Amados irmãos, não raras vezes, os arminianos são “acusados” de pelagianos, semipelagianos, que possuem uma teologia humanista e que não dão à honra e toda glória a Deus. Será isto uma verdade?
Recordo-me a magistral frase de Mark Twain: “Enquanto a verdade calça os sapatos, a mentira dá voltas no mundo”. O problema advém que muitos calvinistas nunca leram uma obra de Armínio na fonte, ou se leram, leram por escritores reformados.
Quando isso acontece, lemos por outros pressupostos, com outras lentes, prejudicando assim a correta interpretação da teologia arminiana. Neste singelo artigo que não será exaustivo, pinçarei algumas pérolas de Armínio e mostrarei o equívoco que muitos cometem, ao lerem os textos de Armínio por uma lente alternativa, não buscando nos originais, o que fato, foi dito.
Um princípio que deve ser observado por todos os envolvidos neste debate é antes de discordar, certifique-se que você entenda. Em outras palavras, devemos estar certos de que podemos descrever a posição teológica contrária como ele ou ela a descreveria, antes de criticá-la ou condená-la. Outro princípio norteador deve ser: Não impute a outros, crenças que você, logicamente considera atrelados às crenças alheias.
Isto posto, veja o que disse Armínio:
“Em seu estado pecaminoso e caído, o homem não é capaz, de e por si mesmo, quer seja pensar, querer ou fazer o que é, de fato, bom; mas é necessário que seja renovado em seu intelecto, afeições ou vontade e em todas as atribuições, por Deus em Cristo Jesus através do Espírito Santo, para que seja capaz de compreender corretamente, estimar, considerar, desejar e realizar o que quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele é feito um participante dessa renovação, eu considero que, uma vez que ele é liberto do pecado, ele é capaz de pensar, desejar e fazer o que é bom, mas, entretanto, não sem a contínua ajuda da Graça Divina”
Armínio, pasmem os senhores, concordava com Agostinho e o calvinismo que o resultado da queda de Adão é a queda de sua posteridade; conforme os puritanos disseram: “na queda de Adão, todos nós pecamos”. Ainda disse ele:
“A totalidade deste pecado… não é privilégio de nossos primeiros pais, mas comum à raça inteira e a toda sua posteridade, que, na época em que este pecado foi cometido, estavam em seus lombos, e que tem desde então herdado deles pelo modo natural de propagação, de acordo com a Palavra: pois em Adão todos nós pecamos (Rm 5.12). Por conseguinte, qualquer punição foi infligida os nossos primeiros pais têm, da mesma forma, sido impregnada e ainda prossegue em toda sua posteridade, de maneira que todos os homens são, por natureza, filhos da desobediência (Ef 2.3), merecedores da condenação e da morte temporal e eterna; eles são também desprovidos de retidão e santidade originais (Rm 5.12,18,19). Com estas maldades eles permaneceriam oprimidos para sempre, a menos que fossem libertos por Cristo; a quem seja a glória (grifo nosso) para todo o sempre.
Glória para quem? A Deus, não aos homens. Esta confissão transparente de Armínio põe por terra todas as opiniões que ele era pelagiano ou semipelagiano, ou que ele possuía uma visão otimista da humanidade. Se os seres humanos tem qualquer livre-arbítrio em assuntos espirituais, é uma vontade libertada em virtude de Jesus Cristo e não em decorrência de quaisquer remanescentes de bondade neles.
Em Cristo, Pr Marcelo de Oliveira
P.s>> Dica de leitura: Teologia Arminiana (Mitos e Realidades) por Roger E. Olson. Editora Reflexão.
Esta obra foi traduzida pelo meu amigo, Wellington Mariano, que foi um pioneiro, trazendo esta excelente obra à pátria brasileira.
Texto sucinto, mas bem esclarecedor. Essa obra é imprescindível para quem deseja conhecer a Teologia Arminiana direto de suas fontes.
Entre arminianos e calvinistas, fico com a Palavra de Deus e seu Filho, Jesus Cristo.
Pode até ser que Armínio não era semipelagiano, mas seus sucessores tornaram-se!