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Uzias, a soberba precede a ruína

 

Uzias, também chamado de Azarias, teve o segundo mais longo reinado de Israel, 52 anos (2Rs 15.1; 2Cr 26.3). Depois dele só Manassés, com 55 anos de governo (2Rs 21.1; 2Cr 33.1). Se Uzias tivesse subido ao trono com a mesma idade de Manassés (12 anos invés de 16), seria dele o mais extenso reinado.
Poucos reis de Judá foram tão empreendedores quanto Uzias. Acerca de Ezequias, por exemplo, a Bíblia diz que ele “fez o açude e o aqueduto, e trouxe água para dentro da cidade [de Jerusalém]” (2Rs 20.20). Contudo, nada comparado às realizações do rei Uzias. Ele foi um grande estrategista militar com muitas vitórias sobre os principais inimigos de Israel – os assírios, filisteus, arábios e meunitas (2Cr 26.2,6,7) – construindo cidades mesmo em território inimigo (2Cr 26.2,6). “Os amonitas deram presentes a Uzias, cujo renome se espalhara até a entrada do Egito, porque se tinha tornado em extremo forte” (2Cr 26.8). Fez de Jerusalém uma fortaleza com torres edificadas em pontos estratégicos das muralhas (cf. 2Cr 26.9).
Também edificou torres no deserto e cavou muitas cisternas, porque tinha muito gado, tanto nos vales como nas campinas; tinha lavradores e vinhateiros, nos montes e nos campos férteis, porque era amigo da agricultura (2Cr 26.10).
Debaixo das suas ordens, havia um exército guerreiro de trezentos e sete mil e quinhentos homens, que faziam a guerra com grande poder, para ajudar o rei contra os inimigos. Preparou-lhes Uzias, para todo o exército, escudos, lanças, capacetes, couraças e arcos e até fundas para atirar pedras (2Cr 26.13,14).
Fabricou em Jerusalém máquinas, de invenção de homens peritos, destinadas para as torres e cantos das muralhas, para atirarem flechas e grandes pedras; divulgou-se a sua fama até mesmo longe, porque foi maravilhosamente ajudado, até que se tornou forte (2Cr 26.15).
No entanto, nenhum homem que atribua a si mesmo o sucesso de seus feitos é verdadeiramente forte. O rei Uzias “se tinha tornado em extremo forte” (2Cr 26.8), “se tornou forte” (2Cr 26.15) porque Deus o fez prosperar em todo tempo em que ele, Uzias, fez o que era reto perante o Senhor e se propôs a buscá-lo com inteireza de coração (2Rs 15.3; 2Cr 26.4,5). Tristemente, no final dos seus cinquenta e poucos anos de reinado a soberba tomou conta do coração do rei. A Bíblia relata: Mas, havendo-se já fortalecido, exaltou-se o seu coração para a sua própria ruína, e cometeu transgressões contra o SENHOR, seu Deus, porque entrou no templo doSENHOR para queimar incenso no altar do incenso (2Cr 26.16). Quando o ser humano se envaidece a tendência é cometer loucuras.
Uzias se achou no direito de entrar no templo de Deus a fim de supostamente queimar incenso ao Senhor. Digo “supostamente” porque o que o rei desejava de fato era se aparecer. Qualquer semelhança não é mera coincidência com os dias de hoje. Quantos vivem dizendo que fazem isso e aquilo para a glória do Senhor quando, na verdade, desejam é mesmo o louvor que pertence a Deus?! E olha que estou falando de gente bem menor que Uzias.
O rei Uzias cometeu transgressões contra o Senhor, praticando sacrilégio e profanando a Casa de Deus, ignorando completamente o que a Lei dizia. Adentrar no santuário para queimar incenso era competência do sumo sacerdote, conforme prescreveu o próprio Deus a Moisés (Êx 30.7,8; Nm 3.10). Porém o sacerdote Azarias entrou após ele, com oitenta sacerdotes do SENHOR, homens da maior firmeza; e resistiram ao rei Uzias e lhe disseram: A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante oSENHOR, mas aos sacerdotes filhos de Arão, que são consagrados para este mister; sai do santuário, porque transgrediste; nem será isso para honra tua da parte do SENHOR Deus (2Cr 26.17,18).
Há de se destacar a postura de Azarias e dos oitenta sacerdotes do Senhor diante do rei. O escritor sagrado do livro das Crônicas observa que esses sacerdotes eram “homens da maior firmeza”, ou seja, firmes na doutrina e prática da Lei do Senhor, e na maneira como resistiram ao rei Uzias. Por sua transgressão Uzias perdeu o direito de ser chamado de rei pelos sacerdotes. Simplesmente o chamam de Uzias: “A ti, Uzias…”.
Os sacerdotes ainda procuraram trazê-lo à razão lembrando-lhe a quem pertencia tal ofício. Expulsaram o rei com um enfático: “sai do santuário, porque transgrediste…”. Então, Uzias se indignou; tinha o incensário na mão para queimar incenso; indignando-se ele, pois, contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu na testa perante os sacerdotes, na Casa doSENHOR, junto ao altar do incenso. Então, o sumo sacerdote Azarias e todos os sacerdotes voltaram-se para ele, e eis que estava leproso na testa, e apressadamente o lançaram fora; até ele mesmo se deu pressa em sair, visto que o SENHOR o ferira (2Cr 26.19,20). Duas coisas chamam nossa atenção aqui: (1) Apesar da seriedade do que Uzias tinha feito, Deus não age antes que o rei fique “indignado”. A justa ira de Deus só irrompe contra a ira rebelde humana. (2) Deus não fica indiferente quando sua santidade é manipulada.
Os profetas Amós e Zacarias (o mesmo que é citado em 2Cr 26.5), falam de um grande terremoto ocorrido na época do rei Uzias (Am 1.1; Zc 14.5). Segundo o historiador Josefo, esse terremoto coincidiu com o ato de sacrilégio cometido por Uzias (Antiguidades IX,10.4).
Uzias, o rei que não deu glória a Deus por tudo de bom que o Senhor fez a ele e através dele, acabou sendo vítima de si mesmo. Ele ficou leproso até o dia de sua morte, numa casa separada, porque foi excluído da Casa do Senhor (2Rs 15.5; 2Cr 26.21). Além disso, a doença de Uzias em vida comprometeu o seu lugar de descanso na morte, pois foi sepultado não no sepulcro dos reis, e sim, no campo dos sepulcros que era dos reis, porque disseram: “Ele é leproso” (2Cr 26.23).
No ano da morte do rei Uzias o profeta Isaías viu o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono (Is 6.1). Eis ali, num alto e sublime trono, o Verdadeiro, o Maior de todos os reis.
Há um provérbio de Salomão que diz: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda” (Pv 16.18). O apóstolo Paulo nos dá a receita de como nos livrar da soberba quando Deus nos faz prosperar: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo” (1Co 15.10).
 
Josivaldo Pereira 

Apeles, aprovado em Cristo

 

O versículo 10 do capitulo dezesseis da Epistola de Paulo aos Romanos menciona dois nomes de cristãos, cuja biografia é totalmente desconhecida, à luz do texto neo-testamentário, mas que mereceram uma menção honrosa por parte do apóstolo.
 
