Pr Walter Brunelli lançará Teologia Sistemática Pentecostal

SHALOM! É com grande alegria que comunico os nobres leitores deste blog, que meu amigo Pr. Walter Brunelli,  lançará uma Teologia para Pentecostais, (Uma Teologia Sistemática e Expandida).  Uma obra que vem Leia Mais »

Pérolas da carta de Paulo à Filemon

A carta de Paulo a Filemon é a mais breve entre as cartas que formam a coletânea paulina e consiste apenas em 335 palavras no grego original. É pequeno no tamanho e Leia Mais »

Onesíforo, um bálsamo na vida de Paulo

Paulo havia exortado Timóteo a guardar o evangelho, pois diante da perseguição, muitos cristãos abandonariam o evangelho. Ao longo de 2º Timóteo, Paulo encoraja Timóteo a não se envergonhar do evangelho nesse Leia Mais »

Uma curiosidade inédita sobre Jonas

Para compreendermos o significado dos acontecimentos do livro de Jonas capítulo 3 é necessário saber que os ninivitas adoravam o deus-peixe, Dagom, parte humano e parte peixe. Eles acreditavam que ele tinha Leia Mais »

Afinal, quem é o cavaleiro branco de Apocalipse 6?

A adoração descrita em Apocalipse 4 e 5 é um preparativo para a ira descrita em Apocalipse 6 a 19. Pode parecer estranho adoração e julgamento andarem juntos, mas isso se deve Leia Mais »

O Seder de Pesach

A refeição da noite de Páscoa, a mais solene e a mais rica entre todas as refeições hebraicas, acentua três momentos particulares: 1) a ceia real e propriamente dita realizada na abundância e na alegria; 2) um longo momento simbólico-ritual, que a precede, no qual se revive e se explica, sobretudo aos mais jovens, a significação perene da noite pascal; 3) outros momentos simbólico-rituais nos quais prevalece o agradecimento e o canto. A importância desta refeição é tanta, que nela cada parte é atentamente prevista, descrita e motivada. Segundo a tradição judaica estabelece 14 pontos, com uma fórmula mnemônica nas quais cada palavra exprime um elemento particular do ritual:

Qaddesh –  É o início da celebração pascal, e consiste em uma berakah pronunciada sobre um copo de vinho, que é bebido no final da oração. Com ela, decalra-se ter chegado o tempo da liberdade, longe da opressão e da escravidão (lembre-se do radical qadosh que significa separar): “tempo da liberdade” expresso pelo copo de vinho e celebrado em todo o período pascal.

Urhas (ablução das mãos) – Lavam-se as mãos, sem entretanto recitar as bençãos comuns, porque a refeição propriamente dita não se inicia logo.

Karpas (sentem-se) – Come-se uma folha de erva molhada no vinagre, como lembrança da amargura da escravidão.

Yahas (dividir) – Pegam-se os três pães ázimos, quebra-se ao meio o que está no centro, pondo uma metade novamente no centro e escodendo a outra metade em qualquer lugar, por exemplo, debaixo da toalha.

Maggid (narrador) – Enche-se um segundo copo de vinho e, antes de bebê-lo narra-se a libertação do Egito, explicando o seu sentido e a atualidade com trechos da Bíblia e com narrações midráxicas, hinos, cânticos e salmos. É a parte mais importante e específica do seder pascal.

Rohsah (ablução) – Lavam-se as mãos com a benção habitual , já que está por iniciar-se a ceia propriamente dita.

Mohsi’ massah (benção dos ázimos) – Abençoa-se o pão como de costume, sendo que desta vez é o pão ázimo, isto é, sem fermento, e come-se um pedacinho.

Maror (erva amarga) – Come-se uma folha de erva amarga com um pouco de haroset, o doce composto de maças rapadas e de nozes recorda como os hebreus, com sua coragem e seu amor pela liberdade, conseguiram mitigar a escravatura egípcia.

Korek (envolver) – Agora come-se uma folha de erva amarga, desta vez, com um pedaço de pão ázimo.

Shulhan ‘Orek (ceia) – È a hora da ceia, que se inicia, tendo como entrada um ovo ou outros alimentos especiais, ricos de conteúdo simbólico.

 Safun (escondido) – Come-se o pedaço de ázimo que estava escondido e que, com um termo de explicação incerta, é chamado de afikoman. Ele é comido em memória do cordeiro pascal, e depois dele é proibido comer qualquer coisa até o dia seguinte. É um momento de particular importância principalmente para os meninos, que são convidados a advinhar onde a metade do pão ázimo está escondida.

