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Joana – mantenedora de Cristo

INTRODUÇÃO

Joana é o feminino de João. Significa “Iahweh mostrou favor” ou “Iahweh é gracioso”. Jesus mostrou favor e foi gracioso para com ela. Curou-a de alguma enfermidade. Seu marido era alto funcionário de Herodes, que era inimigo de Jesus, mas a graça do Salvador é para todos. Pobres e ricos, de baixa ou alta posição, e trabalhem onde trabalhem. Vejamos nossa personagem de hoje, a mulher que recebeu o favor de Jesus, e comprometeu sua vida com ele. São marcas que também devemos ter.

 

1. UMA MULHER CURADA POR CRISTO

Lucas 8.2. Não se diz qual foi a enfermidade. Ou se foi um caso de endemoninhamento. Segundo uma tradição antiga, ela e o marido são o casal mostrado em João 4.46-54. Jesus teria cobrado deles o compromisso (v. 48). Agora eles creram. Era o segundo milagre (Jo 4.54). Lição de Joana: quem foi agraciado por Jesus deve segui-lo. Joana: “Iahweh é gracioso”. Cuza: “modesto”. Ela responde à graça. Ele mostra o caráter que o nome expressa. Um casal nos bastidores. Há gente que ama os holofotes. Eles não.

2. UMA MULHER TESTEMUNHANDO DE CRISTO

Cuza: “alto funcionário” (Lc 8.3). Palavra grega traduzida em Mateus 20.8 como “administrador”. Erro da Igreja: só pregar para pobres. Ricos e bem situados também precisam de Jesus. Erros dos crentes bem situados: medo de testemunhar, como Nicodemos. Não tiveram medo. Atos 13.1: irmão de criação de Herodes era mestre na igreja. Influência do casal? História: Cuza perdeu posto no palácio, com seu testemunho. Queremos festa, não compromisso. Lição: testemunhar de Jesus mesmo que nos custe.

3. UMA MULHER MANTENEDORA DE CRISTO

Ela investiu em Cristo: Lucas 8.3. Seguia-o desde a Galiléia. Quem cozinhava? Quem lavava? Quem fazia as tarefas que competiam às mulheres? Quem os mantinha financeiramente? Mantinham Jesus com recursos e trabalho. Ele não tinha ocupação secular, e o um grupo que o acompanhava comia, bebia e se vestia. Isto é o reino de Deus. Quem foi tocado por Cristo serve a Cristo. Uns com a vida, outros com bens. Muitos hoje dão o louvor. É mais fácil que dar os bens. Mas ambos são necessários.

CONCLUSÃO

Joana é o vulto de hoje. Mas seu marido a acompanha. Um casal que pagou o preço de seguir a Cristo. Ambos perderam posição no palácio. Ganharam o reino. Ganharam um nome na história. Não perderam. Ganharam. Quem se compromete com Cristo sempre ganha.

Pr Isaltino Gomes Coelho

Josias – “Uma lição de vida”

INTRODUÇÃO

Josias é um dos grandes reis de Judá, o reino do Sul. Seu nome significa “Iah concede”. Seu nascimento foi predito trezentos anos antes, com seu nome citado, em 1Reis 13.2. Filho de Amom, um rei ímpio. Neto de Manasses, o pior rei de Judá. Mostra que caráter e moral não são genéticos, mas decididos pela pessoa. E que não há maldição hereditária. Cada pessoa traça seu caminho, faz suas opções e é responsável por elas. Liderou um grande avivamento em Jerusalém, a capital, e em Judá, o país. Sua morte foi uma comoção nacional: 2Crônicas 35.24-27. O que Josias nos ensina?

1. QUE PODEMOS SER GRANDES MESMO SEM APOIO DA FAMÍLIA

Ficou órfão aos 8 anos. O pai foi ruim; o avô, péssimo. Sem apoio da família. Seu nome significa “Iah sustenta”. Iahweh foi seu sustento. Cabe aqui o Salmo 27.10. É conveniente culparmos os outros pelos nossos fracassos. Mas nós fazemos a nossa vida. Josias decidiu que ia ser fiel a Deus: 2Crônicas 34.2. Nós podemos fazer as coisas certas mesmo sem apoio.