O versículo em referencia divide-se em duas partes, a primeira das quais contém as seguintes palavras: “Saudai a Apeles, aprovado em Cristo”.
 
Levando em consideração o fato de que Apeles é citado apenas esta vez no texto sagrado, temos em primeiro lugar a considerar que ninguém necessita ser uma pessoa de projeção na comunidade cristã em que vive, para ser aprovado pelo Senhor Jesus.
 
A Bíblia reserva um lugar de honra a vários personagens anônimos, bem como a alguns quase-anônimos, como Apeles.
 
O mais importante na vida cristã não é a posição que ocupamos no Reino, mas a natureza de nosso caráter, de nossa fé e de nosso labor.
Existem 3 classes de seguidores de Cristo mencionados na Bíblia: os provados, os reprovados e os aprovados.
Para ser reprovada ou aprovada necessariamente a pessoa tem que ser provada.
 
O cristão pode ser provado por Satanás, por Deus ou pelas circunstancias.
Quando a provação parte de Satanás, ela recebe o nome detentação.
Deus nos prova naquilo que corresponde ao nosso ponto forte, enquanto Satanás nos tenta em nossos pontos vulneráveis.
 
Deus conhecia a fé e a obediência de Abraão e nessas áreas ele foi provado e aprovado.
Apeles foi aprovado EM Cristo.
Podemos ser aprovados diante de Cristo, aprovados por Cristo e aprovados em Cristo.
Somente Deus sabe os testes a que Apeles foi submetido, mas todos sabemos pela leitura do texto sagrado que ele triunfou.
 
Para sermos aprovados devemos olhar para Cristo, depender de Cristo, obedecer a Cristo, confiar em Cristo e agradar a Cristo.
Devemos depender como servos, obedecer permanentemente, confiar sem reservas e procurar agradar em tudo.
 
Em seu exuberante sermão pregado no Dia de Pentecoste, o apóstolo Pedro declarou que Jesus foi aprovado pelo Pai celestial, At 2.22.
Todos sabemos, pela leitura dos Evangelhos, que essa aprovação foi fruto da dedicação integral, da plena pureza pessoal e da total fidelidade do Senhor Jesus ao maravilhoso Plano da Redenção, que culminou com o sacrifício do Calvário.
Levando em consideração as palavras de Pedro em sua Epístola, devemos seguir as pisadas de Cristo (I Pe 2.21), ou seja, devemos esforçar-nos para obter o mesmo nível de aprovação que o querido Mestre alcançou,
 
Todos os Obreiros da Casa do Senhor precisam meditar com coração piedoso e sincero nas palavras de Paulo dedicadas a Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovadocomo obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdadeII Tm 2.15.
 
O texto merece 3 observações: primeira, é preciso esforço de cada um para buscar a aprovação, até que a alcance; segunda, o obreiro aprovado anda de cabeça erguida e não tem de que se envergonhar; terceira, a aprovação divina está vinculada ao estreito relacionamento do homem de Deus com as Sagradas Escrituras.
 
Nada sabemos de Apeles, mas é fácil e plausível deduzir que se tratava de um homem humilde.
Homens vaidosos, soberbos, arrogantes, orgulhosos e pedantes não costumam ser aprovados em Cristo.
Eis o que Paulo nos deixou escritoPorque não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva. II Co 10.18.
 
Ao longo da história bíblica muitos homens foram reprovados. Nessa lista se incluem Caim, Coré, Acã, os dez espias do livro de Números, Saul, Judas, Demas e tantos, tantos outros.
 
Ainda nesta vida é possível saber se contamos com a aprovação de Deus. Daniel foi chamado de homem mui desejado. Apesar de suas fragilidades, Davi foi mencionado como sendo um homem segundo o coração de Deus.
 
Precisamos ser mui cautelosos quanto ao perigo de buscarmos aprovação dos homens e nos esquecermos por completo da aprovação divina.
A julgar pelos fatos que a Bíblia menciona não se deve esperar aprovação dos homens quando executamos com fidelidade os propósitos de Deus.
Vejamos o que o Evangelho registra a respeito de Jesus: Mas primeiro convém que ele padeça muito, e seja reprovado por esta geração. Lc 17.25.
 
Parece comum na atualidade uma busca desesperada por aplausos e aprovação dos homens.
A Igreja precisa ser vigilante, a fim de não cometer o pecado da mistura. Não podemos repetir a situação de Efraim, um bolo que não foi virado, Os.7.8.
Cristo nos aprova quando estamos em sintonia com Sua Palavra.
Cristo nos aprova quando vivemos em harmonia com sua vontade.
Cristo nos aprova quando buscamos primeiramente o Reino de Deus, Mt 6.22.
Para onde estamos indo?
 
Moisés mereceu o desprezo de faraó por haver recusado integrar a linha de sucessão real do Império Egípcio, mas foi aprovado por Deus, a ponto de merecer o privilégio único de por Ele mesmo vir a ser sepultado.
O caminho da aprovação passa necessariamente pela Cruz.
Os pregadores devem ser aprovados quando pregam.
Os cantores devem ser aprovados quando oram.
Os lideres devem ser aprovados quando lideram.
Qualquer pessoa pode ser aprovada em.
Cristo, desde que se deixe governar pelo Espírito Santo.
 
Durante nossa peregrinação por este mundo podemos alcançar uma aprovação final.E, no Dia do Senhor, em pleno Tribunal de Cristo, a aprovação final, definitiva e eterna.
Se Apeles foi aprovado, você também poderá ser.
E eu também, graças a Deus.
 
Pr Geziel Nunes Gomes 

O que podemos aprender com Israel*

 

Há algo que me intriga há algum tempo: o que leva um país com apenas 7,9 milhões de habitantes (o Paraná tem 10,4 milhões), um território minúsculo (menor que o estado de Sergipe), terras ruins, sem recursos naturais, com apenas 64 anos de existência, e em constantes conflitos militares… a ser um dos maiores centros de inovação do mundo; ter 63 empresas de tecnologia listadas na bolsa Nasdaq (mais que Europa, Japão, China e Índia somados), ter registrado 7.652 patentes no exterior entre 2002 e 2005, e ter ganho 31% dos prêmios Nobel de Medicina e 27% dos Nobel de Física, ou ainda 1/3 de todos os prêmios Nobel em todas as áreas.

 

Em resumo: o que explica o extraordinário desenvolvimento econômico e tecnológico de Israel? Pela lista de carências e problemas citados no parágrafo anterior, Israel tinha tudo para ser apenas mais um país atrasado e miserável. Mas, além de não ser, o país transformou-se em um caso único de inovação, tecnologia e desenvolvimento. Muitas das maravilhas que usamos hoje vêm de lá. O pen-drive, a memória flash de computador e muitos medicamentos que salvam vidas estão na lista de patentes de Israelcomo Interferon, vacina Sabin, antipoliomielite.

Qualquer explicação rápida é leviana. Muitos dirão que é o dinheiro dos norte-americanos e dos judeus espalhados pelo mundo que faz o sucesso de Israel. Não é. Primeiro, porque nenhuma montanha de dinheiro transforma uma nação de atrasados e ignorantes em gênios da inovação e ganhadores de prêmios Nobel. Segundo, grande parte do dinheiro recebido por Israel foi gasta em defesa e conflitos militares. Terceiro, o apadrinhamento militar de Israel nos primeiros anos de sua fundação não foi dado pelos Estados Unidos, mas pela França, cujo apoio cessou somente em 1967, após a "Guerra dos Seis Dias".

