Category Archives: Estudos Bíblicos

Estão Abertas as Inscrições para o E.E.B.A

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Shalom!

Quero convocar a todos os irmãos, amigos e aqueles que amam o verdadeiro evangelho para o 1º Encontro de Editores de Blogs Apologéticos. Tenho a certeza que este encontro será um divisor de águas em nossas vidas. Portanto, você que ama a Palavra da cruz, e quer ver uma igreja mais forte, vibrante, sendo sal e luz do mundo, não pode perder esta grande oportunidade de estar presente neste grande evento.

Pedimos as vossas orações, para que em tudo o nome do Eterno seja exaltado e glorificado.

Visite o site do encontro e veja todas a s infomações para sua inscrição: http://www.editoresapologeticos.com/

Só poderemos usar o espaço do hotel (centro de convençao)caso consigamos o número de 240 pessoas, ou 120 apartamentos. Mostre sua força, seu carinho e convide o maior número de pessoas para este grande encontro. Não deixe para a última hora! Garanta sua vaga!

Presenças confirmadas: Pr Carlos Roberto, Pr Geremias do Couto, Pr Ciro S. Zibordi, Pr Marcelo de Oliveira, Pr Newton Carpintero (EUA) e outros homens e mulheres de Deus.

Nele, que nos chama a batalhar pelo Evangelho

Pr Marcelo de Oliveira

O tempo da minha partida – 2 Tm 4.6

A morte para o cristão não é o final da linha. A morte na vida do cristão não tem a última palavra. Depois da morte vem o juízo, quando uns entrarão na bem aventurança eterna e outros serão atormentados eternamente. A morte nivela todos os homens: pobres e ricos, jovens e velhos, doutores e analfabetos. Todos nós viemos do pó e voltaremos a ele. Por outro lado, nem todos terão o mesmo destino após a morte.

O grande paladino do cristianismo, o idoso e surrado Paulo, fechando as cortinas da vida, na ante sala do martírio escreve: “Quanto a mim, estou sendo oferecido como libação, e o tempo da minha partida é chegado” (2 Tm 4.6). O apóstolo Paulo usa aqui um eufemismo para definir a morte para o cristão. Em vez de falar que o tempo de sua morte é chegado, fala do tempo de sua partida. Neste momento vemos a riqueza das línguas originas e sua importância para aclarar muitos textos das Escrituras. A palavra grega usada neste texto é analysys (partida) e esta possui três significados, que veremos agora:

1) Ela significa ficar livre de um jugo.

Esse era o termo usado pelos agricultores em referência ao ato de remover o jugo dos bois. O apóstolo Paulo havia levado o jugo de Cristo, que era suave (Mt 11.28-30), mas também carregou inúmeros fardos em seu ministério (1 Co 11.22; 12.10). Portanto, partir e estar com Cristo significa colocar de lado todos os fardos, pois o seu trabalho na terra estaria consumado. A morte para o cristão é alívio de toda fadiga (Ap 14.13). A morte é descanso (Hb 4.9). A morte é entrar na posse do reino e no gozo do Senhor (Mt 25.34).

A morte para o cristão não é decadência, mas aperfeiçoamento para entrar na glória, na cidade santa, ma Jerusalém celeste. Enquanto estamos aqui, passaremos muitas lutas e sofrimentos. Aqui há choro e dor. Aqui há vales sombrios e trabalhos extenuantes.

2) Ela significa levantar acampamento.

A idéia central aqui é a de desatar as cordas da tenda, remover as estacas e prosseguir a marcha. A morte é colocar-se em marcha. Cada dia dessa marcha é uma jornada que nos aproxima mais do nosso lar. Até que enfim se levantará pela última vez o acampamento neste mundo e se transferirá para a residência permanente na glória. A morte é uma mudança de endereço. A Bíblia diz: “Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Co 5.1). O que o texto está dizendo é que esta casa terrestre é nosso corpo frágil e sujeito ao cansaço, à doença e à morte. Quando esta casa se desmoronar, então, teremos um edifico (no grego: mansão), feita não por mãos, mas eterna nos céus.

Conta-se que um pastor foi visitar um crente no leito de morte. Ao chegar no leito perguntou-lhe: “Meu irmão, como você está”? O irmão enfermo respondeu: “Pastor, a casa onde eu moro está desmoronando, mas eu já estou de malas prontas para me mudar. Estou indo para a casa do Pai”. Dwight Moody, o grande evangelista do século 19, disse na hora da sua partida: “Afasta-se a terra, aproxima-se o céu, estou entrando na glória”.

3) Ela significa desatar as amarras do barco, levantar a âncora e lançar-se ao mar.

A palavra “partida” significa literalmente desatar as amarras de um bote e singrar as águas, atravessando para a outra margem. A morte para o cristão é singrar as águas profundas da vida e chegar do outro lado, na praia áurea da eternidade. A morte para o cristão é ir para o céu (Fp 1.21,23). A morte para o cristão não é fazer uma viagem rumo ao desconhecido. Não é mergulhar na escuridão do sofrimento nem viver perambulando pelo espaço.

A morte para o cristão é preciosa ao Senhor (Sl 116.15). Morrer para o cristão é lucro (Fp 1.21). Morrer é deixar o corpo e habitar com o Senhor (2 Co 5.8). Morrer é bem aventurança (Ap 14.13). Morrer é partir para estar com Cristo o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.23). Isso não significa que devemos aborrecer da vida e amar a morte. Não significa que devemos desistir de lutar pela vida e buscarmos os recursos para vivermos bem. Não. O cristão não teme a morte. Ele sabe em quem tem crido. Sua esperança está naquele que disse: “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11.25)

Nele, que venceu a morte e nós também venceremos

Pr Marcelo

Bibliografia: Rienecker, Fritz e Rogers, Cleon. Chave lingüística do N.T – Edições Vida Nova 2007.