2. QUE O CARÁTER DE UMA MÃE VALE MUITO PARA UM FILHO MESMO QUANDO O PAI NÃO PRESTA

Sem meias palavras: o pai e o avô de Josias foram calamitosos. Mas sua mãe se chamava Jedida (2Rs 22.1-2). Significa “amada de Iah”. Em Reis, logo após a apresentação de sua mãe vem a descrição de seu caráter. Estava ligado à fé materna e não à ganância do pai. A mãe cristã é responsável pela formação do caráter de seus filhos. Os pais não devem falhar. Ajudará mais aos filhos. Mas o valor de uma mãe piedosa não pode ser ignorado: 2Timóteo 1.5.

3.  QUE O TEMPO DE BUSCAR A DEUS É NA JUVENTUDE

Teve uma profunda conversão aos 16 anos e com 20 anos liderou um avivamento em Judá (2Cr 34.3). É desalentadora a futilidade de tantos jovens crentes! E é desorientada a igreja que acha vai atrair jovens lhes dando o que mundo dá. Seu avivamento foi tão forte que passou para o apóstata reino do Norte, Israel (2Cr 34.6-7). Aos 20 anos ele marcou dois países com sua fé. Que os jovens pensem em Eclesiastes 11.9-10 e 12.1.

4. QUE A MATURIDADE É TEMPO DE SERVIR A DEUS

Com 26 anos mandou restaurar o templo, destruído por seu avô e por seu pai (2Cr 34.8). O tempo não o enfraqueceu. Ouviu a leitura do livro (Deuteronômio) achado nas ruínas do templo, se humilhou: 2Crônicas 34.18-21. É bom lembrar de Deus na juventude e ficar com ele na maturidade. Sua espiritualidade continuou: 2Crônicas 34.29-33.

CONCLUSÃO

Josias é uma lição de vida. Assumiu o reinado como criança, numa época de violência e de terror. Por toda a vida mostrou uma fidelidade impressionante a Deus. Como há homens chamados Josias em nossas igrejas! Este é um tributo do fiel: ter bom nome. Judas arruinou um nome tão bonito! Saulo recuperou o nome que Saul perdeu. Levante seu nome! Faça sua história com Deus!

Água transformada em vinho – Um milagre ou um truque?

As grandes talhas de pedra continham água que seria usada para lavagem cerimonial de mãos e, talvez, encher o tanque para o banho ritual, o mikvê. A lei rabínica especificava que a água para esse banho devia ser “água viva”, ou seja, água corrente. Porém, água de chuva coletada era considerada suficiente na Galiléia, onde os rabinos eram bem menos rígidos com relação a estas questões do que na Judéia. A escolha destas talhas por Jesus foi uma das primeiras indicações da hostilidade de Cristo à constante adição à lei escrita de Deus feita pelos rabinos na época (cf. Mt 15.9).

O que ocorreu depois foi um milagre inquestionável. É impossível que o milagre realizado por Jesus tenha sido um truque. Foram os servos que cumpriram as ordens de Jesus e encheram vasos com a água das talhas. Os servos obedeceram às instruções de Jesus e levaram os vasos cheios ao mestre-sala, que era responsável pela mistura e distribuição do vinho. Quando o mestre-sala afirmou que o vinho era muito melhor do que o anteriormente servido, os servos perceberam. E os discípulos perceberam que Jesus transformara águaem vinho. Hávárias coisas a serem observadas sobre esse milagre:

1)     O milagre foi da “velha criação”.  Há uma harmonia entre o milagre de Jesus e o que acontece na natureza. É normal que a água caia do céu, seja absorvida pelas raízes da videira, transportado para as uvas, e depois espremido das uvas maduras como “novo vinho”. O que Jesus fez não foi contrário a esse processo natural, mas estava em harmonia com ele.

A diferença é que Jesus transformou água em vinho sem o agente da videira – e fez isso instantaneamente, sem o tempo necessário para a transformação normal. Não damos valor aos “processos naturais” deste mundo, por isso não vemos a mão de Deus no que realmente é milagre.

2)  O milagre foi um sinal (Jo 2.11) – A palavra grega usada aqui para “sinal” é semeion, que ocorre 77 vezes no Novo Testamento. É usada para identificar um ato que exige o exercício de poder sobrenatural. Sinais bíblicos são considerados sobrenaturais pelos observadores. Eles autenticam quem faz o sinal como pessoa enviada por Deus.

