Introdução
Um dos principais motivos da terceira viagem missionária de Paulo foi recolher uma “oferta especial” aos cristãos necessitados da Judéia. No governo do imperador romano Cláudio, houve um período de grande fome em todo o mundo, fato esse profetizado por Ágabo (At 11.27,28). Nesse tempo, os judeus que moravam em Roma foram expulsos (At 18.2), e uma pobreza assoladora atingiu os cristãos da Judéia.
Além da assistência material aos pobres, Paulo tinha outra bênção em mente. Desejava que essa oferta fortalecesse a unidade da Igreja pela partilha de recursos dos gentios com as congregações de judeus do outro lado do mar. Para o apóstolo, os gentios eram “devedores” dos judeus (Rm 15.25-28).
O apóstolo Paulo, ao ser enviado aos gentios, assumiu o compromisso de não se esquecer dos pobres, o que efetivamente esforçou-se por cumprir (Gl 2.9,10). Durante suas viagens missionárias nas províncias da Macedônia, Acaia e Ásia Menor, Paulo esforçou-se para levantar uma oferta especial destinada aos pobres da Judéia (I Co 16.1-4; II Co 8.1-24; II Co 9.1-15). Paulo não só levantou esta oferta entre as igrejas gentílicas, mas a entregou com fidelidade (At 24.16-18).
Como podemos descobrir se estamos “ofertando pela graça”? Paulo neste capítulo indica algumas evidências de que nossa contribuição é motivada pela graça. Vejamos:
1) Quando contribuímos apesar das circunstâncias (II Co 8.1,2)
“Também irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia” (8.1). O apóstolo ensinou à igreja que contribuir é um ato de graça. Ele usou nove palavras diferentes para referir-se a oferta, mas a que emprega com mais freqüência é graça. Neste texto, Paulo usa a palavra graça seis vezes em relação ao ato de contribuir (8.1,4,6,9,19; 9.14). A graça é um favor divino independentemente do merecimento humano. A contribuição, portanto, não é um favor que fazemos aos necessitados, mas um favor imerecido que Deus faz à nós. A graça ama e se regozija em dar, em oferecer. Ralph Martin diz que a graça da contribuição é a atividade inspirada pela graça de Deus que nos leva a dar.
Os macedônios que conforme o texto se encontravam em profunda pobreza, expressão que no original significa “miséria absoluta”, situação esta decorrente de sua fé cristã, pois talvez tenham perdido empregos ou sido excluído das associações comerciais por recusarem a ter qualquer envolvimento com a idolatria, mesmo diante desta terrível situação, não deixaram de contribuir. Pelo contrário: deram com toda alegria e generosidade! Nenhum computador é capaz de analisar essa fórmula extraordinária: grande aflição e pobreza profunda + graça= alegria e generosidade abundantes! Que fé extraordinária! Eles tinham vida dentro deles. A palavra ge-ne-ro-si-da-de, vem de “gene, genético, gênesis”: vida abundante. É exatamente por isso que o sábio disse: A alma generosa engordará (Pv 11.25).
2) Quando a contribuição transcende as expectativas (II Co 8.3-5)
Paulo para encorajar os crentes de Corinto a crescer na graça da contribuição, mostra dois exemplos de uma contribuição transcendente:
o exemplo dos macedônios em sua oferta sacrificial (8.3-5), e o exemplo de Cristo, fazendo-se pobre para nos fazer ricos (8.9). Neste sentido, o exemplo de contribuição dos macedônios foi transcendente em três aspectos:
Em primeiro lugar,
na disposição voluntária de dar além do esperado. “Porque eles, testemunho eu, na medida das suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários” (8.3) Os macedônios não deram apenas proporcionalmente, mas deram acima de suas posses. Eles fizeram uma oferta sacrificial. Eles ofertaram num contexto de tribulação e pobreza. Geralmente os que mais contribuem não são os que mais têm, mas os que mais amam e os que mais confiam no Senhor.
