem em línguas; e terceiro, aconteceu literalmente a benção”.

 

Uma pergunta: Ainda continuaremos a duvidar dos dons espirituais? Eles cessaram? Ou somos nós que estamos tão apáticos, frios e insensíveis para não buscarmos os mais excelentes dons?

 

Nele, que está vivo e ainda presenteia  sua igreja, com dons espirituais

 

Fonte: SYNAN, Vinson. Vozes do Pentecoste, pp. 62-65. Editora Vida. 

Entrevista RIT TV

O debate tem a temática:   Se a predestinação calvinista não é correta, como entender Romanos 9? 

Hoje estarei na RIT TV !

 

 SHALOM!

 

Convido  todos os irmãos para assistirem a RIT TV, programaVEJAM SÓ, nesta quinta-feira às 22h15. 

 

O debate tem a temática:   Se a predestinação calvinista não é correta, como entender Romanos 9? 

 

O programa é AO VIVO para todo o país. Você assiste pelos canais:

 

6 da SKY

12 da NET  ou pelo site: www.vejamso.com.br –  clique – assistir AO VIVO 

 

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ONU, Israel e Irã

 

Um exemplo de oratória e habilidade política, ocorrido recentemente na ONU, fez sorrir toda a comunidade mundial ali presente.

 

Falava o representante de Israel na ONU:

 "Antes de começar o meu discurso, quero contar-lhes algo inédito sobre Moisés … (todos ficaram muito curiosos)…quando Moisés golpeou a rocha com seu cajado e dela saiu água, pensou imediatamente":

 

“Que boa oportunidade para tomar um banho!”.

 

Tirou a roupa, deixou-a junto da pedra e entrou n´água. Quando acabou de banhar-se e quis vestir-se, sua roupa tinha sumido! Os palestinos haviam-na roubado!"

 

O presidente do Iran levantou-se furioso e bradou:

 

– "Que mentira boba e descabida!…nem havia palestinos naquela época!" , gritou o presidente  todos os palestinos presentes concordaram, aplaudindo.

O representante de Israel então sorriu e afirmou:

 

"Muito bem…então, agora que ficou bem claro quem chegou primeiro a este território e quem foram os invasores, posso enfim começar o meu discurso…"

 

 

JESUS é SENHOR do SÁBADO!

Marcos contou que quando Jesus passou com os discípulos por uma plantação, eles, com fome, pegaram algumas espigas e as comeram. Os fariseus os censuraram porque era sábado e eles estavam fazendo o que não deviam. A história está em Marcos 2.23-28.

A censura não foi porque eles comeram as espigas. Isso era permitido. A “lei da respiga” permitia aos pobres e aos que estivessem com fome pegarem espigas que caíssem quando da colheita. Os colhedores não podiam pegá-las, e assim os necessitados vinham atrás colhendo. A censura dos fariseus foi porque era sábado e eles estavam debulhando as espigas (Lc 6.1). Isto era trabalho e no sábado não se trabalhava. Que coisa, não é?

Em resposta, Jesus citou um episódio do Antigo Testamento, e concluiu: “… o Filho do homem é senhor também do sábado”. O episódio que ele citou não tem a ver com espigas, mas mostra que pessoas que tinham fome transgrediram um princípio religioso. Jesus ensinou que as pessoas valem mais que regras que não têm um significado tão relevante como pensamos. E sua última frase encerra a discussão. Ele é senhor do sábado.

Jesus deu uma lição aos fariseus. Eles respeitavam o sábado. Ele é maior que o sábado e senhor dele. Por que não o respeitavam? Por que faziam “pegadinhas” e queriam derrubá-lo? Respeitavam o sábado? Que o respeitassem, porque ele era senhor dele.

Os fariseus diziam que Deus fizera o mundo para que houvesse sábado. Como eles, há gente que quase cultua o sábado, tendo-lhe um respeito idolátrico. E dizem que temos a marca da Besta porque guardamos o domingo. Constantino, imperador romano, mudou o dia de culto e ele representava a Besta. Guardar o domingo é obedecer à mudança que um líder político fez. Estamos errados por que guardamos o domingo? Temos mesmo o sinal da Besta?

Esta afirmação é uma ignorância do Novo Testamento e da história.