As três necessidades de Paulo

Em 2 Timóteo 4, Paulo faz uma profunda análise do seu ministério e antes de fechar as cortinas da sua vida, abre-nos uma luminosa clareira com respeito ao seu passado, presente e futuro. O veterano apóstolo olhou para o passado com gratidão (2 Tm 4.7). Paulo está passando o bastão a seu filho Timóteo, mas, antes de enfrentar o martírio, relembra-o de como havia sido sua vida: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé”. A vida para Paulo não foi uma feira de vaidades nem um parque de diversões, mas um combate renhido.

Além disso, Paulo olhou para o presente com serenidade. O veterano apóstolo sabe que vai morrer. Mas não é Roma que vai lhe tirar a vida; é ele quem vai oferecê-la a Deus. Assim escreve Paulo: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido como libação, e o tempo da minha partida é chegado”. Para Paulo, partir e estar com Cristo é incomparavelmente melhor (Fp 1.23). A morte para Paulo era fazer a última viagem da vida, e esta rumo à pátria celestial. A morte não intimidava Paulo.

Quanto ao futuro, Paulo tinha esperança (2 Tm 4.8). A gratidão do dever cumprido, associada à serenidade de saber que estava indo para a presença de Jesus, dava a Paulo uma maravilhosa expectativa do futuro. Mesmo que Nero o condenasse e o tribunal de Roma o considerasse culpado, o reto e justo Juiz o consideraria inocente e lhe daria a coroa da justiça.

Paulo sente profundamente a solidão. Então deseja e pede três coisas: primeiro, pessoas que lhe façam companhia; segundo, uma capa que o aqueça; terceiro, livros e pergaminhos que o mantenham ocupado.

Em primeiro lugar, Paulo quer companheiros. Ordena a Timóteo: “Toma Marcos e traze-o contigo” (v. 11). Marcos tinha sido um desertor na primeira viagem missionária (At 12.25; 13.13; 15.38,39). Mais tarde, porém, foi reintegrado (Cl 4.10; Fm 24) e agora poderia ser muito útil ao ministério.

Acima de tudo, Paulo tem saudades de Timóteo. “Procura vir ter comigo depressa” (v. 9). “Apressa-te a vir antes do inverno” (v. 21). Se ele quer ver mesmo rever Timóteo e desfrutar de sua amizade, então Timóteo deve vir logo (enquanto ainda estiver vivo) e, de todo modo, antes do inverno (enquanto a navegação ainda seja possível). Assim, duas vezes ele insiste para que Timóteo faça o possível para vir. O mesmo apóstolo, que pusera seu amor e a sua esperança na volta de Cristo (v. 8), também anela pela volta de Timóteo. “Sem cessar me lembro de ti…. noite e dia, ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria” (2 Tm 1.3,4). Às vezes encontramos pessoas superespirituais que fingem nunca sentir solidão e nem ter necessidades de amigos, pois a companhia de Cristo lhes satisfaz em todas as necessidades. Pura ilusão. A amizade humana é uma provisão amorosa de Deus.

Em segundo lugar, Paulo precisa de roupa quente, tanto quanto de companheirismo. Assim ele recomenda com insistência a Timóteo: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Troade, em casa de Carpo (v. 13). A palavra phailones (capa) equivalia ao latim paenula, “uma peça do vestuário exterior, de tecido grosso, em modelo circular, com uma abertura no centro para a cabeça. Paulo achou que ela lhe seria bastante útil, sem dúvida, pressentindo que o inverno se vizinhava (v. 21).

Em terceiro lugar, Paulo tinha a necessidade de livros, “especialmente os pergaminhos” (v. 13). A diferença entre os dois é que os primeiros eram feitos de papiro, e não de pergaminho. Estes rolos de pergaminho talvez fossem escritos seus, ou sua correspondência, ou algum documento oficial, ou até mesmo seu certificado de cidadania romana. Todavia, é de consenso entre os estudiosos que o mais provável era que estes pergaminhos fossem a “versão grega do Antigo Testamento” (Septuaginta). Isto é relevante para nossas vidas. Um homem que sabe que vai morrer, não quer deixar de ler e aprender! Quanta preguiça em nossas vidas. A vida de Paulo nos motiva até mesmo na hora da morte a estarmos aprendendo e crescendo em sabedoria.

Esta, pois, são as três necessidades conscientes de Paulo. Quando nosso espírito está solitário, precisamos de amigos. Quando nosso corpo está sentindo frio, precisamos de roupas. Quando nossa mente está entediada, precisamos de livros. Não é falta de espiritualidade admitir isso: é humano. São necessidades naturais de homens e mulheres mortais.

Poderíamos sintetizar estas três necessidades de Paulo, assim:

Uma capa – para o corpo
Os livros – para a mente (alma)
Os pergaminhos – A Palavra de Deus para o espírito

Concluo com esta preciosidade:

Vários comentaristas aludem ao paralelo histórico entre o aprisionamento de Paulo em Roma e o de William Tyndale na Bélgica aproximadamente 15 séculos depois. Eis a descrição de Tyndale, feita por Handley Moule:

“Em 1535, preso pelo perseguidor em Vilvorde, na Bélgica, ele escreveu, pouco antes de seu martírio nas chamas, uma carta em latim ao Marquês de Bergen, administrador do castelo: ‘Rogo de Vossa Senhoria pelo Senhor Jesus que, se eu tiver que ficar aqui durante o inverno, suplique ao comissário a fineza de mandar-me, das coisas que são minhas, e que estão com ele, um gorro de lã; sinto dolorosamente o frio em minha cabeça. Também uma capa mais quente, pois a que tenho é muito fina. Ele tem uma camisa de lã minha, caso queira mandá-la. Mas, acima de tudo, minha Bíblia hebraica, minha gramática e meu vocabulário, para que eu use meu tempo nesta atividade’”.