Barekh (bênção) – Terminada a refeição, lavam-se as mãos como de costume e se recita a Birkat tradicional há-mazon, enchendo o terceiro copo e bebendo-o no fim.

Hallel (louvor) – Então agradece-se a Deus pela ceia pascal através da qual se reviveu o milagre da liberdade. Enche-se um copo de vinho (o quarto), que se bebe depois de ter recitado os salmos 115-118, chamados de hallel. No fim de tudo abre-se a porta, para favorecer a entrada de Elias, o mensageiro da era messiânica.

 Nirsah (aceitação) – Anuncia-se o final do seder pascal e pede-se a Deus que seja sempre o libertador de Israel.

Pr Marcelo Oliveira 

A Qeri’at Torah

A Qeri’at Torah é precedida e seguida de duas bençãos próprias. A primeira oração: “Sê bendito, Senhor, nosso Deus, rei do universo, que nos escolheste entre os povos e nos deste a Torá. Sê bendito, Senhor, que nos deste a Torá”.  O texto da segunda oração é: “Sê bendito, Senhor nosso, rei do universo, que nos deste a Torá da verdade e plantaste em nosso meio a vida eterna. Sê bendito, Senhor, que nos dá a Torá”.

Com estas bençãos o judeu fiel proclama a Deus como noten há-Torah, dando/doando a Torá. O participio presente (noten há-Toráh) quer esclarecer a continuidade da ação de falar e revelar de Deus, cujo âmbito não é mais nem o passado nem o futuro, mas hic et nunc (aqui e agora). Participando das leituras das sinagogas é como se o fiel hebreu anulasse a distância temporal e se tornasse presente à aliança do Sinai, quando Deus entregou a Moisés a Torá.

Além de afirmar que a Torá é de origem divina, as duas bençãos afirmam a qualidade de seu conteúdo e sua finalidade – ela é definida como Torat ‘emet (Torá da verdade) e sua finalidade é de conceder hayye ‘olam (a vida eterna). A “verdade” na Bílbia, mais do que um predicado ou de uma ideia (mais ou menos falsa) é o predicado de uma pessoa ou de um objeto: se é mais ou menos forte. O radical ‘emet é ‘mm que significa ser forte/ser estável, tanto no sentido passivo (estar em pé) como no ativo (manter-se em pé).

A propósito, algumas referências bíblicas podem ser elucidativas. No 2º livro dos Reis 18.16 fala-se das colunas do templo como ‘omenot (estruturas que sustém) e no 2º livro de Samuel 4.4 fala-se da babá como ‘omen, literalmente: “quem carrega nos braços e é capaz de garantir cuidados maternos”. Qualificar a Torá como ‘emet significa afirmar seu valor existencial: ela, como as “colunas” do templo, sustenta a vida e como as mãos da mãe doa e enriquece a vida.

Torat ‘emet, a Palavra de Deus é dada ao homem para que lhe abra hayye ‘olam, a vida eterna. Poucas expressões foram tão mal compreendidas e interpretadas como essa pela tradição cristã. O termo ‘olam (eternidade), na Bíblia, não se opõe ao tempo histórico, mas constitui seu conteúdo e plenitude. Para ela, a “vida eterna” não é aquela que vem depois da morte, mas aquela que, superando sua vaidade exterior e cronológica, faz desabrochar toda sua beleza e sentido. Não é sem razão que, de acordo com alguns autores, o radical de ‘olam é ‘lm, que significa esconder e por isso ‘olam significaria propriamente “tempo oculto”, “tempo escondido”. A vida eterna é a vida tomada na sua profundidade “oculta”, que a sustém contra aquela puramente material, medida pela sucessão temporal. A vida “eterna” é a vida plena de sentido, não somente subjetivo, mas objetivo, ao contrário daquela que é marcada pelo vazio.

Pr Marcelo de Oliveira 

 

Avodah, hodayah, birkat kohanim

As três bençãos que encerram a tefillah são chamadas “bençãos de agradecimento” porque nela prevalece o tema do reconhecimento e da gratidão a Deus. Na realidade, das três bençãos, só a do meio desenvolve explicitamente o tema do agradecimento, enquanto as outras duas retomam o tema da invocação, pedindo a Deus respectivamente a restauração do culto do Templo e a realização do shalom, da paz. 