3)  O milagre foi feito sem encantamento ou palavras mágicas. O povo do mundo bíblico recorria à magia ou aos encantamentos para exercer algum controle sobre seu ambiente. Um mágico teria feito uma grande exibição com sua tentativa de transformar águaem vinho. Teriadeclarado nomes de anjos e de demônios e os teria invocado para fazer a vontade dele. Em comparação, Jesus assistiu em silêncio aos servos seguirem suas instruções e depois simplesmente aguardou enquanto o mestre-sala provara o vinho. O poder de Jesus para fazer milagres não estava no seu domínio da magia mas na sua própria pessoa.

4) O milagre manifestou a glória de Deus (Jo 2.11) – Nas Escrituras, a glória de Deus é associada à sua revelação. A demonstração da glória de Deus nas Escrituras está intimamente ligada aos atos de Deus no nosso universo.  Na introdução do evangelho de João, João escreve que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos sua glória, glória como do Unigênito do Pai”(Jo 1.14). Os milagres de Jesus deixaram claro que Deus estava agindo neste mundo novamente. A realidade de quem era Jesus  começou a se revelar nesse primeiro milagre. A cada milagre, a divindade de Cristo brilhava mais e mais, até que a ressurreição eliminou qualquer dúvida. Jesus é Deus encarnado em forma humana.

5) O milagre desenvolveu a confiança dos discípulos de Jesus (Jo 2.11) – Dois discípulos ouviram João identificar Jesus como Filho de Deus (Jo 1.34). Encontraram os outros e relataram animados: “Achamos o Messias!”(Jo 1.41). Outro, Natanael, foi convencido ao falar com o próprio Jesus (Jo 1.47-51). Esses homens já acreditavam em Jesus, pelo menos na medida em que conheciam. O que o milagre em Cana fez para eles foi aprofundar sua fé existente, em vez de criar uma fé que ainda não existia.

Nele, que ainda realiza milagres

Pr Marcelo de Oliveira

 

 

 

23 anos de trabalho infrutífero!

“Por um período de vinte e três anos, desde o décimo terceiro ano de Josias, filho de Amom, rei de Judá, até o dia de hoje, a palavra do SENHOR tem vindo a mim, e eu a tenho anunciado a vós insistentemente. Mas vós não me tendes dado ouvidos” – Jeremias 25.3 (Almeida Século 21).

Algumas expressões mostram o peso da acusação neste versículo. “A palavra do Senhor”, “vinte e três anos”, “vindo a mim”, “tenho anunciado”, “não me tendes dado ouvidos”. Como o povo de Deus ouve a palavra de Deus por 23 anos e se recusa a cumpri-la? Há milhares de crentes assim! Há igrejas inteiras em que a vida social prevalece sobre a palavra de Deus, e a vontade de donos da igreja prevalece sobre a vontade de Deus! A fala de Jeremias e o que observamos hoje comprovam como o coração humano é duro e pecaminoso! E a facilidade com que tornamos os negócios de Deus uma extensão dos nossos, e como tornamos o relacionamento com Deus em atividade social! Quantos membros de igreja querem mesmo ouvir a voz de Deus, e não apenas receber seu amparo e promessas?

Imagino Jeremias numa ordem de pastores, hoje. A teologia do sucesso ensina que o bom pastorado é aquele em que a igreja está cheia de figurões, a receita cresce, todo mundo está feliz, o pastor é um “paizão”, há muito louvor e muita reunião social: o futebol dos jovens, os chazinhos das senhoras e reuniões absolutamente dispensáveis que nada acrescentam, mas que fazem bem, porque dão a idéia de ser uma igreja ativa. Jeremias diria que ninguém estava satisfeito com ele (os donos do poder religioso não estavam mesmo) e ninguém queria ouvir seus sermões. Até desejaram matá-lo. “Tsc, tsc, tsc”, diria um colega. “Você precisa participar das conferências promovidas pela Igreja bajuladora e ouvir as mensagens do Dr. Sorriso Colgate e sua esposa Amo vocês, rebanho maravilhoso! Veria as novas técnicas de agradar o povão. O povão quer é festa, Pr. Jeremias! Que palavra de Deus, o que!”.