Simplesmente célebre. Magnífico. Encantador. Desafiador.

Nele, o nosso maior tesouro

Pr Marcelo Oliveira

Bibliografia: Stott, John. 2 Timóteo. Ed. ABU

Escravos de Cristo – John MacArthur


http://www.youtube.com/p/5ED96FB2042158DF&hl=en_GB&fs=1

Um Midrash de Abraao e Tera

Certa vez Abraão entrou no templo dos ídolos da casa de seu pai, a fim de trazer-lhes sacrifícios, e encontrou um deles, chamado Marumate e feito de pedra lavrada, prostrado no chão diante do deus de ferro de Naor. O ídolo era pesado demais para alguém erguê-lo do chão sem ajuda, pelo que Abraão chamou seu pai para ajudar a colocar Marumate de volta no lugar. Enquanto moviam a estátua a cabeça se soltou; Tera pegou então uma pedra e lavrou com cinzel um outro Marumate, fixando a cabeça do primeiro no novo corpo que fizera. Depois continuou e fez mais cinco deuses, todos os quais entregou a Abraão, mandando que os vendesse nas ruas da cidade.

Abraão selou sua mula e foi até a hospedaria onde os mercadores de Fandana, na Síria, paravam em seu caminho para o Egito. Quando chegou à hospedaria um dos camelos que pertencia aos mercadores baliu, e o som assustou sua mula de tal forma que ela saiu correndo desabalada, quebrando três dos ídolos.Os mercadores não apenas compraram os ídolos em bom estado que ele trazia, mas deram-lhe ainda dinheiro pelos quebrados, pois Abraão contou-lhes o quanto estava receoso de aparecer diante do pai com menos dinheiro do que esperava reveber pelo trabalho das suas mãos.

Esse incidente levou Abraão a refletir sobre a inutilidade dos ídolos. “O que essas coisa perversas fizeram ao meu pai?” ele disse a si mesmo. “Então ele não é o deus dos seus deuses? Não é devido ao lavor, esforço e planejamento dele que eles chegam a existir? Não seria mais apropriado que eles prestassem adoração e meu pai do que ele a eles, considerando-se que são obra das suas mãos?”

Pensando nessas coisas ele chegou à casa do pai, entrou e entregou-lhe o dinheiro pelas cinco imagens. Tera encheu-se de júbilo e disse:

– Meus deuses o abençoem, porque me trouxe o preço pelos meus ídolos, e meu trabalho não foi em vão.

Mas Abraão retrucou:

– Ouça, Tera, meu pai: são os seus deuses os abençoados pelo senhor, pois o senhor é o deus deles! O senhor os moldou; a benção deles é destruição, e seu auxílio vaidade. Eles são incapazes de ajudar a si mesmos; como poderão ajudar o senhor ou abençoar a mim?

Tera ficou furioso com Abraão, por ter proferido esse discurso contra os seus deuses. Abraão, refletindo sobre a ira do pai, deixou-o e saiu da casa, porém Tera chamou-o de volta e disse:

– Junte os cavacos de carvalho que sobraram das imagens que fiz antes de você voltar, e prepara-me o jantar.

Abraão dispôs-se prontamente a cumprir a ordem do pai, e enquanto juntava as lascas de madeira encontrou um pequeno deus entre eles, cuja testa trazia a inscrição “Deus Barisate”.
Abraão atirou os cavacos no fogo e colocou Barisate junto dele.

– Atenção, Barisate! – disse ele. – Cuide para que o fogo não apague até eu voltar. Se começar a apagar, sopre sobre as brasas e a chama será atiçada novamente.

Falando assim, foi embora. Quando voltou, Abraão encontrou Barisate caído de costas, gravemente queimado. Sorrindo, disse a si mesmo:

– É, Barisate, você não é capaz nem de manter um fogo aceso e preparar comida.

E, enquanto ele falava, o ídolo foi consumido em cinzas.

Abraão levou os pratos ao pai, que comeu e bebeu, ficou satisfeito e agradeceu a seu deus Marumate. Mas Abraão disse ao pai:

– Não agradeça Marumate, agradeça a seu deus Barisate, pois foi ele, pelo seu grande amor pelo senhor, que atirou-se no fogo para que sua refeição pudesse ser preparada.

– Onde está ele agora? – exclamou Tera.

– Converteu-se em cinza pela força do fogo – respondeu Abraão.

– Grande é o poder de Barisate! – disse Tera. – Vou fazer-me outro hoje mesmo, e amanhã ele me preparará comida.

Essas palavras de seu pai fizeram com que Abraão risse consigo mesmo, mas ao mesmo tempo sua alma entristecia-se diante da obstinação de Tera. Ele não hesitou em deixar clara sua posição sobre os ídolos:

– Pai – disse ele, – não importa qual dos dois deuses o senhor bendiga. Não há sentido no seu comportamento, pois as imagens que estão no santo templo são mais dignas de oração do que as suas. Zuqueu, deus de meu irmão Naor, é mais venerável do que Marumate, pois é feito de ouro: quando ficar velho poderá ser moldado novamente. Já quando Marumate ficar frágil ou partir-se em pedaços não poderá ser refeito, pois é de pedra. O deus Jouave, que está acima dos outros deuses ao lado de Zuqueu, é mais venerável do que Barisate, que é de madeira, pois foi malhado de prata e habilidosamente lavrado pelos homens de modo a mostrar a sua magnificência.

