Category Archives: Estudos Bíblicos

Pr Walter Brunelli lançará Teologia Sistemática Pentecostal

WALTERSHALOM!

É com grande alegria que comunico os nobres leitores deste blog, que meu amigo Pr. Walter Brunelli,  lançará uma Teologia para Pentecostais, (Uma Teologia Sistemática e Expandida).  Uma obra que vem em ótima hora e com grande expectativa. Pr Walter  quebrou um paradigma: ao escrever esta obra, se tornou o primeiro escritor brasileiro a escrever uma Teologia Sistemática para os pentecostais.

Esta obra que por graça do ETERNO tive o privilégio de prestar uma consultoria na língua hebraica (fiquei muito honrado), combinou três palavras que julgo ser muito importante numa obra desta envergadura: profundidade, simplicidade e autoridade. Pr Walter, conseguiu reunir erudição bíblica (exegese e ortodoxia bíblica), simplicidade sem ser simplista (todos poderão se enriquecer)  e autoridade (sua vida autentica suas palavras).

Um livro, e este mais do que um livro, um compêndio de teologia, não pode ser apenas uma peça de erudição bíblica. Deve ser uma extensão da vida do autor.  Eu dou testemunho de sua vida ilibada, seu caráter provado, seu coração pastoral, seu exemplo de pai, marido e homem de Deus.

Minha oração é que haja uma abudante colheita, como fruto desta bendita semeadura.

Parabéns Pr Walter Brunelli!  Parabéns leitores! 

O LANÇAMENTO SERÁ NO DIA 02/04/2016 NO PROGRAMA VITÓRIA EM CRISTO, NA REDE TV ÀS 9H E NA TV BANDEIRANTES ÀS 12H 

À Deus toda glória,

Pr Marcelo de Oliveira

Pérolas da carta de Paulo à Filemon

LIVREA carta de Paulo a Filemon é a mais breve entre as cartas que formam a coletânea paulina e consiste apenas em 335 palavras no grego original. É pequeno no tamanho e profundo em seu conteúdo. O ilustre comentarista bíblico Albert Barnes a chama de uma brilhante e bela gema no tesouro dos livros inspirados.

Ao olharmos para esta carta vemos algumas pérolas que, se não olhadas com profundidade, fogem dos nossos olhos. Senão vejamos:

 

1) Vemos o poder do Evangelho em ação. O evangelho de Cristo é o poder de Deus para salvação de todo o que crê. Ele transforma o rico e o pobre; o escravo e o livre; o patrão e o empregado. Onde o evangelho chega todas as barreiras, preconceitos são rompidos. Ele é capaz de alcançar todos, não fazendo nenhuma distinção de classes sociais.

 

O mundo ergue muralhas entre as pessoas, mas Jesus destrói esses muros. Ele abraçou aqueles que eram escorraçados. Ele acolheu os que eram repudiados. Ele estendeu sua graça aos leprosos, às prostitutas, aos samaritanos e trouxe esperança para os gentios.

 

2) Vemos a igualdade que o Evangelho traz. Na família de Deus o senhor de escravos não é melhor que os escravos. No reino de Deus são todos iguais. Eles são membros da mesma família, são irmãos. Filemon deveria receber Onésimo não mais como um escravo, mas como um irmão amado.

 

Paulo agiu como advogado de Onésimo. Ele confiou que Onésimo voltaria ao seu senhor e se submeteria a ele, sujeitando-se às conseqüências de seus atos. Paulo confiava em Onésimo como um verdadeiro irmão na fé.  O evangelho de Cristo não apenas torna as pessoas iguais, mas também as aproxima! Num tribunal secular Filemon seria colocado de um lado e Onésimo do outro. Porém, o evangelho transforma os corações, as circunstâncias e aproxima aqueles que as leis humanas poderiam separar.