Imagino a frustração de Jeremias. Quase um quarto de século sem obter fruto e uma coleção de desafetos e perseguições. Bem, ele reclamou bastante de Deus…

Só que Jeremias estava certo, o povão estava errado, como também o profeta Sorriso Colgate e sua esposa Amo vocês, rebanho maravilhoso! Deus anunciou o que faria: “Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que nunca mais dirão: Vive o Senhor, que tirou os filhos de Israel da terra do Egito; mas: Vive o Senhor, que tirou e que trouxe a linhagem da casa de Israel da terra do norte, e de todas as terras para onde os tinha arrojado; e eles habitarão na sua terra. Quanto aos profetas. O meu coração está quebrantado dentro de mim; todos os meus ossos estremecem; sou como um homem embriagado, e como um homem vencido do vinho, por causa do Senhor, e por causa das suas santas palavras. Pois a terra está cheia de adúlteros; por causa da maldição a terra chora, e os pastos do deserto se secam. A sua carreira é má, e a sua força não é reta. Porque tanto o profeta como o sacerdote são profanos; até na minha casa achei a sua maldade, diz o Senhor. Portanto o seu caminho lhes será como veredas escorregadias na escuridão; serão empurrados e cairão nele; porque trarei sobre eles mal, o ano mesmo da sua punição, diz o Senhor” (Jr 23.7-12).

Respeitosamente, com temor diante de Deus: colega pastor, não procure a popularidade, mas a fidelidade ao Senhor e sua Palavra. Rebanho de Deus: seja dócil para ouvir a palavra do Senhor, submeter-se a ela e corrigir a vida. Há festas e reuniões em demasia, e santidade e seriedade de vida em escassez. É hora de mudar. Os resultados da postura errada são muito duros.

Pr. Isaltino Gomes

O novo calvinismo, os dons e o batismo infantil

Por Wellington Mariano

Acredito que grande parte dos leitores cristãos interessados em teologia e assuntos eclesiásticos já deve ter lido algum artigo que trate do assunto. Há quem defenda que o novo calvinismo não existe[1], há quem diga o contrário, mas não sendo este o propósito deste artigo, quero aproveitar o tema para discutir algumas tendências do novo calvinismo, a saber, sua posição em relação aos dons e batismo infantil.

Segundo a revista  Time, os líderes do neocalvinismo são os pastores John Piper, Mark Driscoll e Albert Mohler[2]. Mas qual a posição desses líderes em relação aos dons e o batismo infantil?  

Os artigos, em sua maioria, apontam o pastor John Piper como o líder do movimento, assim, portanto, saber o que ele pensa a esse respeito é importante. Piper, como a maioria dos pastores batistas, é contrário ao pedobatismo[3] e acredita na contemporaneidade dos dons[4], ou seja, crê que todos os dons são válidos para os dias atuais.

Mark Driscoll, assim como Piper, também é contra o batismo infantil[5] e acredita na contemporaneidade dos dons, aliás, ele mesmo escreveu que uma das características do novo calvinismo é o fato do movimento não ser cessacionista[6].

Albert Mohler, presidente do Southern Baptist Theological Seminary, assim como Piper e Driscoll, também é contra o batismo infantil[7], mas diverge destes quanto à contemporaneidade dos dons, não acreditando que todos os dons sejam para os dias atuais[8].     

Embora o artigo da Times tenha colocado estes três pastores como os líderes do movimento neocalvinista, vemos em muitos outros lugares outros pastores influentes também sendo citados como pilares do movimento, e alguns destes pastores são: Mark Dever, Joshua Harris e C. J. Mahaney. O que tais pastores pensam acerca dos dois pontos em questão?

Mark Dever é contra o batismo infantil[9]. Em se tratando dos dons disse que não é cessacionista na teologia, mas na prática. Disse também, citando o livro de D. A. Carson, Showing the Spirit, que foram os reformadores que passaram a fazer distinção entre dons e dons, e isso em reação ao que viram como excessos dos católicos[10].   

Joshua Harris é contra o batismo[11] infantil e é continuista[12].

C. J. Mahaney é continuista[13] e embora eu não tenha encontrado uma citação direta dele sendo a favor ou contra o batismo infantil, as duas igrejas e/ou ministérios que ele está ou esteve associado, Covenant Life Church e Sovereign Grace Ministries[14], não favorecem o batismo infantil.  

Concluímos, portanto, que se consideramos os líderes do neocalvinismo apontados pelo artigo da Time, o futuro do movimento caminha para ser continuista e contrário ao batismo infantil. O mesmo podemos dizer da segunda lista de pastores, pois o prognóstico se mantém.   

Dentre os líderes neocalvinistas que acreditam na contemporaneidade dos dons estão: John Piper, Mark Driscoll, Josh Harris e C. J. Mahaney.

Na lista dos líderes neocalvinistas contrários ao batismo infantil estão John Piper, Mark Driscoll, Al Mohler, Josh Harris e Mark Dever.      