Historicamente, estas três bençãos tiveram sua origem na liturgia do Templo, fato este que explica sua unidade e dinamismo. A primeira benção era um pedido de aceitação dos sacrifícios. Quando o Templo foi destruido no ano 70 d.C., ela foi modificada substancialmente, transformando-se em uma invocação, pedindo a Deus que aceitasse a oração da sinagoga e restaurasse o serviço sacerdotal. A segunda permaneceu uma prece de agradecimento, enquanto a terceira retoma e conclui a benção dos kohanim (“sacerdotes”) sobre o povo, no final dos sacrifícios das oferendas. 

A primeira destas bençãos é chamada avodah (“serviço”), porque nela se pede a Deus o restabelecimento do culto divino em Jerusalém; a segunda é chamada hodayah (“agradecimento”) porque desenvolve o tema da gratidão pelos benefícios recebidos de Deus; finalmente a terceira é denominada birkat ha-shalom (“benção da paz”) porque suplica a Deus prosperidade e bem-estar.  Já que em algumas ocasiões, esta última benção é precedida da benção sacerdotal , ela é também denominada birkat kohanim (“benção dos sacerdotes”). 

Apesar de serem diferentes os temas desenvolvidos nas bençãos, a tradição hebraica gosta de definir todas as três como “bençãos de agradecimento”. O motivo é que todo sentimento de gratidão é necessariamente ligado ao atendimento da oração e ao dom da paz. Realmente só pode agradecer aquele a quem Deus escutou e inundou de paz.  Assim sendo, a benção central é tida como o eixo de gravidade das três bençãos finais, cujo sentido é resumido e condensado no termo modim (da raiz yhd). 

Os comentadores gostam de observar que este termo tem três significados principais. Modim, antes de mais nada, significa “prostrar-se”, “inclinar-se” (de onde a prescrição de fazer uma inclinação no início e no fim desta benção); em segundo lugar significa “reconhecer”, “confessar”; finalmente “ser grato”, “agradecer”. Uma vez que chegam ao final de sua tefillah, a comunidade repete o seu gesto de adoração, confissão e de agradecimento, a única triplice atitude de toda oração verdadeira. 

Pr Marcelo Oliveira 

As três bençãos de louvor na cultura judaica

As três primeiras bençãos são chamadas “bençãos de louvor” porque nelas prevalece o tema da glorificação do nome de Deus. A primeira é conhecida como ‘avot (“Patriarcas”) porque se refere a Deus como “Deus dos Patriarcas”; a segunda gevurot (“poderes”) porque celebra as maiores obras de Deus que manifestam sua força e seu poder; a terceira como qedushat há-shem (“santificação do Nome”) porque fala da santidade e da soberana liberdade de Deus:

1. Sê benditor, Senhor nosso Deus e Deus de nossos pais, Deus de Abraão, de Isaque e Deus de Jacó, Deus grande forte e venerado. Deus excelso, que dás recompensa e crias todas as coisas; lembra-te da piedade dois pais e faz que o redentor venha para os filhos dos seus filhos, em favor do teu Nome, com amor. Rei libertador, que ajudas, salvas e defendes. Sê bendito, Senhor, escudo de Abraão.
2. Tu és poderoso eternamente, Senhor que resssuscitas os mortos, que és grande ao conceder salvação (no verão diz: “que fazes cair a geada” e no inverno: “que fazes soprar o vento e cair a chuva”). Ele alimenta os vivos por bondade, faz os mortos ressurgirem com grande misericórdia, faz os que estão caindo manterem-se de pé, cura os doentes, liberta os prisioneiros, mantém-se fiel à sua promessa aos que jazem no túmulo. Quem é poderoso como tu? Quem é semelhante a ti, ó Rei que fazes morrer e ressuscitar, e brotar para nós a salvação? Tu és fiel ao ressuscitares os mortos. Sê bendito, Senhor, que ressuscitas os mortos.
3. Proclamamos a realeza de Deus de geração em geração, porque só Ele é excelso e santo. O teu louvor, ó nosso Deus, não seja diminuído por nossos lábios eternamente, porque tu és um Deus rei, grande e santo.
Estas três bençãos respondem à pergunta: quem é Deus para o homem e quem é o homem para Deus? A resposta da primeira pergunta é dada recordando e elucidando os três atributos fundamentais de Deus: gadol (grande), gibbor (forte) e qadosh (santo). A primeira benção desenvolve o tema de Deus que é grande no amor, como mostra a história dos patriarcas; a segunda, o tema de que Deus é poderoso em suas obras, como mostram a criação e sobretudo a ressurreição dos mortos, nova e ainda mais admirável criação; a terceira, o tema de Deus cujo nome é santo, como mostra a própria corte celeste à qual a assembleia é convidada a unir-se ao seu tríplice canto de “qadosh, qadosh, qadosh”.