Nos artigos e livros que pesquisei, não há explicação simplista para o sucesso de Israel. Pelo espaço limitado deste artigo, destaco apenas quatro pontos: Em primeiro lugar, a história e a cultura. A religião judaica dá ênfase à leitura e à aprendizagem, mais que aos ritos. A perseguição aos judeus e a proibição, durante a Idade Média, de possuírem terras os levou a estudar e se tornarem médicos, banqueiros ou outras profissões que pudessem ser exercidas em qualquer lugar.

Depois vem o apreço pela tecnologia e pela inovação. Israel gasta 4,5% de seu produto bruto em pesquisa e desenvolvimento, contra 2,61% dos Estados Unidos e 1,2% do Brasil. Na ausência de recursos naturais e premido pela necessidade, Israel entrou de cabeça numa cultura de pesquisar, descobrir e inovar.

Em terceiro lugar, a estrutura educacional. A crença de que a única saída para o desenvolvimento ? mais que os recursos naturais ? é a educação de qualidade está na raiz da cultura de Israel. Do ensino básico até a universidade, Israel desfruta de uma educação de nível e acessível a todos. Se você pensa encontrar um judeu analfabeto, desista. É uma questão cultural: para eles, povo e governo, a educação é o bem maior.

 

E, por fim, o respeito pelo empreendedor e pelo fracasso. Em Israel, valoriza-se muito aquele que se dispõe a inventar, inovar ou empreender. Quem tenta e fracassa é respeitado e apoiado, pois eles acreditam que a falência é um aprendizado e a chance de acertar da próxima vez aumenta. Isso leva a uma ausência de medo do fracasso e é um elemento-chave da cultura da inovação. No Brasil, o desgraçado que falir uma microempresa nunca mais consegue uma certidão negativa e jamais volta a ser empreendedor. Não se consegue transpor a cultura de um país para outro, mas há muito que aprender com Israel.

José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo. 

 

* Artigo publicado na Gazeta do Povo de Curitiba

Deus virou lexotan ?

 

  A mediocridade da cultura atual é assustadora.  A bobagem avulta em todos os segmentos da mídia! As pessoas se pautam pela mediocridade, até mesmo as que deveriam ter a mente iluminada por Cristo!

Recordo-me de um jornal de Boa Vista, Roraima, que certa vez entrevistou com uma menina de 15 anos. Cada frivolidade! Seu sonho de consumo era uma Ferrari vermelha. Seus votos: “Simplicidade para todos!”. Dá para entender? As pessoas hoje são famosas não pelo brilho intelectual ou por acrescentarem à sociedade, mas pela estética e por aparecerem na tevê. Então, lemos na Internet: “Veja o que os famosos estão fazendo hoje!”. Bisbilhotar gente fútil é cultura!

Nesta semana li uma entrevista com uma candidata a miss, num jornal de Macapá. Que raso! Espremendo não dá uma colher de café. Mas é querer muito que pessoas que saem em jornais porque foram maquiadas tenham o que dizer. Um português fraco, não corrigido pela redação (aliás, corrigir erros de português é preconceito linguístico!). Indagada sobre Deus, a jovem disse: “Tudo que preciso para me sentir bem”.

Deus virou Lexotan. Não é mais um Ser, o Criador, o Sustentador, a Perfeição, o Absoluto que serve de padrão para nossas ações. É algo para nos sentirmos bem. E o que é “me sentir bem”? Para o drogado, uma pedra de crack. Para o sádico, infligir mal a alguém. A vida é se sentir bem? Ou é ser bom, fazer o bem, ser íntegro e honrado? A vida é só sensação, prazer, ou é dever e saber viver em grupo? E quando fazemos essas coisas nos sentimos bem de verdade!

O individualismo contemporâneo tem produzido uma geração fútil, mesquinha e egoísta. As pessoas parecem querer que o mundo gire  ao seu redor. São o centro do mundo, e geralmente seu mundo é pobre. São vazias. A vida lhes é roupa de grife, a traquitana eletrônica mais recente, e indigência existencial. Parece que quanto mais medíocre for a pessoa mais sucesso faz. Recordo de um decadente ator de televisão: “Machado de Assis? Pô, cumpadi, tu mi pegô, esse aí num sei não quem é!”.  O ator deitava falação sobre a vida, ensinando aos jovens como viver. Deveria ir para uma escola. Bem, não sei se ajudaria. Queda-me a impressão que o Estado está mais preocupado em distribuir kit gay e a possibilidade de dar preservativos aos adolescentes que com a qualidade de ensino. Pelo menos discute mais aqueles que este.

Dá-se o mesmo no evangelho. Cânticos pobres, mensagens pobres, cultos pobres, um blábláblá terrível. Espreme-se e não sai uma colher de café de conteúdo. Boa parte da teologia pregada é como a da mocinha: Deus é uma coisa para elas se sentirem bem. As pessoas não são chamadas à vida santa útil, correta e dedicada a Deus e aos outros. Deus é o açúcar e não o Senhor de suas vidas. Arrependimento, abandono do pecado e santidade saíram do temário. O tema agora é ser feliz e abençoado.  E os outros são pretexto, objeto em discurso. Amamos os que nos amam, elogiamos os nossos queridos e nossos familiares, evitamos os irmãos de quem não gostamos, e dizemos que vivemos em amor e somos filhos de Deus. Boa parte dos crentes nunca leu a Bíblia toda, não conhece os fundamentos da sua fé, não tem base alguma. Mas se o culto lhes fez bem, foi tudo que elas precisavam. Deus existe para fazê-las felizes, não para lhes dizer como viver. Nessa hora, “ninguém tem nada com a minha vida!”.

Quando tinha 20 anos de idade, numa aula de Teologia Sistemática, eu disse ao professor, o saudoso Dr. Soren, que a razão era uma maldição. Quatro décadas depois, valho-me da razão: ela é muito boa, uma bênção de Deus, mas às vezes é mesmo uma maldição. Deve ser maravilhoso não pensar. Quem não pensa não tem crise existencial nem frustração com a humanidade. Não raciocinar, não avaliar, satisfazer-se com o visual e com as sensações, sem avaliar nada, deve trazer algum bem. Caso contrário, as pessoas seriam mais analíticas.

Definitivamente, assumi a rabugice. Mas não dá para aceitar frivolidades como filosofia de vida. Menos ainda como teologia.

Pr Isaltino Gomes 

Paulo e suas experiências dolorosas

A vida cristã não é uma colônia de férias, é um campo de batalha. Ser cristão não é viver numa redoma de vidro, onde os problemas e as dificuldades da vida nunca nos atingirão. Vida cristã é uma guerra sem trégua contra o mal; é uma batalha contínua contra a carne, o mundo e o diabo. 