O domingo se tornou o dia em que os cristãos passaram a se reunir. Jesus ressuscitou num domingo (Jo 20.1) e lhes apareceu na tarde daquele dia, quando eles estavam reunidos (Jo 20.19). Oito dias depois, um domingo, lhes apareceu de novo “quando estavam outra vez ali reunidos” (Jo 20.16).  Os judeus contavam um pedaço do dia como um dia (Jesus foi sepultado na sexta e ressuscitou do domingo, três dias: sexta, sábado e domingo). Foi um dia tão marcante que, mais tarde, eles celebravam a ceia do Senhor num domingo (At 20.7). E em um culto, pois Paulo pregou. No princípio, os apóstolos iam às sinagogas para pregar. Mas depois de Atos 15, quando o cristianismo assumiu sua identidade diferente do judaísmo, os cristãos seguiram seu caminho.

O que diz a história? O primeiro testemunho a invocar  vem da Didaquê,  uma obra que foi escrita para ajudar a doutrinar os novos cristãos, numa época bem antiga da Igreja. Seu conteúdo mostra que ela  está calcada no evangelho de Mateus, conhece o de Lucas e parece desconhecer o evangelho de João (que deve ter surgido no ano 90 ou 95). Por isso, alguns acham que ela é anterior ao quarto evangelho. Uma coisa é certa: foi escrita antes do ano 100, quando a Igreja ainda era produto de um contexto em que viveu a segunda geração de cristãos. Nela lemos em 14.1: “Reunindo-vos no dia do Senhor, parti o pão e dai graças, depois de haver confessado vossas transgressões, para que o vosso sacrifício seja puro”. O dia do Senhor, o domingo,  era o dia da celebração da ceia do Senhor ( “parti o pão”). Não estou afirmando que esta epístola é inspirada, mas vendo-a como um documento histórico que deve ser considerado. É uma voz da história.

 

Na Epístola aos Magnesianos (escrita ao redor do ano 107), Inácio de Antioquia declarou, em 9.1: “Assim os que andavam na velha ordem das coisas chegaram à novidade da esperança, não mais observando o sábado, mas vivendo segundo o dia do Senhor”. A declaração é bem clara. Mais uma vez temos um testemunho histórico com a posição da Igreja primitiva. Inácio faz outra declaração bem firme: “Não vos deixeis iludir pelas doutrinas heterodoxas, nem pelos velhos mitos sem utilidade. Pois se agora vivemos conforme o judaísmo, confessamos não ter recebido a graça” (8.1). Estas palavras devem ser lidas em conexão com Colossenses 2.16-23, e bem pensadas.

Na Epístola a Diogneto, que é datada da segunda metade do século dois (ao redor do ano 150), lemos: “Não será proveitoso, a meu ver, ouvires de mim o referente à meticulosidade acerca de alimentos, à superstição a respeito dos sábados, à jactância por causa da circuncisão em torno de jejuns e neomênias, porque ridículas e indignas de menção” (4.1). A questão do sábado foi minimizada e tratada como superstição, pois fazia parte da velha ordem, que ficou para trás.

Outro documento, “A Tradição Apostólica de Hipólito de Roma”  (ao redor do ano 230), diz em 1.15: “Seja ordenado bispo aquele que, irrepreensível  tiver sido  eleito por todo o povo. E, quando houver   sido chamado pelo nome e aceito por todos, reúna-se o povo juntamente com o presbyterium e os bispos presentes, no domingo”.  Não diz para trocar o sábado pelo domingo, mas mostra, de novo,  a presença do primeiro dia da semana na vida da Igreja. E num evento tão significativo, como a ordenação ao ministério.

Esta mesma obra diz, em 60.1: “No domingo de manhã, o bispo, se puder, distribuirá a comunhão a todo o povo, com as próprias mãos, partindo os diáconos o pão…”. O testemunho da história é que a Igreja se reunia no domingo, para celebrar o memorial da ceia do Senhor.

Você pode ver que todos esses documentos são anteriores a Constantino, que viveu do ano 300 em diante. Ele não obrigou os cristãos a guardarem o domingo, mas viu que os cristãos guardavam o domingo e o tornou em dia de descanso em todo o Império Romano. Os cristãos não copiaram os pagãos, mas os pagãos passaram a imitar os cristãos.