Já o seu Barisate, antes que o senhor o moldasse em deus com seu machado, estava enraizado na terra, erguendo-se ali grande e tremendo, na glória de seus ramos e flores. Agora está seco e sua seiva esvaiu-se. De sua elevada posição Marumate caiu à terra; do esplendor reduziu-se a mesquinhez. Sua face empalideceu-se, e ele mesmo foi queimado pelo fogo e consumido até as cinzas: não existe mais. E agora o senhor diz “Vou fazer-me outro hoje mesmo, e amanhã ele me preparará comida”.

Pai, o fogo é mais digno de adoração do que seus deuses de ouro e prata e madeira e pedra, porque pode consumi-los. Mas tampouco o fogo chamo de deus, porque o fogo sujeita-se à água, que o apaga. A água também não considero um deus, pois é tragada pela terra; digo que a terra é mais vene
rável, porque vence a água. Porém a terra também não chamo de deus, pois é ressecada pelo sol; digo que o sol é mais venerável do que a terra, porque ilumina o mundo todo com seus raios.

Porém o sol também não chamo de deus, porque sua luz é obscurecida quando chega a escuridão. A lua e as estrelas não chamo ainda de deuses, porque sua luz também se extingue quando passa sua hora de brilhar. Mas ouça o que vou lhe dizer, meu pai, Tera: o Deus que criou todas as coisas, ele é o verdadeiro Deus. Ele tingiu os céus e dourou o sol, e deu esplendor à lua e também às estrelas; secou a terra de entre as muitas águas, e também colocou o senhor sobre a terra e, quanto a mim, buscou-me a despeito da confusão dos meus pensamentos.

Nota:

Midrash – interpretação não literal e ensinamentos homiléticos dos sábios (rabinos), na Escritura – A.T

Talmude: Compêndio básico das leis judaicas, pensamentos e comentários bíblicos, que inclui a Mishná e a Guemará; uma das maiores obras judaicas, quase todo em aramaico

Aprendendo com o apóstolo Paulo

O apóstolo Paulo foi sem dúvida alguma o maior evangelista, o maior teólogo, o maior missionário e o maior plantador de igrejas de toda a história do cristianismo. Nenhum homem exerceu tanta influência sobre a nossa civilização, como Paulo. Nenhum escritor foi tão conhecido e teve suas obras tão divulgadas e comentadas no mundo quanto ele. Embora tenha vivido sob fortes pressões internas e externas, nunca deixou jamais sua alma ficar amargurada.

Em Filipenses 1.12, Paulo diz: “E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior avanço do evangelho”. Agora, surge a pergunta: “Que coisas são essas que contribuíram para o avanço do evangelho”?

Percorrendo o livro de Atos e outras passagens do N.T iremos “descobrir” que “coisas” eram essas que contribuíram para o avanço do evangelho. Veremos algumas a seguir:

A) Ele foi perseguido em Damasco (At 9.23-25).

Após converter-se na capital da Síria, Paulo anunciou Jesus nessa cidade (At 9.20,21). Dali foi para região da Arábia, onde ficou cerca de três anos, fazendo uma reciclagem em sua teologia (Gl 1.15-17). Voltou a Damasco (Gl 1.17) e,a gora, não apenas prega, mas demonstra cuidadosamente que Jesus é o Cristo (At 9.22). Então, em vez de ser acolhido, é perseguido. Precisa fugir da cidade para salvar a sua vida (At 9.23-25).

B) Ele foi rejeitado em Jerusalém (At 9.26-28).

Quando chegou em Jerusalém, na igreja mãe, os apóstolos não confiaram nele. Paulo, então, sentiu a dor de ser rejeitado. A aceitação é uma necessidade básica da vida humana. Não somos uma ilha. Foi então que apareceu Baranabé, o filho da consolação, para abraçá-lo, valorizá-lo e integrá-lo na vida da Igreja (At 9.27).

C) Ele foi dispensado do campo missionário pelo próprio Deus (At 22.17-21).

No apogeu de seu entusiasmo, no auge de seu trabalho, Deus mesmo aparece a ele em sonhos e o dispensa da obra. Deus o manda arrumar as malas e sair de Jerusalém. Paulo não entende e discute com Deus. Para ele, Deus estava cometendo um erro estratégico, tirando-o de cena. Deus, porém, não muda; é Paulo quem precisa mudar e mudar-se. Diz o texto sagrado em Atos 9.31, que, quando Paulo arrumou as malas e foi embora, a igreja passou a ter paz e crescer. Que golpe no orgulho do apóstolo!

D) Ele foi colocado na sombra de outro líder (At 13.2)

Convocado por Barnabé para estar em Antioquia da Síria, reinicia seu ministério. Depois de um ano intenso de trabalho nessa igreja, o Espírito Santo disse: “Separai-me a Barnabé e a Saulo para obra que os tenho chamado (At 13.2)”. Perceba que os escolhidos não são Saulo (1º) e Barnabé (2º), mas Barnabé (1º) e Saulo (2º). Você já foi segundo alguma vez? Já ficou na sombra de outra pessoa? Antes de você ser o primeiro, você terá que aprender ser um ótimo segundo. Paulo precisou aprender a ser submisso, antes de ser um grande líder. Hoje em algumas igrejas, a pessoa se converte, um mês depois é diácono, 3 meses depois é presbítero, mais 3 meses é pastor, e não muito depois é apóstolo! Oh Deus, dá-nos discernimento!