Em segundo lugar, na disposição de dar mesmo quando não é solicitado. “Pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos” (8.4) Paulo usa, nesse versículo três palavras magníficas: charis (graça), koinonia (participarem) e diakonia (assistência). A contribuição financeira era entendida como um ministério cristão. Digno de nota, é que os macedônios não contribuíram em resposta aos apelos humanos, mas como resultado da graça de Deus concedida a eles. Não foi iniciativa de Paulo pedir dinheiro aos macedônios para os pobres da Judéia, foi iniciativa dos macedônios oferecerem dinheiro a Paulo para assistir os santos da Judéia. Os cristãos macedônios entenderam as palavras de Jesus: “Mais bem aventurado é dar que receber” (At 20.35)
O erudito Doutor Warren Wiersbe está correto quando diz que a graça nos liberta não apenas do pecado, mas também de nós mesmos. A graça de Deus abre nosso coração e nossa mão.
Em terceiro lugar, na disposição de dar a própria vida e não apenas dinheiro. “E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também deram a si mesmos, primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus” (8.5). Os macedônios não deram apenas uma prova de sua generosidade e comunhão, deram a eles próprios. Amamos o texto de Jo 3.16 […] de tal maneira que deu o seu Filho […], mas não praticamos o texto de I Jo 3.16 […] e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. Não. Isto é forte demais. A verdadeira generosidade só existe quando há entrega do próprio eu. Precisamos não apenas investir dinheiro, mas também vida. Quando perguntaram para Charles Studd, que deixara as glórias do mundo esportivo da Inglaterra [ele foi o maior jogador de críquete do país] para ser missionário na China, se não estava fazendo um sacrifício grande demais, ele respondeu: “Se Jesus Cristo é Deus e ele deu sua vida por mim, não há sacrifício tão grande que eu possa fazer por amor a Ele”. Oh Deus, dá-nos esta fé triun
fante!
3) Quando contribuímos seguindo o exemplo de Cristo, e não por pressões humanas – (II Co 8.8,9)
Infelizmente muitas igrejas têm se transformado num mercado, o púlpito num balcão, o evangelho num produto e os crentes em consumidores. Já há quem diga: “pequenas igrejas, grandes negócios”. Muitas igrejas evangelizam para ganhar dinheiro, em vez de usarem o dinheiro para evangelizar. Conta-se um fato ocorrido com Tomás de Aquino, no séc XIII. Ao visitar o papa Inocêncio 3º, foi recebido em uma suntuosa sala. O papa ocupado em contar grande soma de dinheiro, disse sorrindo: “Olha Tomás, a Igreja não precisa mais dizer não temos prata nem ouro”! Respondeu-lhe imediatamente, o ilustre visitante: “É verdade, mas nunca mais poderemos dizer: “Em nome de Jesus, o Nazareno, levanta e anda”!. O papa referia-se a riqueza da igreja como uma grande vitória. Tomás de Aquino, por sua vez, referia-se ao grande declínio espiritual da Igreja.
A igreja não pode imitar o mundo. Este enriquece tirando dos outros; o cristão enriquece dando aos outros.
Nestes versos Paulo nos ensina duas preciosas lições acerca da contribuição cristã:
Em primeiro lugar, a contribuição deve ser motivada pelo amor ao próximo.
Paulo diz que devemos contribuir não por constrangimento, mas espontaneamente; não com tristeza, mas com alegria, porque Deus ama a quem dá com alegria (II Co 9.7). Agora Paulo diz: “Não vos falo na forma de mandamento […]” (8.8 a). A motivação da generosidade da contribuição é o amor. Paulo prossegue: […] mas, para provar, pela diligência dos outros, a sinceridade do vosso amor (8.8 b). Sem amor, até mesmo nossas doações mais expressivas são pura hipocrisia. Foi por isso que Paulo disse que nós podemos dar todos os nossos bens aos pobres, mas se isso não é feito [motivado] pelo amor, não terá nenhum valor (I Co 13.1).
Em segundo lugar, a contribuição é resultado do exemplo de Cristo.
“Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornastes ticos” (8.9). Cristo foi o maior exemplo de generosidade. Damos dinheiro? Cristo deu sua vida! Damos bens materiais? Ele nos deu a vida eterna. Cristo esvaziou-se, deixando as glórias do céu para se fazer carne e habitar entre nós. Ele nasceu numa cidade pobre, numa família pobre e viveu como um homem pobre, que muitas vezes não tinha onde reclinar a cabeça. Ele nasceu numa manjedoura, cresceu numa carpintaria e morreu numa cruz. Ele é o maior exemplo de generosidade. Se Ele nos deu tudo por nós, devemos fazer de igual modo, oferecendo nossas vidas e nossos bens numa expressão de altruísmo e abnegação. Que seja assim. Amém!
