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Voltai para mim, diz o Senhor – Joel 2.12

Os profetas menores são absolutamente relevantes para a nossa geração. Sua mensagem é contundente, oportuna e urgente. Embora tenham vivido há mais de 2500 anos, abordam temas que estão na agenda das famílias, das igrejas e das nações.

Os profetas menores lamentavelmente têm sido esquecidos pela nossa geração. Poucos cristãos lêem e estudam com a devida atenção esses preciosos livros proféticos. Poucos pregadores, estudiosos expõem com clareza, fidelidade e profundidade esses livros no púlpito. Precisamos urgentemente resgatar a atualidades destes preciosos livros em nossos estudos, exposições e, principalmente aplicando estes livros à nossas vidas, famílias e ministérios.

No texto em destaque (Jl 2.12-14), o Eterno convoca o seu povo a se voltar para Ele. O arrependimento é o único caminho da restauração. É a única porta de escape do juízo. É arrepender-se e viver ou não se arrepender e morrer. O estudioso Dionísio Pape ressalta o fato de que não era suficiente ser o povo do Senhor. Não bastava morar na terra santa. Era necessária a conversão integral ao Senhor.

Veremos a seguir como deve ser a volta para Deus. Deus não apenas chama o seu povo a voltar-se para ele, mas detalha como deve ser essa volta.

Em primeiro lugar, é uma volta para uma relação pessoal com Deus (2.12). “[…] convertei-vos a mim …”. Isto é magnífico, pois mostra o supremo valor da graça de Deus, pois o ofendido [Deus] é aquele que busca a restauração do ofensor [nós]; o ofendido é quem convida o transgressor a renunciar sua rebeldia.

Leslie Allen está correto quando diz que a expressão: convertei” evoca o relacionamento pactual. O povo de Deus é como o filho pródigo que precisa voltar ao lar do Pai celestial. Não basta cair em si, é preciso voltar para casa. Não basta ter convicção de pecado, é preciso por o pé na estrada da volta para Deus. Não é apenas um retorno à igreja, à doutrina, à comunhão, a uma vida moral pura, mas uma volta para uma relação pessoal com Deus.

Em segundo lugar, é uma volta com profundidade (2.12) – “[…] de todo o vosso coração”.

O povo de Judá estava endurecido e indiferente à voz de Deus. Viviam para seus prazeres e não se importavam com as exortações do Senhor. O juízo estava à porta e eles folgavam em seus pecados. Antes do Eterno derramar seu juízo, Ele nos dá a oportunidade de nos arrependermos. Deus não aceita coração dividido (Sl 51.17). Ele não satisfaz com uma espiritualidade cênica, farisaica, hipócrita. Ele vê o coração e requer verdade no íntimo.

São muitos aqueles que, após um congresso, um retiro espiritual ou mensagem inspirativa, fazem lindas promessas a Deus. Comprometem-se a orar com mais fervor, a ler a Palavra com mais avidez, outros ainda, derramam lágrimas no altar do Senhor, fazem votos solenes, mas todo esse fervor desaparece tão rápido como a nuvem do céu e o orvalho que se evapora da terra.

Há aqueles que só andam com Deus na base do aguilhão. Só se voltam para Deus na hora que as coisas apertam. Só se lembram do Senhor na hora das dificuldades. Não se voltam a Ele porque o amam ou porque estão arrependidos, mas porque não querem sofrer. Para esses, o Eterno é descartável (Os. 5.15; 6.4). Estes possuem uma fé utilitarista.

Em terceiro lugar, é uma volta com diligência (2.12) – “[…] e isso com jejuns…”.

Deus conclama o seu povo que não aceita um arrependimento trivial, raso, transitório. Antes de serem restaurados precisam ser tomados de uma profunda convicção de pecado e de como haviam ofendido a Deus. Quem jejua tem pressa. Quem jejua está dizendo que a volta para Deus é mais importante e mais urgente que o sustento do corpo (Mt 4.4).

O jejum é instrumento de mudança, não em Deus, mas em nós. Leva-nos ao quebrantamento, à humilhação e a ter mais gosto pelo pão do céu do que pelo pão da terra. O jejum é uma experiência pessoal e intíma (Mt 6.16-18). Há momentos, porém, que ele se torna aberto, declarado e coletivo. Joel conclama o povo todo a jejuar nesse processo de volta a Deus (2.15).

O rei Josafá, numa época de profunda agonia e a de ameaça para o seu reino, convocou toda nação para jejuar, e o Eterno deu-lhe livramento (2 Cr. 10.1-4,22). A rainha Ester convocou todo o povo judeu para jejuar três dias, e Deus reverteu a sentença de morte já lavrada sobre os judeus exilados (Et. 4.16).

Em quarto lugar, é uma volta com sinceridade (2.13) – “Rasgai o vosso coração e não as vossas vestes”.

Deus não se impressiona com o desempenho humano. Ele não é movido por nossos gestos, nossa teatralização. Ele não se satisfaz com uma espiritualidade divorciada de uma vida de santidade. Ele não aceita um quebrantamento apenas exterior. Esse costume de rasgar as vestes era parte da reação cultural diante de uma crise (2 Rs. 19.1). A contrição interna é mais importante do que a manifestação externa de pesar. É o coração que deve ser atingido. É ele que deve ser rasgado.


O Eterno não se deixa enganar por nossos gestos, palavras bonitas e emoções sem quebrantamento. Deus vê o coração (1 Sm 16.7). Diante Dele não adianta “rasgar seda”: é preciso rasgar o coração. Para Deus não é suficiente apenas estar na igreja (Is 1.12) e ter um culto animado (Am 5.21-23). É preciso ter um coração rasgado, quebrado, arrependido e transformado. Um coração compungido jamais será desprezado por Deus.

Nele, que nos convoca para uma verdadeira conversão

Pr Marcello de Oliveira

Bibliografia: Pape, Dionísio. Justiça e esperança para hoje, p. 28
Lopes, Hernandes Dias. Joel. Ed. Hagnos 2009
Wiersbe, Warren. Comentário Expositivo. Geográfica Editora – 2006


A igreja que queremos ser – At 2

A igreja primitiva é o modelo mais excelente para todas as outras, em todos os tempos, em todos os lugares. Esta igreja tornou-se uma referência de igreja fiel, digna de ser imitada. Ao vermos em nossos dias as mais variadas igrejas, com as mais diversas liturgias, diferenças doutrinárias e denominações, nos perguntamos: “Qual é a igreja que queremos ser”?