Alguém disse que encontrou a palavra “sábado” várias vezes na Bíblia, mas que não encontrou a palavra “domingo”.  Baalen deu uma boa resposta: “Procuras pelo domingo? Procura por Cristo! Encontrá-lo-ás junto aos cristãos no domingo e não junto aos judeus no sábado”.

Por isso, celebre o domingo como dia do Senhor. Use-o bem. Não o use para ir a estádio de futebol, shopping, cinema ou praia. Use para ir à igreja, para ler sua Bíblia, congraçar-se com os demais de sua fé, na sua igreja. O domingo é o dia do Senhor, o dia em que Jesus ressuscitou dos mortos. Consagre este dia para ele. E saiba de uma coisa: quanto mais você consagrar o dia do Senhor ao Senhor, melhor sua vida espiritual será.

Alegre-se no domingo, dia do Senhor!

 Pr. Isaltino Gomes 

O embrião da Igreja

O texto da chamada dos doze não é o registro de uma ata de fundação de um grupo religioso. Não é um relato fortuito, nem seco.  A maneira de Jesus agir foi planejada e muito bem calculada para transmitir uma verdade. Há um ensino teológico implícito no texto. Entendo que em termos funcionais, a Igreja surge aqui, embrionariamente. O registro da chamada dos doze deixa indicações valiosas do que é a Igreja do Senhor. É por aqui que vamos andar.

O conceito de Igreja está muito confuso e difuso em nosso meio. Alguns o entendem pela ótica de comportamento, o que tornar o evangelho em mero behaviorismo espiritual. Não nego que ser Igreja traga a consequência de um comportamento novo e bem distinto do comportamento do que chamamos de “mundo”. No entanto, isto é consequência e não a essência de ser Igreja. Vem depois e não antes.

Outros enxergam Igreja pelo ângulo de curas, dons e bênçãos. Os carismas, parte da Igreja, tornam-se a sua essência, a sua própria razão de ser. Toda a vida da Igreja é centrada neste aspecto.

Outros mais veem a questão somente pelo ângulo de transformação social. Não nego que ser Igreja tenha a ver com isto, mas este não pode ser o princípio hermenêutico para análise da Igreja.   Muitas vezes o exagero desta postura faz da Igreja um reboque de partidos políticos. Ela é reduzida a um apêndice de ideologias humanas, o que é um equívoco mesmo que tais ideologias sejam nobres.

É problemático quando uma faceta do evangelho é mostrada como sendo todo o evangelho e quando uma parte da missão da Igreja é mostrada como sendo toda a missão. Perde-se a visão global do fenômeno chamado Igreja, ficando-se com uma visão fragmentária e, não raro, herética. Aliás, “heresia” nos vem do grego hairesis, que não significa, como se pensa, “erro”, mas sim “escolha”. O uso inicial da palavra nos tempos neotestamentários trazia a ideia de facciosidade. Fazia-se uma escolha facciosa. Não de toda errada, mas de uma facção, de uma parte da verdade, e a mostrava como sendo toda a verdade.

Defino minha linha numa sentença, para que saibamos por onde vamos andar: os doze são o embrião da Igreja. São a semente que desabrocha na magnífica árvore que hoje temos.  É daqui que parto.

 

ONDE SURGE O EMBRIÃO DA IGREJA

Em Marcos, o início da pregação do evangelho se dá no deserto. O ponto de partida geográfico é o deserto, de onde vem o Batista: “Voz do que clama no deserto” (1.3). O princípio da pregação está no deserto. Mas não é só isto. Os primeiros batismos também são efetuados no deserto: “apareceu João, o Batista, no deserto, pregando o batismo de arrependimento…” (1.4). Por que, exatamente, no deserto? Por que não numa grande vila ou junto à população mais concentrada, de forma a ter mais popularização?

Foi no deserto que Moisés, o fundador da primeira comunidade povo de Deus, Israel, viveu parte de sua vida. Foi no deserto, por quarenta anos, que Israel peregrinou, em busca de sua terra prometida. Elias andou pelo deserto, por quarenta dias (1Rs 19.8). O convertido Paulo andou pelo deserto. Em Apocalipse 12.6, perseguida pelo dragão, a mulher foge para o deserto.

