Morte da filha de Ben Witherington

Tendo recentemente passado pela devastadora experiência da perda de nossa linda filha de 34 anos, morte esta completamente inesperada, resultante de uma embolia pulmonar, eu estava resoluto desde o primeiro dia (11 de janeiro, quando ela foi encontrada morta em sua casa em Durham, Carolina do Norte) a estar aberto a toda e qualquer coisa positiva que pudesse ser obtida da experiência. Eu me seguro firmemente na promessa de Romanos 8.28 de que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus…”.

O primeiro ponto que foi imediatamente confirmado em meu coração foi teológico: Não foi Deus quem matou minha filha. Deus não é o autor do mal. Deus não acaba a vida de doces crianças com embolias pulmonares.  Embolias pulmonares são oriundas da queda do homem e a natureza caída deste mundo.

Um dos principais motivos pelo qual eu não sou calvinista e não creio em tais predestinações da mão de Deus é (1) porque eu penso ser impossível acreditar que eu seja mais misericordioso ou compassivo do que Deus. Depois (2) o retrato bíblico de Deus é que ele é pura luz e amor santo; nele não há trevas, nada alem de luz e amor.  (3) As palavras “O Senhor me deu e Ele mesmo tomou”, extraídas dos lábios de Jó, não são boa teologia. Tal afirmação é teologia ruim. De acordo com Jó 1, não foi Deus, mas o Diabo quem tirou as vidas dos filhos de Jó, saúde e riqueza. Deus permitiu que acontecesse, mas quando Jó proferiu estas palavras, conforme vemos o desenrolar da historia, ele ainda não estava iluminado acerca da verdadeira natureza da origem de sua calamidade e que a vontade de Deus para sua vida – era para o bem e não para o mal.

Então, para mim, o inicio do bom sofrimento começa com a premissa de um Deus bom. Caso contrário, tudo o que foi dito acima é falso.  Se Deus é todo-poderoso e malévolo, então já não há consolo a ser encontrado em Deus. Se Deus é o autor do pecado, mal, sofrimento, a queda e a morte, então a Bíblia não faz sentido quando nos diz que (1) Deus não tenta a ninguém, que (2) a vontade de Deus é que ninguém se perca, mas tenha vida eterna e que (3) a morte é inimiga de Deus e da humanidade, e que Jesus, que é vida, veio para aboli-la e destruí-la.

“Ele veio para que tenhamos vida e vida cm abundancia”. Se existem promessas em que eu me apoio, ao passo que choro por minha doce filha Christy, é nesta promessa, não na lamentável desculpa e no frio consolo de que “Deus fez, mas nos não sabemos o porquê”.  Não. Mil vezes não! Deus e sua vontade são sempre e unicamente para o que é bom e verdadeiro, bonito, amável e santo.

Enquanto olhava fixamente para minha filha no caixão – ela que nada se parecia com ela mesma naquela situação – eu estava tão grato pelo fato de que o Deus da ressurreição tinha um plano melhor para ela do que o gélido consolo de que “é a vontade de Deus”. Creio em um Deus cujo Sim para a vida é mais alto quando que oNão para a morte – não porque Deus goste de manter antinomias como a vida e morte juntas em algum tipo de unidade misteriosa, mas porque Deus está nas trincheiras conosco, lutando os mesmos males que combatemos neste mundo, tais como doença, deterioração, morte, sofrimento, tristeza e pecado.

Não é por acaso que Ele é chamado de o Médico dos Médicos.  Ele fez o juramento de Hipocrates: “Jamais causar dano ou mal a ninguém”

 

Ben Witherington é um erudito bíblico. É professor de Novo Testamento para Estudos de Doutorado na Asbury Theological Seminary e também  faz parte do corpo  docente de doutorado na St. Andrews University na Escócia.  É mestre em Divindade pelo Gordon-Conwell Theological Seminary e Ph.D. pela University of Durham na England. Ele é agora considerado um dos mais importantes eruditos bíblicos do mundo, e é um membro eleito do famoso e reconhecido SNTS, uma sociedade dedicada aos estudos do Novo Testamento.Escreveu mais de 40 livros, sendo que muitos deles são utilizados como material de referencia nas melhores instituições bíblicas estrangeiras e também brasileiras.