Ao olharmos para a igreja no livro de Atos 2, encontraremos as marcas de uma igreja verdadeira. Alguém já disse: “Só conseguiremos enxergar o futuro com os olhos do passado”.

1) Queremos ser uma igreja comprometida com a verdade (At 2.42) –

A igreja que nasceu como fruto do derramamento do Espírito e da exposição ungida das Escrituras perseverava na doutrina dos apóstolos. Não há igreja verdadeira sem a doutrina apostólica. Onde as verdades das Escrituras são negadas ou torcidas, pode haver sociedades religiosas, mas não igrejas de Cristo. A igreja não pode estar à mercê de doutrinas de homens, mas fundamentada na eterna e infalível Palavra de Deus.

A igreja não pode andar às escuras. Ela sabe com segurança para onde vai. Ela anda na luz da verdade. A Igreja atual precisa urgentemente voltar para as Escrituras. Infelizmente o que está crescendo espantosamente neste país não é o Evangelho, mas outro evangelho, um evangelho mistificado, sincrético, antropocêntrico, que busca agradar os homens, em vez de glorificar a Deus.

2) Queremos ser uma igreja marcada pela profunda união entre os irmãos (At 2.42)

Uma igreja jamais poderá atrair pessoas se não houver comunhão entre os seus membros. O amor é a evidência do verdadeiro discípulo de Jesus (Jo 13.35). Nesta igreja todos os membros da igreja estavam juntos e tinham tudo em comum. Nesta igreja a prioridade eram pessoas, hoje invertemos, a prioridade é quanto está entrando no caixa da igreja. Essa igreja acolhia com muito amor todos os que chegavam e, ao mesmo tempo, era simpática com os de fora (At 2.47). A igreja apostólica era uma comunidade terapêutica.

Atualmente, muitas vidas em vez de serem curadas, saem mais doentes de quando entraram na igreja! Numa sociedade ferida e quebrada pelo pecado, a igreja de Cristo é lugar de refúgio e restauração para aqueles que se arrependem e crêem no Senhor Jesus.

3) Queremos ser uma igreja simpática aos olhos da sociedade (At 2.47)

A igreja de Jerusalém desfrutava de uma boa reputação na cidade. Os cristãos davam testemunho irrepreensível. Eles eram uma referência para os não-crentes. Podemos dizer o mesmo dos cristãos dos dias atuais? Há muitos comércios que nem vendem mais para cristãos! Alguém já disse: “Cuide de sua vida, pois ela pode ser a única Bíblia que alguém irá ler”. Temos dado bom testemunho? Temos sido sal e luz do mundo?

Hoje a igreja é mais conhecida por seus escândalos, do que a firmeza e integridade de sua missão. A igreja é grande, mas não causa impacto. Ela tem extensão, mas não tem profundidade. Tem membros ilustres, mas não há santidade. Tem um orçamento exemplar, mas não há nela a atuação do Espírito. A igreja via de regra tem crescido para os lados, mas não para cima nem em profundidade. Tem quantidade, mas não há qualidade.

4) Queremos ser uma igreja que tem “fome” de Deus (At 2.42)

A igreja de Jerusalém não apenas acreditava na oração; ela orava. Não apenas tinha uma correta teologia sobre oração; ela orava. As reuniões de oração em muitas igrejas estão morrendo! A igreja contemporânea desaprendeu de orar. Temos grandes livros sobre oração, mas não oramos. Pregamos sermões sobre oração, mas não oramos. O povo de Deus anda muito ocupado para ocupar-se com Deus. Hoje temos gigantes na erudição e pigmeus na vida de oração. E.M. Bounds disse no seu clássico livro O poder através da Oração que: “homens mortos tiram de si sermões mortos, e sermões mortos matam”

Hoje temos fome, mas não de Deus. Temos fome de sucesso, fama, dinheiro, etc. Como esperar outro Pentecoste se nem ainda fomos despertados para orar? Primeiro, vem a igreja toda, unânime, perseverando em oração, para só depois vir o Pentecoste.

Tenho que concordar com a magistral frase que li em um livro:

“Nunca tivemos tantos graus na igreja, mas ainda assim, temperaturas tão baixas”.

É verdade. Hoje temos apóstolos, bispos, “bispas”, logo, logo, teremos a 4º pessoa da trindade! Ó Deus tenha misericórdia de nós, e abre nossos olhos!

5) Era uma igreja que crescia diariamente (At 2.47)

Enquanto a igreja crescia em graça e santidade, Deus a fazia crescer em número. Qualidade gera quantidade. Quando a igreja planta e rega, Deus dá o crescimento (1 Co 3.6). Quando a igreja vive o que prega e testemunha no poder do Espírito, Deus a faz crescer. A igreja apostólica crescia em 3 dimensões:

A) Crescimento para cima – A igreja cresce para cima em adoração. O fim principal do homem é glorificar a Deus. Deus, e não o homem, é o centro da missão da igreja. Adorar a Deus não é apenas um momento do culto coletivo, quando entoamos hinos e ouvimos a Palavra. Toda a nossa vida deve ser uma vida de adoração. Não podemos separar a vida particular da adoração coletiva.

B) Crescimento para dentro – A igreja cresce para dentro em comunhão. Onde não há comunhão fraternal, não há adoração verdadeira a Deus. Onde não há perdão, o inimigo prevalece. Não podemos amar a Deus e odiarmos os irmãos ao mesmo tempo. Deus ordena a benção e a vida onde os irmãos vivem em união (Sl 133).

C) Crescimento para fora – A igreja cresce para fora por meio da evangelização. Uma igreja saudável não vive para si mesma. Ela não é narcisista. A igreja deve buscar os perdidos. Sua missão é anunciar o evangelho a toda criatura e fazer discípulos de todas as nações. A evangelização deve arder em nosso coração. A evangelização deve ser um estilo de vida de todo o cristão. Quão triste é saber que muitos cristãos não conseguem ganhar uma alma durante o ano inteiro. Isso deveria nos envergonhar!

Concluo com uma pérola:

“Uma igreja que não evangeliza precisa ser evangelizada”.

Pr Marcello de Oliveira

Bibliografia: Wiersbe, Warren. Comentário Expositivo. Geográfica Editora – 2006

Lopes, Hernandes Dias. Mensagens Selecionadas. Ed. Hagnos – 2008

As credenciais do Evangelho –

O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16). O evangelho nasceu no coração de Deus, e não no coração do homem; procede do céu, e não da terra; foi concebido na eternidade, e não no tempo. Aonde o evangelho chega, vidas são transformadas, famílias são salvas, cidades são restauradas. Nenhuma força, nenhum poder, pode resistir ao evangelho. Nenhum exército pode deter seu avanço.

