A refeição da noite de Páscoa, a mais solene e a mais rica entre todas as refeições hebraicas, acentua três momentos particulares: 1) a ceia real e propriamente dita realizada na abundância e na alegria; 2) um longo momento simbólico-ritual, que a precede, no qual se revive e se explica, sobretudo aos mais jovens, a significação perene da noite pascal; 3) outros momentos simbólico-rituais nos quais prevalece o agradecimento e o canto. A importância desta refeição é tanta, que nela cada parte é atentamente prevista, descrita e motivada. Segundo a tradição judaica estabelece 14 pontos, com uma fórmula mnemônica nas quais cada palavra exprime um elemento particular do ritual:
Qaddesh – É o início da celebração pascal, e consiste em uma berakah pronunciada sobre um copo de vinho, que é bebido no final da oração. Com ela, decalra-se ter chegado o tempo da liberdade, longe da opressão e da escravidão (lembre-se do radical qadosh que significa separar): “tempo da liberdade” expresso pelo copo de vinho e celebrado em todo o período pascal.
Urhas (ablução das mãos) – Lavam-se as mãos, sem entretanto recitar as bençãos comuns, porque a refeição propriamente dita não se inicia logo.
Karpas (sentem-se) – Come-se uma folha de erva molhada no vinagre, como lembrança da amargura da escravidão.
Yahas (dividir) – Pegam-se os três pães ázimos, quebra-se ao meio o que está no centro, pondo uma metade novamente no centro e escodendo a outra metade em qualquer lugar, por exemplo, debaixo da toalha.
Maggid (narrador) – Enche-se um segundo copo de vinho e, antes de bebê-lo narra-se a libertação do Egito, explicando o seu sentido e a atualidade com trechos da Bíblia e com narrações midráxicas, hinos, cânticos e salmos. É a parte mais importante e específica do seder pascal.
Rohsah (ablução) – Lavam-se as mãos com a benção habitual , já que está por iniciar-se a ceia propriamente dita.
Mohsi’ massah (benção dos ázimos) – Abençoa-se o pão como de costume, sendo que desta vez é o pão ázimo, isto é, sem fermento, e come-se um pedacinho.
Maror (erva amarga) – Come-se uma folha de erva amarga com um pouco de haroset, o doce composto de maças rapadas e de nozes recorda como os hebreus, com sua coragem e seu amor pela liberdade, conseguiram mitigar a escravatura egípcia.
Korek (envolver) – Agora come-se uma folha de erva amarga, desta vez, com um pedaço de pão ázimo.
Shulhan ‘Orek (ceia) – È a hora da ceia, que se inicia, tendo como entrada um ovo ou outros alimentos especiais, ricos de conteúdo simbólico.
Safun (escondido) – Come-se o pedaço de ázimo que estava escondido e que, com um termo de explicação incerta, é chamado de afikoman. Ele é comido em memória do cordeiro pascal, e depois dele é proibido comer qualquer coisa até o dia seguinte. É um momento de particular importância principalmente para os meninos, que são convidados a advinhar onde a metade do pão ázimo está escondida.
Barekh (bênção) – Terminada a refeição, lavam-se as mãos como de costume e se recita a Birkat tradicional há-mazon, enchendo o terceiro copo e bebendo-o no fim.
Hallel (louvor) – Então agradece-se a Deus pela ceia pascal através da qual se reviveu o milagre da liberdade. Enche-se um copo de vinho (o quarto), que se bebe depois de ter recitado os salmos 115-118, chamados de hallel. No fim de tudo abre-se a porta, para favorecer a entrada de Elias, o mensageiro da era messiânica.
Nirsah (aceitação) – Anuncia-se o final do seder pascal e pede-se a Deus que seja sempre o libertador de Israel.
Pr Marcelo Oliveira
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