Ao Amoroso Soberano Deus!



Os dentes dos filhos x dentes dos pais

Naqueles dias não dirão mais: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que embotaram? Pelo contrário, cada um morrerá por sua própria iniqüidade; os dentes de todo aquele que comer uvas verdes é que se embotarão” – Jeremias 31.19-30 (Almeida Século 21)

Ávidos por novidades, buscando destaque e atenção pelo inusitado, pregadores criaram uma doutrina que o cristianismo, em dois mil anos, nunca suspeitou haver: maldição hereditária. Aliás, o que tem de gente reinventando o evangelho é terrível. Como a competição é grande, as idéias mais esdrúxulas aparecem. Com esta, a pessoa, mesmo convertida, carrega uma maldição proferida por alguém, e precisa de uma reza forte para quebrar a maldição. O sangue de Jesus perdeu o poder, ou só funciona quando manipulado por alguém…

Deus diz que haveria um tempo em que ninguém sofreria a ação dos antepassados. Se os pais chupassem uvas verdes, os dentes dos filhos não embotariam. Os dentes dos pais, sim. Os dos filhos, que não chuparam, não. Quando seria isto? Logo a seguir, após esta declaração, Deus anuncia a nova aliança (Jr 31.31-34), a que faria por meio de Jesus Cristo (Mt 26.28). Na nova aliança, a responsabilidade é pessoal. Pai não transfere culpa, filho não herda culpa.

Deus repetiu isto por Ezequiel: “Que quereis vós dizer, citando na terra de Israel este provérbio: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram? Vivo eu, diz o Senhor Deus, não se vos permite mais usar deste provérbio em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá.” (Ez 18.2-4). O título do capítulo 18 de Ezequiel é “A responsabilidade é pessoal”

Não há salvação hereditária. Não há condenação hereditária. Não há maldição hereditária. Não há bênção hereditária. Cada pessoa  responde por si, diante de Deus. E não faz sentido o Cristo de alguns, tão fraco que sua obra não tem poder de cancelar maldições na vida da pessoa. Vemos uma incongruência hoje: um Cristo fraco e demônios fortes. A obra de Cristo é incompleta sem a oração do pastor. É ele quem quebra as maldições.

Quem está em Cristo é nova criatura (2Co 5.17). Seu passado morreu. O seguidor de Jesus não tem passado. O sangue de Jesus o aboliu! Saudades do tempo em que, ao invés de só cantar “Quero te louvar!”, cantávamos hinos com substância, como “O sangue de Jesus me lavou, me lavou…” e “Há poder, sim, força sem igual. Só no sangue de Jesus!”. Cantávamos o poder de Jesus. Quando alguém se converte, o sangue de Jesus o cobre, perdoa e elimina seu passado, dá-lhe nova vida. Pouco importa o poder de Satanás, seus asseclas e a força de suas maldições. O crente tem Jesus! E como diz 1João 4.4: “Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo”. Sou habitação da Trindade e ela é maior que Satanás.

O que meu pai fez, não importa. O que meu avô fez, não importa. Importa o que eu faço. Como uso minha vida e como me porto diante de Deus. E conto com a ajuda do Espírito Santo para saber que chupar uvas verdes faz mal aos meus dentes. Se meus antepassados chuparam, o problema foi deles. Não caiu sobre mim. Se, desafortunadamente, eu as chupar, meus dentes sofrerão. Mas os de meus filhos, não.

O evangelho deixa claro: Cada um de nós responde por si diante de Deus. Cuide dos seus dentes. Não chupe uvas verdes e não culpe os seus pais pelos seus dentes embotados.

Pr Isaltino Gomes Coelho

Lídia – Uma cristã para este tempo

INTRODUÇÃO

Asiática, nascida em Tiatira (v. 14). Nome vem da região da Lídia, onde Tiatira ficava. Seu nome era adjetivo, “a mulher lídia”. De alta posição social, solteira ou viúva; casa é sua (v. 15). A igreja em Filipos começou com ela. E alcançou pessoas de alta posição social: Atos 17.4 e 12. Convertida ao judaísmo, entendeu o evangelho (v. 14). Traços do seu caráter nos orientam em nossa vida. Uma cristã para este tempo.