Em Colossenses, capítulo 1 vs 5-8 o apóstolo Paulo nos fala sobre cinco distintivas marcas [credenciais] do evangelho.

Em primeiro lugar, o evangelho é a boa notícia de Deus ao homem (1.5).

A melhor definição de evangelho é “a boa notícia de Deus ao homem”. O evangelho não é sinônimo de dinheiro, mansões, fama, sucesso. Não. Não temos autoridade para descaracterizar o evangelho. Apesar de o homem ser pecador, Deus o amou com amor eterno. Apesar do homem ser rebelde, Deus tomou a iniciativa de reconciliar-se com Ele. Apesar de o homem merecer a condenação eterna, Deus lhe ofereceu a vida eterna. O evangelho são as melhores notícias, procedentes da pessoa mais importante [Jesus], acerca do assunto mais urgente [salvação], e ele é dirigido a todas as pessoas.

Em segundo lugar, o evangelho é a verdade (1.5)

Todas as religiões precedentes poderiam intitular-se “conjecturas sobre Deus”. O evangelho de Cristo, porém, traz ao homem não conjecturas, mas a verdade absoluta sobre Deus. O evangelho não é uma ponte construída da terra ao céu. Não é o homem buscando a Deus, mas Deus buscando o homem.

Dr. Warren Wiersbe, afirma que muitas mensagens e idéias podem ser consideradas verdadeiras, mas somente a Palavra de Deus pode ser chamada de verdade. Jesus é a verdade (Jo 14.6). Sua Palavra é a verdade (Jo 17.17). O evangelho é a verdade absoluta e invencível. Muitos pensadores já se levantaram com suas falsas ideologias dizendo que o evangelho terminaria. Mas todas essas pretensas e tolas teorias caem no esquecimento, cobrem-se de pó, mas a Palavra de Deus caminha viva, vitoriosa, triunfante.

Em terceiro lugar, o evangelho está centrado na graça de Deus (1.6b)

O evangelho quebra nosso orgulho, nossa vaidade, nossa justiça própria. O evangelho não está centrado na obra do homem para Deus, mas na obra de Deus para o homem. O evangelho não é a mensagem que Deus pede, mas que Deus oferece.

A graça é manifestada quando Deus me dá o que eu não mereço. Não alcanço o favor de Deus por quem eu sou ou pelo que faço, mas por aquilo que Cristo fez por mim. A graça é um favor imerecido. Não a merecemos. William Hendriksen, ilustre comentarista bíblico definiu a graça de forma magistral:

“A graça de Deus é seu favor ativo que outorga o maior de todos os dons a quem merece o maior de todos os castigos”

Em quarto lugar, o evangelho é produtivo (1.6) –

O evangelho é uma força viva. Ele tem vida em si mesmo. Aonde chega, vida são transformadas, famílias são salvas, cidades são restauradas e nações são impactadas. O evangelho transforma pecadores em santos. Sua obra é eficaz. Seu poder é notório. Sua mensagem triunfante. No texto grego, o verbo karpoforéo dá a seguinte idéia: “dar fruto, frutificar”, ou seja, o evangelho produz fruto por si mesmo.

Em quinto lugar, o evangelho é para ser pregado e crido (1.7-8) –

Foi Epafras quem levou o evangelho aos colossenses. Deus utiliza-se de um canal humano por meio do qual o evangelho possa chegar aos homens. Nós que recebemos o evangelho devemos ser canais para levar o evangelho a outros. Esta mensagem precisa ser pregada e crida. O método de Deus alcançar o mundo com o evangelho é a igreja. Não há outro método. Não há outra estratégia.

O propósito de Deus é o evangelho todo, por toda a igreja, a todo o mundo. Nós que recebemos o privilégio do evangelho, recebemos também a responsabilidade de transmiti-lo a outros.

Concluo este texto com três pérolas:

“O evangelho é a clara manifestação do mistério de Cristo”

João Calvino

“O evangelho tem em si a marca registr
ada do céu”

William White

“A lei é o martelo que nos quebra; o evangelho é óleo que nos cura”

Stephen Charnock

Nele, que é o verdadeiro Evangelho

Pr Marcelo de Oliveira

Bibliografia: Warren, Wiersbe. Comentário Expositivo. Geográfica Editora

Lopes, Hernandes Dias. Colossenses. Ed. Hagnos – 2008

Uma palavra de gratidão

Shalom!

1. Amados leitores[as], irmãos[as] e ilustres pastores!

2. Uso este espaço para agradecer todos os leitores deste singelo blog. Por graça do Eterno, este blog completa 6 meses e 8 dias que está no ar. Quero agradecer os 300 seguidores deste blog. Obrigado por cada palavra, cada comentário, cada visita aqui. Tenho a certeza que muitas vidas tem sido de uma forma ou outra abençoadas, edificadas, e transformadas pela exposição da Palavra neste espaço.

3. Que o Eterno resplandeça o rosto Dele sobre cada um de vós!

4. Continuaremos juntos nesta tarefa de exaltar, honrar e magnificar a bendida Palavra do Eterno. Afinal, este é o título deste blog:

A SUPREMACIA DAS ESCRITURAS.

Nele, em quem temos a vida eterna

Pr Marcello de Oliveira.

P.s Se você foi abençoado [a], edificado [a], instruído [a] por meio deste espaço, não deixe de postar seus comentários. Ficarei muito agradecido!

O que um cristão não deve ser – Oséias 7

A vida cristã tem aspectos negativos e positivos. É composta do que devemos evitar e do que devemos fazer. Na vida cristã, precisamos recuar e também avançar; desprezar o erro e ao mesmo tempo anelar a verdade. O profeta Oséias usa quatro figuras bastante interessantes para mostrar o que um cristão não deve ser. Vejamos essas figuras:


1) O cristão não pode ser um forno aceso (Os 7.4)

Oséias denuncia a liderança de Israel que vivia de forma dissoluta, desonesta e entregue a maldade cruel. Eles viviam inflamados pela paixão carnal e ardiam como um forno aceso para cometer toda sorte de devassidão. Eram líderes adúlteros e mentirosos. Tinham pressa para pecar. Viviam quentes e acesos, em alta temperatura, movidos pela lascívia e pelo desejo de se entregarem a toda sorte de impureza sexual.

Vivemos hoje numa sociedade hedonista, e pansexual. Esse é o tempo da idolatria do corpo e da gratificação dos desejos. Vivemos numa sociedade decadente, na qual os princípios morais são tripudiados; a imoralidade, aplaudida; e os vícios degradantes,incentivados. As pessoas vivem abrasadas como um forno aceso. Elas têm pressa para pecar e caminham céleres para um desastre avassalador.