 

Tradução: Wellington Mariano

Fonte:  : http://www.patheos.com/blogs/bibleandculture/2012/01/24/good-grief-soundings-part-one/

11 Responses to Morte da filha de Ben Witherington

  1. josivaldo de frança pereira disse:

    Com todo respeito à dor do ilustre Dr. Whiterington, a questão de Deus e o mal não é uma disputa entre calvinismo e arminianismo, mas sim o que é verdadeiramente bíblico. Deus não está impotente diante do sofrimento. Na verdade, Deus tem em suas mãos a vida e a morte; o bem e o mal (embora ele não seja autor do pecado), Deus se utiliza de meios que muitas vezes não compreendemos momentaneamente. Será que Jó estava equivocado quando disse à sua esposa, “temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal”? Jó se equivocou quando disse “o Senhor o deu e o Senhor o tomou”? Equivocou-se aquele de quem Deus disse que era “homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal”? Uma vez alguém me disse que Deus não castiga. Eu respondi que Deus não apenas castiga como castiga os crentes (Sl 118.18). O salmista diz no Salmo 71.20 que Deus o fez ver muitas angústias e males. Não estou dizendo que a morte do dileto pastor tenha sido causada por algum pecado específico. Deus conhece os corações. Apenas destaco que Deus é soberano até mesmo para se utilizar daquilo que aos nossos olhos é um mal. Um pastor amigo meu perdeu seu filhinho de cinco anos. No funeral, com o coração dilacerado, porém, cheio de fé, ele disse: Meus irmãos, há cinco anos Deus me deu um presente, agora eu o devolvo para ele”.
    O salmo 116.15 declara: “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos”. A morte de um crente é sempre preciosa aos olhos de Deus independente do modo como essa morte ocorre.

  2. Abraão Isvi disse:

    Não gostei da frase final:

    Ele fez o juramento de Hipocrates: “Jamais causar dano ou mal a ninguém”.

  3. Abraão Isvi disse:

    De fato, o Senhor DEUS todo poderoso, pode permitir o mal, pois Ele tem a visão do todo, a qual nós não temos, arrumando a história de acordo com a vontade dEle. Concordo com vc.

  4. O texto é um pouco confuso, e, isso é plenamente justificável pelo acontecimento. Não sei se consegui captar a mensagem que o professor Witherington tentou passar. Entendi, que ele apesar de afirmar ESTAR SEGURO na promessa de Romanos 8-28, não concorda que Deus tenha permitido na morte, e, não consegue vislumbrar qual o “bem” proporcionado por essa ação. Essa forma de pensar torna-se nítida quando diz que se Deus é todo poderoso e maléfico então não há consolo a ser buscado em Deus. Não entendi como um professor do nível do Dr Witherington, –mesmo estando em desespero– consegue fazer uma interpretação bíblica tão falha quanto a que fez principalmente com relação aos textos do evangelho de João: “a vontade de Deus é que ninguém se perca, mas que tenha a vida eterna”, e “Ele veio para que tenhamos vida, e vida com abundância”. Qual a ligação que essas passagens possuem com relação a vida aqui neste mundo? Creio que essas promessas são para os salvos, ou seja, a vida eterna e a vida com abundância não tem nada em comum com vida terrena.
    Outro ponto a ser enfatizado é que: ‘se não houvesse o Pecado, a maioria das profissões terrenas não existiriam, e, a profissão de médico seria uma delas. ( esse é um dos principais focos de meu post ” Adão disse Não” ) Portanto não posso aceitar esse chavão de que Jesus ou Deus seja chamado Médico dos Médicos pois em nenhum lugar é citado que o objetivo da Obra da Cruz tenha sido o de proporcionar cura física terrena. Logicamente que na eternidade os salvos não terão mais doenças, porque o pecado não mais existirá e, consequentemente haverá cura para todos os males.
    Para finalizar, acrescento que achei o comentário do irmão Abraão Isvi bem pertinente: Como pode Deus jurar por alguém, e alguém terreno como Hipócrates? Como poderia exercer justiça sem que alguém venha a sofrer danos?
    Abraços.
    Fabio, cristaodebereia.blogspot.com

  5. Prezado Josivaldo de Franca Pereira,

    Sim, ao contrario do que o senhor escreveu em seu comentário, o texto todo gira em torno da concepção soteriologica arminiana do Dr. Ben Witherington. E a questão da origem do mal é uma questão debatida há séculos, e muito debatida dentro da discussão entre arminianismo e calvinismo, sim. Uma breve busca no Google provara a verdade disto. Em relação a sua afirmação correta de que Deus não está impotente ante ao sofrimento, não vi em nenhum momento tal afirmação ou sequer possibilidade de interpretação de que Deus esteja impotente ante ao sofrimento no texto em questão. Agora, apenas confirmando que o texto foi escrito tendo em vista as posições arminiana e calvinista, resumindo, Ben Witherington diz que Deus não predestinou a embolia pulmonar de sua filha, mas o permitiu, Deus não matou sua filha, mas permitiu sua morte, pois Deus, sendo bom, não pode realizar algo mau, pois isso é contra sua natureza perfeita, amável e boa, essa é a premissa que ele defende, não pode fazer algo mau, assim como Deus não matou os filhos de Jó ou fez com que ele sofresse, mas permitiu, ao passo que alguns defendem que tanto a morte quanto os males causados a Jó foram predestinados por Deus, mas que Deus utilizou do mau realizado por Satanás para realizar algo bom, ou seja, assim como Deus trouxe algo positivo de um mal realizado por Satanás, Ele também realizara algo positivo da mal causado por Satanás a sua filha. Eis ai, portanto, a linha de raciocínio que o autor utiliza em seu texto e o motivo pelo qual cita e enfatiza Romanos 8.28.