Inédito: Novo Livro!

Caríssimos irmãos e irmãs,

É com alegria e pela graça de Deus que estou lançando, em parceria com o  amigo Pr. Josivaldo Pereira, nosso novo livro Personagens Esquecidos da Bíblia. O prefácio é do renomado Dr. Russell P. Shedd e a apresentação do não menos consagrado Rev. Hernandes Dias Lopes. Eis um trecho do prefácio e apresentação da obra:


“Biografias bíblicas existem em abundância no mercado, mas creio que não existe qualquer tomo como este. (…). Quem imaginaria que haveria subsídios para escrever algumas páginas sobre ‘Malco’ ou os ‘Filhos de Ceva’? Nunca ouvi algum pastor ou professor da Escola Bíblica Dominical tirar lições das vidas de pessoas como ‘Benaia’, ‘Apeles’ ou as ‘Filhas de Zelofeade’” (Russell Shedd, do Prefácio).


“[Este livro] difere de tantos que já li, porque se dedica a estudar personagens bíblicos que, embora tenham exercido papel importante na História, não estiveram no palco da fama. Esses homens e mulheres que viveram nos bastidores são como tantos heróis anônimos, que não têm seus nomes nas manchetes, mas são conhecidos e amados no céu, além de serem grandes agentes de Deus na terra” (Hernandes Dias Lopes, da Apresentação).


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NOME: MARCELO DE OLIVEIRA 

 

grato, Pr Marcelo Oliveira

O Evangelho da graça sob ataque

As igrejas da Galácia estavam sendo seduzidas pelos falsos mestres, e o evangelho da graça estava sob fogo cruzado. Os judaizantes espalhavam entre as igrejas gentílicas que Paulo não era um apóstolo autorizado e que sua mensagem não era verdadeira.  Estes falsos mestres tornavam a obra de Cristo na cruz insuficiente e acrescentaram as obras da lei como condição indispensável para a salvação. É contra estes falsos mestres, com firmeza e coragem que Paulo empunha a espada do Espírito para repreender a igreja e anatematizar os hereges.

O Abandono do Evangelho

 

1)  O espanto do apóstolo Paulo (Gl 1.6) – Paulo está perplexo com a atitude das igrejas da Galácia. Aqueles irmãos que haviam abraçado o Evangelho, para logo depois abandoná-lo trocando por uma mensagem diferente, um outro evangelho, que de fato não era Evangelho. Paulo está admirado ao ver a rapidez que esses crentes estavam apostatando da fé.  Em vez de dar graças a Deus pela igreja no intróito da carta, como de costume fazia nas outras epístolas, Paulo revela seu espanto pela inconstância e instabilidade dos gálatas. Na verdade, Gálatas é a única carta em que não há oração, louvor, ação de graças, nem elogios.

 

2) A apostasia dos cristãos (Gl 1.6) – As igrejas da Galácia estavam virando a casaca e abandonando com grande rapidez o evangelho, a ponto de trocar o verdadeiro evangelho por um falso. Abandonaram a graça para colocar-se debaixo do jugo da lei. O que diriamos nós acerca da apostasia que atinge os redutos chamados evangélicos, em que o sincretismo religioso está substituindo o evangelho?

 

A ideia do original não é “que tenhais sido afastados tão depressa”- mas que “estejais passando tão depressa” – a palavra grega metatithemi, significa, “transferir a fidelidade” – estavam mudando de partido religioso. Tornaram-se “casacas religiosos” e desertores espirituais”.

 

3) O abandono ao Deus da Palavra e à Palavra de Deus – O cristianismo não é apenas a adoção de um credo, mas, também, a sustentanção de um relacionamento. Apostasia não é apenas o abandono da doutrina ortodoxa, mas também a deserção do próprio Deus. Não apenas o Evangelho eles haviam abandonado, mas também o Deus anunciado pelo Evangelho. Eles estavam afastando-se do Deus de toda graça. Afastar-se do evangelho da graça, é afastar-se do Deus da graça!