A vida do apóstolo Paulo retrata essa verdade de forma eloquente. A despeito desse paladino do cristianismo ser o maior pastor, evangelista, teólogo e plantador de igrejas da história do cristianismo, ele encerrou sua carreira enfrentando dramas pessoais. A seguir, vejamos algumas dessas dolorosas experiências: 

1) O drama da solidão (2 Tm 4.9,11,21) – Paulo estava preso numa masmorra romana, na antessala do martírio e no corredor da morte. O tempo da sua partida chegara. E, nesse momento final da vida, em vez de estar cercado de amigos, estava sozinho, em plena solidão. Mesmo tendo a assistência do céu, ele precisava da solidariedade humana. A solidão é uma dor que dói na alma, e Paulo não teve vergonha de expressá-la publicamente. 

2) O drama do abandono (2 Tm 4.10) – Paulo foi abandonado por Demas no final da vida. Aquele que deveria estar ao seu lado, bandeou-se para o mundo e abandonou o veterano apóstolo. Aquele que deveria estar encorajado o apóstolo diante da dura realidade do martírio que se aproximava, amou o presente século e afastou-se. Paulo não apenas sentiu a dor da solidão, mas também sentiu na pele o aguilhão do abandono. Mesmo sabendo que Deus jamais o abandonaria, Paulo expressa a dor de ser abandonado por aqueles que um dia caminham com ele. 

3) O drama da traição (2 Tm 4.14,15) – Paulo foi traído por Alexandre, o latoeiro. Esse homem causo-lhe muitos males e resistiu fortemente às suas palavras. Os historiadores afirmam que foi Alexandre, o latoeiro, quem delatou Paulo, culminando na sua segunda prisão em Roma e consequentemente o martírio. Não é fácil ser traído. Não é fácil lidar com aqueles que buscam uma oportunidade para puxar nosso tapete e apunhalar-nos pelas costas. Paulo sentiu de forma profunda esse drama. Em vez, porém, de guardar mágoa, entregou para Deus sua causa, dizendo: O Senhor lhe dará a paga segundo suas obras. 

Nele, que conhece todos os nossos dramas e angústias, 

Marcelo Oliveira 

Bibliografia: Lopes, Hernandes Dias. Paulo, o maior líder do cristianismo. Ed. Hagnos.

                   Stott, John. 2 Timóteo – Tu, porém. Editora ABU. 

O Amor de Deus Está Limitado aos Eleitos?

 

Refutando o Desafio Calvinista ao Evangelho

A doutrina da expiação limitada é provavelmente o ponto mais calorosamente debatido dos cinco pontos do Calvinismo entre os evangélicos. Também é o calcanhar de Aquiles do Calvinismo, sem a qual os outros pontos sucumbem.

Por Roger E. Olson


Tradução: Wellington Mariano

O recente renascimento do Calvinismo entre os evangélicos trouxe à tona o assunto do escopo da morte expiatória de Cristo na Cruz. Muitos cristãos evangélicos simplesmente supõem que Cristo morreu por todos – que Ele padeceu os pecados e sofreu a punição por cada pecador.

Durante os últimos quatros séculos, entretanto, há um relatório minoritário entre os Protestantes.  A maioria dos calvinistas, seguidores do reformador francês da Suíça João Calvino (1509-64), ensina que Cristo sofreu a punição pelos pecados dos eleitos – aqueles incondicionalmente predestinados por Deus a salvação. Calvinistas contemporâneos (eles freqüentemente tem predileção pelo termo Cristão Reformado) chamam esta doutrina de “redenção particular” ou “expiação definitiva”.

Entre os atuais evangélicos defensores da expiação limitada estão, mais notavelmente, R.C. Sproul e John Piper. Sproul (1939-) tem sido um apologista evangélico influente e teólogo reformado por grande parte da última metade do século XX.   De sua base, Ligonier Ministries, ele participa de programas de rádio, viajou para palestrar em inúmeras conferencias apologéticas e teológicas, e escreveu muitos livros – a maioria dos quais lida com a soberania de Deus a partir de uma perspectiva fortemente reformada.

Piper (1946-), pastor da Minneapolis’ Bethlehem Baptist Church (Igreja Batista Belém em Mineápolis) e fundador do Desiring God Ministries, também viaja extensivamente e fala em grandes encontros de cristãos evangélicos – incluindo as conferências Passion (Paixão) freqüentadas por milhares de principalmente adolescentes da Batista do Sul e jovens na casa dos vinte anos. É um autor prolífico cujos livros, incluindo Desiring God: Confessions of a Christian Hedonist (Desejando Deus: Confissões de um Cristão Hedonista), 1986, vendeu milhões de cópias. Tal como Sproul, Piper é um promotor apaixonado dos cinco pontos do Calvinismo.

calvinismo de 5 pontos

O Calvinismo de 5 pontos é a crença nas doutrinas simbolizadas pelo acróstico da TULIP: depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e perseverança dos santos. Os calvinistas criaram o acróstico por volta de 1913, mas as “doutrinas da graça” que ele representa datam do sucessor de Calvino – Theodore Beza (1519–1605) — reitor da Academia de Genebra (um seminário reformado em Genebra, Suíça, fundado por Calvino). Expiação limitada funciona como o centro deste sistema teológico. Sproul, Piper e muitos outros contemporâneos teólogos evangélicos influentes mantêm e defendem tenazmente esta posição.  

expiação limitada

O que expiação limitada ou redenção particular significa? De acordo com Sproul, que prefere chamar esta doutrina de “expiação intencional”, ela significa que Deus intencionou a morte de Cristo na cruz para assegurar a salvação de um número definido de seres humanos caídos – aqueles incondicionalmente escolhidos por Deus. Como outros calvinistas, Sproul argumenta que a morte substitutiva (ex. Deus infligiu em Cristo a punição pelos pecados merecidos por pecadores) foi de valor suficiente para salvar a todos, mas que Deus apenas intencionou a morte de Cristo para salvar os eleitos. No sentido mais importante, Cristo morreu apenas pelos eleitos e não por todos.

Para Sproul (e outros como ele), esta doutrina não é dispensável, ela é parte e parcela do sistema TULIP que eles crêem que seja o único que faça justiça à soberania de Deus e à natureza do dom da salvação. Um argumento que Sproul utiliza, seguindo o teólogo puritano John Owen (1613-83), é que, se Cristo morreu por todos os homens de maneira igual, então todos os homens estão salvos. Afinal de contas, assim o argumento avança, seria injusto de Deus punir os mesmos pecados duas vezes – uma vez que inflige a punição em Cristo e uma segunda vez ao enviar o pecador para o inferno.

Piper é igualmente apaixonado pela expiação limitada. Como Sproul, ele não considera a expiação limitada um ponto menor na teologia. Em um artigo intitulado: “Por quem Cristo morreu? O Que Cristo De Fato Realizou na Cruz Para Aqueles Por Quem Ele Morreu?” 1 Piper argumenta que não é o calvinista que limita a Expiação, mas o não-calvinista que acredita na expiação universal. A razão: aqueles que crêem na expiação universal devem dizer que a morte de Cristo, na verdade, não salvou a ninguém, mas apenas conferiu às pessoas a oportunidade de salvarem a si mesmas. Ou devem abraçar o universalismo.

Piper continua argumentando que Cristo, de fato, morreu por todas as pessoas, mas não da mesma forma. Todas as pessoas se beneficiam da morte de Cristo, por exemplo, recebendo certas bênçãos nesta vida que, caso Cristo não tivesse morrido, eles não receberiam – mas apenas os eleitos recebem o benefício da salvação advindo da morte de Cristo.