E) Ele foi apedrejado e arrastado como morto da cidade de Listra (At 14.19).

Paulo estava fazendo a obra de Deus, no tempo de Deus, dentro dos propósitos de Deus, e mesmo assim foi apedrejado. Contudo ele não ficou amargurado nem se decepcionou com o ministério. Ao contrário, prosseguiu fazendo a obra com alegria.

F) Ele foi preso e açoitado com varas em Filipos (At 16.19-26).

Mesmo estando no centro da vontade de Deus, Paulo foi preso, açoitado com varas e jogado no cárcere. Em vez de ficar revoltado e colocar a Deus na parede, ele orou e cantou à meia noite, e Deus abriu as portas da prisão e o coração do carcereiro.

G) Ele enfrenta um naufrágio na viagem para Roma (At 27.9; 28.1-10).

Já que o próprio Deus o queria em Roma,era de se esperar que a viagem fosse tranqüila. No entanto, quando Paulo embarcou para Roma, enfrentou uma terrível tempestade. Durante quatorze dias, o navio foi açoitado com rigor, e todos os prisioneiros perderam a esperança de salvamento, exceto Paulo (At 27.20-26). Chegando em Malta, uma víbora ataca sua mão. Note que haviam outras 275 pessoas no navio, mas a víbora ataca justamente a Paulo. Os malteses, fizeram um juízo precipitado dele, chamando-o de assassino. Parecia que tudo dava errado para Paulo. No entanto, em vez de cair morto pelo veneno da víbora, ele curou os enfermos da ilha.

Um homem que tinha tudo para se abater, desistir, abandonar, nos deixou este legado indelével de uma vida piedosa, de sofrimento, de renúncia, e acima de tudo, amor pelo verdadeiro evangelho, e pelo Cristo que o capturou na estrada de Damasco, antes que ele capturasse algum cristão. Poderia falar muito mais, pois basta lermos 2 Co 6.4-10 e 2 Co 11.23-33, e vermos o que este homem passou pela causa do evangelho.

Que venhamos a seguir suas pisadas, imitarmos seu exemplo, e seremos cidadãos de um reino eterno, onde o Deus de Paulo nos coroará para todo o sempre. Amém.

“Sede meus imitadores, como também sou de Cristo” 1 Co 11.1

Nele, que chama homens para sua seara

Pr Marcelo

Bibliografia: Warren, Wiersbe. Comentário Expositivo. Geográfica Editora
Lopes, Hernandes Dias. Filipenses. Ed. Hagnos 2007

Pregação Expositiva por John Piper – Veja!

http://www.youtube-nocookie.com/v/58B06TAX1e8&hl=en_GB&fs=1&rel=0

Os móveis de Tobias – Neemias 13

Neemias é conhecido por sua liderança e zelo religioso. Tinha amor profundo por Deus e por Jerusalém, a Cidade Santa. Quando, no exílio, recebeu a notícia do estado em que se encontrava Jerusalém e o povo, ele chorou, lamentou, jejuou e orou perante o Deus dos céus. Recebendo permissão do rei Artaxerxes, Neemias viajou a fim de restaurar os muros da cidade e cuidar da vida espiritual do povo. Após doze anos retornou à Babilônia, mas logo depois regressou para Jerusalém. Percebeu que a condição espiritual dos judeus ainda era ruim, a ponto de um ímpio como Tobias mudar “de mala e cuia” para a Casa de Deus.

1. Tobias, o dono dos móveis

Tobias é citado em várias partes do livro de Neemias como um homem perverso e de mau caráter (cf. Ne 2.10,19; 4.1-3,7; 6.10-13,19b). Alguém descreveu Tobias como um “homem mau, fraudulento, imprestável, politiqueiro, um homem que fazia negócios obscuros, ciumento (não havia feito nada pelo seu povo e agora que chega alguém interessado em reconstruir a cidade seu coração se enche de ódio), um homem que vivia maquinando e planejando como derrubar Neemias, usando a sua língua ferina, sua influência política”.

Tobias era amonita, contudo, tinha nome hebraico que significa “O Senhor é Deus”. Ou seja, ele tinha nome de crente, por assim dizer, mas não era crente, não pertencia ao povo de Deus. Além disso, quando Neemias chegou em Jerusalém, Tobias estava morando nas dependências da Casa de Deus, mais precisamente numa “câmara grande”. Isso não é curioso? Tobias praticamente morava dentro da Casa de Deus, mas não era de Deus. É provável que participasse dos cultos de louvor e adoração. Talvez para fazer média com os crentes, ou algum crente, porém, ele não era crente, não era um homem de Deus. Tobias era do Maligno! Um ímpio entre os santos. Um homem que não amava a Deus e nem ao povo de Deus, preocupado consigo mesmo.

2. Os móveis de Tobias

Os móveis de Tobias ocuparam o lugar dos móveis de Deus. Para que os móveis de Tobias entrassem na Casa de Deus foi preciso que os móveis de Deus saíssem. Os móveis de Tobias eram profanos e mundanos, mesmo sendo novos. Um símbolo de que as obras da carne e do pecado não podem ocupar o mesmo espaço do Espírito e da santificação. Uma representação do mundanismo inovacionista que invade sorrateira, mas também descaradamente, a Igreja do Senhor Jesus nos dias de hoje!Os móveis de Deus podem ser “antigos”, mas são os móveis de Deus. Representam a sã doutrina, o puro evangelho da graça de Cristo, o culto segundo a vontade de Deus. Ou seja, as coisas que agradam a Deus porque provém do próprio Deus.