Bibliografia:
Wiersbe, Warren. Comentário Expositivo. N.T. Geográfica Editora
Lopes, Hernandes Dias. II Coríntios. Ed. Hagnos 2008
A Paz do Senhor Pastor Marcello de Oliveira!
Parabéns por mais este texto esclarecedor e de muita edificação espiritual.
Infelizmente, hoje a teologia da prosperidade tem maculado a pureza deste assunto levando muitos a ensinarem e praticarem a contribuição por avareza e interesses puramente carnais.
Que o Senhor Jesus continue te usando para transmitir Verdades como esta que traz tanta edificação e crescimento espiritual para o povo de Deus.
Um abraço!
Nobre Pr. Marcello;
A paz do Senhor!
Comentário muito bem feito a respeito da graça em ofertar , muitos desses teólogos da prosperidade deveriam ler este texto , porém ele não o fazem.
Mas aqueles que querem aprender sempre leêm textos como esse.
Deus o abençoe e continue te dando graças para sempre escrever textos como esse.
No amor de Deus – Marcos
Nobre pastor Marcello Oliveira,
Graça e paz!
Esta mensagem deveria ser mais lida e entendida pelos arautos da teologia da prosperidade que só empobrece o evangelho. Realmente pela graça devemos ofertar para obra de Deus e ensinar que isto não deve ser um ato de barganha como muitos erroneamente têm feito.
Abraço!
Marcelo OLiveira
http://blogdomarcelooliveira.blogspot.com/
Prezamado pr. Marcello,
Shalom!
Gratificante este seu texto. Bom existir, em nosso meio quem pode influenciar com a orientação correta, segundo a Maravilhosa Palavra de Deus.
O Espírito Santo, quando encontra condições, concede através dos seus servos, um alimento que satisfaz aos muitos famintos da Verdade.
“A igreja não pode imitar o mundo. Este enriquece tirando dos outros; o cristão enriquece dando aos outros”
Esta verdade deve ser aplicada como testemunho da presença de Deus em nossas vidas, como verdadeiros cristãos.
A nossa contibuição financeira e pessoal, é a revelação de Deus para muitos que aguardam no Senhor uma benção.
Podemos ser uma benção nas mãos de Deus.
O Senhor seja contigo, homem de Deus,
pr. Newton Carpintero
http://www.pastornewton.com
Amado Marcello…
A arte de contribuir dentro dos parâmetros bíblicos como exarado no mensagem acima é de extrema valia e redunda em beneficios espirituais e materias.
Isto é: Não se contribui por barganha e sim por alegria e gratidào!
E isto é diferente do que estamos vendo em muitos “púlpitos por aí afora”,!
Temos ovelhas ou clientes?
Se for ovelha, tem que haver Cajado e vara!
Se for cliente, aí o cliente sempre tem razão!
Caro amigo e irmão em Cristo Pr. Marcello Oliveira,
Graça e Paz!
Seu artigo é uma ferramenta para aqueles que querem contribuir biblicamemte e também para aqueles que desejam ensinar a Igreja segundo a Palavra de Deus, e não segundo o molde dos triunfalistas.
Quando criticamos a teologia da prosperidade, não criticamos nem as contribuições, muito menos as benção de Deus, mas a maneira correta de se fazer.
Parabéns!
Pr. Carlos Roberto
Mc 12.41-44
“Assentado diante do gazofilácio, OBSERVAVA Jesus COMO O POVO LANÇAVA ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias.Vindo, porém, uma viúva pobre, depositou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante.E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes.PORQUE todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento”.
O que havia nela que chamou a atenção de Deus? Porque o Mestre usou a vida dela para ensinar?
Ela precisava entregar tudo? Ela deu o que sobrou? Poderíamos falar que ela fez uma barganha com Deus? Poderíamos ainda dizer que ela depositou assim como Ananias e Safira (At 5)?