A doutrina da expiação limitada é provavelmente o ponto mais calorosamente debatido dos cinco pontos do Calvinismo entre os evangélicos. O teólogo evangélico Vernon Grounds, ex-presidente do Seminário de Denver, atacou fortemente esta doutrina. Fazendo uso de João 1.29; Romanos 5.17-21; 11.32; 1 Timóteo 2.6; Hebreus 2.9 e 1 João 2.2, ele escreveu: “É necessário uma ingenuidade exegética, que é algo senão uma virtuosidade aprendida, para esvaziar estes textos de seu significado óbvio: é necessária uma ingenuidade exegética beirando o sofisma para negar a sua explícita universalidade” 2 Não é necessário dizer que, muitos evangélicos, incluindo alguns calvinistas, consideram tal doutrina repugnante.             

BASe para a expiação limitada

Antes de explicar o porquê de esta doutrina ser repulsiva, será benéfico analisar as razões pelas quais muitos calvinistas pensam tão bem acerca dela e a promovem apaixonadamente. Mais uma vez, o que é esta doutrina? É a doutrina que Deus intencionou a morte de Jesus na Cruz para ser uma propiciação (sacrifício substitutivo, expiatório) apenas pelos pecados dos eleitos – aqueles que Deus selecionou para salvar independente de quaisquer coisas que Ele veja neles ou acerca deles (exceto Sua escolha deles para Sua glória e bom prazer).

Por que alguém acreditaria nisso?

Proponentes da expiação limitada fazem uso de várias passagens bíblicas: João 10.15; 17.6 e passagens semelhantes em João 10-17; Romanos 8.32; Efésios 5.25-27; Tito 2.14.

Calvinistas utilizam João 10.15 para suportar seu ensinamento: Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai – e dou a minha vida pelas ovelhas”. Muitos outros versículos em João dizem basicamente a mesma coisa – que Cristo deu a Sua vida por Suas Ovelhas (ex. Seus discípulos e todos aqueles que viriam após eles).

Calvinistas também fazem uso de Romanos 8.32: “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós – como nos não dará também com ele todas as coisas?” Eles presumem que “todos nós” se refere aos eleitos.

Efésios 5.25-27 diz: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”. Calvinistas acreditam que esta passagem, como muitas outras, refere-se apenas à igreja como objeto do sacrifício purificador de Cristo.

Em Tito 2.14 está escrito: “O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras”. Calvinistas acreditam que Paulo, o autor da carta a Tito, parece restringir os benefícios salvíficos da morte de Cristo ao “povo seu”, que eles equiparam aos eleitos.

Calvinistas presumem que tais versículos e outros como este ensinam que Cristo morreu apenas por aqueles escolhidos por Deus para a salvação. Mas tais versículos não ensinam as crenças calvinistas. Em nenhum lugar a Bíblia explicitamente ensina esta doutrina calvinista.

Calvinistas enxergam em tais passagens sua crença de que Cristo morreu apenas pela igreja, por Seu povo, por Suas ovelhas. Estes versículos não dizem que Cristo também não morreu pelos outros. E, como veremos, há muitas outras passagens que claramente ensinam que Cristo, de fato, morreu por todos.

Há outra razão pela qual os calvinistas acreditam na expiação limitada. Se Cristo morreu igualmente por todos, afirmam, então todos estão salvos. Argumentam que aqueles que acreditam na expiação universal enfrentam duas opções inevitáveis, mas biblicamente insustentáveis: ou a morte de Cristo salvou a todos ou não salvou a ninguém. Este argumento é, entretanto, falacioso. A expiação universal não exige salvação universal; ela apenas postula a possibilidade de salvação universal.    

É possível que os mesmos pecados sejam punidos duas vezes e é isso que torna o inferno tão absolutamente trágico – ele é totalmente desnecessário. Deus pune com o inferno aqueles que rejeitam a substituição de Seu Filho. Uma analogia ajudará a aclarar o que digo.  Após a guerra do Vietnã o presidente Jimmy Carter concedeu total anistia a todos os desertores do serviço militar que fugiram para o Canadá e outros lugares. Por decreto presidencial eles estavam livres para retornar ao lar. Alguns retornaram, outros não. O crime que haviam cometido já não era mais punível; mas alguns se recusaram a tirar vantagem da anistia e puniram a si mesmos ficando longe de casa e dos familiares. Os que crêem na expiação universal crêem que Deus permite aos pecadores recusar o benefício da cruz de Cristo para que sofram a punição do inferno apesar do fato de a punição ser totalmente desnecessária.     

Talvez o motivo retoricamente mais poderoso a favor da expiação limitada seja o oferecido por John Piper (e outros calvinistas que o precederam) que diz em Por Quem Jesus Cristo Morreu? que  aqueles que acreditam na expiação universal “devem dizer” que a morte de Cristo, de fato, não salvou a ninguém, mas apenas deu as pessoas a oportunidade de salvarem a si mesmas. Esta é uma argumentação falaciosa.

Arminianos (aqueles que seguem Jacob Arminius na rejeição da eleição incondicional, expiação limitada e graça irresistível) acreditam que a morte de Cristo na cruz salva a todos que, pela fé, a aceitam. A morte de Cristo assegura a salvação de tais – da mesma forma que ela assegura a salvação dos eleitos no calvinismo. Ela garante que qualquer um que vier a Cristo em fé será salvo por Sua morte. Isto não implica que eles salvam a si mesmos. Isso simplesmente significa que eles aceitam a obra de Cristo em benefício deles.

 