 

3) Vemos a graça que há no Evangelho. O evangelho de Cristo é gracioso. Não há casos irrecuperáveis para Deus. Não há poço tão profundo que o Evangelho não seja mais profundo. A graça é maior que nosso pecado. Onésimo roubou, fugiu, escondeu-se, foi capturado e encarcerado, mas quando pensou que havia chegado o fim da linha, Deus lhe abriu a porta da esperança. Deus ainda continua transformando escravos em livres. Deus ainda continua encontrando os fugitivos para lhes trazer de volta ao lar.

Lutero disse acertadamente que todos nós somos “Onésimos”. Todos nós éramos escravos do pecado. Todos nós estávamos perdidos e fomos achados. Estávamos condenados e fomos libertados. Estávamos mortos e recebemos vida. Nossa salvação não é resultado do nosso mérito, mas pura expressão da graça de Deus. Nada somos, nada temos, nada merecemos. Porém, Deus nos alcançou, nos libertou e nos adotou como seus filhos amados, membros de sua família bendita.

 

Nele, que nos amou com  amor eterno

Pr Marcelo de Oliveira

 

Bibliografia: BARCLAY, William. I y II Timoteo, Tito y Filemon

LOPES, Hernandes Dias. Tito e Filemon. Editora Hagnos

WIERSBE, Warren. Comentário Expositivo. Geográfica Editora

Onesíforo, um bálsamo na vida de Paulo

apostolo PauloPaulo havia exortado Timóteo a guardar o evangelho, pois diante da perseguição, muitos cristãos abandonariam o evangelho. Ao longo de 2º Timóteo, Paulo encoraja Timóteo a não se envergonhar do evangelho nesse tempo de prova e intensa perseguição (cf. 2Tm 1.8,12; 2.3,9; 3.12).

É durante a provação que conhecemos os verdadeiros amigos e os verdadeiros cristãos. Em virtude do incêndio de Roma no ano 64 d.C., e da imputação desse crime bárbaro aos cristãos, e ainda, em virtude da prisão de Paulo, o grande bandeirante do cristianismo e, conseqüentemente do seu iminente martírio, todos os amigos e companheiros de Paulo o abandonaram. Fígelo e Hermogenes talvez tenham sido os líderes dessa deserção. Muitos cristãos da Ásia poderiam ter ido a Roma testemunhar a favor de Paulo, mas não o fizeram. Sentiram vergonha.

Na primeira defesa de Paulo, ninguém se manifestou a seu favor (2 Tm 4.16). Aquele era um tempo difícil e a fé apostólica corria sérios riscos. A ameaça vinha de dois fatores: da perseguição política e da invasão de falsos mestres. Depois do grande despertamento ocorrido em Éfeso (cf. Atos 19), quando as pessoas denunciaram publicamente suas obras e abandonaram a idolatria, rompendo com a feitiçaria, seguiu-se uma grande deserção. Parecia que o evangelho estava à beira da extinção.

No meio dessa debandada geral, aparece Onesíforo, cujo nome significa “portador de préstimos”, ele é como um lírio que floresce no lodo. É um exemplo de lealdade no meio de tanta deserção. O erudito W. Hendriksen diz que: “a beleza de seu caráter e nobreza de suas ações se destacam claramente no obscuro transfundo da triste conduta de todos os que estão na Ásia”.

A fidelidade de Onesíforo constitui num estímulo para Timóteo permanecer firme em seu ministério, sem se envergonhar do evangelho e de seu embaixador em cadeias. Vejamos quatro características desse precioso amigo de Paulo:

 