Jesus observa a todos. Não é a quantidade ou o tamanho da oferta que Ele vê. Não é a classe social que Ele observa. O Senhor jamais põe os Seus olhos naquilo que é externo. Ele pescruta o que não vemos, ou seja, o motivo que nos faz ofertar. O ofertante sempre dá lugar a oferta (Ml 3.7,8).
Ela não tendo nada, entregou tudo o que tinha para Aquele que tudo lhe deu e que é o seu Sustentador, o seu Provedor. Feliz aquele que crê assim! E os discípulos precisavam entender tal lição. Os padrões do mundo não são os padrões de Deus. O rico para Deus era uma “viúva” pobre. A maior quantidade era a de menor valor. Jesus viu a obediência e a confiança dela. Ela pensou somente em Deus quando as circunstânicas só a pressionavam a pensar nas suas proprias necesidades.
Jesus disse expressamente que ela foi a que mais ofertou dentre todos! Todos!! O que Ele diria sobre nós? O nosso amor, quando provado, é sincero (2Co 8.8)?
Que o Senhor coloque em nossos corações, pr. Marcello e demais irmãos, a mesma generosidade que Ele concedeu aos irmãos das igrejas da Macedônia e a essa viúva pobre.
“deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus”(2Co 8.5).
Amém!
Soli Deo gloria.
Danilo e Rilke
umpcgyn.blogspot.com
Parabens marcello como sempre seus estudos são uma benção que Deus cotinue te dando graça , um abraço fica na paz.
Certa vez, Vitor Hugo sabiamente declarou que “O espírito se enriquece com aquilo que recebe, o coração com aquilo que dá.”
Como estou meio sem inspiração para comentar mais com minhas próprias palavras, registro apenas que concordo com a frase que diz que “Deus não mede o homem pelo número de servos que ele tem, mas pelo número de homens que ele serve.” (Autoria desconhecida)
Isso é uma grande verdade e o seu texto nos ajuda a compreendê-la melhor…
Deus abençoe.
Paz e Graça de Jesus Cristo.
Pastor Marcelo, fez muito bem postar sobre este assunto!!!
Infelizmente, muitos líderes pregam que ofertar é dar tudo o que temos de bens materiais, esquecendo-se de dizer que o mais importante está em depositar toda a nossa vida diante do altar do Senhor.
Parabéns, irmão! O aprendizado com este blog tem sido maravilhoso a todos os irmãos.
Shallom! Que Deus te abençoe ricamente.
Alegro-me em ser como muitos que estão sendo enriquecidos pela sua inspirada pena.
Este precioso estudo bíblico sobre a preciosa graça de ofertar, é claro, profundamente edificante.
Pastor Marcos Antonio da Silva
Otimo trabalho Marcello,
O combate as heresias desta “teologia” da prosperidade é BOM COMBATE!
Obrigado pela visita.
Danilo
http://genizah-virtual.blogspot.com/
Obrigado pela visita e pelo incentivo.
Sou seu seguidor e parceiro de link a partir de agora!
Baruch Ata, Ad-nai, Elokeinu Melech Haolam! (Está certo?)
Danilo
http://genizah-virtual.blogspot.com/
O texto além de ser excelente, a charge do Josiel Botelho ficou super legal…Humor também é coisa séria! rsrsrs…Podem conferir aqui também..http://nerly-humor.blogspot.com/
Pr. Marcelo….. A Paz …
O que posso lhe dizer e que cada tema falado em seu blog realmente são grandes revelações….. Deus procura instrumentos como você, que prega e cre, no verdadeiro evangelho,infelizmente hoje são pouquissimos pastores que pregam como paulo pregava,o engraça disso tudo e que o Deus a qual nos servimos e o mesmo de antes, porque será que não temos mais pregadores, como Paulo, Pedro, entre outros irmão creio que temos que avilar a nossas posições em nosso chamado……….
Que Deus o abençoe tremendamente e continue…
Ide e pregai o evangelho a todo criantura…. porque será que os apostolos arrastavam multidões, e hoje não vemos mais……
Este ensinamento e maravilhoso pra quem quer se aprofundar na biblia
Muito bom!