2) O cristão não pode ser um bolo encruado (Os 7.8)

Um bolo encruado é aquele que está queimado de um lado e cru do outro. Isso fala de uma vida dupla: de duplicidade no caráter; de ser uma coisa em casa e outra no trabalho; de ter uma conduta em público e outra na vida privada; de ter uma aparência piedosa na igreja e uma postura mundana dentro do lar. Israel deixou de ser luz entre as nações e se misturou com elas para assimilar seus pecados. Apagou sua luz e cobriu-se de trevas. Em vez de ser sal que inibe a corrupção, tornou-se massa disforme e contaminada pelo fermento da maldade.

Há muitos cristãos hoje que são mais influenciados pelo mundo do que luzeiros no mundo. São crentes, mas mentem. São crentes, mas vão para as boates. São crentes, mas vivem enganando os outros. São crentes, mas cobiçam propriedade alheia. São crentes, mas usam sua língua para espalhar boatos e mentiras. Estão na igreja, mas amam o mundo; conformam-se com o mundo e, por isso, serão julgados com o mundo. São crentes, mas têm vida dupla. São como um bolo que não foi virado. A vida descomprometida de muitos cristãos é o maior obstáculo ao evangelho. Um cristão carnal é pior que um ateu. A hipocrisia é um pecado que o Eterno abomina. Esses são aqueles que professam conhecer Deus, mas o negam por suas obras.

3) O cristão não deve ser uma pomba insensata (Os 7.11)

Quando o profeta Oséias afirma que Israel é como uma pomba insensata, está falando que lhe falta discernimento espiritual. Israel deixou o Eterno e foi buscar socorro debaixo das asas do Egito e da Assíria. Deixou o Eterno e buscou ajuda naqueles que haveriam de saquear-lhes os bens e destruir-lhe a vida.

Todas as vezes que damos as mãos ao mundo e fazemos aliança com aqueles que desprezam o Senhor, agimos como uma pomba insensata. A amizade com o mundo, é inimizade com Deus. Precisamos ter discernimento. Hoje tudo o que é falado em nome de Deus, nós aceitamos. Onde estão os cristãos bereanos de nossos dias (At 17.11). Precisamos ser guiados pela Palavra de Deus e andar em sintonia com Deus, e não aliançados com o mundo. Está na moda o ecumenismo, palavra esta que significa: “aberto para o mundo inteiro ”. Mas que sociedade há entre as trevas e a luz? Que sociedade pode existir entre a justiça e a injustiça? Que harmonia há entre Cristo e o maligno? Que harmonia há entre o evangelho genuíno, e a falaciosa teologia da prosperidade? É tempo de discernimento!

4) O cristão não deve ser um arco enganoso (Os 7.16)

Oséias denuncia o povo de Israel dizendo que este, em vez de se voltar para Deus, foge dele e caminha rapidamente para a morte. Esse povo tornou-se um arco enganoso, o qual, em vez de lançar a flecha contra o inimigo, lançou-a contra si mesmo.

Um arco enganoso é uma figura que fala de alguém que age contra si mesmo, fere a si mesmo, atenta contra si mesmo e se autodestrói. Um arco enganoso é um instrumento defeituoso que não pode ser usado, que se torna inútil e até perigoso. Quantas pessoas feridas em nossas igrejas. Quantos relacionamentos que estão arruinados. Quantas igrejas que estão em pé de guerra com suas convenções e seus partidarismos.

Deus nos salvou para sermos vasos de honra. Deus nos abençoou, para abençoarmos a outras vidas. Que a nossa vida não seja um arco enganoso, mas uma arma poderosa nas mãos de Deus, instrumentalizada por Deus para a glória Dele. Amém!


Bibliografia: Lopes, Hernandes Dias. Mensagens Selecionadas. United Press

A voz no templo – Jr 7 – Leia com atenção!

Três vezes por ano, os homens judeus deviam ir ao templo em Jerusalém para comemorar as festas (Dt. 16.16); possivelmente, aqui se trata de uma dessas ocasiões. É bem provável que o templo estivesse cheio, mas não havia muitos adoradores verdadeiros em seus átrios. O profeta ficou em pé, ao lado de um dos portões que davam para o átrio do templo, e ali pregou para o povo que passava. Jeremias apresentou quatro acusações de Deus contra o povo de Judá.

“De nada adianta sua adoração” (vv. 1-15).

Por acreditar nas mentiras dos falsos profetas, o povo pensava que poderia vivem em pecado e, ainda assim, ir ao templo e adorar a um Deus santo. De acordo com Jeremias 7.6-9, eram culpados de quebrar cinco dos dez mandamentos, mas os falsos profetas asseveraram que a presença de Deus no templo em Jerusalém garantiria à nação a proteção e as bênçãos de Deus contra qualquer inimigo. Ledo engano. Isso não se tratava de fé, mas sim de uma superstição cega, e num instante Jeremias acabou com suas ilusões.

Jesus fez referência ao versículo 11 depois que purificou o templo (Mt. 21.13). Um covil de salteadores é um lugar onde os ladrões escondem depois de cometer seus crimes. Assim, Jeremias estava afirmando que os judeus estavam usando as cerimônias do templo para encobrir seus pecados. Em vez de ser santificado no templo, o povo estava transformando o templo num lugar profano!

Um século antes, Isaías havia pregado a mesma mensagem (Is. 1) e muito tempo depois Paulo escreveu uma advertência semelhante aos cristãos de seus dias (Ef. 5.1-7; Fp 3.17-21). Qualquer teologia que faz pouco da santidade de Deus e que tolera os pecados deliberados das pessoas é um fala teologia. O povo precisava arrepender-se, não apenas para evitar as desastrosas conseqüências de seus pecados em seu caráter e em sua adoração, mas também para escapar do julgamento que estava por vir (Jr 7.12-15).


“De nada adiantam suas orações” (vv. 16-20).

Em pelo menos três ocasiões, Deus instruiu Jeremias a não orar pelo povo (Jr 7.16; 11.4; 14.11) – o que certamente equivalia a uma terrível acusação contra os judeus. Deus permitiu que Abraão orasse pela perversa Sodoma (Gn. 18.23-33) e ouviu quando Moisés intercedeu pelo povo pecador de Israel (Ex. 32; 33; Nm 14), mas não deixou que Jeremias suplicasse pelo reino de Judá. O povo havia ido longe demais em seus pecados, e tudo o que lhes restava era o juízo.