  1. Onesíforo, um amigo abençoador. […] e tu sabes, melhor do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso (1.18b). Durante os três anos que Paulo passou em Éfeso, ele se desdobrou para servir Paulo em diversas circunstâncias e ocasiões, uma vez que ali possuía residência ( 4.19). Ele era um homem prestativo. Estava sempre buscando formas e meios para ajudar Paulo em sua missão de pregar o Evangelho.
  1. Onesíforo, um amigo consolador. “Porque, muitas vezes, me deu ânimo e nunca se envergonhou das minhas algemas” (1.16). Ele não apenas serviu Paulo de forma multiforme em Éfeso, mas também o encorajou muitas vezes, quando o apóstolo estava vivendo os dias cinzentos da prisão, na antessala de seu martírio. Diferentemente de outras pessoas da Ásia, não fugiu de Paulo por causa de sua prisão, mas o incentivou várias vezes a não se envergonhou de sua prisão. O termo grego para ânimo “anepsixen”  significa “refrescar”, e a frase poderia ser traduzida por “envolveu-me em ar fresco”. Onesíforo foi uma espécie de “brisa fresca” para Paulo em seus momentos de provação.

 

3. Onesíforo, um amigo encorajador.  “Antes, tendo ele chegado a Roma, me procurou solicitamente até me encontrar” (1.17). Ele fez uma longa viagem de Éfeso a Roma, num tempo em que os cristãos eram queimados vivos ou decapitados. Desconhecendo o paradeiro de Paulo, ou seja, em que prisão se encontrava, procurou-o perseverantemente até encontrá-lo. Ele poderia ter desistido após várias buscas inglórias. Mas não desistiu até encontrar Paulo, para estar ao seu lado nos momentos mais difíceis da sua vida. Sem dúvidas, Onesíforo foi  um homem de caráter nobre, coração quebrantado e amigo incomparável.

Que as marcas deste personagem esquecido da Bíblia, desperte em nós o desejo de  imitarmos seu exemplo, bem como suas atitudes.

Pr Marcelo de Oliveira

Uma curiosidade inédita sobre Jonas

JONASPara compreendermos o significado dos acontecimentos do livro de Jonas capítulo 3 é necessário saber que os ninivitas adoravam o deus-peixe, Dagom, parte humano e parte peixe. Eles acreditavam que ele tinha saído do mar, fundado sua nação e que lhes enviava mensageiros do mar de tempos em tempos.

Se Deus, pois, houvesse de enviar-lhes um pregador, nada mais razoável que trouxesse seu plano para o nível de conhecimento dos assírios, mandando-lhes um profeta que saiu do mar! Sem dúvida muitos viram Jonas ser tirado do mar e acompanharam-no a Nínive, servindo de testemunha do fato inédito.

Há dois argumentos suplementares que confirmam a veracidade desse acontecimento. Em primeiro lugar, ‘Oannes’ é o nome de uma das encarnações do deus-peixe. Esse nome, com J inicial, é a forma de escrever ‘Jonas’ no NT. Em segundo lugar, houve, por muitos séculos, uma colina assíria chamada ‘Yunnas’, nome assírio, que significa Jonas, e foi o nome dessa colina que deu aos arqueólogos a primeira pista de que possivelmente a antiga cidade de Nínive estivesse soterrada sob essa colina.

O arqueólogo Botta associou ‘Yunnas’ com Jonas e, assim, começou o trabalho de escavação, e encontrou os muros da cidade.

Nele, Pr Marcello

Fonte: Christian Worker’s Comentary, by Dr. Gray

Afinal, quem é o cavaleiro branco de Apocalipse 6?

A adoração descrita em Apocalipse 4 e 5 é um preparativo para a ira descrita em Apocalipse 6 a 19. Pode parecer estranho adoração e julgamento andarem juntos, mas isso se deve ao fato de não entendermos plenamente a santidade de Deus nem, tampouco, a pecaminosidade do homem. Também não se consegue compreender a totalidade do que Deus deseja realizar nem a maneira como as forças do mal se oporem a ele. Deus é longânimo, mas deve julgar o pecado e vindicar seus servos.