No outro artigo, teremos a segunda parte deste estudo: RESPONDENDO AO CALVINISMO 

Aborto, o grito dos que não nasceram

Aborto é crime, e crime com requinte de crueldade. É impedir o mais sagrado dos direitos, o direito de nascer, o direito à vida. A questão do aborto sempre esteve no topo da lista das grandes discussões políticas e religiosas em nossa nação. É um assunto solene, que merece nossa atenção. Não devemos ser frívolos em sua análise. O aborto sempre foi e ainda é assunto de debates entre juristas e legisladores; é tema da ética cristã que exige posicionamento claro da igreja. Algumas perguntas precisam ser feitas no trato dessa matéria: Quando começa a vida? Quem tem o direito de decidir sobre a interrupção da vida? Não queremos, neste fórum, discutir aqueles casos de exceção, nos quais a medicina e a ética cristã precisam fazer uma escolha entre a vida da mãe ou do nascituro. Queremos, sim, alertar contra a prática indiscriminada e irresponsável do aborto, fruto muitas vezes de uma conduta em desalinho com a ética cristã. Embora seja matéria de discussão, é consenso geral que a vida começa com a fecundação. Desde a concepção, todos os componentes da vida já estão presentes para o seu pleno desenvolvimento. Na perspectiva bíblica, Deus é o autor da vida e Ele mesmo formou nosso interior e nos teceu de maneira maravilhosa no ventre da nossa mãe (cf. Sl 139.15,16).  1.  O aborto é um assassinato – A lei de Deus é enfaticamente clara: “Não matarás” (Ex 20.13). Deus é o autor da vida e só Ele tem autoridade para tirá-la (1Sm 2.6). Os assassinos não herdarão o reino de Deus (Ap 21.8). O aborto é a eliminação de uma vida. É um assassinato. Não podemos eliminar aqueles que julgamos indesejáveis. Aqueles que incorrem nesse crime poderão até escapar da lei dos homens, mas não serão inocentados diante do tribunal de Deus. 2.  O aborto é um assassinato com requinte de crueldade – O aborto não é apenas um assassinato, mas um assassinato com requinte de crueldade. É matar um indefeso, incapaz de proteger-se. É tirar uma vida que não tem sequer o direito de erguer a voz e clamar por socorro. Quem dera se os milhões de crianças que não chegaram a nascer pudessem gritar aos ouvidos do mundo! Ficaríamos estarrecidos diante dessa barbárie. Ficamos chocados com o Holocausto, pois 6 milhões de judeus foram mortos nos campos de concentração e nos paredões de fuzilamento, dentre os quais 1,5 milhão de crianças. O aborto é um crime com vários agravantes, pois, não raro, a criança em formação é envenenada, esquartejada e sugada do ventre como se fosse um objeto desprezível.   3.  O aborto é uma prática que precisa ser combatida com tenacidade – Não podemos ser incoerentes a ponto de defender a prática do aborto em nome dos direitos humanos. O maior de todos os direitos é o direito à vida. O aborto é um atentado contra o mais sagrado dos direitos, o direito de nascer, crescer e viver. Devemos erguer nossa voz em favor daqueles cuja voz está sendo calada no próprio ventre materno. Que o Eterno tenha misericórdia daqueles que favorecem ou praticam tamanha crueldade! Precisamos dizer não ao aborto. Precisamos de coragem para nos posicionarmos com inabálavel firmeza em favor da vida. Concluo com a frase magistral de Henry Miller: “Não conheço crime maior que este – matar aquele que luta para nascer”. Hernandes D. Lopes Adaptado por Marcelo de Oliveira

O falso Cristo e o falso cristianismo

Charles Colson foi assessor do Presidente Nixon, que teve que renunciar por causa de um escândalo político. Foi preso, e converteu-se a Cristo pouco antes de ir para a prisão. Fundou o ministério Prison Fellowship, que congrega 50.000 voluntários, sendo a maior organização mundial a atuar com presidiários. Já falou em mais 600 de penitenciárias, em mais de 40 países. Por causa desta atividade, em 1993 ele recebeu o Prêmio Templeton, no valor de um milhão de dólares, que doou à Prison Fellowship. Colson tem, ainda, um programa radiofônico que alcança dois milhões de pessoas diariamente.

Colson se tornou um pensador e um evangelista. Seu último livro que li foi A fé em tempos pós-modernos. Num capítulo em que aborda a questão do sofrimento, ele critica a pregação que anuncia o “Pare de sofrer!” como sendo a essência do evangelho. Ele comenta os sofrimentos de cristãos na Índia, Coréia do Norte e Mianmar (ex-Birmânia). Inicia o capítulo falando sobre o teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer, que era professor de Teologia, na Alemanha, opusera-se a Hitler, e, por correr risco de morte, de lá foi tirado e levado para os Estados Unidos.

Eis uma declaração que ele cita, de Bonhoeffer, sobre uma experiência espiritual que este tivera: “Pela primeira vez, descobri a Bíblia […] Eu pregara muitas vezes, aprendera muito sobre a igreja, falara e pregara sobre ela, mas não me tornara cristão […] Transformava a doutrina de Cristo em algo que me desse vantagem pessoal […] Peço a Deus que isso jamais se repita. Também jamais havia orado ou orara pouquíssimas vezes […] Ficou claro para mim que a vida de um servo de Jesus Cristo tem que pertencer à igreja, e, passo a passo, ficou cada vez mais claro para mim até onde isso deve ir” (p.  167/8). Assim, ele voltou para a Alemanha, para servir a igreja perseguida por Hitler, e lá acabou enforcado. Antes de subir ao patíbulo, ajoelhou-se e orou fervorosamente. Ele foi para se identificar com a igreja de seu país, sofrer com ela, e morreu por suas posições. Seria tão fácil cantar um cântico dizendo que Deus o abençoara e o tirara da morte! Ele era um abençoado! Mas e seus irmãos que sofriam, na Alemanha?

O verdadeiro cristianismo parte daqui, de uma frase de Bonhoeffer: “Quando Jesus Cristo chama um homem, ele o chama para morrer”. É o que Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23). Sim, este é o verdadeiro cristianismo, o cristianismo da cruz, do Cristo crucificado. Porque só há um Cristo digno de ser crido e pregado, o crucificado: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (1Co 2.2).

Prega-se hoje o cristianismo do trono: “Sou filho do rei e mereço o melhor”, dizem alguns gananciosos que usam o evangelho para pretexto de sua visão materialista de vida. O próprio Rei optou pela cruz. Mente e falseia o evangelho quem oferece um trono ou uma vida repleta de bênção, sem sofrimento algum, em nome de Cristo. As lutas e as dificuldades, até mesmo as quedas eventuais, fazem parte da pedagogia divina. Catarina de Bora, esposa de Lutero, disse: “Eu jamais teria entendido o significado dos diversos salmos, nem valorizado certas dificuldades, nem conhecido os mecanismos internos da alma; eu jamais teria entendido a prática da vida e obra cristãs, se Deus nunca tivesse trazido aflições à minha vida”. Sim, porque é nos sofrimentos que nos sensibilizamos mais para a voz de Deus. É raro, quase duvidoso, que alguém encontre Deus num programa de auditório, num jogo de futebol, ou em um bloco de carnaval. Mas quantos o encontraram num leito de dor, ou à beira do túmulo de alguém amado!

O verdadeiro Cristo é o da cruz. O verdadeiro cristão é a da cruz. Martinho de Tours, em homenagem de quem Lutero recebeu o nome de Martinho, teve uma visão em que Satanás lhe apareceu na forma do Salvador. Quando estava quase se ajoelhando diante dele, Martinho olhou para suas mãos e não viu nelas os sinais dos cravos. Então perguntou: “Onde estão as marcas dos cravos?”. Diante desta pergunta, a criatura desapareceu. Sem as marcas da cruz não há Cristo nem cristianismo. Desafortunadamente, algumas igrejas têm trocado a cruz pela menorá, pela estrela de Davi, e têm trocado a cruz por bem-estar pessoal. É o falso cristianismo. Por isso, faço coro às palavras de Colson: “A dura verdade é que muitos enxergam o cristianismo como meio de melhoria individual ou como caminho para uma vida bem-sucedida” (p. 226). Que visão lamentável!

Um falso Cristo, sem a cruz, sem sangue derramado. Um Cristo sintético, de plástico, não o que derramou o seu sangue pelos nossos pecados. Um falso cristianismo, sem a cruz, sem o compromisso, sem a autodoação (a não ser doação de dinheiro para manter alguém), sem a identificação com o Crucificado. Uma busca de melhora de vida, e não de identificação com Cristo.

Só há um Cristo digno de ser crido, o crucificado. Só há um cristão verdadeiro, o crucificado. Sem a cruz, o cristianismo não existe. Nem o cristão. A Bíblia não nos chama a nos identificarmos com ele pelo trono, mas pela cruz: “Mas regozijai-vos por serdes participantes das aflições de Cristo; para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e exulteis” (1Pe 4.13). É preciso identificar-se com ele pela cruz.

