Uma igreja só pode ser verdadeiramente missionária se for verdadeiramente adoradora e vice-versa.[1] Orlando Costas acerta quando diz que “o culto está intrinsecamente relacionado com a ação de Deus na história e a conversão das nações ao Deus trino e uno”.[2]
E ainda:
O culto, em sua dimensão humana, surge da missão. É o resultado espontâneo da experiência da redenção. Do mesmo modo, a missão deve ser vista como um acontecimento cultual, porquanto celebra o que Deus tem feito por homens e mulheres em Jesus Cristo e os chama a receber e compartilhar o dom da graça de Deus.[3]
Um dos maiores males que têm assolado, dividido e enfraquecido a igreja evangélica brasileira em nossos dias são os constantes debates em torno da tarefa prioritária da igreja. E não estamos nos referindo à questão da evangelização e responsabilidade social, outro assunto desnecessariamente polarizado.[4] Ao contrário, estamos falando da dicotomia existente entre culto e missões. E a discussão não é se a igreja deve adorar ou evangelizar (embora às vezes é o que de fato acontece), mas sim, o que deve ser considerado em primeiro lugar.
As opiniões são as mais variadas e extremistas até. De um lado temos os que insistem que “missões são a segunda mais importante atividade no mundo”, ou que “missões existem porque o culto não existe”. Do outro lado, tem quem afirme ser “um absurdo dizer que muitas são as responsabilidades da igreja. Igreja é missões”. Para os defensores da primeira posição, só o fato do culto ser dirigido a Deus e as missões aos homens já definiria, por si só, a questão da prioridade da igreja. Os defensores da segunda posição argumentam, por sua vez, que é preciso mais que adoração. “É preciso ter paixão pelos perdidos e obedecer ao Ide de Jesus”. Será que precisamos mesmo priorizar uma tarefa em detrimento da outra, como temos visto na prática? Será que podemos afirmar que culto é mais importante que missões ou vice-versa? Mais uma vez contamos com o argumento equilibrado de Orlando Costas:
Não existe dicotomia alguma entre culto e missão. O culto é a reunião do povo enviado ao mundo para celebrar o que Deus fez em Cristo e está fazendo mediante a participação deles na ação testemunhal do Espírito. A missão é a culminação e antecipação do culto. No culto e na missão a comunidade redimida dá evidência concreta do fato de que é, ao mesmo tempo, um povo de oração e testemunho”.[5]
Vemos, então, que o culto deve levar a igreja a fazer missões (cf. At 2.42-47), e missões, por sua vez, devem levar os perdidos a prestarem culto a Deus (cf. At 13.44-49); pois uma adoração que não leva a igreja a evangelizar não passa de mera contemplação, e uma evangelização que não leva os pecadores a adorarem a Deus está fora dos propósitos do próprio Deus. “A liturgia sem missão é como um rio sem manancial, a missão sem culto é como um rio sem mar. Ambos são necessários. Sem um o outro perde sua vitalidade e significado”.[6] Culto e missões são tarefas primordiais da igreja. Devem caminhar lado a lado se queremos fazer justiça ao nome de Deus. São tarefas distintas que se completam. Os dois lados, por assim dizer, de uma mesma moeda. Não são fins em si mesmos; são, porém, meios para se chegar ao fim que é o de “glorificarmos a Deus e nos alegrarmos nele para sempre”.
É claro que, quanto à duração, missões são temporárias e a adoração é eterna, continuará no céu; mas enquanto estamos neste mundo não temos o direito de priorizar uma tarefa em detrimento da outra. O Deus que exige ser adorado é o mesmo que ordena seu povo a pregar o evangelho a todas as etnias do mundo. E mesmo que a evangelização seja dirigida ao homem, não significa que seja uma invenção humana. Deus é o autor do culto e de missões e requer uma e outra coisa de nós. Por isso, como igreja de Jesus Cristo, não podemos deixar de trabalhar e adorar.
“Alguns trabalham sem se preocupar em adorar a Deus, outros o adoram sem trabalhar, porém, o cristão autêntico tanto adora como trabalha” (Allan H. Ferry).
Pr Josivaldo de França Pereira
[1] Segundo Orlando Costas, “a prova de uma vigorosa experiência cultual será a participação dinâmica na missão: a prova de um fiel compromisso missionário será uma profunda experiência de culto” (Orlando E. COSTAS,
Compromiso y misión. San José-Costa Rica: Editorial Caribe, 1979, p. 151).