    Em Cristo,

    Grande abraço!

  6. Querido Abraao Isvi,

    Sim, pelo visto você entendeu o que o autor quis dizer, Deus é todo poderoso, pode “permitir” o mal, diferente de realizar o próprio mal. Quanto ao final, eu te entendo, mas por ser um erudito, o autor apenas fez uso de uma licença poética para dizer que se os médicos, que são homens, e os homens são maus e fazem um juramento de jamais causar mal a ninguém, quanto mais o Senhor Jesus, que sua natureza é pura luz e que nele não há trevas nenhuma.

    Obrigado pela participação e um terno abraço de seu irmão em Cristo.

  7. Prezado Fabio,

    Não, o texto não é confuso, o texto é claro e direto. O texto lido e comentado inúmeras vezes por diferentes pessoas no seu endereço original teve respostas e comentários diversos, inclusive comentários contrários a opinião teológica do autor em certos temas, comentários estes feitos por pessoas que possuem uma visão teológica diferente da do autor, mas nenhuma alegação de que seu texto tenha sido confuso ou de difícil entendimento.

    Não, o autor em nenhum momento diz que ele não concorda com o acontecido, apenas não aceita a afirmação de que tenha sido Deus que a matou, Deus a matou no sentido de permitir sua morte, mas Deus não a matou no sentido dele mesmo criar a doença, pois por Deus ser bom, ele permite a doença, mas a doença é resultado do pecado, o pecado tem origem em Satanás e não em Deus.

    Sua conclusão de que a interpretação dele é falha é que é errônea. O autor em nenhum momento disse que Deus é todo poderoso e malévolo, o texto todo gira em torno de uma apresentação bondosa e perfeita de Deus, um texto cujo objetivo é a defesa e enaltação do bom e perfeito caráter de Deus. Ele disse que Se Deus for o autor do mal, tese que ele rechaça, assim não há consolo, mas como Deus não é o autor do mal, é exatamente por isso que ele tem consolo e disse, sim, desde o começo estar seguro e firme na promessa de Romanos 8.28, alem de deixar explicito que de o crê em um Deus cujo Sim para a vida é maior que o Não para a morte, de um Deus que está nas trincheiras lutando conosco, ou seja, nesse momento de dor, Deus está nas trincheiras com ele, esse é o seu consolo.

    Quanto ao medico dos médicos, no original, literalmente, ele quis dizer o “grande medico”, que a idéia é a mesma. Lembrando que Jesus foi chamado de medico em Lucas 4. 23, e que as curas realizadas por ele, o credenciam para ser não apenas chamado de medico, mas também de medico dos médicos,pois tal afirmação em nada denigre, diminui ou contradiz as verdades bíblicas de que ele curou e sarou muitos. Em relação aos danos, sofremos os danos que nos mesmos trazemos sobre nos, Deus não traz danos voluntaria e livremente a ninguém, apenas colhemos o que semeamos, assim como a morte da filha de Ben é resultado do pecado.

    Abraco fraterno,

  8. Agradeço-lhe pela correções. Irei estudar o texto à luz de suas explicações, pois, creio que essa seja a melhor forma de aprender e debater. Só como ilustração lhe informo que o texto é confuso para o meu pouco conhecimento, e, não que ele seja confuso em sua essência. Perdoe-me por ter expressado mal. A minha não concordância com o “arminianismo” também pesou muito na hora de fazer o comentário.
    Mais uma vez o meu muito obrigado pela correção. Caso venha ter alguma dúvida voltarei a expressar uma opinião para que você possa fazer a devida correção.
    Abraços.
    Fabio, cristaodebereia.blogspot.com.

  9. Caro, pastor Marcelo
    Graça e Paz amado!

    Que Deus continue abençoando seu ministério e sua
    inspirada pena, de cujos escritos, todos nós, seus leitores,
    temos sido enriquecidos.

  10. Prezado Fabio,

    Bom, não creio que um pedido de desculpas seja necessário, pois não houve agressão de nenhuma das partes, apenas debate de idéias, mas o pedido de desculpas mostra e revela o seu caráter de cristão, o que é lindo e maravilhoso.

    Grande abraço meu irmão,

  11. alan douglas disse:

    o texto e lindo, profundo e biblico

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