 

4) O outro Evangelho não é o Evangelho verdadeiro (Gl 1.6,7) – Paulo usa aqui um trocadilho de palavras para desmascarar o outro evangelho (cf. Atos 15.1) anunciado pelos judaizantes. Há duas palavras no grego para “outro” – heteros – outro de outra substância, diferente; e allos – outro da mesma substância, tipo e essência. A palavra allos é o mesmo termo que aparece em Jo 14.16 – “outro consolador” – ou seja, do mesmo tipo, essência e substância. Isto é uma prova irrefutável que o Espírito Santo é Deus e não uma força ativa como querem os TJ.

 

O verdadeiro evangelho é o Evangelho da graça, da salvação pela fé em Cristo. Este evangelho difere radicalmente do anunciado pelos judaizantes. O Evangelho que Paulo anunciava, consistia em “o homem não é justificado pelas obras da lei, sim, mediante a fé em Cristo Jesus (Gl 2.16; Rm 3.24; Ef 2.8)

 

A singularidade do Evangelho

 

Depois de falar da apostasia da igreja e da ação nociva dos falsos mestres, Paulo reafirma a singularidade do Evangelho, evocando a maldição divina para todos os que pervertem o Evangelho e pertubam a igreja de Deus com falsas doutrinas.

1)  O Evangelho é maior que os apóstolos (Gl 1.8) – “Mais ainda que nós” (grifo do autor). Paulo estava tão convencido de que não havia outro evangelho, que invocou a maldição de Deus sobre a própria vida, num caso hipotético de pregar um evangelho que fosse além daquele já anunciado aos gálatas.

2)  O Evangelho é maior que os anjos (Gl 1.8) – depois de afirmar que o Evangelho é maior que os apóstolos, Paulo afirma que o Evangelho é maior que os anjos. Jamais o céu enviaria um mensageiro com um segundo evangelho.

3) O Evangelho é maior que os falsos mestres (Gl 1.9) – Depois de citar dois casos hipotéticos no versículo 8, Paulo menciona uma possibilidade real no versículo 9. Como representante autorizado de Cristo, pronuncia a maldição sobre os judaizantes que estavam cometendo o crime de chamar de falso o verdadeiro Evangelho e tratando de colocar o falso evangelho no lugar daquele que salva.

4)  A motivação do Evangelho (Gl 1.10) – Paulo não negociou a verdade para procurar o favor dos homens. Paulo era um apóstolo e não apóstata. Ele estava a serviço de Cristo, não de homens.

Nele, que é o Evangelho da graça

Pr Marcelo Oliveira

 

Igreja – Culto ou Missões?

Uma igreja só pode ser verdadeiramente missionária se for verdadeiramente adoradora e vice-versa.[1] Orlando Costas acerta quando diz que “o culto está intrinsecamente relacionado com a ação de Deus na história e a conversão das nações ao Deus trino e uno”.[2]

E ainda:

O culto, em sua dimensão humana, surge da missão. É o resultado espontâneo da experiência da redenção. Do mesmo modo, a missão deve ser vista como um acontecimento cultual, porquanto celebra o que Deus tem feito por homens e mulheresem Jesus Cristo e os chama a receber e compartilhar o dom da graça de Deus.[3]

Um dos maiores males que têm assolado, dividido e enfraquecido a igreja evangélica brasileira em nossos dias são os constantes debates em torno da tarefa prioritária da igreja. E não estamos nos referindo à questão da evangelização e responsabilidade social, outro assunto desnecessariamente polarizado.[4] Ao contrário, estamos falando da dicotomia existente entre culto e missões. E a discussão não é se a igreja deve adorar ou evangelizar (embora às vezes é o que de fato acontece), mas sim, o que deve ser considerado em primeiro lugar.