A degeneração de uma nação começa em seus lares, e Deus viu famílias inteiras em Jerusalém trabalhando em conjunto para adorar ídolos (Jr. 7-17-19). Se ao menos os pais tivessem ajudado os filhos a aprender sobre o Senhor e a adorá-lo! Mas os judeus prestavam culto à Ishtar, a deusa babilônica do amor e da fertilidade, cuja adoração envolvia obscenidades abomináveis (Jr. 44.17-19, 25). Por certo, essa adoração pecaminosa entristecia a Deus, mas o povo estava causando mais mal a si mesmo do que ao Senhor. Essa imoralidade pagã tinha um efeito devastador sobre as crianças, e Deus enviaria um julgamento que destruiria a terra, a cidade, o templo e o povo. Judá estava sacrificando o permanente em troca do imediato, um péssimo negócio.

“De nada adiantaram seus sacrifícios” (vv. 21-26)

Uma leitura superficial desse parágrafo pode nos dar a impressão de que Deus estava condenando todo o sistema sacrificial que havia dado a seu povo em Êxodo e em Levítico, mas não é esse o caso. De maneira irônica, Jeremias estava apenas lembrando o povo de que sua profusão de sacrifícios não significaria coisa alguma caso seu coração fosse infiel a Deus. O Eterno quer obediência e não sacrifício (1 Sm. 15.22), misericórdia e não rituais religiosos (Os. 6.6; Mq. 6.7)

A aliança de Deus com Israel no monte Sinai enfatizou a demonstração de sua graça para com a nação e a importância da obediência ao Senhor (Ex. 19.1-8). O Eterno estava se casando com uma esposa, e não comprando uma escrava. Quando, no livro de Deuteronômio, Moisés repetiu a lei para a nova geração, sua ênfase foi sobre a importância de amar ao Senhor e de lhe obedecer de coração (Dt 6.1-15; 10.12-22; 11.1) Colocar o ritual exterior no lugar da devoção interior faria com que os sacrifícios perdessem seu sentido e privaria o coração das bênçãos de Deus. O mesmo principio aplica-se aos cristãos de hoje.


“De nada adiantam minha disciplina e correção” (Jr 7.27 – 8.3)

“Esta é a nação que não atende à voz do Senhor, seu Deus, e não aceita a disciplina” (Jr 7.28). Deus disciplina a quem ama (Pv. 3.11,12; Hb 12.5-13), e se verdadeiramente conhecemos e amamos o Eterno, a disciplina nos levará de volta para Ele em obediência contrita. Porém, Deus disse a Jeremias que lamentasse pela nação morta, pois eles não se arrependeriam.

Tofete é uma palavra aramaica que significa “fogueira” e tem um som parecido com o termo hebraico usado para “coisas vergonhosas”. Tofete era um lugar, no vale do filho de Hinom, onde o povo sacrificaria seus filhos aos ídolos jogando as crianças no fogo (Is. 30.33). O rei Josias havia profanado Tofete e transformado o lugar num depósito de lixo (2 Rs 23.10), porém logo após sua morte esses horríveis rituais pagãos foram reinstituídos. O termo grego geena, que significa “inferno”, vem da palavra hebraica ge’hinnom, o vale de Hinom. O inferno é um depósito de lixo onde os pecadores que rejeitam a Cristo sofrerão eternamente, junto com o Diabo e seus anjos (Mt 25.41).

Concluindo, Jeremias anunciou que chegaria o dia em que o vale de Hinom se tornaria um cemitério pequeno demais para todas as pessoas que precisariam ser enterradas ali depois da invasão babilônica. “Não serão recolhidos nem sepultados, serão como esterco sobre a terra” (Jr 8.2).

Pr Marcello Oliveira

Bibliografia: Wiersbe, Warren. Comentário Expositivo. Geografica Editora -2006

Pais Convertidos aos Filhos – Ml 4.6

O evangelho começa no lar. Se o evangelho não atua no lar, não funcionará em lugar algum. A mais bela expressão do evangelho é o lar feliz, no qual os pais entendem e têm tempo para seus filhos e estes, cercados de amor, crescem no conhecimento de Deus.

O último livro do Velho Testamento, Malaquias, encerra sua profecia falando da conversão dos pais aos filhos e da conversão dos filhos aos pais (Ml 4.6).


A seguir mostrarei algumas características dos pais convertidos aos filhos.

1) São pais que dão mais valor aos filhos que às coisas materiais.

Estamos vivendo uma inversão de valores em nossa sociedade. Esquecemo-nos de Deus, amamos as coisas e usamos as pessoas, quando deveríamos adorar a Deus, amar as pessoas e usar as coisas. Há pais que correm loucamente atrás de bens materiais e se esquecem dos filhos. Substituem o relacionamento familiar por conquistas financeiras. Muitos homens chegam ao topo do sucesso e fracassam dentro do lar. Os filhos não precisam tanto de presentes, mas de presença. A nossa herança não é o dinheiro, nem casas, nem carros ou bens, mas sim os filhos (Sl 127.3).
É a história do menino que pedia todas as noites ao pai para brincarem juntos, e ajudá-lo a montar seu quebra-cabeça. O pai sempre dava uma desculpa e esquivava-se para seus afazeres de adulto. Um certo dia, o menino sofreu um grave acidente e, no leito de morte, antes de sucumbir os ferimentos, sussurrou: “Papai, o senhor não me ajudou a montar meu quebra-cabeça”. O pai aflito e perturbado disse que daria tudo para voltar o passado e começar tudo de novo em seu relacionamento com o filho. Mas era tarde demais.

2) São pais que ensinam os filhos no caminho em que devem andar.

Temos visto uma crise de integridade atingindo a família. Nosso mundo está confuso e entregue às filosofias humanistas. Os pais estão confusos e os jovens, perdidos numa cultura que promove os excessos, escarnecem da virtude e os leva para a vala da mediocridade. Os pais estão perdendo o controle dos filhos. Não sabem mais para onde vão, o que fazem, com quem andam e a que horas chegam em casa. No Brasil, cerca de 25% dos filhos dormem com as namoradas dentro da casa dos pais e com o consentimento destes. Muitos jovens passam a noite inteira em boates, sob o tom alucinante de músicas agitadas, embaladas por bebidas alcoólicas e até mesmo drogas nocivas à saúde física, mental e espiritual.
Precisamos fazer uma grande cruzada em favor da família. O homem foi constituído por Deus como cabeça da família. Ele precisa ocupar o seu posto de honra. Deve ser o líder espiritual da família. Os filhos precisam de modelos e não de discursos, de exemplos e não de palavras, de paradigmas e não de imposições. Um ditado chinês diz que pegamos mais moscas com uma gota de mel do que com um barril de fel.


