O Joio
O que é o joio?
O joio é “uma erva daninha que nasce nas plantações de grãos, parecida com o trigo”[1]. É conhecido também como cizânia e trigo bastardo. Até que sua espiga esteja madura, é quase impossível distingui-lo do trigo verdadeiro, mesmo sob o escrutínio mais severo.[2]
Abaixo do solo, a raiz do joio é mais ampla e profunda e se entrelaça na do trigo. O sistema de raízes do joio é bem mais desenvolvido que o do trigo.[3] Arrancar o joio é arriscar tirar o trigo junto e com ele um grande torrão de terra. A raiz do trigo é curta e se desprende facilmente do solo. Em sentido figurado, pode-se dizer que o joio é apegado às coisas deste mundo, apesar de externamente ser parecido com o trigo. Entretanto, acima do solo, quando trigo e joio começam a espigar, é possível distinguir facilmente um do outro – “pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7.20).
O “fruto” do joio é impróprio para o consumo humano, porém, “é freqüentemente lançado às galinhas como ração”.[4]
Espiritualmente, o joio são os filhos do maligno.
Onde está o joio?
Jesus disse que “o campo é o mundo”, no qual se encontram “a boa semente” e “o joio”. Os “filhos do reino” e os “filhos do maligno” (Mt 13.38). Alguns comentaristas entendem que a expressão “o campo é o mundo” de Mateus 13.38 não inclui a igreja. Segundo H. N. Ridderbos, “a referência é à mescla no mundo, não na igreja”.[5] Conquanto é correto afirmar que “a igreja” não é “o reino dos céus”, é evidente que ela faz parte dele.[6] Os argumentos de William Hendriksen, de que a igreja visível está definitivamente compreendida na parábola do joio do campo, são dignos de consideração:
a. Se “trigo” refere-se às pessoas em cujos corações a boa semente está produzindo fruto, isto é, em geral, à soma total dos crentes, e o “joio” é semeado entre o trigo, não paralelamente a ele nem em um campo vizinho, então, não é natural pensar na mescla de membros verdadeiros e falsos na igreja visível?
b. É nos dito claramente que no final da era o Filho do homem recolherá “de seu reino” tudo o que é ofensivo e perpetra iniqüidade. A parábola não diz que serão arrancados “da terra”, mas “de seu reino”. Como podem ser “recolhidos de” se previamente não estavam dentro, neste caso, dentro da igreja visível?[7]
Pode o joio virar trigo?
Nunca, jamais! Do mesmo modo que é contrário à lei da natureza física o joio virar trigo, o princípio também se aplica na lei espiritual. No mundo espiritual, o joio é uma classe de pessoas que não encontrará guarida no coração de Deus. A parábola do joio do campo (Mt 13.36) revela uma perspectiva escatológica. Na consumação do século, “Mandará o Filho do homem os seus anjos, que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 13.41,42). “O joio são os filhos do maligno” (Mt 13.38). Os falsos discípulos do reino. Eles têm “cara de santo”, parecem crentes, mas são filhos do maligno, praticantes da iniqüidade (cf. Mt 7.21-23). Definitivamente eles não pertencem ao Senhor (cf. 2Tm 2.19).
É certo que os filhos do maligno sofrerão o castigo eterno por praticarem a iniqüidade. No entanto, nem todo iníquo será, evidentemente, condenado, porque para muitos deles haverá lugar de arrependimento para a vida eterna. E embora muitas vezes possam parecer com o joio, eles não são joio. Pertencem aos eleitos de Deus que um dia serão salvos, ou seja, serão transformados em trigo, na “boa semente” que “são os filhos do reino” (Mt 13.38); em justos que “resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai”, conforme disse Jesus (Mt 13.43).
Concluindo:
Alguns comentaristas acham que a resposta negativa à pergunta “Queres que vamos e arranquemos o Joio?” significa que Jesus está dizendo que devemos ter paciência com o joio que pulula as igrejas e esperança de que um dia o joio se converta em trigo. No meu entendimento, essa interpretação não é correta, conforme já mencionei anteriormente. A ordem de não arrancar o joio é para preservar o trigo; para não se cometer injustiça com os justos (Mt 13.29). “Com o pretexto de manter a pureza da igreja, crentes zelosos têm causado dano incalculável, julgando e afastando outros cristãos da igreja”.[8] Contudo, é importante observar que o ensino bíblico acerca da disciplina eclesiástica de forma alguma se anula aqui.