 

Os 4 cavaleiros

A imagem dos 4 cavaleiros é extraída de Zacarias 1.7-11 e 6.1-8, em que as 4 carruagens são puxadas por cavalos vermelhos, pretos, brancos e baios (ou cavalos: vermelho, vermelhos, marrons e brancos, em 1.8). Em Zacarias, as carruagens percorrem toda a terra e a encontram “toda tranqüila e em descanso”. Há um contraste deliberado com os cavaleiros, nesse texto, que saem para espalhar guerra e praga sobre a humanidade. Além disso, o simbolismo das cores difere. Em Zacarias, elas simbolizam quatro ventos, ao passo que, em Apocalipse, representam a morte e destruição associadas aos juízos. Alguns estudiosos acrescentam que a imagem também é inspirada em Jeremias 15.2 e Ezequiel 5.12. As três passagens têm os mesmos temas: cativeiro, espada, fome e morte. Esses quatro cavaleiros andam juntos, à medida que a ação passa da ambição pela conquista para a guerra civil e a fome, chegando até a praga e à morte. Nesse sentido, Deus está permitindo que a depravação deles complete o próprio ciclo, mais do que derramando seu juízo sobre a terra.

Após o rompimento do primeiro selo, um dos quatro seres viventes, com uma voz como de trovão, profere a ordem que também determina os eventos decorrentes dos quatro primeiros selos: Erchou, Vem! Ao longo do livro do Apocalipse, os seres viventes lideram a adoração celestial (cf. Ap 4.8,9; 5.8-10; 19.4), fazem parte da comitiva do trono (cf. Ap 4.6; 5.6,11; 7.11; 14.3) e implementam os juízos divinos (cf. Ap 6.1,3,5,6,7; 15.7). Como cada visão dos quatro cavalos é introduzida pelo ser vivente com o número correspondente, sabemos que os juízos vêm do trono de Deus.

Com isto em mente, surge o primeiro cavalo (6.2) de cor branca. Alguns estudiosos (Hodges, Hendriksen e Alford) argumentam que o cavaleiro sobre o cavalo branco é Cristo, visto que ele é descrito em sua parousia como vindo sobre um cavalo branco (Ap 19.11) para destruir seus inimigos (Ap 19.15,16). A imagem da “conquista”, então, descreve o triunfo do evangelho (Mt 24.14). Estes afirmam que o primeiro cavaleiro é distinguido dos outros três como uma figura positiva (“branco”, como a cor da justiça) que “saiu” com uma coroa (soberania) e um arco (evangelho) para conquistar (relacionando com as imagens do “vencedor” no livro de Ap). E, ainda, o segundo é chamado “outro cavalo” e o resumo do Apocalipse 6.8 recapitulam apenas do segundo ao quarto cavalo. Portanto, o melhor paralelo é o retrato de Cristo em 19.11.

Será a tese exposta acima verdadeira? Teria os reformados razões para esta exposição?

Se partirmos de uma hermenêutica contextual do texto, isso não se encaixa no contexto imediato nem na unidade dos quatro cavaleiros, pois o uso de “cavalo branco” nos dois contextos é bem diferente e, aqui, o cavaleiro carrega um arco, ao passo que Cristo carrega uma espada (Ap 19.11,15)

Outro ponto importante: Cristo não precisa de mais uma coroa. Ele já está coroado de honra e glória (Hb 2.7,9). Outrossim, a palavra coroa usada em Apocalipse 6.2, é stephanos, que significa coroa do vencedor. A coroa que Jesus Cristo usa é diadema, “a coroa do rei” (cf. Ap 19.12). O anticristo jamais poderia usar um diadema, pois essa coroa pertence somente ao Rei dos Reis – nosso Senhor Jesus Cristo.

Concluímos que o cavalo branco do Apocalipse se refere, sem dúvida, ao anticristo e não ao Cristo.

 

 

O hino cristológico de 1 Timóteo 3.16

“E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória”. (1 Tm 3.16)

O apóstolo Paulo conclui este capítulo com um hino de exaltação a Jesus. Jesus Cristo é chamado aqui de “o mistério da piedade” porque só podemos conhecê-lo pelo fato de ele ter se revelado, e mesmo assim jamais poderemos conhecê-lo plenamente, pois seu caráter e suas obras transcendem nossa capacidade de compreendê-lo.