[2] Idem, p. 150.
[3] Ibidem.
[4] Cf. Evangelização e responsabilidade social. 2a ed. São Paulo-Belo Horizonte: ABU Editora/Mundo Cristão, 1985, p. 17-25.
[5] COSTAS, op. cit., p. 150.
[6] Idem, p. 150,151.
Caro Pr. Marcelo!
Paz do Senhor….
Nenhuma igreja poderá ser considerada evangélica, se não pregar o Evangelho.
Infelizmente, é só verificar que tipo de mensagens que ouvimos em nossos púlpitos, para chegarmos a uma conclusão muito simples!
Temo por aquela palavra: Louco…hoje pedirão a tua alma…
Um amplexo pentecostal!
Pr. Daniel Sales Acioli
Graça e paz!
Creio que a visão empobrecida do que é culto dentro de várias congregações em muito tem atrapalhado o crescimento coletivo da Igreja.
O que é culto? Aquela reunião que fazemos domingo (ou algumas vezes na semana) num auditório que, por convenção, chamamos de igreja?
Não! O culto não pode ficar restrito só àquela reunião, pois o culto deve a nossa permanente celebração ao Eterno. Seja na igreja, em nossas casas ou em nossos trabalhos, precisamos estar sempre em espírito de culto, adorando com reverência o Autor da nossa salvação, submentendo-nos ao senhorio de Jesus, o nosso Adon.
“Assim, rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial. Preguei em primeiro lugar aos que estavam em Damasco, depois aos que estavam em Jerusalém e em toda a Judéia, e também aos gentios, dizendo que se arrependessem e se voltassem para Deus, praticando obras que mostrassem o seu arrependimento” (At 26.19-20; NVI), foi o que disse o apóstolo Paulo, o qual, desde o seu chamamento no caminho de Damasco, não abandonou a postura de culto.
Igualmente devemos agir fazendo missões de maneira espontãnea a começar por onde estamos, observando que Paulo iniciou sua pregação em Damasco, serviu por anos em Antioquia junto com Barnabé e só então foi designado pelo Espírito para ir aos gentios (At 13.1-4).
Da mesma maneira, os apóstolos não arredaram os pés de Jerusalém enquanto não receberam a promessa do Espírito Santo e começaram a pregar primeiramente naquela cidade para somente então levar o Evangelho para Samaria e outras regiões.
Hoje muitos falam que querem ser missionários para as nações. Porém, tenho reparado que as igrejas de um modo geral precisam primeiramente aprender a fazer missões perto de casa, na própria cidade, bairro, distrito ou povoado onde se encontra. Poucas são as comunidades que conseguem fazer alguma diferença no local e s eperturbam a cidade é mais por causa do volume do som nos “cultos”, violando a lei, do que por denunciar as obras das trevas.
Aproveitando algumas palavras que o irmão Daniel colocou acima, eu diria que hoje existem muitas igrejas que se utilizam da nomenclatura “evangélica” (atualmente isto já virou até palavrão), mas nem todas pregam de fato o Evangelho.
Para finalizar, não acho que sair por aí apenas criticando a igreja vá resolver. É preciso haver pessoas que façam missões e cultuem a Deus 24 horas! Carecemos de gente como Estevão o qual, no momento em que os apóstolso deixaram de “servir as mesas”, levantou-se para pregar em Jerusalém. E por suas mãos grandes maravilhas foram feitas naquela cidade, sendo sua terrível morte um marco para os discípulos se espalharem por outras regiões. Portanto, se a institucionalização e outras coisas têm atrapalhado, penso que não devemos nos preocupar com tais coisas, mas focarmos na transmissão espontânea e vida da Mensagem.
Shalon!
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Obs: Ja estou seguindo seu blog.
Caro Pr. Marcello,
Estou diante de mais um excelente texto postado em seu também excelente blog.
Parabéns. Esse assunto carece de material como este e na realidade a primazia é o coração de Deus que atingimos com adoração e fazendo missões igualmente. Ambos, Culto e missões, andam juntos.
Glórias a Deus!!!
Shalom!
Deus abençoe sua casa.
Forte Abraço.
No Grande Amor de Cristo!
Graça e Paz da parte de nosso Senhor jesus
Seja com vosco !
Me sinto maravilhado pelas vossas vidas
por todo conteúdo
por todas palavras
por todas as expressões…
Mais o que mais me alegra é a certeza de que Deus tem usado
muitas pessoas com sabedoria inexplicável.
Que Deus abençoe