3) São pais que amam seus filhos incondicionalmente.
Muitos pais amam a si mesmos e não aos filhos. Amam o sucesso dos filhos e não a eles. Há aqueles que vêem os filhos apenas como troféus de sua própria vaidade. É preciso amar os filhos de forma incondicional, amá-los mesmo quando tropeçam e caem, mesmo quando fracassam, ou não correspondem às expectativas paternas. Amar incondicionalmente, entretanto, não é um amor irresponsável, mas um amor sacrificial.
O filho pródigo havia desperdiçado os bens de seu pai e vivido de forma dissoluta. No fundo do poço, caiu em si e resolveu voltar para a casa do pai. Sabia que não merecia o status de filho. Queria ser apenas um jornaleiro. Porém, seu pai o recebeu com honras. Nem mesmo lhe permitiu terminar o discurso de desculpas. Abraçou-o, beijou-o, vestiu-lhe com a melhor roupa, colocou-lhe sandálias nos pés e um anel no dedo. Matou um bezerro e começou a festejar. Esse é o amor incondicional! É assim, também, o amor de Deus por nós. Amou-nos quando éramos pecadores, quando éramos seus inimigos. Buscou-nos quando não o buscávamos. Amou-nos a ponto de dar seu Filho, para morrer em nosso lugar.

4) São pais que perdoam seus filhos.

Não existem pais nem filhos perfeitos. Não existem cônjuges nem casamentos perfeitos. Há falhas na família. Nós decepcionamos as pessoas e elas nos decepcionam. Não há relacionamentos saudáveis sem o exercício do perdão. Todavia, há pais, que são duros demais com os filhos, tratando-os com rigidez e insensibilidade. Estão sempre cobrando, mas nunca elogiam; estão sempre disciplinando, mas nunca dão carinho; sempre apontando os erros, mas nunca destacam os acertos. Filhos que crescem em clima de violência verbal e truculência nas atitudes serão inseguros e revoltados; obedecem aos pais não por respeito, mas por temor.
Esses pais exercem uma autoridade abusiva, não uma autoridade adquirida. Os filhos erram, algumas vezes deliberadamente; outras, inadvertidamente. Em ambas as circunstâncias, é necessário perdoar. O perdão tem como propósito restaurar o faltoso e dar-lhe a oportunidade de recomeçar uma nova caminhada e reescrever sua história. O perdão torna a pessoa livre. O perdão quebra as correntes da escravidão, faz uma faxina na mente, uma assepsia na alma e uma cura das memórias.

O relacionamento de Absalão com seu pai terminou em tragédia porque Davi falhou em perdoá-lo.


Nele, que converte os corações dos pais aos filhos,

Pr Marcello de Oliveira

 

Bibliografia: Lopes, Hernandes Dias. Malaquias. Ed Hagnos

                   Wiersbe, Warren. Comentário Expositivo. Geográfica Ed.

Elpis e Elpizein – A esperança Cristã

O substantivo elpis significa esperança, e o verbo elpizein significa esperar. Ao analisarmos seu uso no N.T, poderemos descobrir o conteúdo e a base da esperança cristã.

Elpis, esperança, é uma das três grandes colunas da fé cristã. É na esperança, juntamente com a fé e o amor, que a totalidade da fé cristã está fundamentada (I Co 13.13). A esperança é caracteristicamente a virtude cristã e é algo impossível ao não cristão (Ef 2.12). Somente o cristão tem a esperança de enfrentar a vida. Somente o cristão pode considerar a morte com serenidade e tranqüilidade.

A seguir, veremos em que consiste a esperança cristã:

1) É a esperança da ressurreição dentre os mortos. Essa idéia está consistentemente em todo N.T (At 23.6; 26.6; 1 Co 15.19; 1 Ts 4.13; 1Pe 1.3; 1 Jo 3.3). O cristão caminha não para a morte, mas para a vida. Para ele, a morte não é o abismo do nada ou do aniquilamento. É o “portão no horizonte”.

2) É a esperança da glória de Deus (Rm 5.2). É a esperança de que já não veremos a glória de Deus na nuvem ou em espelho, obscuramente. É a certeza de que o dia virá em que veremos a glória de Deus e em que seremos com ela revestidos.

3) É a esperança de uma nova dispensação (2 Co 3.12). Enquanto os homens se consideravam governados pela lei, não havia lugar para nada senão o desespero, porque ninguém pode obedecer e satisfazer a lei perfeita de Deus. Quando percebemos que a tônica da religião não é a lei, mas o amor, nasce uma nova esperança

4) É a esperança da justiça (Gl 5.5). Em Paulo justiça ou justificação significa um relacionamento certo com Deus. Quando o homem considera que a religião é lei, coloca-se em falta diante de Deus, e , portanto, sempre haverá o terror de Deus. Mas a mensagem de Jesus Cristo capacita o homem a entrar num novo relacionamento com Deus onde o terror não existe, havendo lugar somente para a confiança tal qual de uma criança.

5) É a esperança da salvação. Esta esperança tem dois aspectos. [a] É a confiança da segurança neste mundo (2 Co 1.10), não no sentido da proteção da calamidade e do perigo, mas no sentido de estar independente destes. [b] É a confiança de segurança no mundo do porvir. É a esperança da segurança em meios aos perigos da terra, e o salvamento do julgamento de Deus.

6) É a esperança da vida eterna (Tt. 1.2; 3.7). No N.T a palavra eterna sempre ressalta, não a duração, mas a qualidade da vida. Eterno é a palavra que descreve qualquer coisa que é própria de Deus. A vida eterna é o tipo de vida que Deus vive. A esperança do cristão é que um dia compartilhará da própria vida de Deus.

7) É a esperança da segunda vinda triunfante de Cristo (Tt. 2.13; 1 Pe 1.13; 1 Jo 3.3). A segunda vinda não é uma doutrina que está em moda hoje em dia, mas certamente conserva esta grande verdade – que a história avança para um destino, que a história não é o fio fora da meada, nem uma coletânea qualquer de eventos isolados e sem sentido. Há uma consumação. O cristão é um homem que considera que ele mesmo e a totalidade da vida estão a caminho de um alvo.

8) É uma esperança que está preservada nos céus (Cl 1.5). Isto significa que se antegoza algo que já está preparado para o cristão, e aquilo não está à mercê do acaso e das mudanças do tempo. Está sob os cuidados de Deus e, portanto, é algo que será a conclusão do desígnio de Deus e o cumprimento de todas esperanças e sonhos da alma do homem.