Note que o texto não termina com um olhar sobre a Igreja, mas com um hino para Cristo. É em direção deste hino que tudo aponta: a primeira e a última coisa não é a Igreja, mas Cristo; não é o corpo, mas o cabeça.

O erudito William Hendriksen diz que as seis linhas deste hino de adoração de Cristo começam com uma linha sobre seu humilde nascimento e termina com uma referência à sua gloriosa ascensão. Há alguns contrastes a serem observados: a carne débil é contrastada com o espírito poderoso; os anjos celestiais são contrastados com as nações terrenas; e o mundo inferior é contrastado com a glória de cima. Há seis declarações neste hino.

1)    Jesus foi manifestado na carne. O Verbo se fez carne. O Todo Poderoso se fez homem. O transcendente se tornou imanente. O rei dos reis se fez servo. Ele se humilhou. Ele deixou sua glória. Ele habitou entre nós. Paulo se refere aqui à sua perfeita humanidade.

 

2)    Jesus foi justificado em espírito. Embora nem todos os homens tenham reconhecido sua glória, pois Ele foi desprezado pelos homens, Jesus foi plenamente vindicado pelo Espírito. O Espírito Santo foi o agente de sua concepção. Ele foi revestido com o Espírito no seu batismo e, cheio do Espírito, enfrentou vitoriosamente a tentação no deserto. Pelo poder do Espírito Santo, realizou seu ministério e ressuscitou dentre os mortos. Esta frase destaca a perfeição espiritual de Jesus.

 

3)    Jesus foi contemplado por anjos. Os anjos participaram efetivamente da vida e do ministério de Jesus, em seu nascimento, em sua tentação, em sua agonia, em sua ressurreição e em sua ascensão. Os anjos estarão com Ele na sua segunda vinda e rodearão seu trono para glorificá-lo pelos séculos eternos.

 

4)    Jesus foi pregado entre os gentios. Antes de sua ascensão, o Cristo ressurreto deu à Igreja a Grande Comissão (Mt 28.18-20). Aqui está a Grande Demanda (v. 18), a Grande Comissão (v. 19) e a Grande Presença (v. 20). O mesmo Cristo que foi rejeitado e desprezado, agora começa a ser proclamado em todas as nações.

 

5)    Jesus foi crido no mundo. Porque Jesus foi pregado entre os gentios, pessoas de todas as tribos, raças, povos e línguas começaram a adorá-lo como seu Senhor e Salvador, como havia sido previsto (Sl 72.8-11,17; Am 9.11,12, Mq 4.12). Pessoas de todas as nações são transformadas à usa imagem e preparadas para sua obra.

 

6)    Jesus foi recebido na glória. O mesmo Jesus que ouviu gritos ensandecidos da multidão: Crucifica-o, crucifica-o, agora vê os céus abrindo seus portais para recebê-lo. Ao entrar na glória o vitorioso Rei, os céus proclamaram em cânticos de adoração: Digno é o Cordeiro (Ap 5.11,12).

 

A ressurreição do corpo

Vestigios e FatosQue transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.
Filipenses 3.21

 

A vitória de Cristo sobre a morte indica a natureza da ressurreição. Primeiramente, o Senhor ressurreto não foi um cadáver trazido de volta à vida. Não cremos como diz John Stott que nossos corpos serão milagrosamente reconstituídos da matéria que os compõe hoje. Jesus realizou três ressurreições durante o seu ministério – a do filho da viúva de Naim, o da filha de Jairo e a de Lázaro. A ressurreição de Jesus, no entanto, não foi uma ressuscitação. Ele foi promovido a um novo plano de existência no qual ele não era mais mortal, mas “vivo para todo o sempre” (Ap 1.18)

 

Segundo, nossa esperança cristã de ressurreição não é simplesmente na sobrevivência da alma. O próprio Jesus disse após sua ressurreição: “Sou eu mesmo! Toquem-me e vejam; um espírito não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho” (Lc 24.39). Logo, o Senhor ressurreto não era nem um cadáver reanimado, nem um fantasma. Ele foi ressuscitado dentre os mortos e ao mesmo tempo transformado em um novo veículo para a sua personalidade.