As opiniões são as mais variadas e extremistas até. De um lado temos os que insistem que “missões são a segunda mais importante atividade no mundo”, ou que “missões existem porque o culto não existe”. Do outro lado, tem quem afirme ser “um absurdo dizer que muitas são as responsabilidades da igreja. Igreja é missões”. Para os defensores da primeira posição, só o fato do culto ser dirigido a Deus e as missões aos homens já definiria, por si só, a questão da prioridade da igreja. Os defensores da segunda posição argumentam, por sua vez, que é preciso mais que adoração. “É preciso ter paixão pelos perdidos e obedecer ao Idede Jesus”. Será que precisamos mesmo priorizar uma tarefa em detrimento da outra, como temos visto na prática? Será que podemos afirmar que culto é mais importante que missões ou vice-versa? Mais uma vez contamos com o argumento equilibrado de Orlando Costas:

Não existe dicotomia alguma entre culto e missão. O culto é a reunião do povo enviado ao mundo para celebrar o que Deus fez em Cristo e está fazendo mediante a participação deles na ação testemunhal do Espírito. A missão é a culminação e antecipação do culto. No culto e na missão a comunidade redimida dá evidência concreta do fato de que é, ao mesmo tempo, um povo de oração e testemunho”.[5]

 

Vemos, então, que o culto deve levar a igreja a fazer missões (cf. At 2.42-47), e missões, por sua vez, devem levar os perdidos a prestarem culto a Deus (cf. At 13.44-49); pois uma adoração que não leva a igreja a evangelizar não passa de mera contemplação, e uma evangelização que não leva os pecadores a adorarem a Deus está fora dos propósitos do próprio Deus. “A liturgia sem missão é como um rio sem manancial, a missão sem culto é como um rio sem mar. Ambos são necessários. Sem um o outro perde sua vitalidade e significado”.[6] Culto e missões são tarefas primordiais da igreja. Devem caminhar lado a lado se queremos fazer justiça ao nome de Deus. São tarefas distintas que se completam. Os dois lados, por assim dizer, de uma mesma moeda. Não são fins em si mesmos; são, porém, meios para se chegar ao fim que é o de “glorificarmos a Deus e nos alegrarmos nele para sempre”.

É claro que, quanto à duração, missões são temporárias e a adoração é eterna, continuará no céu; mas enquanto estamos neste mundo não temos o direito de priorizar uma tarefa em detrimento da outra. O Deus que exige ser adorado é o mesmo que ordena seu povo a pregar o evangelho a todas as etnias do mundo. E mesmo que a evangelização seja dirigida ao homem, não significa que seja uma invenção humana. Deus é o autor do culto e de missões e requer uma e outra coisa de nós. Por isso, como igreja de Jesus Cristo, não podemos deixar de trabalhar e adorar.

Pr Josivaldo Pereira

“Alguns trabalham sem se preocupar em adorar a Deus, outros o adoram sem trabalhar, porém, o cristão autêntico tanto adora como trabalha” (Allan H. Ferry).


[1] Segundo Orlando Costas, “a prova de uma vigorosa experiência cultual será a participação dinâmica na missão: a prova de um fiel compromisso missionário será uma profunda experiência de culto” (Orlando E. COSTAS, Compromiso y misión.San José-Costa Rica: Editorial Caribe, 1979, p. 151).

[2] Idem, p. 150.

[3] Ibidem.

[4] Cf. Evangelização e responsabilidade social. 2a ed. São Paulo-Belo Horizonte: ABU Editora/Mundo Cristão, 1985, p. 17-25.

[5] COSTAS, op. cit., p. 150.

[6] Idem, p. 150,151.

Jemima, Quésia, Queren-Hapuque

Jó sabia que havia sido derrotado. Não havia meio de pleitear sua causa diante de Deus. Usando as palavras do próprio Deus (Jó 42.3,4), Jó humilhou-se diante do Senhor e reconheceu o poder e a justiça de Deus na execução de seus planos (v. 2). Jó admitiu que havia falado coisas que não compreendia (v.3). Retirou suas acusações de que Deus não o havia tratado com justiça. Percebeu que tudo o que Deus fazia era certo e que o ser humano deveria aceitar pela fé todas as coisas das mãos de Deus.

Disse Jó ao Eterno: “Não sou capaz de responder suas perguntas! Só me resta confessar meu orgulho, me humilhar e me arrepender”. Até então, o conhecimento de Jó acerca de Deus havia sido indireto e impessoal, mas isso havia mudado. Jó havia se encontrado com Deus pessoalmente e se dado conta de que ele próprio não passava de pó e cinzas (Jó 2.8, 12; Jó 42.6).