Conforme observa corretamente John MacArthur, “esta parábola não está dizendo que devemos estar despreocupados com as diferenças entre o trigo e o joio até o juízo final. Ela não nos estimula a aceitarmos joio como se fosse trigo. Não sanciona a indiferença para com os pecados dos perdidos. E nem sugere que nos esqueçamos de que há pragas no campo, e que nos tornemos desatentos para o perigo que representam. Simplesmente nos diz que devemos deixar o juízo final e a questão da retribuição nas mãos do Senhor e dos seus anjos”.[9]
MacArthur, p. 153.
MacArthur, p. 153.
Rev. Josivaldo de França Pereira
Pastor da I. Presbiteriana do Brasil. Bacharel em Teologia pelo STP – SP e Doutorando em Ministério pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper – SP.
Notas:
[1] Citado por Simon Kistemaker, As parábolas de Jesus. São Paulo: CEP, 1992, p. 58.
[2] Cf. John F. MacArthur, Jr., O evangelho segundo Jesus. São José dos Campos: Editora Fiel, 1991, p. 149.
[3] Kistemaker, p. 68.
[4] Cf. J. D. Douglas, Joio. In: Novo Dicionário da Bíblia. Vol. II. São Paulo: Vida Nova, 1986, p. 855.
[5] Citado por William Hendriksen, El evangelio según San Mateo. Grand Rapids: SLC, 1986, p. 600, nota 544. Uma posição semelhante ao de Ridderbos é defendida por John MacArthur, op. cit., p. 150.
[6] Cf. L. Berkhof, Teologia Sistemática. Grand Rapids: TELL, 1987, p. 680.
[7] Hendriksen, p. 600.
[8] Kistemaker, p. 63.
[2] Cf. John F. MacArthur, Jr., O evangelho segundo Jesus. São José dos Campos: Editora Fiel, 1991, p. 149.
[3] Kistemaker, p. 68.
[4] Cf. J. D. Douglas, Joio. In: Novo Dicionário da Bíblia. Vol. II. São Paulo: Vida Nova, 1986, p. 855.
[5] Citado por William Hendriksen, El evangelio según San Mateo. Grand Rapids: SLC, 1986, p. 600, nota 544. Uma posição semelhante ao de Ridderbos é defendida por John MacArthur, op. cit., p. 150.
[6] Cf. L. Berkhof, Teologia Sistemática. Grand Rapids: TELL, 1987, p. 680.
[7] Hendriksen, p. 600.
[8] Kistemaker, p. 63.
[9] MacArthur, p. 153
Graça e paz Pr Marcelo. Excelente texto, ele nos mostra que essa questão de trigo e joio tem que ser com Deus, pois muitas vezes ao tentarmos tirar aquilo que pensamos ser joio, causamos um grande estrago na plantação (igreja). Como diz o texto, o "joio é mais ampla e profunda e se entrelaça na do trigo", é por isso que quando tentamos arrancar o joio há tanto estrago na plantação.
Temos que pedir a Deus discernimento para lidarmos com o joio sem prejudicarmos o trigo.
Fique na Paz!
Pr Silas
Prezamado pr. Marcello de Oliveira,
Shalom!
Vivemos com certeza o momento da colheita.
É visível o que está ocorrendo dentro da igreja. O joio está tomando uma forma que distingue sua aparència e sua convicção.
A situação está demasiada catastrófica e apocaliptica. É cada vez mais fácil se distiguir o joio do trigo.
Este é o momento esperado e tão necessário à igreja verdadeira. O momento da separação. As raízes tomam o solo e os desafios invadem a igreja. O joio cresceu bastante e sua raízes se formaram com força e devido a esta fase da plantação, podemos avaliar que chegou a hora da colheita.
Quem é trigo já está sendo reconhecido e quem é joio não mais se esconde, pois, já sabe das suas características e luta por ser trigo ou agredir o trigo.
O momento é rico em desafios e podemos clamar: Ora vem Senhor Jesus!
O Senhor seja contigo homem de Deus!
pr. Newton Carpintero
http://www.pastornewton.com
http://www.editoresapologeticos!
Caro irmão, cooperador e companheiro,
Pr. Marcello de Oliveira
Louvo a Deus pela sua vida, bem como lhe parabenizo pela postagem, e ao Rev. Josivaldo de França Pereira pelo elucidativo artigo.
Seu blog já é uma referência de consulta teológica.
Um grande abraço!