 

Além disso, nosso corpo ressuscitado será como o de Jesus, que foi uma extraordinária combinação de continuidade e descontinuidade. Por um lado, havia uma clara relação entre os seus dois corpos. As cicatrizes ainda estavam em suas mãos, seus pés e seu lado, e Maria Madalena reconheceu sua voz. Por outro lado, seu corpo atravessou as vestes no túmulo, a pedra selada e portas trancadas, deixando claro que tinha novos e inimagináveis poderes.

 

O apóstolo Paulo ilustrou essa combinação a partir da relação entre sementes e flores. A continuidade assegura que cada semente produza sua própria flor. A descontinuidade, no entanto, é mais importante, uma vez que a partir de uma pequena semente comum e até mesmo feia brotará uma flor perfumada, colorida e graciosa. “Assim será com a ressurreição dos mortos” (1 Co 15.42).

Para sintetizar, aguardamos ansiosamente não por uma ressuscitação (na qual seríamos ressuscitados, mas não transformados), nem por uma sobrevivência (na qual seríamos transformados em um fantasma, mas não ressuscitados corporalmente), mas por uma RESSURREIÇÃO (na qual seremos erguidos e transformados, transfigurados e glorificados simultaneamente).

 

Marcelo Oliveira

 

Bibliografia: Lopes, Hernandes Dias. 1 Coríntios. Editora Hagnos

Stott, John. A Bíblia toda, Ano todo. Editora Ultimato

 

Magnífico: A viagem da Torá

EUO desenho original do texto da Torá é monótono. Não existem nele pontuação alguma, nem pontos de interrogação ou exclamação, nem vírgulas. Tampouco divisões por capítulos, menos ainda por versículos. Apenas as divisões dos cinco livros e uma estranha divisão de parágrafos que, às vezes, coincide com as parashiot.

 

Entretanto, existe um parágrafo de duas linhas estranhamente sinalizado por um espaço branco comprido antes e depois dele. Além disso, nesses espaços brancos aparece a letra hebraica ‘nun’, equivalente ao ‘n’, invertida. Tanto antes do parágrafo quanto depois dele.

 

Esse parágrafo emblemático não traz um erro de impressão. Temos evidências arqueológicas, além de históricas, que mostram que o trecho vem sendo copiado assim, sistematicamente por, pelo menos, mais de dois mil anos.

 

Esse parágrafo estranho aparece na parashá desta semana e diz: e era quando viajava a Torá que Moisés dizia: ‘levanta-te Ad-nai e se afastem teus inimigos e fujam da frente de ti quem te odeia’, e, ao parar, dizia: ‘volta-te Ad-nai aos milhares de Israel’.

 

No Talmud discutiram os sábios as possíveis razões de tal desenho para este parágrafo. Uns propuseram que se trataria do final de um livro e que, portanto, nossa divisão estaria errada. Outros disseram que o parágrafo em si seria mais um livro e que a Torá teria seis, não cinco livros como conhecemos. Por fim, concluíram que esse parágrafo não se encontra no lugar certo e propuseram vários contextos onde deveria ser recolocado, mas não chegaram a um consenso. Finalmente alguém disse: ‘Não conseguimos concordar, pois esse parágrafo não tem um espaço fixo. Precisa estar solto justamente para indicar isso: que não pode ser encerrado em nenhum lugar da Torá. Os espaços em branco que o precedem e o sucedem são espaços de movimentação’. Querem dizer figurativamente que o parágrafo precisa se movimentar pelo pergaminho. Por isso apareçam lá duas letras nun (N), que indicariam o mandamento nosea(viaja). Pois o parágrafo que fala sobre a viagem da Torá precisa viajar pela Torá.