As fontes da esperança cristã

1) a esperança cristã é o produto da experiência (Rm 5.4). É possível que as experiências e as provações da vida levem o não cristão ao desespero. O cristão tem uma esperança que vê todas as coisas e que se torna cada vez mais brilhante e não ofuscada.

2) A esperança é o produto das Escrituras (Rm 15.4). Se alguém estudar os registros do tratamento de Deus com os homens e da intenção de Deus para os homens, isso trará muita esperança.

3) A esperança é o produto do evangelho (Cl 1.23). O evangelho é boas novas. A mensagem de João Batista (Lc 3.7,17) é uma mensagem com uma ameaça que levaria qualquer homem ao desespero. A mensagem de Jesus é um convite, uma oferta, uma promessa, uma boa nova admirável que levanta o coração de qualquer homem que está pressionado pelo seu pecado.

4) A esperança depende de Jesus e da Sua obra (Cl 1.27; 1 Tm 1.1). A esperança cristã não é fundamentada em qualquer coisa que o homem tenha feito, ou que possa fazer sozinho. É fundamentada naquilo que Cristo fez por ele. Amém!

Pr. Marcello Oliveira
Bibliografia: Barclay, William. Palavras Chaves. Edições Vida Nova

EIRENE – O MELHOR DA VIDA

Havia poucas coisas que o mundo antigo desejava mais do que a paz. A busca pela paz era universal. O alvo de todas as filosofias antigas era a ataraxia, a serenidade, a tranqüilidade, a mente quieta. César talvez pudesse produzir um mundo em paz, mas o anelo dos homens era um coração em paz, uma paz não proclamada por César, mas por Deus. Nesta busca pela paz, há algumas idéias que voltam sempre a ocorrer.

(a) A paz somente pode vir com a eliminação do desejo. “Se quiser tornar Pítocles feliz”, disse Epicuro, “não aumente seus bens, mas diminua os seus desejos”. Nada que se possa dar ao homem pode lhe trazer a paz. Deve-se retirar-lhe os desejos humanos instintivos que fazem da vida uma frustração e um campo de batalha.

(b) A paz vem de uma total independência auto-suficiente, da autarkeia. O homem nunca deve tornar-se, em sentido algum, dependente de qualquer coisa fora de si mesmo. Sua vida deve ser totalmente auto-suficiente, defendida pela resolução de que não se importará com nada.

Estas eram as idéias básicas da paz: “ a ausência da dor física e da preocupação na mente”, conforme a definição de Epicuro. Fica bem claro que estes filósofos antigos viam a paz em termos de imparcialidade, auto-isolamento e resistência contra a vida. A única coisa proibida era o envolvimento na situação humana externa. E fica bem claro que há uma diferença enorme entre isto, o modo de via neotestamentário e o ideal cristão. Examinemos, então, a idéia neotestamentária de paz.


A palavra paz entrou no N.T com uma história grandiosa. É a tradução da palavra hebraica shalom. É verdade que shalom significa paz, e como paz é traduzida na maior parte das referências em nossas Bíblias, embora existam outras possibilidades tais como: saúde (Sl 38.3), bem estar (como vai ele?) (Gn 43.27), prosperidade (riquezas e fama) Jó 15.21. Shalom realmente significa tudo quanto contribui para o bem do homem, tudo que faz com que a vida seja verdadeiramente vida.

Entre nós, paz passa a ter um significado um pouco negativo. Tende a significar a ausência de guerra e de problemas. Por exemplo, se numa batalha, as hostilidades propriamente ditas chegassem ao fim, sem haver mais lutas, provavelmente diríamos que houve paz; mas bem certamente o hebreu não chamaria de paz uma situação onde há terras queimadas, e onde as pessoas ainda se olham com um tipo de suspeita aterrorizada. No pensamento hebraico a paz é algo muito mais positivo; é tudo quanto contribui para o sumo bem dos homens.


Veremos brevemente, então, a palavra eirene conforme é usada na LXX [septuaginta].


1) Descreve a serenidade, a tranqüilidade, o perfeito contentamento da vida totalmente feliz e segura

O caminho da retidão será a paz, e o efeito da retidão será a quietude e segurança para sempre (Is 32.17). O salmista deitar-se-á em paz e dormirá, porque é Deus quem o faz repousar seguro (Sl. 4.8). Jeremias contrasta a terra da paz com a floresta do Jordão (Jr 12.5). Esta palavra paz traz calma e a serenidade da vida da qual o medo e a ansiedade foram banidos para sempre.

2) Eirene é a palavra para descrever a perfeição dos relacionamentos.

(a) É a palavra da amizade humana. Os amigos de um homem são literalmente, em hebraico, “os amigos da minha paz” (Jr 20.10 ARA: “íntimos amigos”; Jr 38.22, ARA: “bons amigos”). A condenação que Isaías faz dos homens maus e injustos é que não conhecem o caminho da paz. Eles têm sido destruidores de relacionamentos pessoais. Procure a paz, diz o salmista, e empenha-te por alcançá-la (Sl 34.14).


(b) É a palavra do relacionamento certo entre uma nação e outra, como, por exemplo, quando Josué faz a paz com os homens de Gibeão (Js. 9.15)

(c) É a palavra do relacionamento certo entre o homem e Deus.

Entre Deus e os seus, há uma aliança de paz, o que torna certo que será mais fácil serem removidas as montanhas e as colinas do que a misericórdia de Deus afastar-se dos homens (Is. 54.10). Jeremias declara que Deus tem pensamentos de paz para com os homens (Jr 29.11).


No N.T a palavra paz, eirene, ocorre oitenta e oito vezes, e em todos os livros. O N.T é o livro da paz.

A ocorrência mais comum acha-se nas saudações. A saudação normal numa carta do N.T é: “Graça a vós outros e paz” (Rm 1.7; 1 Co 1.3; 2 Co 1.2; Gl 1.3; Ef 1.2; 1 Ts 1.1; 2 Ts 1.2; Fm 3). Esta é uma saudação especialmente significativa. Graça é charis; charis é o substantivo de chairein que é o início normal de uma carta “pagã”. É usualmente traduzido: “saudações!”, mas o significado é: “A alegria seja contigo!” Paz é eirene, e é a saudação normal e comum numa carta judaica. É como se os escritores cristãos tomassem e juntassem as saudações “pagãs” e judaicas e expressassem: “Em Jesus Cristo realizou-se tudo quanto judeus e gentios já sonharam e desejaram para si mesmos e para os outros. Em Jesus Cristo existe, para judeus e gentios, hebreus e gregos, tudo para o sumo bem dos homens”. Todas as bênçãos reúnem-se no bem-estar perfeito oferecido em Jesus Cristo.