Foi no deserto que Deus encontrou Moisés e começou o processo de libertação de Israel. Foi também no deserto, quando Judá regressou de Babilônia, que Deus começou o processo de reconstrução do seu povo. O deserto é lugar especial na revelação bíblica.  Sem se forçar a situação, pode-se até mesmo desenvolver uma “teologia do deserto”, nas Escrituras.

Deserto, na Bíblia, é lugar de solidão, de sofrimento e de crise. Mas é também lugar de encontro com Deus, de viver com ele, de ser seu povo. Foi no deserto que Israel viveu suas primeiras experiências com seu Deus, recebeu a lei e foi constituído como uma nação, deixando de ser apenas uma massa de ex-escravos. O evangelho começa no deserto porque é a mensagem de encontro com Deus e a chamada para ser seu povo. Gênesis começa com “no princípio”. É a história da criação do início de Israel, em suas raízes mais longínquas. Principalmente após o capítulo 12 começa a história de Israel. Marcos também começa assim. “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (1.1). Ele está escrevendo, também, uma história do povo de Deus. Não é sem sentido que esta palavra é posta como a primeira no segundo evangelho. Uma nova revelação está sendo escrita. Um novo povo começa a ser descrito.

O judaísmo ensinava que Deus estava no templo. O evangelho chega ensinando que Deus está no deserto, no sofrimento, na solidão e nas crises dos homens. As roupas do Batista são idênticas às de Elias (2Rs 1.8, Mc 1.6).  Ele é o novo Elias. Este recusou a religião estatal, corrompida e subvencionada por Jezabel. O Batista também está à margem da religião estatal, no seu contexto, o judaísmo. Mateus 3.7 registra seu pouco apreço por fariseus e saduceus, elementos presentes no judaísmo.  Jesus também entrará em choque com a religião estatal, que tinha como símbolo maior o templo, cuja destruição ele anunciará, em Marcos 13.2: “não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada”.

A questão que se delineia em Marcos, desde o início, é esta: “vocês querem Deus?”. Pois bem, ele não está na pompa do templo, no judaísmo. Está no deserto. É no deserto que o Batista prega e batiza. E é do deserto que Jesus vem pregando o evangelho.

É de bom observar os dois limites do evangelho de Marcos. Ele começa no deserto (1.3) e termina no sepulcro (16.8), considerando-se que há uma discussão sobre a autoria de Marcos nos versículos de 9 a 20. Não entrarei em aspectos de crítica textual, mas ficarei por aqui. O evangelho não termina no templo. Na realidade, tangencia-o e anuncia o seu fim. Deus não está no templo, mas no Cristo à margem da pompa, no Cristo que vem do deserto, e termina ao lado da sepultura vazia. O sentido teológico é mais amplo, mas é relevante notar, neste contexto, que a cidade santa prometida nas páginas finais da Bíblia (Ap 1.1) é uma cidade sem templo, como se lê em Apocalipse 21.22.

Voltemos à chamada dos doze.  Ela sucede num monte: “Depois subiu ao monte, e chamou a si os que ele mesmo queria…” (3.13). Saímos do deserto e estamos num monte. Por que monte, agora?   Porque monte é o oposto de deserto.  Monte é o local das grandes revelações de Deus, das quais o Sinai é o exemplo mais forte na vida de Israel. Os momentos mais solenes da Bíblia estão mostrados nos montes. O Sinai, o Ebal e o Gerizim, o sermão do monte, a transfiguração, a grande comissão são os maiores exemplos. O que sucede num monte é algo relevante. É de lá que vem o socorro divino (Sl 121.1). Monte é também o lugar dos atos divinos. A escolha dos doze é feita num monte, não numa praia nem numa planície. É um ato divino, portanto. A chamada dos doze em um monte soleniza o evento. Torna-o relevante.