 

E que significa a viagem da Torá?

 

A viagem da Tora é extremamente importante, pois nela está o segredo de sua sobrevivência. Um livro encerrado num armário, por mais sagrado que sejam o livro e o armário, está condenado a morrer. No esquecimento. Na irrelevância. Um livro que viaja é um livro vivo, que penetra na vida das pessoas, nas histórias de indivíduos, famílias, comunidades e sociedades, e povos. O livro viaja quando o deixamos entrar em nossas experiências e reflexões quando dialogamos com ele, discutimos com ele e permitimos dizer o que deveríamos ter dito ou feito estando no lugar de seus personagens. Desse modo, também os personagens falam conosco sobre nossas vidas, pensamentos, emoções e ações.

 

Só uma Torá assim, reinterpretada com subjetividade compromissada, vive e viverá.

 

 A Torá viajou pelo deserto junto aos nossos antepassados e viajou depois por todas as histórias e geografias das comunidades.

 

Por isso, cada vez que lemos a Torá na sinagoga, fazemos com que ela viaje por entre as pessoas que ali estão. Não é imprescindível beijar o objeto, o mais importante é abrir nossas vidas à sua mensagem. Deixá-la viajar por dentro de nós e viajar através dela ao passado, ao futuro, ao nosso interior e à nossa transcendência.

 

Rabino Ruben Sternschein

 



De qual Babilônia, Pedro escreveu sua carta?

 

A Primeira Carta de Pedro é considerada uma carta católica ou geral. Diferentemente das cartas paulinas, foi endereçada a um grupo maior de cristãos, espalhados por diversas regiões da Ásia Menor.

A Primeira Carta de Pedro é considerada a mais pastoral do NT. A nota dominante é o permanente alento que Pedro dá a seus leitores para que se mantenham firmes em sua conduta mesmo em face da perseguição.

O ilustre escritor Myer Pearlman diz que a carta foi escrita para animar os fiéis a estarem firmes durante o sofrimento e levá-los à santidade. De fato, trata-se de uma das mais comoventes peças da literatura do período da perseguição. Pedro diz que escreveu esta epístola em parceria com Silvano (5.12), um dos homens notáveis da igreja primitiva (Atos 15.22). Esse Silvano foi o mesmo Silas que acompanhou Paulo na segunda viagem missionária. Ele era cidadão romano e também profeta (Atos 15.32). Bem poderia ser que Pedro fosse o autor da carta e Silvano o seu amanuense. O erudito William Barclay sugere que Silvano foi o agente ou instrumento de Pedro para escrever esta carta.

Somos informados de que Pedro escreveu esta carta da Babilônia (5.13). A grande questão é saber a qual Babilônia se refere Pedro. Havia naquela época três cidades com esse nome.

A primeira era uma pequena cidade que ficava no norte do Egito, onde se localizava um posto avançado do exército romano. Ali havia uma comunidade de judeus e alguns cristãos, mas é pouco provável que Pedro estivesse nessa região quando escreveu esta epístola.

A segunda Babilônia ficava no Oriente, junto ao rio Eufrates, na Mesopotâmia. Também nessa cidade havia grande comunidade de judeus e certamente nessa época, os cristãos já povoavam a cidade. Calvino é de opinião que Pedro escreveu esta carta do Oriente, uma vez que Paulo não faz referência a Pedro em sua epístola aos Romanos nem cita Pedro na cinco cartas que escreveu de Roma.

