Pregando o Cristo crucificado

O apóstolo Paulo descreve seu ministério de pregação nas cidades da Galácia como um cartaz público do Cristo crucificado. É claro que os gálatas não haviam presenciado a morte de Jesus. Nem Paulo. Mas através da pregação da cruz, Paulo trouxe o passado ao presente, tornando o evento histórico da cruz uma realidade contemporânea. Consequentemente, os gálatas podiam visualizar a cruz e entender que Cristo havia morrido por seus pecados, e então ajoelhar-se diante da cruz, humildemente, para receber de suas mãos o dom da vida eterna, totalmente gratuita e imerecida.

Porém, a mensagem da cruz, como Paulo explicou mais tarde em 1 Coríntios, é uma pedra de tropeço para o orgulho humano, pois afirma que não podemos alcançar a salvação pelas nossas obras. Não verdade, não podemos sequer contribuir para a nossa salvação. A salvação é um dom de Deus, sem absolutamente nenhuma contribuição de nossa parte.  William Temple disse:

“Minha única contribuição para a redenção é o meu pecado que precisa ser redimido”.

È nesse sentido que Paulo contrasta a si mesmo com os falsos mestres, os judaizantes. Eles pregavam a circuncisão (expressão usada pelos apóstolos para designar a salvação pela obediência à lei) e assim escapavam da perseguição por causa da cruz (Gl 6.12). Ele, por outro lado, pregava Cristo crucificado (a salvação através de Cristo somente) e assim estava sempre sujeito a perseguição (Gl 5.11).

Os evangelistas da atualidade têm diante de si esta mesma escolha. Ou agradamos as pessoas dizendo o que elas querem ouvir (sobre a capacidade de salvar a si mesmas) ou dizemos a verdade que elas não querem ouvir  (sobre pecado, culpa, juízo e cruz). Podemos escolher entre deixá-las satisfeitas ou despertar a sua hostilidade. Em outras palavras, ou somos infiéis e conquistamos popularidade, ou corremos o risco de nos tornarmos impopulares por causa da nossa fidelidade. Não creio que é possível ser fiel e popular ao mesmo tempo. Paulo sabia que precisava tomar uma decisão. Nós também precisamos.

Nele, que triunfou na cruz

Pr Marcelo Oliveira

Bibliografia: Stott, John. A Bíblia Toda, Ano Todo. Ed. Ultimato

                          Hendriksen, William. Gálatas. Ed. Cultura Cristã

                          Wiersbe, Warren. Comentário Expositivo. Geográfica Editora

11 Responses to Pregando o Cristo crucificado

  1. Pr. Guedes disse:

    Caro Marcello,

    Muito bom texto e excelente bibliografia consultada.

    Parabéns pelas pérolas que nos traz a cada dia.

    Deus abençoe sua vida.

    Forte Abraço.
    No Amor de Cristo!

  2. CÍCERO disse:

    Glória a Deus! Jesus Cristo e este crucificado, nada mais…

  3. Caro amigo e pastor Marcello de Oliveira,

    A Paz do Senhor!

    A dúvida entre fidelidade e popularidade, é o “calo” no pé de muitos pregadores da atualidade.

    Parabéns pelo excelente texto.

    Seu conservo,
    Pr. Carlos Roberto

  4. Texto abençoado, irmão!

    A base de nossa mensagem deve ser a graça, a ‘Chessed’ divina do Antigo Testamento, pela qual os homens antes de Jesus foram salvos mesmo sem terem visto o Messias, mas foram pré-evangelizados. Quando, porém, Cristo começou a ser pregado, aceitá-Lo significou render-se à graça.

    Nos dias de hoje muitos pregam um Jesus sem graça, distorcendo o Evangelho e bajulando homens. No ponto de vista das mensagens puramente religiosas, como costumamos ouvir frequentemente em épocas como agora Natal, Jesus é reduzido a um mero personagem bíblico, um mito, alguém muito bonzinho que foi morto na cruz pelos homens maus daquele tempo como se hoje a humanidade não seria capaz de fazer o mesmo com o Santo de Deus.

    Sim! É pelo pecado de todos nós, inclusive o da nossa geração acomodada, que Jesus morreu, pois sei que se tivesse lá, certamente, teria fugido seguindo os discípulos na hora da prisão, ou talvez até gritado junto com a multidão: “crucifica-O”.

    Deus abençoe o irmão! E bendito seja Ele por tão misericordiosa salvação.

    Shalon!

  5. Domingo passado, Pr. Marcelo, ouvi um outro pastor da congregação onde sirvo a Cristo (o segundo pastor), esbravejando que as pessoas que dizem “Eu não estou aqui para agradar a homens, mas sim para agradar a Deus” estão sendo falsas e falando uma bela de uma heresia, pois se não sabemos agradar ao homem que vemos, jamais poderemos agradar a Deus, que não vemos.

    Confesso que quase escorreguei do banco quando ouvi isso…

    Amar e agradar são duas coisas diferentes. O Senhor disse através do apóstolo João que se não AMAMOS ao irmão, o qual vemos, também não podemos AMAR a Deus, o qual não vemos (1João 4.20).

    E o amor, às vezes, contraria. O amor não faz aquilo que é agradável, mas aquilo que é necessário.