3. A faxina de Neemias

Sempre haverá alguém, levantado por Deus, com zelo pelo Senhor e pelas coisas referentes a ele. Aqui, esse alguém é Neemias. No entanto, a origem de tudo de ruim que estava acontecendo na Casa de Deus era Eliasibe, o sacerdote. O homem que devia representar o povo perante Deus estava “aparentado” com Tobias. A Bíblia diz: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno, do crente com o incrédulo? (2Co 6.14,15). Eliasibe não foi uma influência positiva na vida de Tobias, pelo contrário, Tobias é quem influenciou negativamente Eliasibe, a ponto deste permitir que um ímpio morasse na Casa de Deus. Conseqüentemente, Neemias lançou fora os móveis de Tobias e reintroduziu, em seu devido lugar, os móveis de Deus.

Meus irmãos, a Casa de Deus somos nós, você e eu (cf. 2Co 6.16-18). Deus não quer que os móveis de Tobias façam parte de sua Casa (cf. Tg 4.8-10). Portanto, olhe bem para os cômodos de sua vida. Lance fora os móveis de Tobias; lance fora a mobília que não agrada a Deus!“Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2Co 7.1).

Autor Rev. Josivaldo França Pereira

Pastor da I. Presbiteriana do Brasil. Bacharel em Teologia pelo STP – SP e Doutorando em Ministério pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper –

Os perigos da Alegoria – Leia com atenção!

Amados leitores, tenho dedicado minha vida a exposição das Escrituras. Lembro do meu ilustre vovô – José Antonio de Oliveira (in memoriam) me acordar todos os domingos pela manhã para irmos a EBD. Seu legado e sua vida piedosa produziu marcas profundas em minha vida. Meu vovô, era um homem simples, mas sempre me ensinou o caminho da sabedoria e do conhecimento.

Desse modo, aos 7 anos de idade já sabia recitar vários textos da Escritura. Aos 10 anos dava aula para a classe dos juniores. Aos 12 anos preguei pela primeira vez. Deus me chamou cedo para este nobre ministério. Sou amante das Escrituras, das línguas originais, amo ouvir a exposição da Palavra. Eu disse exposição, não gritaria, de um pseudo avivamento, que mais parece um aviltamento. Tenho visto nestes 18 anos de pregação do evangelho, o empobrecimento dos púlpitos. Pastores e pregadores não se preparam para pregar. Vivem de uma revelação do céu. Dizem: Vou abrir minha boca, e Deus irá encher. Pergunto: encher do quê?

Com isso, vemos inúmeras mensagens (?) dos mais variados tipos, para todos os gostos, para as mais diferentes pessoas. Pregadores usam o texto bíblico como querem, eles vêem nas Escrituras, aquilo que os maiores pregadores do mundo não observaram. As multidões que não sabem discernir o certo do errado vão ao êxtase. Embasbacados, olham uns para os outros e dizem: Meu Deus, que mensagem! Que revelação! Que pregador extraordinário! Mas não são como os bereanos, que a cada dia, examinavam as Escrituras (At 17.11).

Prezados não podemos misturar aquilo que é Escritura, com conhecimento secular, histórico e enciclopédico. Esses dias assistindo um pregador ele usou o Salmo 133.2 e interpretou o texto desse modo para o delírio da multidão:

É como o óleo que desce sobre a cabeça: Cristo (o cabeça)
Que desce sobre a barba: os apóstolos (por causa da barba)
Sobre a gola das suas vestes: a igreja primitiva
Desce à orla das suas vestes: a igreja contemporânea.

A multidão gritava, outros pulavam, alguns balançavam o queixo, como dizendo: “Nunca vi nada igual”! Eu também não. Isto é uma falta de respeito ao texto sagrado. Isto é torcer as Escrituras e interpretá-la sem nenhum critério. Uma das regras fundamentais de uma boa exegese bíblica é: a Bíblia diz justamente o que ela quis dizer. Não é necessário criar uma alegoria para a interpretação. Creio ser por este motivo que não faço sucesso no meio dos grandes pregadores. Não tenho agenda lotada. Não há ninguém carregando minhas malas. Prego a Palavra. Ela que tem a autoridade e não as maluquices exegéticas desses pregadores. O pregador não cria a mensagem, ele a transmite. A mensagem emana das Escrituras, e não de sua habilidade de deturpá-la.

Urge a necessidade de surgir novos expositores da Palavra. Urge a necessidade desses jovens pregadores em vez de ficarem copiando as mensagens, as línguas, as vestes, estudarem mais e mais a Bíblia, submeterem ao ensino, amarem a sabedoria, ler bons livros para não reverberarem seus pensamentos e idéias que não valem nada. Philip Brooks disse: “Pregação é uma verdade pregada com personalidade”. Se você é um eco, um clone, fique sentado. É a Escritura que deve ser pregada. Somente a Escritura. Nada mais que a Escritura.

Sei que há inúmeros expositores bíblicos no anonimato. Pois os pastores querem os avivalistas em suas igrejas, em seus congressos, em suas festividades, só espaço para os renomados pregadores, os malabaristas do texto sagrado. Quantas vezes meu nome foi indicado a um “grande congresso”, e não acabei pregando. Por quê? Simples, não sou conhecido, não tenho fama, não vivo debaixo dos holofotes, não consigo iludir as pessoas com aquilo que não está escrirto.

Aos nobres expositores da Palavra, continuemos nossa missão. Preguemos a Palavra. Amemos a Palavra. Transpiremos a Palavra. Deus está “preso” a sua Palavra. Ele é a própria Palavra.