Seu conservo,
Pr. Carlos Roberto
paz do senhor meu amado,
quero tambem agradecer por visitar o meu humilde blog, e obrigado pelo o elogio o irmão é muito gentio
mais gostaria de fazer um comentario nesta materia do joio, pois gostei muito.
segundo jesus,nos evangelios tem 3 tipos de planta na alusão de pessoas.
"1"um trigo que não dar fruto pois esta sufocado por espinhos
"2"um trigo que dar muitos frutos pois esta em boa terra.
"3"um joio que foi plantado pelo inimigo.
bom; o joio nunca foi trigo, pois foi plantado como joio mesmo, e pelo inimigo
estes são pessoas que nunca foram crentes salvas de verdade.
foram plantadas na igreja pelo inimigo, que cega o entendimento dos incredolos pra não ver a verdade e estão na igreja por interece:de bêns materiais,de um romance,de recupera a fama perdida,de fazer fama com algum dote que tenha e em fim de ser alguem
mais nuca tiveram encontro com cristo de verdade.
muitos nem sabe, mais foram platados por satanas na igreja e ele lucra com seu mau testemunho e uma vida sem fruto de escandalo.
mais ele pode ser torna trigo? não;
como na naturesa tambem não.
mais então estão perdido,para o fogo? não:
eles tem,e devem morre para a quela vida podre de enteresce carnais, e nascer de novo como bom trigo,na terra boa que frutifica de 30 por 1, de 70 por 1 e de 100 por 1
quanto o trigo que esta sufocado sem dar frutos;ele foi plantado trigo, nasceu sendo trigo, mais depois quando grandes não produzio frutos, por causa dos espinhos; devemos adubar um pouco ter um pouco de peciencia pra ver se ele dar fruto. e se não vai ser arrancado e jogado no fogo
esses são crentes que aceitarão de bom agrado o evangelio, com corações puro, mais depois do tempo passa, começaram a se preucupar com as coisas dessa vida, e são crentes que não ora mais, não jejuam mais, não ler mais a biblia e vão na igreja so para receber vitorias, e não para adorar e agradecer por a maior vitoria ja obetida por jesus cristo que é a salvação!!!
que Deus em cristo jesus abençoi
Que texto mais edificante!
É sempre bom passar por aqui e ler mensagens divinamente inspiradas e tão esclarecedoras…
Obrigada novamene por compartilhar conosco.
Paz do Eterno Senhor e Rei da Glória.
Pastor Marcelo estou sempre lendo e aprendendo contigo.
A semeadura do joio se deu enquanto os servos " dormiam"…a presença do joio é resultado da negligência ou omissão.
O problema do joio no campo não é o da "convivência" imposta,mas o da "ignorância".
Não haverá maiores prejuízos onde não se confunde o joio com o trigo e onde se sabe que estão fadados à separação.
Problema é viver num meio onde não se sabe mais quem é quem,e para onde se destinam.
Deus o abençoe sempre!
Laudiceia mendes
Pr. Marcello, Paz do Senhor, a minha vida tem sido abençoada através dos seus estudos expirados por Deus, com certeza tem sido um manancial para nossas almas, o Senhor Jesus está levantado nestes últimos dias novos heróis da fé, porque o tempo não para, e é com toda certeza que eu profetizo que o nobre irmão está incluso nesta nova safra de pregoeiros que o Senhor está levantando, que o Eterno te conserve assim.
Abraços.
Em Cristo,
Pb. Juari Barbosa
Doulos Cristou Iesou
Benção seu blog…
Que Deus continue o abençoando e usando.
Ah, agradeço a visita em meu blog… Seja bem vindo sempre.
Caro Pastor Marcelo, concordo intelectualmente com o que disse embora na prática eu vá pregar ao joio com toda a intensidade de minha alma na esperança de que este se converta (por razões óbvias, ele não se converterá, mas jamais irei desistir).
Olá Pastor Marcelo, é um prazer estar aqui…agradeço sua presença no meu blog…Amei a Parábola do Joio…Que Deus o abençoe, assim como os seus…Belíssimo trabalho!!Apareça mais vezes…
Abraço,
Dethe Martins
Excelente texto, bíblico, sensato, oportuno. Explicado de modo simples e claro como o método de Jesus explicar Suas parábolas para os discípulos.Joio não vira trigo, assim como anjo não vira gente.
E obrigado pela visita no meu blog.
Muito bom começar o dia com um ótimo estudo… 🙂