Nas palavras de Spurgeon: “A porta do arrependimento abre-se para o salão da alegria”, e foi exatamente o que aconteceu com Jó. No auge do livro, Jó, o pecador, torna-se Jó, o servo de Deus (Jó 42.7-9). Em quatro ocasiões nesses versículos, Deus usa um título especial no Antigo Testamento: “Meu servo” (Jó 1.8; 2.3). De que maneira Jó serviu ao Senhor? Suportando o sofrimento sem amaldiçoar a Deus e, portanto, calando o diabo! O sofrimento que ocorre dentro da vontade de Deus é um ministério que Deus concede a uns poucos escolhidos.

Porém, o servo Jó torna-se também o intercessor. Deus estava irado com os três amigos, pois eles não haviam dito a Jó a verdade sobre Deus (Jó 42.7) e precisavam se reconciliar com Jó para que ele pudesse orar pelos três. Jó se transformou no mediador entre Deus e seus amigos. Ao perdoar os amigos e orar por eles, Jó trouxe de volta as bençãos para a própria vida (v. 10). Quando nos recusamos a perdoar a outros, provocamos nosso próprio sofrimento.

Outra curiosidade desta passagem é a menção da herança pelas filhas, junto com os filhos, dos bens do pai, Jó. Para nós isto é normal. No mundo antigo, entretanto, era fora do comum. Mas a situação do Jó não era nada comum. E ele ficou tão agradecido que deu a estas lindas filhas, nomes que demonstraram a sua gratidão: Jemima (“o dia”), porque a noite escura de sofrimento se findou; Cássia (uma erva muito fragante),porque Deus sarou as úlceras que fediam tanto;  e Querém-Hapuque (“abudância restorada” ou “chifre de tinta”), porque Deus secou as suas lágrimas do seu rosto envermelhado de tristeza (16.16). Ou seja, marcou definitivamente a mudança da sua sorte.

 

À primeira deu o nome de Jemima; à segunda chamou de Cássia; e à terceira, de Querém-Hapuque. No mundo inteiro não havia mulheres tão lindas como as filhas de Jó. E o pai as fez herdeiras dos seus bens, junto com os seus irmãos. (Jó 42.14,15).

Pr Marcelo Oliveira

Teólogos sem Deus!

“Os doutores da lei não me conheceram” – Jeremias 2.8 (Almeida Século 21)

Triste declaração da parte do Senhor: “Os doutores da lei não me conheceram”.  Havia em Jerusalém um grupo de teólogos que desconhecia a Deus e que empurrou Judá para a destruição. Esta é uma das maiores desgraças que pode acontecer também à igreja: homens que não conhecem a Deus liderando-a, e formando opinião de outros líderes. É a ruína da igreja. Teólogos sem Deus! Infelizmente os há! Conhecem algumas coisas sobre Deus, mas não conhecem a Deus.

O verbo traduzido por “conheceram” é declinação do hebraico yadha, cujo significado não é o conhecimento cognitivo ou informativo, mas experiencial e relacional. É o verbo usado para descrever a conjunção carnal entre marido e mulher. Como nas antigas traduções “E Adão conheceu a sua mulher”. Este é o maior tipo de conhecimento que se pode ter de uma pessoa, na cultura bíblica, a ponto dos dois serem uma só carne. Conhecem-se a ponto de se identificar e de fundir numa só pessoa.

O conhecimento de Deus não pode ser livresco, mas sempre vivencial. Os teólogos dos dias de Jeremias não tinham experiência com Deus. Estudavam a lei, possuíam informações sobre Deus, mas não o conheciam pessoalmente.

Eles aparecem neste versículo com mais três grupos de homens: sacerdotes, governantes e profetas. Estes quatro grupos aparecem no livro como inimigos de Jeremias, que mesmo desprezado por eles era o verdadeiro teólogo. Zombavam dele. Obstaculavam seu ministério. Iludiam o povo. Conduziram a nação à destruição.

Há hoje doutores da lei que não conhecem a Deus. Têm informações sobre ele. Fazem jogos de palavras, brincam com conceitos, expõem e alinhavam bem seus argumentos. Mas não têm conhecimento experiencial de Deus. Zombam dos profetas fiéis e os ridicularizam, chamando-os de “fundamentalistas” ou “despreparados”, e na sua empáfia julgam-se os categorizados para conduzir o povo de Deus.

Sempre lembro que a primeira vez que alguém falou de Deus na terceira pessoa do singular, chamando-o de “ele”, foi a serpente, no Éden. O resultado da exegese desta primeira teóloga que se referiu a Deus como “ele” não foi muito benéfico. O verdadeiro teólogo fala de Deus na primeira pessoa do singular. Conhece a Deus e o chama de “Tu”.