1. UMA CRISTÃ PARA ESTE TEMPO DEVE SER UMA MULHER DEVOTA

“Ela adorava a Deus” (v. 14). Alcançada em reunião de oração (v. 13). Onde não havia sinagogas, os judeus se reuniam á beira de rios. Ela congregava com os irmãos. Lição: buscava a Deus e foi encontrada por ele. Ensina o valor da devoção ao Senhor e de congregar-se com os irmãos. Hebreus 10.25. Honra: primeira convertida na Europa. Mulheres piedosas são uma bênção para o reino.

2. UMA CRISTÃ PARA ESTE TEMPO DEVE TER UM AMOR SINCERO

Tinha posses. Era comerciante. Corantes da região de Lídia eram famosos. Hospedou os apóstolos (v. 15). Sua casa, local de encontro dos irmãos (At 16.40). As igrejas se reuniam em casas. 1Timóteo 5.10. Hospitalidade é virtude cristã: Hebreus 13.2, 1Pedro 4.9. Lídia tinha amor de atos, nao apenas palavras. Pôs recursos na obra.

3. UMA CRISTÃ PARA ESTE TEMPO DEVE MARCAR  VIDAS

Não é citada, mas está referida em Filipenses 1.3-7 (principalmente o v. 5) e 4.1-3. Parte dos heróis da implantação do evangelho. Não pregava, não “ministrava” louvor nem estudos, mas servia. Era serva de Deus. Pôs o que tinha a serviço do evangelho. Serviço cristão envolve bens materiais.. Lídia era serva e marcou vidas. Vida cristã não é busca de domínio, mas ser útil.

CONCLUSÃO

Uma mulher pouco conhecida, mas que nos deixa boas lições: o valor da devoção, o valor da hospitalidade e o valor da utilidade. Estas são marcas de um cristão. São achadas em nossas vidas? Graças a Deus por tantas Lídias! São mulheres cristãs necessárias a este tempo.

Pr Isaltino Gomes

O que aprendemos com Rode ?

INTRODUÇÃO

Rode significa “rosa”, em grego (rhode). Era doméstica na casa de Maria, mãe de João Marcos (vv. 12-13). Na igreja primitiva havia gente de posses, e com escravos gregos. Marcos era primo de Barnabé, outro irmão de posses, na igreja (Cl 4.10). Maria e Barnabé eram parentes. Barnabé era judeu cipriota (At 4.36), nascido, então, em Chipre. A família veio de fora, para Jerusalém. E Rode veio com ela. Assim a encontramos com os primeiros cristãos, ex-judeus. Ela, gentia, estava com eles. Havia uma grande mobilidade das pessoas, na época, o que facilitou a expansão do evangelho. Pensemos em um pouco em Rode, uma cristã comum, mas como todo cristão deve ser, uma pessoa marcante.

1. DE FORA, MAS ENTROU

Rode era gentia. Mas estava com a igreja. Não se diz explicitamente que era convertida, mas estava com os convertidos. Escravo não descansava, trabalhava enquanto os donos estavam acordados. Não se diz que ela estava orando, mas ela conhecia Pedro, e sabia o motivo das orações. É justo supor que fosse cristã. Alegrou-se em ver Pedro (v. 14). A palavra grega significa “comovida”.  Era de fora, gentia, mas abraçou a fé cristã. Bom ensino: a graça de Deus é para todos e quem a conhece deve abraçá-la. E deve se comover com as bênçãos de Deus. Deus não faz acepção de pessoas e escravos e crianças (gente sem valor) podem desfrutar da graça e serem instrumentos de Deus.

2. NÃO SE ABATEU COM A DESCRENÇA

Crentes curiosos: pedem algo a Deus, que responde, e eles não crêem (vv. 5, 15-16). Muitos de nós agimos assim! Rode não se deixou levar por questões racionalistas ou teológicas, muito menos com o descrédito para com ela (v. 15). Havia uma crença judaica de que cada pessoa tinha um anjo da guarda, parecido com a pessoa. Rode não quer saber de crença popular, mas viu que Deus responde a oração. Outro ensino: creia nas respostas de Deus. Não diga “Que coincidência!”, nem ore descrendo. Resposta de oração não depende de conhecimento, mas de Deus, que age como quer. Devemos crer no que Deus faz, sem desanimar diante das pessoas.

3. SAIU DE CENA

Não se lê mais nada de Rode. Simplesmente foi um acessório, dentro do contexto geral da revelação. Não se tornou grande vulto pelo que aconteceu. Muitos crentes querem ser “figurões” porque algo lhes aconteceu ou porque foram usados. Rode cumpriu seu papel. Entrou e saiu dele. Ela não era o tema central. O fundamental no texto é que Deus responde orações e age pelo seu povo. As pessoas são secundárias. Outro ensino: nada de culto à personalidade. Deus não nos deve nada. Alguém pode ser instrumento de Deus, mas a glória é dele, e não do instrumento.

