Artigo publicado no Mensageiro da Paz!

Meus sinceros agradecimentos ao meu amigo, Pr Silas Daniel, editor-chefe do setor de jornalismo da CPAD. Para mim é uma honra, bem como um privilégio escrever no conceituado jornal Mensageiro da Paz, orgão oficial da CGADB. O artigo foi publicado na edição de Agosto na pág. 16.  Abaixo uma parte do artigo. Não deixe de ler, compre o jornal e seja abençoado [a] !

                               

 O dilúvio e o épico de Gilgamesh

A Mesopotâmia (que é a combinação das tradições suméria e acádica) nos legou três importantes relatos de dilúvio (Gênesis Eridu, Gilgamesh e Atrahasis).  Em outras palavras, parece que o dilúvio foi uma tradição bem atestada na Mesopotâmia antiga. Apesar do fato de que o herói do dilúvio (o equivalente a Noé no texto bíblico) tinha um nome diferente nessas composições (Ziusudra, Utnapishtim e Atrahasis), a história basicamente continua a mesma, ainda que o relato mais completo esteja no épico de Gilgamesh. O épico de Gilgamesh é com certeza a mais conhecida das antigas composições mesopotâmicas, embora não cite nenhum relato da criação, sua história do dilúvio é aquela com as mais relevantes semelhanças com o relato bíblico do dilúvio. Mas Gilgamesh apenas narra o dilúvio no contexto de um enredo maior que tentaremos resumir neste ensaio. Gilgamesh é o rei de Uruk e no início do conto ele é bem impopular entre os seus súditos. Como conseqüência, eles vão se queixar ao deus Anu, o qual responde, criando Enkidu. Este iria, presumivelmente, ser rival de Gilgamesh e distraí-lo para que deixasse de lado seu comportamento opressivo com os cidadãos de Uruk. Ele é um homem primevo que aprecia a companhia dos animais do campo. Todavia, isto não atende aos interesses do povo, de modo que enviam uma prostituta para fora da cidade com o objetivo de “civilizar” Enkidu. A prostituta tem sucesso tem sucessoem seduzir Enkidu, e com relutância consegue leva-lo até Uruk. Uma vez ali, Enkidu se encontra com Gilgamesh, e eles lutam. Em meio à luta ambos se tornam amigos e embarcam juntos numa série de feitos. Entre outras aventuras, derrotam Huwawa, o protetor da floresta de cedros do Líbano. Durante este período a capacidade e a beleza de Gilgamesh atraem a deusa Ishtar, que propõe casar com ele. Gilgamesh a rejeita, o que faz com que ela procure o pai, o deus Anu, em busca de vingança. Anu não deseja matar Gilgamesh, mas, em vez disso, o castiga matando Enkidu. Gilgamesh é bastante tocado pela morte de Enkidu, não apenas porque é seu amigo, mas também, ao que parece, porque a morte de Enkidu o confronta com sua própria mortalidade. È justamente esta indagação que o leva até Utnapishtim, visto que  Utnapishtim é o único ser humano a não experimentar a morte. A pergunta de Gilgamesh a Utnapishtim sobre por que ele não morreu é o que leva este último a relatar sua experiência com o dilúvio (tábua 11 do épico). Respondendo a Gilgamesh, Utnapishtim narra o tempo em que os deuses decidiram trazer um dilúvio contra a humanidade. O deus Ea, se comunicou com seus devotos e lhe disse para construir uma embarcação que transportaria os moradores da terra em meio à devastação causada pelo dilúvio. As dimensões dessa arca foram as de um grande cubo. Tendo terminado de construir a arca em apenas sete dias, Utnapishtim carregou a arca com provisões, mas, o mais importante ainda, também levou sua família e animais dentro. Quando todos estavam seguros dentro da embarcação, chuvas terríveis começaram. Até os deuses “ficaram assustados com o dilúvio”. A tempestade durou sete dias, e a embarcação veio a parar sobre o monte Nimush. A essa altura Utnapishtim soltou algumas aves em seqüência – duas pombas e, em seguida, uma andorinha – para ver se a terra firme já tinha aparecido. O “truque” deu certo com a última ave, e desembarcaram. Sua primeira providência foi oferecer um sacrifício, o que foi um grande prazer aos deuses, que estavam esfomeados devido à falta de atenção dispensada pelos seres humanos. Nesta altura, você deve estar se perguntado: Qual é a relação e as diferenças entre o dilúvio e o épico de Gilgamesh?  Não podemos negar as semelhanças entre o épico de Gilgamesh e o relato bíblico do dilúvio. De outro lado, claras diferenças vêm à tona, quando comparamos os relatos. Tal qual Enlil, Yaweh decide usar uma inundação catastrófica para trazer juízo sobre suas criaturas. No entanto, o que os motiva é uma diferença muito importante. Enlil estava cansado do “barulho” da humanidade, provavelmente como resultado da superpopulação. A motivação bíblica para o dilúvio foi moral (Gn 6.5) e não uma questão de inconveniência causada à divindade.  A dimensão moral está ausente na versão mesopotâmica.  Em vários pontos da história existem diferenças em meio às semelhanças. As duas histórias registram a construção do barco, a duração do dilúvio, a entrada de animais e outros seres humanos, mas os detalhes são diferentes. Para ilustrar um episódio que é parecido mas ao mesmo tempo extremamente diferente, podemos comparar os dois relatos da oferta de sacrifícios. A semelhança é que nos dois casos o “herói” do dilúvio oferece sacrifícios ao seu Deus ou deuses como o primeiro ato depois de desembarcar. No entanto, a descrição da reação dos deuses no relato mesopotâmico é radicalmente diferente do relato bíblico. Afinal, os deuses mesopotâmicos dependiam de sacrifício oferecido pelos humanos para se alimentarem. Talvez a semelhança mais notável entre os dois relatos seja o emprego de aves para determinar se as águas do dilúvio haviam ou não baixado. De acordo com o texto bíblico de Gn 8.6-12, Noé enviou um corvo e depois uma pomba. No épico de Gilgamesh a arca veio a pousar sobre o monte Nimush, e, depois que passaram seis dias, lemos o seguinte relatório: Quando chegou o sétimo dia, Soltei uma pomba para que se fosse, A pomba foi e voltou, Não apareceu nenhum lugar para pousar, então retornou. Soltei uma andorinha para que se fosse, Não apareceu nenhum lugar para pousar, então retornou. Soltei um corvo para que se fosse, O corvo partiu, viu o baixar das águas, Comeu, voou em círculos, não retornou. Pr Marcelo Oliveira P.s>> Leia a conclusão deste artigo na Pág 16 da Edição de Agosto.

6 Responses to Artigo publicado no Mensageiro da Paz!

  1. Calebe Borges disse:

    Olha pastor, eu possuo este jornal, e nem percebi que era você.. hehe… Meu Parabéns!!!

  2. Rafael Silveira disse:

    Pastor Marcelo, a paz do Senhor.

    Sou de Içara (SC) e observei aqui seu artigo no Mensageiro da Paz. Deus abençoe!

  3. Marcello de Oliveira disse:

    Grato irmão. Envie os comentários deste texto para: mpaz@cpad.com.br

    att, Pr Marcello

  4. Calebe Borges disse:

    O xará de cidade… tu é da capital do mel.. hehe

  5. Paz do Senhor pastor Marcelo!
    Muito bom seu artigo! Sou seu expectador a um bom tempo…
    Peço que você dê uma olhada em um artigo que postei em meu blog e dê uma opinião ou faça alguma ressalva! Um grande abraço!

  6. Ev. Flávio disse:

    Deus abençoe muito Pastor Marcelo!

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