Concluo, com um exemplo clássico do que é fazer uma alegoria do texto, e ver o que ninguém viu nos milhares de anos que temos a Escritura. Foi Agostinho, uma das mentes mais brilhantes que o mundo conheceu que propôs a seguinte interpretação da parábola do Bom Samaritano.

Nota importante: Não é porque Agostinho foi brilhante e resolveu interpretar a parábola como veremos a seguir, que nós seguiremos seu exemplo. Estudemos mais a Bíblia, e deixemos que ela fale, afinal ela tem voz própria. Sigamos o exemplo correto, e não aquele que embora brilhante e fascinante, não respeita a uma hermenêutica e exegese sadia do texto.

Certo homem descia de Jerusalém para Jericóeste homem era Adão

Jerusalém a cidade celestial, da qual Adão caiu

Jericó a lua, assim significa a mortalidade de Adão

Salteadores – o diabo e seus anjos

lhe roubaram – a saber: a sua imortalidade

lhe causaram ferimentos – ao persuadi-lo a pecar

deixando-o semimorto – como homem, vive, mas morreu espiritualmente; é semimorto, portanto

o sacerdote e o levita – o sacerdócio e ministério do Antigo Testamento

O samaritanodiz-se que significa Guardador; logo, a referência é ao próprio Cristo

Pensou-lhes os ferimentos significa restringir o constrangimento ao pecado

Óleo – o consolo da boa esperança

Vinho – a exortação para trabalhar com um espírito fervoroso

Animal – a carne da encarnação de Cristo

Hospedariaa igreja

Dia seguinte depois da ressurreição

Dois denáriosa promessa desta vida e a do porvir

Hospedeiro Paulo

Tenho que concordar que é uma mente brilhante que produziu isso. Todavia a pergunta que deve ser feita é: quando Jesus contou esta parábola, ele queria ensinar tudo isso? Lembre-se de algo: nem tudo que dá certo, é certo.

Olha se alguém pregar essa mensagem em um “grande congresso” o povo irá delirar, ser arrebatado, cairá poder, haverá curas e o pregador será afamado na terra! Vigiemos, pois! Mc 13.33

Com temor e tremor diante das Sagradas Escrituras,

Pr Marcelo de Oliveira

A igreja dos Tessalonicenses – 1 Ts 1

O apóstolo Paulo queria entrar no continente asiático em sua segunda viagem missionária, mas Deus o direcionou para a Europa. Ele pretendia ir para o Oriente, mas Deus o conduziu para o Ocidente. Foi da Europa, que no devido tempo, o evangelho se espalhou para os grandes continentes: África, Ásia, América do Norte, América Latina.

Todavia, por onde Paulo passou na Europa enfrentou grande perseguição. Açoitado em Filipos, expulso de Tessalônica, enxotado de Beréia, chamado de tagarela em Atenas e de impostor em Corinto.

A igreja em Tessalônica nasceu quando Paulo por três sábados pregou na sinagoga e, esse tempo foi suficiente para produzir uma verdadeira revolução na cidade. Corações foram atingidos, vidas foram transformadas, os gentios se converteram e abandonaram os ídolos e tornando-se modelos para os demais.

É interessante ver o método da pregação de Paulo em Tessalônica e percebermos porque esta igreja tornou-se um modelo de igreja. A pregação de Paulo é identificada por 4 verbos:

a) Ele arrazoou (At 17.2). Paulo dialogou com eles por meio de perguntas e respostas. Prezados leitores, devemos sempre estar prontos para aqueles que perguntam à respeito de nossa fé (1 Pe 3.15). A palavra grega usada aqui deu o termo dialética, que nada mais é do que ensinar por meio de perguntas e respostas. Infelizmente vivemos numa geração analfabeta de Bíblia. Há cristãos que ainda não sabem diferenciar o A.T do N.T. Eles não amam a Palavra. Não se deleitam nela. Não estudam. Não tem a disposição em seus corações para o aprendizado. São facilmente enganados por seitas, heresias e novos modismos.

b) Ele expôs (At. 17.3), ou seja, ele explicou para eles o conteúdo do evangelho. Pregar é explicar as Escrituras e aplicá-las. O pregador não cria a mensagem, ele transmite. A mensagem emana das Escrituras. A Palavra de Deus e não a do pregador tem a garantia de que não volta para Ele vazia. Para explicar a Palavra é preciso ser fiel na interpretação. Infelizmente vemos em nossos púlpitos verdadeiras eisegeses (impor ao texto nossas idéias). São pastores, pregadores, que não se preparam para pregar. Vivem de uma revelação da Palavra. Dão uma sopa rala ao povo de Deus. Pregam do vazio de suas cabeças e da frieza de seus corações. Usam o texto, sem o contexto para enganar e ludibriar os incautos. Há como precisamos de cristãos bereanos (At 17.11)!

c) Ele demonstrou que Jesus é, de fato, o Messias. O termo “demonstrar”, é paratithemi, significa “colocar lado a lado ao apresentar evidências” (At 17.3). Isso se referia à exposição de Paulo que consistia em colocar o cumprimento ao lado de suas profecias.

d) Ele anunciou a morte e a ressurreição de Jesus Cristo (At 17.3). Paulo respirava a Cristo. Ele se esforçava em anunciar a Jesus. Em outras palavras, ele contou a história de Jesus de Nazaré: seu nascimento, sua vida, seu ministério, sua morte, sua ressurreição, sua exaltação e a dádiva do Espírito Santo, sua volta gloriosa e o anuncio do julgamento final. Prezados, toda pregação que não é cristocêntrica é inválida! Toda pregação que por mais bela e profunda que seja, que não fale da cruz e de Jesus é glória humana, glória vazia! Não há evangelho onde a cruz de Cristo é banida. Não há remissão de pecados sem expor a morte expiatória de Jesus na cruz. Ou seja, não há pregação verdadeira que não fale de Cristo. Somente a Cristo. Nada mais que Cristo.