Quem queira o trono que tome a cruz. O trono é do Crucificado e dos crucificados. Quem sofre por sua fé não é um crente de segunda classe, mas um felizardo: “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós” (Mt 5.10-12).

Muito cuidado com quem oferece riquezas. Pode não ser Jesus, e sim o inimigo. Ele oferece riquezas: “Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares” (Mt 4.8-9). O inimigo nunca oferecerá a cruz, porque ele a odeia e a teme. Quem não quer a cruz está do seu lado, não do lado de Cristo. Por isso, quem deseja ser um cristão de verdade, tome a cruz e siga o Crucificado.

Pr. Isaltino Gomes 

Rufo, era eleito? Em que sentido?

Quem é o Rufo de Romanos 16.13 a quem Paulo recomenda saudações dizendo: “Saudai Rufo, eleito no Senhor, e igualmente a sua mãe, que também tem sido mãe para mim”? Seria esse o mesmo Rufo filho de Simão Cireneu (o que foi forçado a carregar a cruz de Cristo) e irmão de Alexandre, mencionado pelo evangelista Marcos (Mc 15.21)? A tradição cristã corrobora com essa possibilidade e a maioria dos comentaristas bíblicos também não a descarta. Segundo Hendriksen, “a opinião popular, cuja data recua aos primeiros séculos, de que as duas fontes se referem ao mesmo indivíduo, é possível que seja correta. No entanto, não podemos ter certeza”.[1]

Embora não possamos afirmar com exatidão que o Rufo de Marcos 15.21 seja o mesmo de Romanos 16.13, também não há prova contrária de que não possa ser. De acordo com Bruce, Rufo é um “nome de origem itálica, e não tanto latina, encontrado por duas vezes no Novo Testamento (Mc 15.21; Rm 16.13), provavelmente referindo-se ao mesmo indivíduo”.[2] Marcos, que com toda probabilidade escreveu seu Evangelho em Roma para os romanos[3], menciona “Simão Cireneu… pai de Alexandre e Rufo” como se dissesse: “pessoas que vocês, em Roma, conhecem bem”.[4] Paulo, que também escreveu aos romanos, coincidentemente fala de um Rufo que se encontra em Roma.

Considerando que o Rufo de Marcos 15.21 é o mesmo de Romanos 16.13, por que Simão Cireneu não é citado por Paulo? E Alexandre? Não era este tão conhecido pela igreja quanto Rufo? Simão, um judeu do norte da África, possivelmente estava em Jerusalém para a festa da páscoa. Ali conheceu Jesus e toda sua família se tornou cristã. Quando Paulo redigiu sua carta aos romanos, Simão Cireneu devia estar morto, visto que se assim não fosse o apóstolo mencionaria o nome dele quando citou a mãe de Rufo.

Parece que Alexandre era o irmão mais velho de Rufo porque Marcos menciona o nome dele primeiro. Quão mais velho era Alexandre em relação a Rufo é impossível saber. Alguns comentaristas sugerem que Paulo não cita o nome de Alexandre em Romanos 16.13 talvez porque Alexandre já estivesse morto ou não fosse cristão. Prefiro os que dizem que Alexandre era cristão e que, provavelmente, não residia em Roma.

Paulo saúda Rufo com uma das mais belas declarações que um colaborador poderia receber do apóstolo dos gentios: “Saudai Rufo, eleito no Senhor…”. O que significa em Paulo ser alguém eleito no Senhor? Todos sabem que a doutrina da predestinação, ou eleição, é uma das preferidas de Paulo. Somente em sua epístola aos Romanos o apóstolo dedica três capítulos ao assunto (Rm 9-11). Com isso em mente, a Assembleia de Westminster (1643-1649) declarou em sua Confissão de Fé (III,vi): “Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo eterno e mui livre propósito de sua vontade, preordenou todos os meios conducentes a esse fim; os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo, são eficazmente chamados para a fé em Cristo, pelo seu Espírito que opera no tempo devido, são justificados, adotados, santificados e guardados pelo seu poder, por meio da fé salvadora. Além dos eleitos não há nenhum outro que seja remido por Cristo, eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo”.

Conquanto o conceito doutrinário da eleição seja mercante nos escritos de Paulo, e bem representado na Confissão de Fé de Westminster, ao que tudo indica não é esse o sentido (ou pelo menos não unicamente) do adjetivo “eleito” (ekléktos) em Romanos 16.13. “Eleito” aqui deve ser entendido mais como um título de honra, como o apóstolo faz com Epêneto, Amplíato e Apeles, entre outros, porque, no sentido doutrinário, o que Paulo diz de Rufo pode ser facilmente aplicado a todos os crentes em geral, e aos seus colaboradores de Romanos 16, em especial.

Geoffrey Wilson parece estar correto quando em seu comentário de Romanos 16.13 afirma: “’Eleito no Senhor’ não se refere à eleição para a salvação, pois esta é comum a todos os crentes; significa que ele [Rufo] era um cristão de destaque (cf. Denney: ‘aquele cristão extraordinário)”.[5]

Champlin segue o mesmo raciocínio de Wilson. Diz ele: Eleito “é palavra descritiva de Rufo. Neste caso, o mais provável é que tal vocábulo não deve ser compreendido em qualquer sentido técnico ou teológico, como ‘escolhido por Deus’, embora certamente isso também suceda no seu caso, mas antes, devemos compreendê-lo como uma espécie de sinônimo de ‘eminente’, isto é, distinguido por sua graça, por seu serviço e por sua especial elevação de caráter”.[6] Por conseguinte, a adição de “no Senhor” significaria que Rufo mostrava distinguir-se como crente em Cristo Jesus.[7]

Uma nota carinhosa e singela é a menção de Paulo à mãe de Rufo. A saudação do apóstolo não é dirigida apenas a Rufo, porém, “igualmente a sua mãe, que também tem sido mãe para mim”, diz o apóstolo. Essas palavras sugerem uma profunda afeição de Paulo pela família de Rufo. E esta senhora, com certeza bem idosa e provavelmente viúva na época, é lembrada pelo apóstolo Paulo como uma mãe para ele, por sua importância na vida e ministério dele, tratando-o como um filho seu. “Exatamente onde e quando foi que a mãe de Rufo se fez mãe de Paulo não sabemos. O fato é que aqui, como ocorre com frequência, o apóstolo uma vez mais prova que aprecia o que os membros femininos têm feito e estão fazendo por ele, pessoalmente, e pela igreja, para a glória de Deus”.[8]

Diante do exposto até aqui, a conclusão que chegamos sobre Rufo é que ele era um crente admirável; companheiro leal e um filho excelente. Não é por acaso que o apóstolo Paulo o denominou de “eleito no Senhor”. E você, caro leitor, como acha que Paulo o chamaria se ele vivesse nos dias de hoje?

[1] William Hendriksen, Comentário do Novo Testamento: Romanos. São Paulo: Cultura Cristã, 2001, p. 669. Itálico do autor.

[2] F. F. Bruce, Rufo. In: O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo, 2003, p. 1418.