No N.T, paz tem certas origens:

1) A paz provém da fé. A oração de Paulo pelos cristãos em Roma é que o Deus da esperança os enchesse com todo gozo e paz no seu crer (Rm 15.13). A paz provém da certeza da sabedoria, do amor e do poder de Deus. A paz provém de “apostar” sua vida na fé de que aquilo que Jesus disse a respeito de Deus é verídico.

2) A paz provém da fé que se aplicou à atuação. Há glória e honra e paz para todos quantos praticam o bem, para o judeu e o grego igualmente (Rm 2.10). A paz provém da obediência que se fundamenta na total confiança em Deus. A vida cristã tem em primeiro plano a atividade intensa, e, como pano de fundo, uma passividade sábia em que o cristão descansa em Deus.

3) A paz provém de Deus. Paulo fala da paz de Deus que excede todo entendimento (Fp. 4.7). Com toda a probabilidade, isto não quer dizer tanto que a paz de Deus ultrapassa o poder da compreensão da mente humana, mas que a paz de Deus ultrapassa a capacidade de planejar da mente humana. A paz é muito mais uma coisa que Deus dá, do que algo que o homem cria.

4) A paz é o dom de Jesus Cristo. Quando o Cristo ressurreto voltou para seu próprio povo, sua saudação foi: “Paz seja convosco” (Jo 20.19,21,26).

Quando Cristo estava para deixar este mundo, sua vontade foi feita. Entregou seu espírito ao Pai e deixou seu corpo com José de Arimatéia; suas roupas caíram aos pés dos soldados; sua mãe, ele entregou aos cuidados de João. Mas o que deixaria aos seus discípulos, aqueles que haviam abandonado tudo por Ele? Prata e ouro Ele não possuía, mas deixou-lhes algo infinitamente melhor: Sua PAZ .

Nele, em que temos o verdadeiro Shalom

Pr Marcelo de Oliveira

Bibliografia: Barclay, William. As Obras da Carne. Edições Vida Nova

No princípio, Deus

A primeira verdade revelada por Deus ao homem foi declarar sua existência e sua obra criadora. Ele é o Criador. Esta verdade bíblica, reprova algumas posições comuns defendidas hoje:


Reprova o ateísmo

A negação da existência de Deus esbarra nessa realidade irrefutável de que Deus existe e é a origem causadora de todas as coisas. Tudo veio a existir por sua vontade livre e soberana. Do nada, nada se cria. Vida só procede de vida.
A existência de um relógio pressupõe a existência de um relojoeiro. A existência de uma casa pressupõe a existência de um construtor. A existência do universo pressupõe a existência de um Criador. Segundo os cientistas dizem que para cada grão de areia, de todas as praias e desertos, há uma estrela brilhando no firmamento.
O Dr. Marshall Nirenberg, Prêmio Nobel de Biologia, descobriu que temos 60 trilhões de células em nosso corpo. Em cada célula, temos 1,70m de fita DNA. Se esticarmos a fita DNA do nosso corpo, teremos 102 trilhões de metros, ou seja, 102 bilhões de quilômetros de fita DNA, onde estão gravados e computadorizados todos os nossos dados genéticos. Se esticarmos a fita DNA do nosso corpo, seria possível dar diversas voltas ao sistema planetário. Sabemos que o acaso não origina códigos de vida. Certamente uma mente soberana e sábia planejou e criou todas as coisas.
Richard Dawkins, o patrono dos ateus, no seu insolente livro Deus, um delírio, escarnece daqueles que crêem em Deus. Mas é Richard Dawkins quem está delirando. Unimos nossa voz à do salmista: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (Sl. 19.1)
 
Louis Nizer disse: A melhor resposta a um ateu é oferecer-lhe um ótimo jantar e perguntar-lhe se ele crê que existe um cozinheiro.Reprova o agnosticismo.

A negação da possibilidade de se conhecer a Deus está em aberta oposição ao fato de que Deus se revelou por meio da natureza, da consciência, da Palavra e de Jesus Cristo. Nós somente conhecemos a Deus porque Ele se revelou a nós. Não descobrimos Deus; fomos descobertos por Ele. Não amamos a Deus primeiro; Ele nos amou e nos atraiu para si com cordas de amor. É bem verdade, que Deus só se dá a conhecer de forma pessoal e íntima aqueles que o temem.

Reprova o panteísmo.

A idéia de que Deus é apenas imanente, e não transcendente, e que Ele se confunde com a própria obra criada está em total desacordo com as Escrituras. Deus é distinto da criação. Ele está acima e além de tudo o que foi criado. Deus está fora da criação e é distinto dela. Ele é transcendente sem deixar de ser imanente. Não há amparo para a tese de uma energia divina, como alguns querem argumentar. Deus não é uma energia; é um Ser. Não é algo; é alguém. Não é impessoal; é uma pessoa.

Reprova o deísmo.

A teoria de que Deus criou todas as coisas, estabelecendo leis que as governam, e depois as deixou trabalhar sozinha, sem nenhuma intervenção, está em total descompasso com a providência divina. Ele está presente na obra da criação e interfere nela segundo a sua soberana vontade. Deus está próximo de todos aqueles que o invocam em verdade. Por isso, podemos orar. Por isso, temos uma viva esperança. A história comprova os grandes feitos e intervenções de Deus. Sempre ouve tentativas de negar essa verdade primária das Escrituras. Teorias e mais teorias se levantam e erguem sua voz cheia de empáfia contra as Escrituras. Elas passam e se cobrem de poeira, mas a Palavra de Deus permanece para sempre!
Destaco uma evidência da obra criadora de Deus, a saber:

O caos não pode produzir o cosmo.

A teoria da evolução é um amontoado de conjecturas e suposições acerca da origem do universo. Os evolucionistas não têm as provas e alardeiam suas hipóteses como se fossem fatos inequívocos. O livro de Charles Darwin A origem das espécies, publicado em Londres em 1859, contém nada menos que 800 verbos no futuro do subjuntivo: “suponhamos”. Uma suposição não é uma prova. A teoria do bing-bang, que diz que uma explosão produziu o universo com suas leis e ordem, é uma hipótese atentatória à razão. Seria mais fácil crer que 1 milhão de palavras lançadas ao ar venha cair na terra na forma do Dicionário Aurélio do que crer que uma explosão deu origem ao universo.
Que direcionemos nossas vidas ao Deus Criador, a Ele glória, para sempre e sempre. Amém!
 
Hernandes Dias Lopes