1) Em primeiro lugar, ela é uma carta apologética. João combate com ousadia os falsos mestres e suas perniciosas heresias. Os hereges cometiam três erros básicos: doutrinário, moral e social. Eles negavam a realidade da pessoa teantrópica de Cristo, ou seja, sua natureza divino-humana. Negavam a necessidade de uma vida santa como prova do conhecimento de Deus e negavam a prática do amor como evidência da conversão.
João descreve com três expressões que chamam a atenção para a sua origem diabólica, sua influência perniciosa e eu falso ensino: eles são falsos profetas (4.1), enganadores (2 Jo 7) e anticristos (2.18). O estudioso Donald Guthrie tem razão quando diz que a heresia gnóstica, ao negar a humanidade de Cristo, atacava o próprio coração do cristianismo, porque se Cristo não se tornou homem e não morreu, então a expiação não foi feita e se ela não aconteceu, então estamos ainda debaixo da condenação do pecado.
2) Em segundo lugar, ela é uma carta de segurança espiritual. A expressão: “nós sabemos” é usada 13 x para dar segurança aos crentes. A epístola garante aos crentes que Deus enviou seu Filho ao mundo para salvar o homem, acentuando a doutrina da encarnação. As três grandes provas da vida, ou as três provas cardinais com as quais podemos julgar se possuímos ou não a vida eterna é: a teológica, se cremos que Jesus é o “Filho de Deus” (3.23; 5.6,10,13). A segunda prova é moral, se estamos praticando a justiça e guardando os mandamentos de Deus (1.5; 3.5). A terceira prova é social, se nos amamos uns aos outros. Desde que Deus é amor e todo amor vem de Deus, é claro que uma pessoa sem amor não conhece a Deus (4.7,8).
3) Em terceiro lugar, ela é uma carta que enfatiza a essência do próprio Deus. João nos diz duas coisas muito importantes acerca do ser de Deus. “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1.5). Deus é amor e por causa desse amor ele nos enviou seu Filho para nos redimir do pecado (4.7-10,16). Em outras palavras, Deus é luz e se revela; Deus é amor e se entrega a si mesmo. Deus é fonte de luz para a mente e a fonte de calor para o coração de seus filhos.
4) Em quarto lugar, ela é uma carta que enfatiza o Espírito vivendo dentro do crente. O Espírito é quem nos faz conscientes de que Deus permanece em nós (3.24) e habita em nós e nós habitamos nele (4.13)
5) Em quinto lugar, é uma carta que enfatiza tanto a divindade como a humanidade de Cristo. João combate os hereges gnósticos mostrando que Jesus é o Filho de Deus, o Messias prometido, o ungido de Deus (1.7;2.1,22; 3.8; 4.9,10,14,15). Os falsos profetas negavam que Jesus é o Cristo (2.22) e que ele é o Filho de Deus (2.23; 4.15).
Contrariando os ensinos gnósticos que proclamavam a matéria era essencialmente má, João mostra que Jesus veio em carne (1.1-3,5,8; 4.2,3,9,10,14) A mensagem de João está supremamente interessada na manifestação histórica, audível, visível e tangível do Eterno. João está atestando a sua mensagem com a sua experiência pessoal. Não se trata de “[…] fábulas engenhosamente inventadas” (2 Pe 1.16), mas de uma revelação histórica verificada pelos três sentidos superiores do homem: audição, visão e tato.
Nele, o Verbo Eterno
Pr Marcelo Oliveira
Bibliografia: Stott, John. I,II,III João. Introd. e Comentário. Ed. Vida Nova
Lopes, Augustus Nicodemos. 1º Carta de João. Ed. Cultura Cristã
Lopes, Hernandes Dias. 1,2,3 João. Editora Hagnos