    Foi isso que Jesus fez. Ele não quis agradar-Se a Si mesmo, mas passou pelo sacrifício que era necessário acontecer para que houvesse redenção para nossas almas condenadas. E é isso o que Ele faz ainda hoje: Ele não nos trata como queremos, mas como precisamos ser tratados, de forma a nos tornar filhos de Deus cada vez mais parecidos com Ele, ou, caso contrário, jamais entraremos no Céu (Hebreus 12.14).

    Nós amamos nossos irmãos e muitas vezes precisamos exortar-lhes, desagradar-lhes, para agradar ao Deus a quem servimos. Precisamos tentar viver em paz com todos, mas haverá momentos em que essa paz só permanecerá se nós rompermos com princípios fundamentais da nossa comunhão com Deus – como a Verdade, por exemplo. E é nesse ponto que precisamos deixar de agradar ao homem para agradar a Deus (Atos 5.27-29).

    E mesmo o nosso amor para com Deus, que em muitos corações é sincero, muitas vezes erra, e peca. Mas isso não quer dizer que não sabemos amar ao Senhor. Somos falhos, somos fracos… E devemos entender isso.

    Deus entende.

    Por isso, não devemos pregar [e nem aceitar] esse evangelho barato e fácil, que procura invalidar o Evangelho da cruz, da renúncia, da morte para o mundo, da morte do eu.

    Nós não temos que ser agradados. Temos que ser transformados.

    E só a Verdade – inalterada e santa – sendo ensinada é capaz de fazer isso, doa a quem doer.

    Jesus nos dará forças para suportarmos e um lugar confortável junto dEle para descansarmos, até que finde nosso tempo aqui e finalmente cheguemos ao Lar…

    De fato, precisamos tomar uma posição [de agradar a Deus, sobretudo e todos], se queremos mesmo chegar ali. E só conseguiremos isso através da Cruz.

    Nos veremos Lá.

    Shalom. Shalom. Shalom!

    Elaine Cândida

  6. Nilson januario disse:

    Pr. Marcelo, Deus continue prosperando
    o seu ministerio, na proporção da graça!
    amem.

  7. Elton Morais disse:

    “Não creio que é possível ser fiel e popular ao mesmo tempo.”

    Também penso assim. E as Escrituras mostra vários exemplos de pessoas impopulares por serem fiéis a Deus.

    A mensagem da Cruz é a base de toda pregação evangélica.

    Que a Graça do Senhor Jesus seja contigo.
    Em Cristo,
    Elton Morais

  8. João Paulo disse:

    Caro Pr Marcelo, a paz do Senhor.

    Creio perfeitamente que a salvação não vem de nós, é dom de DEUS, mas na verdade a afirmação de que não contribuímos em nada em nossa salvação faz-me inquieto com algumas coisas, não digo contribuição no sentido de a obra de Cristo ser imperfeita ou incompleta, mas penso que nossa fidelidade é em si um ato humano que é necessário para que sejamos salvos, caso contrário vejo-me naquele pensamento predestinativo de que independente do que façamos, os que serão salvos e os que não serão, não há possibilidade de mudar o que está traçado.
    Sobre essa linha de pensamento vi alguém expor uma ideia sobre Judas o Iscariotes,se o mesmo fora designado para pecar, trair o mestre, então fez o que lhe fora designado, não pode ser condenado por isso.
    Nobre Pr Marcelo, tal questionamento não é com intuito de levantar mais uma discussão sobre predestinação e eleição, mas penso que devemos enxergar a salvação do ponto de vista também humano, lembrando que devemos manter uma vida irrepreensível diante de Deus, devemos nos esforçar para isso, ainda que tudo proceda de Deus.
    Do patamar humano e limitado não podemos comprender como que o Eterno e insondável opera a salvação do homem.

    em Cristo.

  9. disse:

    Muito bom seu artigo Marcelo. Paz!

  10. Eduardo Felicio disse:

    Esta Palavra chega ao meu coração, e me dar força para sempre Pregar a fidelidade, e não importar em  ser popular pregando aquilo que as pessoas querem ouvir.

    “Minha única contribuição para a redenção é o meu pecado que precisa ser redimido”.

    Esta frase todos os cristãos deveria ler.

    gostaria de receber mensagem em meu email eduardofelicio77@ymail.com

    Que DEUS continue usando o Pr Marcelo Oliveira

  11. Sergio Fraga disse:

    Existem hoje três tipos de pregadores,

    1º Os que só pregam o que o povo quer ouvir ( São os que buscam a glória para si mesmos)

    2º Os que se azedaram de tanto ver a hipocrisia e a mentira, e só pregam a desesperança, esses normalmente radicalizam e acham que a igreja se deteriorou e que não há mais remédio para ela. ( Sem sombra de dúvidas esses dizem que conhecem, mas não conhecem o Deus da Bíblia )

    3º Mas eu acredito ainda em 7000 que não se dobraram a Baal, que muito embora estejam sendo taxados de idiotas pelas outras duas classes, são os que verdadeiramente conhecem e servem a Deus. A igreja de Cristo jamais será abalada, quem a sustenta é o Senhor dos Senhores, é o Rei dos Reis.
    Esses avançam, fazem diferença mo meio desta geração corrupta e perversa.
    Quanto a igreja de Cristo, as portas do inferno não prevalecerão contra ela, e ela não é mais uma religião, ela é invisível.
    Parabéns Pr. Marcelo, você faz parte desta igreja, faz parte dos 7000.

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