[3] Cf. Guillermo Hendriksen, Comentário del Nuevo Testamento: El Evangelio Según San Marcos. Grand Rapids: SLC, 1987, p. 11-27.

[4] Idem, p. 656.

[5] Geoffrey B. Wilson, Romanos: Um resumo do pensamento reformado. São Paulo: PES, 1981, p. 218.

[6] R. N. Champlin, O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo: Atos/Romanos. Vol. 3. São Paulo: Hagnos, 2002, p. 879. Veja também John Murray, The Epistle to the Romans. Grand Rapids: Wm. B. W. Eerdmans Publishing Co., 1987, p 231. Para um ponto de vista diferente, consulte Hendriksen, op. cit., p. 669.

[7] Ibidem.

[8] Hendriksen, p. 669,70.

Lições da vida de Gideão

INTRODUÇÃO

Gideão surge em Juízes 6.11. Seu nome significa “lenhador” ou “cortador”. Um sentido secundário é “guerreiro”. Surge amedrontado, escondido, sacudindo e limpando trigo. Um anjo o encarrega de libertar o seu povo. De medroso ele passa a libertador. Esta é a primeira lição que aprendemos de sua vida: sem Deus, os obstáculos são enormes. Quando Deus entra em nossa vida, tudo muda. Só o poder de Deus pode transformar radicalmente uma pessoa e todo o seu contexto. A presença de Deus numa vida faz diferença.

1. A SAUDAÇÃO DO ANJO

A vida de Gideão começa a mudar com a apresentação do anjo de Yahweh a ele: “Então, veio o Anjo do SENHOR, e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, que pertencia a Joás, abiezrita; e Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o pôr a salvo dos midianitas. Então, o Anjo do SENHOR lhe apareceu e lhe disse: O SENHOR é contigo, homem valente” (Jz 6.11-12).

Duas expressões merecem atenção: (1) “O SENHOR é contigo” e “homem valente”. Nenhuma das duas parecia real. Não parecia que o SENHOR estava com Gideão e ele não era valente. Aprendemos algumas lições aqui:

(1) Deus nos vê a nós e a nossa realidade de maneira diferente da que vemos.

(2) Deus está conosco mesmo nos momentos em que não nos parece estar.

(3) Deus vê potencial em nós, potencial que nem nós mesmos enxergamos.

Somos pecadores, mas mesmo com os efeitos da Queda, somos imagem e semelhança de Deus. Temos potencial, arranhado pela Queda e maculado pelas nossas limitações. Mas a Graça (Graça é Deus vindo a nós) nos socorre e nos capacita para tarefas e missões que ele nos outorga.

2. A DÚVIDA E A RESPOSTA

Está em 6.15-16: “E ele lhe disse: Ai, Senhor meu! Com que livrarei Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai. Tornou-lhe o SENHOR: Já que eu estou contigo, ferirás os midianitas como se fossem um só homem”. Ele externa sua dúvida e sua insegurança. Deus lhe responde que vai usá-lo. A lição aqui é esta: Deus usa os fracos. O mundo cultua o poder e a força. Deus usa os fracos para derrubar os fortes porque ele fortalece a fraqueza dos que usa. Há uma advertência aqui: enquanto foi fraca, a Igreja de Cristo foi poderosa. Quando passou a cultuar o poder e se aliou a ele, ela enfraqueceu. Muitos, na Igreja de hoje, querem a força política, social e econômica. A força da Igreja está no poder de Deus que age nela. Não confundamos as coisas e não amemos o poder humano e secular. Nem ambicionemos poder espiritual. Seja nosso desejo que a glória de Deus se manifeste em nossa vida.

3. ASPECTOS DA VIDA DE GIDEÃO

(1) No tanque de espremer uvas (6.11). Estava trabalhando Deus nunca chamou ociosos. Todas as pessoas que Deus chamou estavam trabalhando. Está correto o provérbio que diz: “Quer que algo seja bem feito? Entregue a quem está ocupado!”. Trabalho não é maldição, mas disciplina e processo pedagógico. O trabalho não foi efeito da Queda, mas surge no Éden, pois o homem foi posto no jardim para trabalhar (Gn 2.15).

(2) Os altares. Há dois altares na vida de Gideão. Um ele fez (Jz 6.22-24). A compreensão de quem é Deus nos leva a erigir altares. Compreender mais de Deus nos leva a cultuá-lo. Traz impacto, reverência, temor. Como em Isaías 6.5 e Lucas 5.8. Nunca percam a reverência. Sejam tementes a Deus e à sua Palavra. O outro altar ele derrubou: Juízes 6.25. A lição aqui: derrube altares dos deuses falsos que se instalam em sua vida (os deuses Dinheiro, Sexo, Poder) e levante um altar ao Deus de verdade.

(3) A porção de lã (Jz 6.36-40). Choca-se com Mateus 4.7? Não. A seriedade de sua missão, que seria a grande missão de sua vida, exigia dele muita certeza. Deus não se ofendeu. Ele conhece nossas limitações. Quando tudo lhe foi confirmado, Gideão não relutou: Juízes 7.1 ( “Então…”). A lição aqui: tem convicção de que a tarefa proposta vem de Deus? Entre com tudo!

(4) Na beira d’água (Jz 7.4-7). Deus queria uma minoria. Estranho! Nós nos impressionamos muito com massa, com multidão. A razão de Deus: Juízes 7.2. As advertências aqui: cuidado com o culto ao homem, cuidado com o culto à organização! Valorizamos técnicas e métodos porque são nossas ações. Chegamos a sacralizar alguns deles como se fossem divinos. O poder está com Deus e o sucesso vem dele. Cuidado com a vaidade!

(5) Sua recusa (Jz 8.22-23). Foi a primeira tentativa de Israel em ter um rei. Ele se recusou a ser rei. Opta pela teocracia e não pela monarquia. O espírito real por trás da monarquia: 1Samuel 8.19-20. É triste quando o povo de Deus quer ser clone do mundo ao invés de ser original. A lição aqui: cuidado com a tentação do domínio. O espírito cristão é de servo, pois este foi o espírito de Cristo (Mc 10.45).

(6) O desastre (Jz 8.27). Tudo aqui é uma lição. Cuidado com o poder religioso! Ele venceu o poder militar e a tentação do poder político, mas cedeu ante a tentação do poder religioso. Este é sutil e muita gente se rende a ele. Sejam auxiliares! Não se ensoberbeçam! Não se envaideçam!

CONCLUSÃO – UMA SÍNTESE DO CARÁTER DE GIDEÃO

Humilde (Jz 6.15), cauteloso (6.17), espiritual (6.24), obediente (6.27), estrategista (7.16-18), conciliador (8.1-3), leal a Deus (8.23), próspero (8.30-31). Parece, pela ordem dos eventos no texto bíblico, que sua prosperidade foi a consequência natural de uma vida dedicada e fiel, que Deus abençoou. Ela não foi sua motivação espiritual. Esta foi servir a Deus.

Gideão é um dos heróis da fé (Hb 11.32). Mas uma brecha o prejudicou. Cuidado com brechas em sua vida. Seja íntegro. Se, eventualmente, surgirem brechas, lembre-se que a Graça é maior que elas. Deus é bondoso e o socorrerá.

Pr. Isaltino Gomes