Mateus põe o início da escolha dos doze na ocasião precedente ao sermão do monte (Mt 4.18-22) embora, num segundo texto, em 10.1-4, narre a concessão de poder a eles. Sua linha de pensamento é clara: ele associa a escolha dos discípulos com a ética do reino, que é mostrada no sermão do monte.  Marcos não focaliza a ética do reino, neste contexto, mas a escolha dos doze, em si.  Este é o grande valor teológico, em Marcos, da chamada dos discípulos: Jesus escolhe os doze para que vivam com ele, participem da obra e ministério dele, sejam suas testemunhas e continuadores do seu trabalho. No v. 15 se lê que deu “autoridade de expulsar demônios”.  Eram estas as suas credenciais. Ele expulsara demônios, como lemos em 1.26 e 1.32.  E, em 1.27, a expulsão de demônios legitima a doutrina de Jesus, que é chamada de “nova” e “com autoridade”. Os doze recebem as suas credenciais, que mostravam que ele estava trazendo uma doutrina nova. Com Jesus há algo de novo entre os homens. E os doze continuarão, como Igreja embrionária, a mostrar que há algo de novo no mundo. A Igreja é a novidade de Deus para o mundo porque é a encarnação da verdade de Jesus aos homens. A Igreja, cujo embrião se vê nos doze, é a comunidade que continua o ministério do Salvador. Ela é o seu corpo, ou seja, ela é a sua presença neste mundo. Ele age e se manifesta ao mundo por meio da Igreja. Aliás, a declaração de Efésios 3.10 é espantosa e, ao mesmo tempo, clara: “para que agora a multiforme sabedoria de Deus seja manifestada, por meio da igreja, aos principados e potestades nas regiões celestes”. Principados e potestades celestiais conhecem a sabedoria de Deus pela Igreja. A Igreja deve ser fonte de sabedoria para o mundo.

 Pr Isaltino Gomes 

Aborto, o grito dos que não nasceram

Aborto é crime, e crime com requinte de crueldade. É impedir o mais sagrado dos direitos, o direito de nascer, o direito à vida. A questão do aborto sempre esteve no topo da lista das grandes discussões políticas e religiosas em nossa nação. É um assunto solene, que merece nossa atenção. Não devemos ser frívolos em sua análise. O aborto sempre foi e ainda é assunto de debates entre juristas e legisladores; é tema da ética cristã que exige posicionamento claro da igreja. Algumas perguntas precisam ser feitas no trato dessa matéria: Quando começa a vida? Quem tem o direito de decidir sobre a interrupção da vida? Não queremos, neste fórum, discutir aqueles casos de exceção, nos quais a medicina e a ética cristã precisam fazer uma escolha entre a vida da mãe ou do nascituro. Queremos, sim, alertar contra a prática indiscriminada e irresponsável do aborto, fruto muitas vezes de uma conduta em desalinho com a ética cristã. Embora seja matéria de discussão, é consenso geral que a vida começa com a fecundação. Desde a concepção, todos os componentes da vida já estão presentes para o seu pleno desenvolvimento. Na perspectiva bíblica, Deus é o autor da vida e Ele mesmo formou nosso interior e nos teceu de maneira maravilhosa no ventre da nossa mãe (cf. Sl 139.15,16).  1.  O aborto é um assassinato – A lei de Deus é enfaticamente clara: “Não matarás” (Ex 20.13). Deus é o autor da vida e só Ele tem autoridade para tirá-la (1Sm 2.6). Os assassinos não herdarão o reino de Deus (Ap 21.8). O aborto é a eliminação de uma vida. É um assassinato. Não podemos eliminar aqueles que julgamos indesejáveis. Aqueles que incorrem nesse crime poderão até escapar da lei dos homens, mas não serão inocentados diante do tribunal de Deus. 2.  O aborto é um assassinato com requinte de crueldade – O aborto não é apenas um assassinato, mas um assassinato com requinte de crueldade. É matar um indefeso, incapaz de proteger-se. É tirar uma vida que não tem sequer o direito de erguer a voz e clamar por socorro. Quem dera se os milhões de crianças que não chegaram a nascer pudessem gritar aos ouvidos do mundo! Ficaríamos estarrecidos diante dessa barbárie. Ficamos chocados com o Holocausto, pois 6 milhões de judeus foram mortos nos campos de concentração e nos paredões de fuzilamento, dentre os quais 1,5 milhão de crianças. O aborto é um crime com vários agravantes, pois, não raro, a criança em formação é envenenada, esquartejada e sugada do ventre como se fosse um objeto desprezível.   3.  O aborto é uma prática que precisa ser combatida com tenacidade – Não podemos ser incoerentes a ponto de defender a prática do aborto em nome dos direitos humanos. O maior de todos os direitos é o direito à vida. O aborto é um atentado contra o mais sagrado dos direitos, o direito de nascer, crescer e viver. Devemos erguer nossa voz em favor daqueles cuja voz está sendo calada no próprio ventre materno. Que o Eterno tenha misericórdia daqueles que favorecem ou praticam tamanha crueldade! Precisamos dizer não ao aborto. Precisamos de coragem para nos posicionarmos com inabálavel firmeza em favor da vida. Concluo com a frase magistral de Henry Miller: “Não conheço crime maior que este – matar aquele que luta para nascer”. Hernandes D. Lopes Adaptado por Marcelo de Oliveira