Perceba que há uma “evolução” na pregação de Paulo quando lemos o livro dos Atos. Lucas quer deixar isso claro, quando diz que Paulo começou – afirmando que Jesus era o Messias. Depois Lucas diz que Paulo explicava as Escrituras (expondo). Em outra passagem diz que Paulo agora demonstrava que Jesus é o Messias. Por último diz que Paulo não mais afirmava, expunha e demonstrava, mas persuadia aos homens sobre este Jesus que era o Messias.

Em qual nível está nossa pregação: afirmação, demonstração, explicação ou persuasão?

Vamos olhar para a igreja de Tessalônica e ver as razões pelas quais esta igreja tornou-se um modelo (exemplo) para nós.

Em primeiro lugar, a igreja imitou o modelo certo (1 Ts. 1.6)

A igreja de Tessalônica imitou os missionários e Jesus Cristo (1 Co 11.1). A palavra imitadores é “mimetai” – (de onde vem a palavra mímica) descreve alguém que imita outra pessoa, particularmente para seguir seu exemplo ou ensino. Nessa igreja não havia apenas informação, mas sobretudo, transformação. Hoje temos vários congressos, várias conferências dos mais variados temas, para as mais diversas igrejas, contudo há muita informação e quase nenhuma transformação!

Em segundo lugar, a igreja recebeu a mensagem certa (1 Ts 1.6b)

A igreja de Tessalônica recebeu a Palavra mesmo sob um forte clima de hostilidade e perseguição. Hoje temos o privilégio no Brasil de recebermos a Palavra em clima de total liberdade. E como recebemos esta Palavra? Na verdade o que vemos é uma igreja sendo mal alimentada. Há inúmeras igrejas doentes pois estão recebendo não a Palavra de Deus, mais sim as doutrinas dos homens. Muitos púlpitos já abandonaram a pregação bíblica e fiel, e se renderam ao pragmatismo, ao lucro, ao dinheiro, as heresias. Urge a necessidade de restaurarmos em nossas igrejas a pregação bíblica, que transforma os homens e os conduzem à vida eterna. Qual mensagem você tem recebido? Você recebe a Palavra como “trigo” ou como “palha” (Jr 23.28).

Em terceiro lugar, a igreja teve a reação certa (1 Ts 1.6c).

A igreja de Tessalônica recebeu a Palavra, em meio a muita tribulação, mas com a alegria do Espírito Santo. Esta igreja não ficou decepcionada com Deus por causa das tribulações. Ela não perdeu a alegria devido às perseguições. Há que diferença de nossos dias! Quando os cristãos vão à igreja a procura de uma benção: um novo carro, um aumente de salário, uma nova casa. São crentes mimados, consumidores e não verdadeiros adoradores! Estes não se deleitam na Palavra, não amam a Deus, mais sim suas vontades e desejos desenfreados. Quando chega a tribulação são os primeiros a abandonarem e voltarem para o mundo. Não possuem firmeza. Não possuem raízes. São leves como uma pena, e secos como um poste.

Em quarto lugar, a igreja tornou-se um exemplo a ser seguido (1 Ts 1.7).

Os imitadores tornam-se exemplos. Se você não é um imitador (Cristo) você nunca será um exemplo. Perceba que esta igreja não apenas seguiu o exemplo de Cristo e dos apóstolos, mas também, tornou-se exemplo para os demais irmãos.

A palavra utilizada por Paulo para “modelo”, é typos, que significa marca visível, copia, imagem, padrão e exemplo. O que Paulo quer dizer
com isso é que os cristãos tessalonicenses eram a “impressão” de Cristo. Eles aprenderam, mas depois começaram a ensinar. Que exemplo magnífico. Note que os irmãos tessalonicenses eram tanto receptores (1 Ts. 1.5) quanto transmissores do evangelho (1 Ts 1.8). Hoje temos muitos receptores, mas poucos transmissores do evangelho. Amamos ouvir, todavia na hora de falarmos não temos autoridade, pois falamos uma “coisa” e vivemos outra.

Quem é você: um receptor apenas? Ou você também é um transmissor? Sua transmissão é clara, nítida? Ou chia, destoa?

Quero concluir dizendo que na igreja dos tessalonicenses havia as três virtudes teologais: a fé, a esperança e o amor. Quanto ao passado estava firmada na verdade, pois tinha colocado sua em Deus e agora estava trabalhando para Ele. Quanto ao presente estava envolvida no amor a Deus e ao próximo. Quanto ao futuro estava sendo alimentada pela esperança da segunda vinda de Cristo.

Minha oração: Deus Eterno, que imitemos o exemplo da igreja dos tessalonicenses, a fim de que sejamos exemplo para este mundo, para que o mundo veja a tua glória em nossas vidas. Ajuda-nos a sermos imitadores do que é verdadeiro, puro e santo. Capacita-nos a sermos não somente receptores, mas transmissores da tua Palavra. Que tenhamos uma fé não fingida, um amor puro, e uma viva esperança. Amém!

Nele, Pr Marcelo de Oliveira

Bibliografia: Wiersbe, Warren. Comentário Expositivo. Geográfica Editora 2006

Lopes, Hernandes Dias. 1 e 2 Tessalonicenses. Ed. Hagnos 2008