A terceira Babilônia era Roma. Pedro teria usado o mesmo recurso que o apóstolo João empregou no livro do Apocalipse (Ap 17.4-6,9,18; 18.10), referindo-se a Roma por meio de um código, em linguagem metafórica. A maioria dos estudiosos, dentre eles os pais da Igreja Eusébio e Jerônimo, entende que Pedro escreveu sua carta de Roma e, por se tratar de um tempo de perseguição, preferiu referir-se à capital do império por meio de códigos. O erudito Robert Gundry afirma que os primeiros pais da Igreja entenderam que “Babilônia” era uma referência a Roma. A tradição desconhece a existência de qualquer igreja em Babilônia da Mesopotâmia e nada sabe de alguma visita ali feita por Pedro; todavia, a tradição indica que Pedro morreu em Roma.

Conclusão: É quase impossível fechar a questão nesse ponto. Melhor é deixar aberta a questão do local onde estava Pedro ao escrever sua epístola.

 

Em Mateus 16.28, Jesus prometeu que voltaria durante o tempo de vida dos seus discípulos?

 

Depois de referir-se à sua volta, com grande poder e glória, a fim de julgar o mundo em justiça (Mt 16.27), o Senhor Jesus disse:

“Em verdade vos digo que alguns há dos que aqui se encontram, que de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino” (Mt 16.28)

Com essas palavras, aparentemente o Senhor se referia a alguma fase preliminar de sua volta, em vez do período final, o clímax do seu retorno, que será sua vinda com os gloriosos anjos do Senhor. Essa manifestação preliminar aconteceria antes da morte de alguns daqueles que ali estavam ouvindo sua voz. Há três prováveis cumprimentos do texto em tela:

O primeiro cumprimento possível teria sido a gloriosa transfiguração no cume do monte, descrita em Mateus 17.1-8, quando Moisés e Elias apareceram a Jesus e com ele falaram sobre sua morte e ressurreição (cf. Lc 9.31). Em certo sentido, Jesus apareceu a Pedro, Tiago e João em sua glória celestial, como Fundador do reino de Deus. Mas à vista da principal ênfase estar na sua partida (êxodo) em vez de seu retorno, esse acontecimento dificilmente poderia ser o cumprimento que o Senhor tinha em mente.

O segundo cumprimento possível teria ocorrido por ocasião da poderosa descida do Espírito Santo, sobre a Igreja, por ocasião do Pentecoste (At 2.2-4). Jesus havia prometido a seus discípulos, durante seu discurso no cenáculo, que não os deixaria órfãos (cf. Jo 14.18). O Senhor disse isto logo após lhes haver falado da iminente concessão do Espírito Santo. É evidente, então, que Jesus desejava dizer que haveria de voltar para eles como a terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo. No versículo 23 ele acrescentou esta confirmação adicional:

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (grifo nosso). Visto que foi por ocasião do Pentecoste que o Espírito Santo veio com poder sobrenatural, sobre os quase 120 discípulos que estavam orando juntos, e manifestou-lhes o dom de línguas como que de fogo sobre suas cabeças e a capacidade de proclamar o Evangelho, é evidente que Cristo voltou para seus seguidores no Pentecoste mediante o Espírito Santo. Assim é que o Senhor não deixou seus discípulos órfãos, mas verdadeiramente voltou para eles.

Uma terceira possibilidade de cumprimento pode ser o acontecimento de 70 d.C., quando o templo em Jerusalém, que deixaria de ser necessário, foi destruído pelos romanos, sob o comando do general Tito. A própria cidade, que deixaria de ser santa, e rejeitara a Cristo em  30 d.C., clamando pela morte dele na cruz – foi totalmente demolida. No sentido de que a profecia de Jesus sobre a destruição de Jerusalém foi cumprida (Mt 24.2; Mc 13.2; Lc 19.43,44), poder-se-ia dizer que Ele voltou para aplicar o julgamento sobre a cidade que havia presenciado seu assassinato judicial. Mas neste caso dificilmente se poderia afirmar que o esplendor da glória de Cristo foi revelado, ou o poder iminente de seus santos anjos; sua glória e poder manifestaram-se indiretamente quando o Espírito Santo foi derramado, no Pentecoste. Portanto, destruição de Jerusalém é menos provável como cumprimento, do que o dia da descida do Espírito Santo.