CONCLUSÃO

Rode deveria ser uma adolescente, pois os criados eram alforriados quando passavam de um tempo determinado de serviço. Deus usa pessoas de todas as idades. Não importa a sua idade, você pode ser um instrumento para dar boas notícias a alguém. Deus usa pessoas de todas as camadas sociais. O rico Barnabé, a rica Maria e a escrava Rode. E outra mensagem: a igreja é para todos, quer ricos quer pobres. Deus não faz acepção de pessoas.

Qual é a explicação científica do sol e a lua ter parado em Josué 10.12,13?

O livro de Josué registra vários milagres. Nenhum deles, contudo, é tão digno de nota, nem tão discutido, como esse que se refere a um dia prolongado, com o dobro das 24h normais. Foi o da batalha de Gibeom (Js 10.12-14). Tem-se objetado que se de fato a Terra houvesse parado de girar por 24h, uma catástrofe inconcebível teria esmagado o planeta e tudo o que estivesse em sua superfície.                         

Os que crêem na Onipotência de Deus de modo nenhum concordam com a idéia de que Iavé não teria impedido esta tragédia; o Senhor teria suspendido as leis físicas que provocariam o desastre. No entanto, com base no próprio texto hebraico, não nos parece crer que a Terra subitamente tenha parado, não executando mais seu movimento de rotação sobre si mesma. Assim diz o v. 13: “O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se quase um dia inteiro”.  As palavras “não se apressou” parecem indicar um retardamento do movimento solar. Em vez de 24h, o dia teria sido de 48h.

Há apoio para esta idéia: pesquisas trouxeram à luz relatos de fontes egípcias, chinesas e hindus a respeito de um dia muito longo. Harry Rimmer que alguns cientistas do Observatório de Harvard traçaram a origem desse dia que falta aos tempos de Josué.

Outra possibilidade de interpretação decorre de um entendimento um tanto diferente da palavra hebraica dôm (traduzida por KJV por “mantém-te quieto”). É vocábulo que normalmente se traduz por “estar em silêncio”, “cessar”. Estudiosos como Robert D. Wilson, de Princeton, interpretam a oração de Josué como petição no sentido de o sol cessar de derramar seu calor sobre suas tropas em batalha, de tal modo que pudessem prosseguir lutando sob condições mais favoráveis. A tempestade destruidora, de granizo, que acompanhou a batalha, dá alguma credibilidade a essa opinião, a qual tem sido defendida por homens de inquestionável ortodoxia. No entanto, é preciso que se admita que o v. 13 parece favorecer o prolongamento do dia: “E o sol se deteve e a lua parou… O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro.

Keil e Delitzsch sugerem que ocorreu um prolongamento miraculoso do dia, caso tenha parecido a Josué e a todo o Israel que ele se prolongou de fato, de modo sobrenatural. O exército conseguiu fazer em um dia o trabalho de dois. Teria sido difícil para eles dizer se a Terra estava girando a sua velocidade normal, se a sua rotação fosse o único critério para a medida do tempo. Eles acrescentaram outra possibilidade: Deus poderia ter produzido um prolongamento ótico da luz solar, tendo prosseguido sua visibilidade após a hora normal do pôr-do-sol, mediante refração especial dos raios solares.

Pr. Marcelo Oliveira

 

 

 

 

 

Pr Isaltino dá uma “invertida” em Mailson da Nóbrega

Na revista “Veja”, de 29.6.11, Maílson da Nóbrega, postou o artigo “Falácias e verdades”. Sempre leio sua coluna, porque desejo compreender matérias sobre as quais não estudei. Ele é economista e sabe Economia. Como estudei outras disciplinas, mas não esta, aprendo dele. Mas no “Falácias e verdades” ele sai da área da economia e cita a Bíblia. Como acontece com as pessoas que se aventuram a fazê-lo sem a conhecer, se equivoca duas vezes.

O primeiro equívoco é quando Maílson afirma: “O Sol, dizia a Bíblia, girava em torno da Terra”.  O segundo é quando diz que Galileu, que negou esta posição, chamada geocentrismo, e  afirmou o heliocentrismo (o Sol é o centro, e não a Terra), teve que se retratar “para não ser queimado vivo pela Inquisição”.

