Foto ilustrativa: A Rainha de Sabá visita o Rei Salomão.
Tu granjeaste amplo renome por tua sabedoria. Deixa que te proponha algumas perguntas para ver se de fato és tão sábio como todo mundo afirma.Podes perguntar, minha Rainha, disse o Rei Salomão.A Rainha de Sabá colocou o primeiro enigma:
“Dize-me, sábio Rei Salomão,
Que águas são essas, que não
Nascem da pedra, chão ou monte
E embora venham da mesma fonte,
Ora amargas, ora doces são?”
O Rei Salomão ficou pensativo por um momento e então respondeu:
“As lágrimas não vêm do chão,
E é doce o pranto da emoção.
Feliz. Amargo é o pranto, Da dor, tristeza e desencanto.”
A rainha sorriu diante da rápida resposta e logo lhe propôs outro enigma:
“A minha mãe me deu um dia
Presentes dois – que alegria!
Um veio do alto mar infindo,
Guardado num estojo lindo.
O outro veio das entranhas
Escuras, fundas, das montanhas”.
A resposta de Salomão veio quase sem qualquer hesitação:
“Finas pérolas, brilho irrisado,
Ricos anéis, ouro lavrado.
Beleza pura e poder do ouro”.
Rainha, descobri o teu tesouro?
A pergunta era desnecessária, já que o Rei Salomão sabia que havia acertado a resposta do enigma.
A Rainha de Sabá concordou sorridente e apresentou o terceiro:
“Rei, muito sábio, tu podes dizer:
Quem, sepultado vivo, no fundo
Da terra, longe do sol e do mundo
Morre – e no entanto, torna a viver”?
A sabedoria de Salomão não falhou também desta vez, quando respondeu:
“A sementinha sepulta no chão
Faz nascer a espiga, o dourado grão.
E aquele que ali a enterrou
Colheu boa safra e se regalou”.
A Rainha de Sabá prosseguiu:
“O que é que gira alegre no ar:
Caindo do céu no chão, sua pureza
Se vai e morre toda a beleza”?
O Rei Salomão respondeu:
“A neve, caindo do céu distante,
Desce à terra, leve e dançante.
O homem pisa na sua brancura.
E acaba com a sua beleza pura”.
A Rainha de Sabá não resistiu à vontade de fazer mais uma pergunta: Dize-me, Rei e responde-me logo:
“Dádiva da natureza ao fogo,
Que rios ocultos sob terra e monte,
O homem bendiz; e bendiz sua fonte”?
O Rei então respondeu:
“Dum solo da mais rica natureza,
Brota, faiscante, da profundeza,
Óleo precioso, que então alimenta
O fogo que ao mundo ilumina e esquenta”.
A Rainha de Sabá estava maravilhada com a sabedoria do Rei Salomão e as suas perspicazes respostas. Pensou bastante numa maneira de espantá-lo e finalmente disse aos seus servidores:”Vamos pegar os meninos e meninas que trouxe comigo e os vestiremos com roupas exatamente iguais”. Então veremos se o Rei será capaz de d
istinguí-los uns dos outros.
Dito e feito. A Rainha trouxe um grande grupo de crianças diante do Rei Salomão. Estavam todas vestidas exatamente iguais. Era impossível distinguir os meninos das meninas só pelo olhar. O Rei Salomão deveria inventar uma maneira de separá-los.
O Rei examinou pensativa as crianças paradas à sua frente. Súbito, chamou seus servos e mandou que trouxessem baldes com água e os colocassem diante de cada criança.
“Agora, queridas crianças, só o que precisam fazer é lavar suas mãos com a água que mandei colocar à sua frente”.
Mas o Rei Salomão avisara seus servos para não fornecer toalhas a elas.
O Rei observava as crianças enquanto cumpriam sua ordem. Quando terminaram de lavar as mãos, olharam em volta mas não viram as toalhas. Algumas crianças começaram a secar as mãos nos seus aventais.O Rei Salomão pensou: “Essas são meninas, porque elas estão acostumadas a enxugar as mãos nos aventais; mas os outros, parados sem jeito, com a água pingando das mãos, certamente são os meninos”!
Então o Rei mandou todos os meninos ficarem de um lado do seu trono, e as meninas do outro lado e disse à Rainha de Sabá:
Aqui à minha direita estão os meninos e à esquerda, as meninas.
A Rainha de Sabá não podia conter sua admiração pela sabedoria do Rei Salomão. Dirigindo-se aos seus oficiais e conselheiros, exclamou:
“Estou tão feliz de ter feito esta longa viagem para ver o Rei Salomão, pois ele é na verdade o mais sábio de todos os homens”!
E então a Rainha de Sabá desceu de sua cadeira e curvou-se ajoelhada diante do trono do Rei, e disse:
“Tu és abençoado por Deus, pois nenhum mortal jamais andou sobre a terra com tal sabedoria como a tua, disse a Rainha reverentemente”.