O destruidor do povo de Deus

Oséias é o maior poeta do amor de Deus. Foi o único profeta escritor de Israel, o Norte. Por vinte anos (aproximadamente 750 a 730 a.C.), ele advertiu o povo de Deus do risco da destruição. Oito anos após sua morte, o Norte foi levado cativo e desapareceu. Ficou apenas Judá, o Sul. O Israel de Esdras, Neemias, Ageu, Zacarias, Malaquias e do Novo Testamento é o Judá retornado. O Israel de Oséias acabou. Foi destruído por falta de conhecimento.

“Porque lhe falta o conhecimento”, disse Deus. “Conhecimento”, aqui, não é erudição ou informação. Também não tem a ver com analfabetismo. O termo hebraico é daat, que significa “conhecimento íntimo, pessoal, profundo”, conhecimento relacional. Oséias viveu esta experiência em casa. Sua esposa, Gômer, o deixou. Tornou-se meretriz num culto pagão, que divinizava a natureza e tinha sacerdotisas prostitutas que se entregavam, no templo da Deusa, para trazer fertilidade à terra. Gômer não entendia o amor do marido. Ele a resgatou no templo pagão e a trouxe para casa. Ela não tinha daat e por isso destruía sua vida. Ela não o amava.

Muitos cristãos não têm daat. Amam seus gostos, não Deus. Gostam de festa, de culto com “fogo puro”, como dizia uma placa na porta de uma igreja (que tolice!) e de alarido. Mas a vida não mostra daat de Deus. Não exibe frutos de quem se relaciona com ele. Passando por Brasília, adquiri o “Jornal de Brasília” (28.5.12). A manchete era “Pregando na cadeia”, mas não alude a evangelismo na prisão. Alude à prisão do ex-deputado distrital Junior Brunelli, da famosa “oração da propina”, que correu pelo Youtube. Nela, o deputado agradecia o dinheiro vindo da corrupção, como sendo uma “bênção de Deus”. O ex-deputado e agora presidiário é pastor. Não me anima falar contra a igreja dos outros. Mas não me calo quando jogam o nome de Jesus na lama. Brunelli foi preso na “Operação Hofini”, nome do filho corrupto do sacerdote Eli. Ele também enlameou o nome de sua igreja. Com ironia, o jornal fala da igreja como sendo “propriedade da família de Brunelli”. Ela prega bênção e cura. Inclusive chama-se “Casa da Bênção”. Mas seu pastor não pregou caráter. Um crente em Jesus tem caráter.

O evangelho prega a transformação da pessoa. De alguém perdido a alguém salvo por Jesus, que mostra isso na vida. O evangelho não chama o convertido à riqueza, mas à santidade: “A vontade de Deus para vós é esta: a vossa santificação…” (1Ts 4.3). Os cristãos estão ouvindo mensagens mais para Lair Ribeiro que para Jesus Cristo. Assim, sobram-lhes palavras de ordem e lemas triunfais. E falta-lhes daat. Sem relacionamento pessoal e profundo com Deus, eles se destroem. E desonram a Jesus. Isto é o mais trágico. “Pois, como está escrito, por vossa causa o nome de Deus é blasfemado entre as nações” (Rm 2.24).

Busquemos daat, e não bênçãos. Bênçãos ele dá porque ele é bom. Caráter nós cultivamos. E devemos fazê-lo para honrá-lo com nossa vida.

Pr Isaltino Gomes