Li a Bíblia dezenas de vezes e li alguns de seus trechos nos originais hebraicos e gregos. Ainda não vi esta afirmação na Bíblia, de que o Sol gira ao redor da Terra. Cada semestre leio a Bíblia numa versão diferente. Não sei qual a versão que Maílson usou para fazer esta afirmação.

Outro equívoco é sobre Galileu ter se retratado de que a Terra girava ao redor do Sol “para não ser queimado vivo pela Inquisição”. Bem, Dr. Maílson, se ele fosse queimado morto não lhe faria muita diferença. Não sentiria nada. Mas esta afirmação é uma mentira que se cristalizou e que pessoas de cultura geral superficial repetem, por não examinarem. Apenas matraqueiam o que ouvem.

O inquisidor Roberto Bellarmine, ouvindo esta idéia de Galileu, foi procurá-lo. Em 1616, Galileu chegou a Roma, ficou hospedado na Vila Médice, encontrou-se com o papa mais de uma vez e compareceu a várias recepções. Bellarmine disse que ainda que tal teoria fosse provada, precisariam examinar com cuidado passagens bíblicas que “parecem ensinar o contrário” (afinal a Bíblia faz um relato fenomenológico, e não científico – como nós, que dizemos que “o Sol se pôs” ou “o Sol nasceu”). E que ele, pessoalmente, não acreditaria até que “tais provas (…) me sejam apresentadas”.

O problema surgiu em 1632, quando Galileu escreveu Dialogue concerning two chief world systems (“Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo”). Nele, Galileu alegava ter demonstrado a verdade sobre o heliocentrismo. Um de seus argumentos era que o movimento da Terra ao redor do Sol causava as marés. Ele estava errado, pois é a Lua, basicamente, que causa as marés. Galileu também errou ao supor que os planetas se movem em órbitas circulares, mesmo com Kepler, tendo mostrado que as órbitas planetárias são elípticas. Galileu disse que Kepler estava errado, e hoje se sabe que  o errado era ele.

O problema foi que, para mostrar o diálogo entre os dois sistemas, Galileu ridicularizou o papa. O personagem científico representava Galileu. O personagem religioso representava o papa e se chamava Simplício (“Simplório”). Simplício fazia afirmações tolas e o  cientista as refutava com classe. A mesma tática que se emprega hoje: os religiosos são trogloditas culturais, retrógrados, indo contra o progresso. A ciência é a grande redentora, a libertadora dos preconceitos (embora os cientistas sejam grandemente preconceituosos, principalmente quando dão um toque de absoluto à suas afirmações e ridicularizaram os discordantes).

Galileu fez como Maílson: ao invés de ficar em sua área resolveu fazer afirmações sobre a Bíblia, dando sua interpretação de textos. Jesuítas lhe disseram que não se aventurasse neste terreno, porque não era sua alçada. Galileu ignorou este conselho, e continuou com suas “teologadas”. Quando foi denunciado à Inquisição, havia muito mais que geocentrismo e heliocentrismo em discussão.

Em 1633, Galileu foi a Roma, onde foi tratado com respeito. Poderia ter vencido o processo, mas descobriram que ele havia firmado um compromisso com Bellarmine, que o procurara em nome da Igreja, e que não honrara o compromisso. Não é verdade que ele tenha negado o heliocentrismo e dito, entre os dentes, “Mas ela se move”. Isto é lenda. Galileu não foi preso nem torturado. Ficou sob a tutela do arcebispo de Siena, em seu magnífico palácio, por cinco meses.

A Igreja não foi sensata no episódio. Mas Galileu não foi um cientista perseguido pelo obscurantismo religioso que se voltava contra o progresso. Como disse Whitehead: “Galileu sofreu uma detenção honrosa e uma leve repreensão, antes de morrer em paz em sua cama”. Recebeu tratamento mais respeitoso da Igreja que aquele que os cientistas hoje dão aos religiosos: fundamentalistas, reacionários, obscurantistas, anti-progressistas, etc. Porque, pior que a fogueira, é a execração pública. A fogueira mata logo. O ridículo diante do mundo mata todos os dias.

Ditas estas coisas, Dr. Maílson, faça o que o senhor sabe muito bem: fale de Economia. De Bíblia e de Teologia, pergunte antes de afirmar. Para os desconhecedores, o senhor arrasou. Para mim e outros que conhecem o assunto, o senhor “pagou mico”.

Pr. Isaltino Gomes