Teologia não é apenas um discurso sobre Deus, mas deve ser um discurso temente a Deus, com Deus, diante de Deus, em respeito a Deus. Não pode haver teologia sem espiritualidade, até mesmo porque é o Espírito Santo quem nos revela os ensinos de Cristo (Jo 14.26) e é ele o autor último das Escrituras (2Pe 1.21). Um bom aprendizado teológico começa com um coração rendido a Cristo, orientado pelo Espírito Santo, e que se abebera nas Escrituras.

Há teólogos como os do tempo de Jeremias. Têm o domínio da mídia teológica e mais aparência. Têm mais visibilidade e são considerados como pessoas mais agradáveis por muitas pessoas. Não é se admirar porque uma das características dos teólogos sem Deus é falar o que pecador impenitente quer ouvir, e não o que deve ouvir da parte de Deus.

Se você quer ser um bom teólogo, conheça ao Senhor. Conheça-o mais que a pensadores seculares. Reja-se pela Palavra dele e não pela palavra deles. Não seja um teólogo sem Deus.  Um coração rendido a Deus e orientado pelo Espírito pode descobrir as verdades espirituais. E fuja da pessoa enfatuada, que sabe muito, mas que não mostra conhecer ao Senhor.

Teólogos sem Deus atrapalham a obra de Deus. A ele darão contas.

Pr Isaltino Gomes

Nem Monge nem Executivo!

É moda entre os evangélicos citar monges como modelo de espiritualidade. Apesar de permanecerem idólatras, são mostrados como exemplos para nós. Por exemplo, Philip Yancey, que exibe grande ressentimento contra tradicionais, é mestre em exaltar monges. Nesta esteira veio o livro O monge e o executivo, de James Hunter, tido como uma “bíblia” de liderança.

 

Quando vi o livro de Paul Freston, Nem monge nem executivo, gostei e adquiri. Pelo título e por Freston, que combina espiritualidade e brilho intelectual. Li de uma assentada. É um livro de meditações nos evangelhos. Analisando personagens que se relacionaram com Jesus, começando por Maria, Freston mostra como suas vidas foram radicalmente modificadas. Ao invés de olhar para homens como modelos de espiritualidade, ele acena com o modelo de vida de Jesus. Não trata de liderança, mas como Jesus é um modelo de espiritualidade invertida, uma espiritualidade serviçal. Freston não combate o livro de Hunter. Nem eu. Li O monge e o executivo, aprendi com ele, e vejo valor nele. Mas Jesus é realmente fantástico. Um homem absolutamente despreocupado consigo mesmo, sem qualquer desejo de dominar. Na realidade, um antilíder, pois sua preocupação maior era de ser servo.

 

Jesus é o maior líder, o maior vulto da história. Escolheu doze homens sem relevância social, numa região atrasada, subdesenvolvida, e trabalhou com eles por curtos três anos. Foi traído por um deles e abandonado pelos demais. Foi morto com requintes de crueldade, sob intensa zombaria. Não deixou uma linha escrita. Mas mais livros se escreveram sobre ele que sobre qualquer outro personagem. Mais músicas se compuseram sobre ele que sobre qualquer tema. Sua maior viagem não ultrapassou 300 km. Mas marcou o mundo. Fundou um movimento que chamou de “minha igreja”, e que tem atravessado os milênios, duramente perseguida. Até mesmo por gente que diz segui-lo. Há gente na igreja que serve ao inimigo: odeia-a. Muitas vezes seus seguidores o desonraram e fizeram coisas erradas em seu nome. E ele continua como o maior homem que já existiu.

 

Ninguém recuperou mais vidas que ele. Ninguém reconstruiu mais lares que ele. Ninguém encheu os homens de esperança e vigor para uma vida correta mais que ele. Gosto de Beethoven, mas não morreria por ele. Gosto de Machado de Assis, mas não sofreria por ele. Não apenas eu como milhões de pessoas morreriam por Jesus, vendo isto como privilégio.

 

Jesus é o modelo. Um líder que não aprendeu com monges. Era menos executivo e mais office boy: sua preocupação era fazer a vontade do Pai. Nunca usou as pessoas como trampolim para seu ego, mas deu a vida por elas. Ninguém chega aos seus pés.

Sim, nem monge nem executivo. Jesus.

Pr Isaltino Gomes